terça-feira, 26 de julho de 2022

A IDADE DE OURO DA PSIQUIATRIA

Durante muito tempo, até aos anos 1960 do século passado a generalidade dos psiquiatras vivia bastante isolada dos seus colegas médicos de outras especialidades. Uns, dedicado à clínica ambulatória, praticavam psicoterapia, em especial Psicanálise, que nada tinha que ver com as práticas médicas correntes, então dominadas pelos cirurgiões. Outros. nos grandes hospitais escondidos do mundo, e dele escondendo os doentes mentais graves, dedicavam-se às acções humanitárias possíveis quando não a experiências bizarras. Na melhor das hipóteses dedicavam-se ao estudo, contemplação e descrição dos estranhos seres humanos que mantinham sob o seu cuidado. Só as casa de repouso para doentes ricos, que enxameavam a Europa e, em especial, a Suíça, beneficiavam dos dois mundos, e obtinham a ajuda de médicos das outras especialidades.

Os psiquiatras europeus que iniciaram o seu trabalho nas décadas de 60 e 70, quer nos grandes hospitais, quer nas pequenas unidades, tinham conhecimento dos dois mundos e procuraram juntar-se aos seus colegas, tanto dos hospitais gerais, como dos cuidados primários ambulatórios. Foi nessa altura que se promoveu por todo o mundo a desinstitucionalização dos doentes mentais, um pouco pressionada pelos movimentos da antipsiquiatria, mas facilitada pelo uso dos neurolépticos. Alguns termos apareceram desde então: a Psiquiatria de ligação apoiava a relação com os colegas de outras especialidades nos hospitais gerais; a Psiquiatria comunitária era a designação usada para a colaboração mais descentralizada com os médicos dos cuidados primários. Uma e outra destas «especializações» apenas demonstrava a tendência dos psiquiatras para se relacionarem com os outros médicos. Aliás, eram também estes que, conhecendo os notáveis avanços da psicofarmacologia, procuravam os psiquiatras para melhor tratarem os seus doentes.

Pelo contrário, nos Estados Unidos, onde a Psicanálise imperava, a medicalização da Psiquiatria foi conturbada. As histórias que antecederam o consenso da DSM-III, publicada em 1980, estavam repletas de golpes palacianos que desacreditaram a Psiquiatria e a trouxeram para a praça pública. Sem capacidade de resposta, os psiquiatras americanos acabaram por ceder à influência dos vários lobbies. Bem ou mal, várias doenças foram esquecidas, mas muitas outras, e cada vez mais, começaram a entrar no mapa, correndo-se o risco de considerar patológico todo o comportamento humano minimamente desviante. Os europeus aceitaram com bons olhos a nova classificação americana, mas não se deixaram influenciar exageradamente. No fundo, eles tinham vindo a adaptar-se de um modo muito mais flexível aos novos tempos da psicofarmacologia.

Ironicamente, foi o movimento da antipsiquiatria que mais fez pela integração da Psiquiatria na Medicina. Pela voz de filósofos, como Foucault e Deleuze, sociólogos, como Erving Goffman e Thomas Scheff, ou psicoterapeutas como Thomas Szasz e Ronald Laing, bem como movimentos políticos, a luta contra o encarceramento e tratamento dos doentes mentais, no clima antiautoritário do pós-guerra, conquistou inúmeros adeptos nas elites universitárias do mundo ocidental. O movimento tomou maior pujança com o aparecimento, em 1975, do filme de Milos Forman, Voando sobre um Ninho de Cucos, baseado numa história real. De um modo curioso, não existiu grande adesão por parte de doentes e muito menos das suas famílias.

De qualquer modo, os antipsiquiatras, para além de criticarem os desmandos já conhecidos de algumas décadas atrás, e ainda existentes nos grandes hospitais com doentes crónicos que não tinham adquirido aptidões para a vida, faziam críticas pertinentes à nova prática psiquiátrica. Uma delas era o desinvestimento na relação médico-doente, pois 10 a 15 minutos chegavam para listar os sintomas e decidir sobre o tipo e dose dos medicamentos a prescrever. Obviamente, os psiquiatras defendiam-se com a maior ligação à Medicina e habituaram-se a um trabalho mais interdisciplinar, cooperando com assistentes sociais, psicólogos e enfermeiros, para além dos seus colegas de outras especialidades que partilhavam o mesmo espaço físico.

Também a Psicanálise não tinha, entre os psiquiatras europeus, a mesma força que nos Estados Unidos. Na Europa, a guerra entre psicoterapeutas e psiquiatras biológicos não era política, mas sim de discussão de ideias. Por isso, os europeus aceitaram com alguma condescendência as novas psicoterapias que, pelas mãos de psicólogos, linguistas e outros profissionais que não tinham acesso, nem à Psiquiatria biológica, nem à Psicanálise, surgiram, exactamente, nos Estados Unidos. A Terapia familiar, o Psicodrama, as diversas terapias com base no corpo, foram sendo acolhidas e partilhadas com psicólogos ou assistentes sociais sem grande entusiasmo. Mas o que mais interessava aos psiquiatras europeus eram os procedimentos psicoterapêuticos mais curtos e eficazes ligados a alguns diagnósticos, que podiam ser testados numa base científica, tal como sucedia com os psicofármacos. Esse era o caso das Terapias Comportamentais e Cognitivo-Comportamentais, estas últimas anunciadas por Aaron Beck para a depressão. Com a sua racionalidade e evidência científica, podiam emparelhar com os psicofármacos nos casos que estes não resolviam, ou serem aplicadas em concomitância com eles, na maior parte das vezes pelas mãos de psicólogos clínicos.

