Notícia recente que não consegue passar
despercebida: “Inspeção da Saúde instaura processo de averiguação a relações de
pneumologista Filipe Froes com farmacêuticas”.
Alguns médicos são intocáveis. Mas sabemos
antecipadamente que é tudo legal, uma simples questão de interpretação de um
ligeiro conflito de interesses. Até agora nenhum notável foi condenado por
corrupção em Portugal.
E não deixa de ser interessante fazer um resumo
dos factos que vieram a lume sobre o “conflito de interesses” de alguns médicos
e respectivas organizações e os grandes laboratórios farmacêuticos,
nomeadamente os fabricantes de vacinas:
- A Ordem dos Médicos recebeu até há pouco
tempo, segundo o Portal da Transparência e Publicidade do Infarmed, 443.841
euros. Dos quais 380.000 euros da farmacêutica Merck S.A. Valor recebido este
ano, enquanto no ano passado recebeu apenas 6.125 euros das farmacêuticas. Como
explicar a diferença?
- O pneumologista Filipe Fores de que se fala
recebeu 378.851 euros, com a Pfizer à cabeça com 130.665 euros, seguindo-se a
Merck Sharp & Dohme (80.689 europs) e a BIAL (44.829 euros). Este ano foram
50.568,72 euros provenientes de 13 farmacêuticas. Parte do dinheiro que recebe
das farmacêuticas é feito através de empresa de que é sócio juntamente com a
esposa.
- Outro lobista será o Doutor Luís Varandas,
infecciologista pediátrico do Hospital D. Estefânia (Lisboa), que desde o
início deste ano recebeu 22.156 euros, dos quais 16.148 euros da Pfizer em
consultadoria por palestras e conferências.
- Joaquim Ferreira, neurologista, professor da
Faculdade de Medicina de Lisboa e médico que elaborou um relatório final de
diagnóstico de Alzheimer a Ricardo Salgado, artimanha para o livrar de prestar
contas à justiça pelas vigarices do BES, recebeu, desde 2019, 108 mil euros em
gratificações provenientes de farmacêuticas.
- A Sociedade Portuguesa de Pneumologia recebeu
desde 2019 cerca de 1,13 milhões de euros da indústria farmacêutica. 487.895
euros, provenientes de 19 empresas farmacêuticas, foram para a realização do
seu 36ª Congresso, que ocorreu no final do ano passado, no Algarve. Dados do Portal
da Transparência e Publicidade do Infarmed.
A ordem dos médicos, agora tão entusiasmada
com a vacinação das criancinhas, recebeu um relatório de Manuel Mendes Silva,
urologista e presidente do Conselho de Ética da Ordem dos Médicos, cujo parecer
sobre a vacinação de jovens é contrário aos interesses particulares do
bastonário Miguel Guimarães. Parecer que foi de imediato engavetado e que mais
tarde foi revelado por intervenção de uma jornalista, tendo o seu autor começado
por negar a sua existência, mostrando bem a ética desta gente. Para alguns será
falta de ética, para outros será apenas corrupção. Como o recebimento dos
milhões é sempre apoiado pela realização de serviços, palestras, conferências,
assessorias, estudos e inclusivamente ensaios clínicos (outra estória que
envolve directores de serviço e administrações das instituições públicas), tudo
será legal.
Para se ver bem ao que anda toda esta gente,
ordens, associações médicas, médicos (alguns), governantes e políticos é
constatar que ainda antes da aprovação da vacinação de crianças pela EMA, já o
governo tinha efectuado a compra adicional de 700 mil doses da vacina da Pfizer e o secretário
regional da saúde da Madeira (apontado aqui há uns tempos como envolvido no negócio da aquisição de exames complementares de diagnóstico aos privados) já tinha avançado que iriam chegar a Portugal no
dia 20 de Dezembro 300 mil doses. Um negócio bom demais para se deixar perder a
oportunidade de muita boa gente ir enriquecer à custa desta estória das vacinas;
mas, como é óbvio, dirão sempre que é a bem das crianças e da saúde dos
portugueses. Antigamente, dizia-se a “Bem da Nação”.
Ainda há pouco a Comissão Europeia anunciou que
«o terceiro contrato celebrado com o consórcio Pfizer/BioNTech inclui doses
suficientes de vacinas anti-covid para reforçar a vacinação e também para a
imunização de crianças entre os 05 e os 11 anos. “Reservámos 1,8 mil milhões de
doses, o que é suficiente para reforços da vacinação e ainda para vacinar
outras categorias de pessoas, como as crianças” na União Europeia (UE), disse o
porta-voz do executivo comunitário para a Saúde Pública, Stefan de Keersmaecker»
(da imprensa). Por que será que é só deste laboratório e não de outros em plano
de igualdade? Por que é que os contratos possuem anexos secretos que a Comissão Europeia recusou entregar no Parlamento? Para se perguntar: a quanto montarão as
comissões que esta gente de Bruxelas irá embolsar ou já embolsou?
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