Entretanto, os conhecimentos químicos começaram a disseminar-se e, paralelamente à Indústria Farmacêutica, as redes de drogas licitas (como o álcool) ou ilícitas (como a Cocaína, derivados da Morfina, ou o Haxixe) invadiam jovens endinheirados e quadros executivos. O problema causou alarme público e, em cada país à sua maneira, foram criados centros de toxicodependências com intervenção de psiquiatras. Muitos doentes, porém, mantinham em segredo os seus consumos e viajavam entre a rua, os centros de adições e os serviços psiquiátricos, por vezes com diferentes diagnósticos. A isto juntava-se o autoconsumo de medicamentos psiquiátricos sem critério, bem como a resistência de algumas pessoas a reconhecerem as suas doenças e a aceitarem o tratamento adequado. Para dar resposta aos novos problemas, as Leis de Saúde Mental, que previam a organização dos cuidados, bem como internamentos ou tratamentos compulsivos, iam aparecendo em cada país. A Psiquiatria, mais uma vez, confrontava-se com a Lei.

Para o fim do milénio existiram três grandes avanços que, previsivelmente, iriam retirar as zonas sombrias que ainda existiam na mente e na sua patologia. O primeiro foi o desenvolvimento dos computadores, que iria permitir análises estatísticas das escalas de sintomas, então em desenvolvimento, e que podiam fazer luz sobre as classificações e, portanto, sobre a nosologia psiquiátrica. O segundo, também ajudado pela computação, foram as imagens do cérebro e da sua actividade química e eléctrica. O terceiro foi a catalogação completa do código genético humano. Conciliados com a ciência, que lhes tinha proporcionado os mais eficazes meios de tratamento, os psiquiatras ansiavam por novas descobertas que, em 2010, ainda não eram claras. Não se suspeitava então que elas estivessem na base do fim da idade de ouro.

A Indústria Farmacêutica em Portugal

Temos hoje de admitir que, durante a segunda metade do século xx, a Psiquiatria foi completamente dominada pela Indústria Farmacêutica. Os empregadores e os Estados deixaram de investir na necessária actualização dos médicos, e a Indústria, incluindo os fabricantes de equipamentos, rapidamente se substituíram a eles.

Como mero exemplo, em 1976 caiu-me nas mãos, para o testar em doentes esquizofrénicos, um novo medicamento: a Clozapina. Este medicamento tinha sido sintetizado em 1959 e apareceu nas mãos da multinacional Sandoz, sob o nome de Leponex, quando comprou o laboratório falido que o tinha descoberto. Mas só em 1972 é que a Clozapina foi reconhecida como um potente, senão o mais eficaz, dos recursos terapêuticos contra a psicose esquizofrénica. Entretanto, o mercado estava já invadido por numerosos e lucrativos psicofármacos. Quando foi experimentado pelos psiquiatras americanos, uma década depois do seu uso na Europa, a imprensa celebrava a «cura da esquizofrenia». O entusiasmo de todos os cuidadores de doentes psicóticos foi enorme, o medicamento foi então amplamente usado e corria o risco de competir com todos os outros, alguns dos quais da própria Sandoz. O que se passou a seguir foi curioso. O Laboratório tentou suspender o medicamento, a propósito de alguns efeitos secundários (agranulocitose) que só apareceram na Bélgica. Os psiquiatras de todo o mundo lutaram para que o medicamento se mantivesse no mercado (1), enquanto o laboratório acabou por condicionar fortemente a sua utilização. Mais interessante foi o facto de os medicamentos deste tipo, chamados antipsicóticos atípicos, só se terem desenvolvido Vinte anos após a entrada do Leponex no mercado e, aparentemente, sem que tenham demonstrado uma eficácia superior. Este pormenor, no entanto, pertence à história do lucrativo desenvolvimento dos psicofármacos após a década de 1960, em que as companhias farmacêuticas começaram a ditar a sua lei, aliás controladas por agências nacionais de medicamentos que também iam lucrando com a produção e modificação de novos fármacos.

Em 1978 realizou-se em Barcelona o II Congresso de Psiquiatria Biológica (o primeiro tinha sido realizado na Argentina em 1974). Foi com grande entusiasmo que muitos de nós rumaram ao congresso a suas expensas, pois as companhias farmacêuticas ainda não os patrocinavam. Um dos temas fortes desse congresso seria ainda a hipotética descoberta de uma molécula que, isolada na urina dos esquizofrénicos, causaria a sua doença. O panorama mudaria passados alguns anos, pois os laboratórios farmacêuticos passaram a financiar congressos internacionais, em locais idílicos, disputando entre si os convites aos psiquiatras para os frequentar e, naturalmente, apresentarem e promoverem os seus produtos. Aliás, as próprias revistas de referência dependiam dos anúncios publicados nas suas páginas.

Porém, a competição entre as várias companhias era grande, enquanto um número cada vez maior de psicofármacos diferentes aparecia no mercado. Os psiquiatras que lideravam a opinião sabiam disso e informavam-se da eficácia e problemas dos medicamentos, mais pela informação dos competidores do que pela promoção dos fabricantes. Existia um complexo jogo entre as várias companhias farmacêuticas e os psiquiatras, enquanto o conhecimento evoluía e o arsenal terapêutico era cada vez mais diverso,

eficaz e seguro. Tudo começou, entretanto, a mudar a partir da concentração da Indústria Farmacêutica ao longo do século XXI, ao mesmo tempo que passou a investir menos nos psicofármacos. Nestes tempos de transição, começaram e existir fortes contradiçÕes entre a actividade clínica e o financiamento da actualização dos médicos. Foi a minha geração que, com grande voluntarismo, ajudou a criar e integrou um Serviço Nacional de Saúde público e gratuito que, rapidamente, melhorou todos os índices sanitários em Portugal. Entretanto, tudo foi mudando, enquanto também a Medicina ia adquirindo novas, mas caras tecnologias de diagnóstico e terapêutica a que os médicos não podiam ser alheios. Mas eram os interessados na venda de tecnologias que promoveram a sua aceitação.

A própria investigação estava por conta das empresas privadas e do registo das suas patentes. O conflito entre os interesses privados e públicos só se tornou decisivo no final do século XX, com acorrida entre um consórcio internacional, o Projecto do Genoma Humano, e uma empresa privada, a Celera Genomics, para a sequenciação completa dos genes humanos. Só desde então, os institutos de investigação públicos e os cientistas ligados às universidades começaram a desenvolver as suas descobertas em prol de interesses não comerciais.

Nos anos 1980, era claramente a Indústria Farmacêutica que dominava a Psiquiatria através dos patrocínios da investigação, nela incluindo os ensaios clínicos e sua divulgação em revistas, congressos e contactos pessoais com os psiquiatras clínicos. E os novos medicamentos, cada vez mais seguros e com indicações específicas, eram a novidade de cada congresso ou reunião. Em várias capitais da Europa e América (ainda existia a Cortina de Ferro), os psiquiatras americanos e europeus, incluindo os portugueses, iam convivendo e discutindo entre si as novas descobertas e a própria organização dos serviços em cada país.

O objectivo era então colocar os doentes em serviços de portas abertas junto dos hospitais, em permanente interacção com as outras especialidades médicas. Um dos psiquiatras que mais lutou por essa mudança foi Paes de Sousa. Chegou a aceitar um cargo político afim de promover esta reforma. Com muitos impedimentos, saiu mal, mas deixou sementes. Em 1998 saiu, em Portugal, a primeira Lei de Saúde Mental, propondo que os doentes psiquiátricos fossem tendencia1mente internados em regimes abertos nos hospitais gerais, e seguidos preferencialmente nos centros de saúde periféricos, perto das suas comunidades.

Naqueles novos serviços hospitalares, os psiquiatras relacionavam-se com serviços de Neurologia e com muitas outras especialidades que podiam apoiar a Psiquiatria. Além disso, os doentes tinham acesso a todos os exames complementares, incluindo aqueles que se desenvolveram mais recentemente: imagens cerebrais e genética. Na transição do século, com a promessa de que estes recursos médicos também iriam servir a Psiquiatria, a posssibilidade de tratarmos doenças bem delimitadas com tratamentos específicos, tal como acontecia na Medicina e na Cirurgia,era uma esperança em que todos acreditávamos ingenuamente.

Notas: 1 Nessa altura, eu e alguns colegas produzimos um parecer, responsabilizando o Laboratório pelos danos causados aos pacientes já tratados, caso o medicamento fosse interrompido. Produzimo-lo gratuitamente, porque entendíamos estar a defender os doentes. Por essa razão, acabámos por ser vítimas de um processo judicial, sob suspeita de que seríamos pagos lateralmente (por exemplo, em viagens ou ofertas). Claro que o processo foi arquivado porque não existiram as supostas compensações da Sandoz. Também nunca chegámos a saber a origem do processo.

Pequena História da Psiquiatria – Os desafios das doenças mentais, J. L. Pio Abreu. Publicações Dom Quixote, 2021. 

Testes foram um maná para os laboratórios (privados)


por Pedro Almeida Vieira

Nos dois primeiros anos de pandemia, lucros da Germano de Sousa pulam 490%

A testagem massiva, por vezes sem critério e a preços exorbitantes, faz de Portugal um dos países que mais gastou à “cata” do SARS-CoV-2, embora os valores não estejam apurados. Sabe-se, contudo, que cerca de dois em cada três testes feitos ao longo da pandemia foram processados apenas nos últimos sete meses, para apanhar a variante Omicron, mais transmissível, mas muito menos letal. Para os laboratórios pode-se dizer que, na verdade, “ficou tudo bem”. Venderam mais, aumentaram margens de lucro, e foi “dinheiro em caixa”. O Centro de Medicina Laboratorial Germano de Sousa S.A. é um bom exemplo. Para os seus accionistas, claro.

A estratégia de massificação de testagem à covid-19 seguida por muitos países, sobretudo com o surgimento da variante Omicron, tem enchido os cofres dos laboratórios de análises clínicas. De acordo com dados do Worldometers, Portugal é o sexto país, de entre os 78 com mais de 10 milhões de habitantes, com o maior número de testes. Desde o início da pandemia terão sido realizados cerca de 43,5 milhões de testes, o que significa que cada português realizou, em média, um pouco mais de quatro testes (4,3).

Este indicador é apenas ultrapassado – no grupo dos 78 países de média e grande dimensão – pelos Emirados Árabes Unidos (17,3 testes por habitante), Espanha (10,1), Grécia (8,5), Reino Unido (7,6) e República Checa (5,2).  

Embora não existam números concretos dos gastos com a testagem – nem tão-pouco da distribuição entre gastos do Estado, das autarquias, das empresas e dos particulares –, o PÁGINA UM estimava em Dezembro passado que este mercado já deveria ter movimentado perto de 1.300 milhões de euros em Portugal. No entanto, esses cálculos baseavam-se na quantidade de testes então feitos até 3 de Dezembro de 2021 – um total de 15.884.737, dos quais 39% de antigénio. Esse era já um número quase o triplo dos de 2020 – em que se processaram 5.695.754 testes, quase todos de PCR.

Deste modo, quase dois terços dos testes (PCR e de antigénio) realizados em Portugal acabaram por ser realizados nos últimos sete meses, sendo que a intensidade de testagem assumiu contornos inimagináveis em Janeiro com uma média diária de cerca de 250 mil testes por mês.

Em certa medida, essa corrida aos testes observou-se também pela obrigatoriedade de testagem em determinados períodos dos “estados de excepção” e pela “liberalidade” do Estado e de muitas autarquias comparticiparem testes. Por exemplo, em Lisboa houve períodos no início do ano em que era possível realizar até 14 testes por mês, dos quais uma dezena pela autarquia.

Saliente-se que a estatística diária da testagem – como muita outra informação ao longo da pandemia – foi “descontinuada” pela Direcção-Geral da Saúde, ou seja, foi intencionalmente retirada por esta autoridade, como já tem sido uma norma para obstaculizar qualquer comparação ou análise cronológica.

Em todo o caso, sendo evidente que o ano de 2022 será ainda um “ano de ouro” para os principais laboratórios de análises clínicas, certo é que a pandemia lhes tem concedido lucros surpreendentes.

O PÁGINA UM analisou o relatório e contas do Centro de Medicina Laboratorial Germano de Sousa S.A. – um dos maiores do país, fundado por este antigo bastonário da Ordem dos Médicos – que viu os seus lucros “explodirem” com a pandemia.

Em 2018 e 2019 registou lucros de, respectivamente, cerca de 3,9 milhões e 6,0 milhões de euros. Com o primeiro ano da pandemia (2020), os resultados operacionais quase quadruplicaram face ao ano anterior, passando de 8,1 milhões de euros para os 31,1 milhões. O lucro teve idêntico desempenho, atingindo os 23,2 milhões em 2020.

O ano de 2021 ainda foi melhor. Os resultados operacionais subiram para 48,4 milhões de euros e os lucros atingiram os 35,1 milhões.

Comparando os dois anos anteriores à pandemia (2018 e 2019), o Centro de Medicina Laboratorial Germano de Sousa S.A. com os dois primeiros anos em pandemia (2020 e 2021), os lucros pularam de um total de 9,9 milhões de euros para uns impressionantes 58,4 milhões de euros. Ou seja, um crescimento de quase 490% comparando os dois períodos homólogos (2018-2019 e 2020-2021).

No entanto, também fantástica foi a subida da margem de lucro que, de uma forma simplificada, mede a percentagem retirada por cada euro de vendas ou prestação de serviços. De facto, sendo certo que os laboratórios de Germano de Sousa “venderam” quase três vezes mais nos dois anos da pandemia do que nos dois anos anteriores (189,8 milhões de euros vs. 66,2 milhões), o grande sucesso veio da subida impressionante da margem de lucro.

Em 2018 foi de 12,7%, passou no ano seguinte para 16,8%, e depois pulou nos anos da pandemia: 31,3% em 2020 e 30,4% em 2021. A venda de testes terá contribuído fortemente para este desempenho financeiro, o que basicamente significa que os preços de venda estiveram fortemente inflacionados.

O ano de 2022 deverá continuar a reflectir ainda o “bom” efeito-pandemia para os laboratórios.

paginaum

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Peter C. Gøtzsche: "A indústria farmacêutica é muito rica e corrompeu os sistemas de saúde"

 

Por Miguel Ayuso Sejas

Nossas sociedades devem assumir o controle sobre o desenvolvimento e a venda de medicamentos, o que garantiria que tivéssemos medicamentos a preços que até os países em desenvolvimento poderiam pagar.
Aos nossos leitores:  Apesar de terem passado quase 8 anos desde a sua publicação, La Pluma traz de volta à vida esta entrevista de 3 de novembro de 2014, considerando que ainda é altamente atual [N de La Pluma]

O médico dinamarquês Peter C. Gøtzsche trabalha lado a lado com a indústria farmacêutica há 30 anos e garante que o sistema está totalmente corrompido

Quando um cientista se atreve a criticar a indústria farmacêutica, é imediatamente criticado porque não a conhece bem. Mas o médico dinamarquês Peter C. Gøtzsche é difícil de pegar neste flanco. Por 30 anos, Gøtzsche trabalhou em ensaios clínicos e regulamentação de medicamentos para várias empresas farmacêuticas e publicou mais de setenta artigos científicos nas Big Five, as cinco principais revistas científicas. E é por isso que ele afirma categoricamente que a indústria farmacêutica é corrupta até a medula, extorque médicos e políticos, e mantém lucros enormes ao medicar desnecessariamente a população.

Seu novo livro, Drogas que matam e crime organizado (Os livros do lince), causou enorme polêmica e desencadeou a ira da indústria, que Gøtzsche acusa de espalhar mentiras sobre suas pesquisas. que ele não deixa um fantoche com a cabeça.

PERGUNTA. Algumas semanas atrás, entrevistamos o psiquiatra Allen Frances. Ele nos disse literalmente que  a indústria farmacêutica está causando mais mortes do que os cartéis de drogas . Você pensa o mesmo. Quando a entrevista foi publicada, muitos leitores reclamaram que parecia uma afirmação exagerada. Por que você acha que não é?

RESPOSTA. Dizer a verdade não pode ser exagero. Em meu livro, documento que o uso de medicamentos prescritos é a terceira principal causa de morte depois de doenças cardiovasculares e câncer. Nos Estados Unidos, por exemplo, medicamentos prescritos causam quase 200.000 mortes a cada ano. Portanto, está claro que a indústria farmacêutica está causando muito mais mortes do que os cartéis de drogas.

P.: Richard Smith, médico e ex-diretor do  British Medical Journal,  garante no prólogo de seu livro que os médicos acabarão caindo em desgraça junto à opinião pública, como já aconteceu com jornalistas, deputados e banqueiros, por não tendo podido ver até que ponto aceitaram a corrupção.

R.: A indústria farmacêutica é imensamente rica e poderosa e corrompeu os sistemas de saúde de forma extraordinária. É uma corrupção de longo alcance. Todo o processo pelo qual nossos medicamentos são pesquisados, aprovados e prescritos foi corrompido. Isso significa manipular dados científicos, mas também comprar quase qualquer pessoa que possa ter influência no sistema, incluindo ministros da saúde. No meu país, por exemplo, existem apenas cerca de 20.000 médicos, mas milhares deles recebem salários da indústria para desempenhar funções questionáveis, como participar de conselhos consultivos ou ser consultores, em muitos casos sem fornecer nenhum serviço tangível em troca do dinheiro. Esta é uma forma aceita e difundida de corrupção sutil, pois, como qualquer médico sabe,

P.: Para a maioria da população, é difícil acreditar que muitos dos medicamentos que tomamos causem mais problemas do que benefícios. É algo que podemos dizer sobre muitos medicamentos?

R.: É verdade que muitas das drogas que as pessoas tomam fazem mais mal do que bem. Sabemos muito pouco sobre a real utilidade dos medicamentos, já que praticamente todos os ensaios controlados por placebo são desenvolvidos pela indústria farmacêutica, que tem um tremendo conflito de interesses. A indústria exagera os benefícios e esconde os malefícios dos medicamentos na publicação de ensaios clínicos. Muitas das drogas que tomamos nem fazem efeito; eles apenas parecem ter tido um efeito em ensaios endossados ​​pela indústria, mas isso geralmente ocorre porque os ensaios não foram efetivamente "cegos" e, nesse caso, tanto os pacientes quanto os médicos tendem a exagerar substancialmente os efeitos subjetivos das drogas.

P.: Existem medicamentos utilizados na prática médica que não possuem qualquer justificativa científica válida?

R: Acho que as drogas anticolinérgicas para incontinência urinária e drogas antidemência não têm efeito real, e o que foi medido em ensaios clínicos é tendencioso porque o cegamento foi insuficiente. Uma área particularmente problemática é a das drogas psiquiátricas. A falta de cegamento eficaz nos ensaios significa, por exemplo, que a real eficácia dos antidepressivos no tratamento da depressão é duvidosa; eles provavelmente nem funcionam para tratar a depressão clínica. De qualquer forma, não há dúvida de que as pessoas com transtornos psiquiátricos estão sendo massivamente medicadas em excesso. Sabemos que os antipsicóticos causam danos cerebrais, mas provavelmente também antidepressivos e medicamentos para tratar o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

P.: O que aconteceu na Espanha com o Sofosbuvir, o medicamento de última geração que cura a maioria dos casos de hepatite C, é, segundo o farmacologista Joan-Ramón Laporte (que prefacia a edição espanhola de seu livro), um claro exemplo da comportamento às vezes ultrajante da indústria farmacêutica. Em 1º de outubro, o ministro da Saúde espanhol anunciou que o governo havia chegado a um acordo com a farmacêutica Gilead para incluir o medicamento no financiamento público. Ninguém sabe exatamente quanto vai custar, mas pode ser mais de 125 milhões de euros durante o primeiro ano de comercialização. Os farmacêuticos estão chantageando os governos?

R.: O caso do Sofosbuvir é apenas um dos exemplos mais recentes de como as empresas farmacêuticas extorquem a sociedade. Grande parte da pesquisa que permite o desenvolvimento de novos medicamentos tem sido financiada pelo dinheiro dos cidadãos, que pagam os salários dos pesquisadores públicos. Se um medicamento é considerado um avanço, a norma é que a empresa farmacêutica que se encarrega de seu desenvolvimento cobre um preço obsceno, abusando assim do monopólio que a sociedade lhe concedeu. O preço de um novo medicamento não tem nada a ver com seus custos de desenvolvimento, mas depende inteiramente de quanto estamos dispostos a pagar por ele. É um tipo de extorsão não muito diferente do tipo de chantagem usada pelos piratas na Somália quando embarcam em navios e fazem reféns. Em ambos os casos,

P.: Um dos argumentos mais usados ​​pela indústria farmacêutica para se defender das críticas é que sem seu investimento em pesquisa não teríamos os medicamentos que temos. É certo?

R.: No meu livro desacredito esse argumento, que infelizmente é amplamente aceito entre médicos e políticos. Será que aqueles que acreditam nisso estariam dispostos a pagar vinte vezes mais por seu carro novo só porque o vendedor lhes diz que assim terão carros melhores no futuro? A situação é completamente absurda. Normalmente, as empresas dizem: "Se não gastássemos nosso dinheiro em pesquisa, morreríamos". Mas o que as empresas farmacêuticas dizem é: "Se não tivermos seu dinheiro para gastar em pesquisa, você vai morrer". Apenas os líderes religiosos são mais espertos do que eles, pois prometem que seremos recompensados ​​após a morte, o que torna completamente impossível reclamar.

Empiricamente, foi demonstrado que este argumento não se sustenta. Os lucros farmacêuticos dispararam na última década, enquanto a inovação estagnou. Em suma, o capitalismo e os cuidados de saúde são maus companheiros. Nossas sociedades devem assumir o controle sobre o desenvolvimento e a venda de medicamentos, o que garantiria que tivéssemos medicamentos a preços que até os países em desenvolvimento poderiam pagar.

P.: Muitos médicos e pesquisadores sabem muito bem o que a indústria farmacêutica está fazendo, mas se recusam a falar porque, afinal, seu trabalho depende deles. Existe medo entre os profissionais de criticar as empresas farmacêuticas?

R.: A situação em que estamos agora é semelhante à que vive uma cidade quando permitiu que a máfia se tornasse tão poderosa que conseguiu comprar todos, incluindo políticos, o prefeito e a polícia. Em uma situação como essa, é incrivelmente difícil recuar. É o que está acontecendo agora com a indústria farmacêutica, que comprou muitos médicos importantes, que são formadores de opinião. Há casos de médicos que perderam o emprego por criticarem a indústria, porque a farmacêutica em questão já havia comprado seus superiores. É a mesma coisa que a máfia faz quando derruba um policial que faz seu trabalho muito bem.

P.: A manipulação que a indústria farmacêutica tem feito em muitos estudos científicos tem levado muitas pessoas a negar a veracidade dos estudos científicos em geral. Isso é muito perigoso. Você acha que podemos questionar a maioria das pesquisas em medicina?

R.: Não acho perigoso que as pessoas não acreditem nos estudos científicos sobre medicamentos. É muito saudável que eles sejam céticos, considerando que nossas drogas são a terceira principal causa de morte. As pessoas deveriam tomar muito menos remédios do que estão tomando. Eu tenho trabalhado nesses 30 anos e tenho visto sérias manipulações e trapaças em todas as áreas da medicina por motivos comerciais. É por isso que os cientistas que colaboram com a indústria em ensaios clínicos raramente têm acesso a todos os dados brutos para que possam analisá-los por conta própria. Se isso fosse possível, teríamos a oportunidade de revelar grande parte da fraude.

P.: Muitas vezes, as pessoas que criticam a indústria farmacêutica misturam seus argumentos com teorias pseudocientíficas. É o caso, por exemplo, dos movimentos antivacinação. Costumamos misturar churras com merinos?

R.: Alguns praticantes de medicina alternativa ou defensores da antivacinação assumem que sou um deles porque critico a indústria farmacêutica. Certamente não é o caso. A maioria das nossas vacinas salva vidas e o principal efeito da medicina alternativa é esvaziar os bolsos das pessoas, pouquíssimas delas sequer surtem efeito.

P.: Normalmente falamos da indústria farmacêutica como um todo. Existe uma empresa que é melhor do que a outra? Não existe um único CEO de empresas farmacêuticas que tenha ética?

R.: Quando o crime rende, gera mais crime. É exatamente isso que estamos vendo. Os crimes da indústria farmacêutica, que estão entre os piores de todas as indústrias, aumentaram nos últimos anos. Não consegui encontrar uma única empresa cujo CEO tenha senso de moral. A única coisa que importa é o dinheiro e os CEOs sabem muito bem que sua falta de ética leva a muitas mortes desnecessárias. O criminologista  John Braithwaite,  que entrevistou muitos CEOs para seu livro sobre o crime organizado na indústria farmacêutica, os chama de "bastardos sem coração".

P.: Nos últimos anos foram publicados vários livros nos quais as práticas da indústria farmacêutica são duramente criticadas ( Bad Farma  de Ben Goldacreo  Somos todos doentes mentais? de Allen Frances ). Algo está mudando? Vamos ver uma mudança na regulamentação da prática das empresas farmacêuticas?

R.: Infelizmente, a indústria farmacêutica é tão poderosa que é tarde demais para esperar grandes mudanças nos reguladores e na forma como nossos políticos entendem seu funcionamento. Há esperança, no entanto, porque nossos cidadãos não são tão burros, engenhosos e oportunistas quanto nossos políticos. Escrevi este livro porque estou com raiva e quero que mais pessoas fiquem com raiva para dizer que já tivemos o suficiente, então talvez possamos fazer mudanças radicais na maneira como desenvolvemos, pesquisamos, comercializamos e tomamos medicamentos.

P.: O que os cidadãos podem fazer para ajudar a reverter essa situação?

R.: A primeira e mais importante coisa é que os pacientes assumam o controle de suas próprias vidas, por exemplo, baixando o folheto online quando um médico prescreveu um medicamento. Se você ler com atenção, provavelmente sabe muito mais sobre o medicamento do que seu próprio médico. Então, talvez todos os perigos, precauções e advertências façam você pensar que talvez seja melhor não tomar esse medicamento em particular. Os pacientes devem perceber que praticamente tudo o que um médico sabe sobre medicamentos foi cuidadosamente preparado pela indústria farmacêutica. Além disso, o médico pode ter interesse em prescrever a você um medicamento muito mais caro do que outro igualmente bom, porque o suborno de médicos é comum.

Organizações de pacientes e organizações de médicos não devem aceitar dinheiro da indústria farmacêutica. Eles devem se perguntar se é eticamente aceitável receber dinheiro que foi ganho em parte por crimes que prejudicaram e até mataram muitos pacientes. E os médicos têm que recusar visitas médicas, porque isso leva a prescrições irracionais e grandes danos, incluindo mortes desnecessárias.

Fonte:  Soul, Heart, Life  ACV, 3 de novembro de 2014

resumenlatinoamericano

quarta-feira, 13 de julho de 2022

Os incêndios que vão consumindo o SNS neste Verão

 

"Fadário" - Henricartoon

As notícias que abrem noticiários televisivos ou fazem as “gordas” de primeira página surgem em catadupas, em vagas que quase submergem todas as outras notícias susceptíveis de gerar menor audiência. A vaga das relacionadas com o esperado e desejado, por parte de muitos órgãos de comunicação social (ligados a grandes grupos económicos com interesses em outras áreas económicas), colapso do SNS, parece estar a morrer na praia. Os incêndios quase que ocupam todo o tempo dos noticiários das televisões, lançando para o quase esquecimento a propaganda sobre a guerra na Ucrânia, no entanto, ainda se pode respigar alguma coisa que é sempre apresentada como prova da falência dos serviços públicos de saúde.

Começando pela notícia de primeira página do “DN”, cujo grupo proprietário, Global Media, encontra-se a desenvolver, com alguma discrição, um processo de despedimento dos trabalhadores de todos os media que constituem o grupo, invocando a crise “provocada pela guerra”: “Hospitais privados só contam 4% na despesa do Estado com Saúde”. Fica-se com a ideia de que até é pouco e a parte que cabe aos privados poderá subir; contudo, sabe-se que não é bem assim: os prestadores privados de saúde representam 14% da despesa do SNS, onde, então, se incluem os 4% dos hospitais privados, os 9% dos laboratórios de análises e de outros meios complementares de diagnóstico e 1% dos cuidados continuados. Nesta conta não se incluem as parcerias público-privadas, a ADSE e as IPSS, da Igreja Católica e outras, que no total ultrapassam bem á vontade os 30% do orçamento destinado à saúde.

A imprensa mainstream mente, mas mente utilizando meias verdades.

A somar a estes financiamentos ao sector privado da saúde através de dinheiros públicos, deverá acrescentar-se 54 milhões para empresas de trabalho temporário, negócio que será rentável para os administradores e outros detentores de cargos governamentais que intermedeiam o negócio, porque as comissões nestes casos são sempre certas e apetitosas.

É também notícia “Consultas e cirurgias canceladas para desviar médicos para as urgências”, o que vem a calhar pela simples de razão de que as longas listas para cirurgia e consultas nos hospitais públicas irão alongar-se um bocado mais, para contentamento dos empresários da saúde, especialmente para os que acumulam o público como o privado, como acontece com a maior parte dos dirigentes da Ordem dos Médicos. Esta despesa acrescida é suportada não só pelo SNS como pela algibeira de cada um dos cidadãos que possuem posses para o fazerem.

“O verão na saúde começou com serviços de urgências a encerrar em todo o país. A razão apontada é a falta de médicos. A área mais afetada é a da ginecologia e obstetrícia” faz parte do cabeçalho da notícia atrás referida, ficando-se com a ideia de que um dos sectores a desmantelar é mesmo esse: ginecologia e obstetrícia.

Se bem nos lembramos, as maternidades foram as unidades do SNS que mais foram atingidas pela sanha de encerramento levada a cabo nos governos de Sócrates (PS) e de Passos Coelho (PSD/PP), com a alegação de racionalização dos meios do estado e da diminuição do número de nascimentos no país; cidades importantes e concelhos com dezenas de milhares de habitantes ficaram sem serviço público destas duas especialidades enquanto as maternidades dos grandes hospitais centrais ficaram hipercongestionadas. Contudo, quase em simultâneo, abriam ao lado das que encerravam unidades privadas para onde foram trabalhar, em regime de empresariado, os médicos que trabalhavam e ainda trabalham no público. Uma promiscuidade que não é admitida no sector privado de qualquer área de actividade económica. É o fartar vilanagem!

O governo de Costa diz-se muito preocupado com a falta de médicos no SNS, e de outros profissionais, e até publicou o Estatuto do SNS como tábua de salvação para uma boa e eficiente gestão do SNS, entretanto o PS, na Assembleia da República, chumbou sozinho os projetos de lei, apresentados pelo PCP, BE e PAN, com o objectivo de alargar os incentivos à fixação de profissionais de saúde nas áreas mais carenciadas do país; os restantes partidos abstiveram-se e o PSD, agora na oposição e tão amigo do SNS e dos portugueses, não ousou votar a favor. Os actos valem por mais de mil palavras!

“Médicos de família protestam contra a integração de não especialistas nos centros de saúde”. Será pelo amor à qualidade dos cuidados prestados ao bom e resignado povo português ou será por uma questão de concorrência? Fica a questão.

Entretanto os privados não desistem e voltam mais uma vez à carga: “Prestadores de cuidados de saúde querem ‘revisão urgente’ das convenções com o SNS. A Federação Nacional dos Prestadores de Cuidados de Saúde (FNPCS) exigiu hoje a “revisão urgente” dos preços das convenções”. Acham que o lucro é baixo e as justificações da “guerra”, primeiro foi a “covid-19”, e possivelmente do “calor” serão mais que suficientes para esticarem a corda. Espera-se que Costa, como não quer a coisa, abra os cordões à bolsa do nosso dinheiro, é nesse sentido que recebe as ordens de Bruxelas.

Os media mainstream já fazem as paragonas com “mais mortes são devidas ao calor”, não faltará muito que digam que a razão é a guerra na Ucrânia. Neste sentido se relata de forma sensacionalista e temerosa: “Portugal mais jovem. Covid mata milhares de idosos e fragilizados. Segundo o Conselho Nacional de Saúde, em 2020, registou-se um excesso de cerca de 12 mil óbitos, comparando com o número médio de mortes observadas entre 2016 e 2019.”

Pergunta-se: foi devido a covid-19 ou outras doenças? Ou não terá sido pelo abandono a que os idosos foram votados nos lares e em casa metendo-lhes medo para não irem aos serviços de urgência do SNS? Em que ficamos? Parece que houve um alívio para os nossos governantes e para aqueles que defendem a privatização da segurança social já que a “peste grisalha” levou uma razia!

Claro que vêm a calhar o calor, que não é excessivo para a época, e as vagas de incêndios, talvez um dos mais prósperos negócios do post-25 de Abril, e enquadrados na retórica das “alterações climáticas”, irão servir às mil maravilhas para justificar a mortalidade excessiva dos nossos idosos. A imprensa corporativa já deu o mote.   

Por outro lado, imprensa mais séria e não sensacionalista vai esclarecendo: “Desde Janeiro, já morreu um em cada 10 idosos com mais de 85 anos”, em artigo publicado na “Página Um” aponta-se para a morte excessiva dos idosos.

O articulista, que não relaciona esta mortalidade excessiva com a vaga do calor, diz que “com os números provisórios até 12 de Julho, terão já morrido este ano um total de 30.648 pessoas com mais de 85 anos, o que representa quase 10% dos idosos daquela faixa etária, que nos últimos anos estava em contínuo crescimento”. E especifica: “O valor da mortalidade acumulada dos mais idosos em 2022 excede, por agora, em pouco menos de uma centena (97) os números do ano passado (30.551 óbitos). Encontram-se também substancialmente acima do primeiro ano da pandemia (27,866 óbitos) e são muitíssimo superiores ao período pré-pandemia (25.493 óbitos em média entre 2015 e 2019).”

Fica a última questão: morreram de quê, de pobreza, de velhice ou da vacina?

Responda quem souber. Mas ninguém se admire que, no seguimento de "Só não há incêndios se a mãozinha humana não provocar incêndios", Costa venha responsabilizar os próprios idosos!

 

Da fé nos milhões: a promoção do Paxlovid na TSF e as ilegalidades da Sociedade Portuguesa de Pneumologia

Parece que os médicos são os melhores delegados de propaganda médica; também parece que não se diz de “propaganda”, mas sim de “informação”, a palavra terá uma carga negativa, eles lá saberão o por quê. No entanto, toda a gente ainda se lembra do escândalo provocado pelas denúncias de Alfredo Pequito sobre o esquema da Bayer para subornar os médicos, ao que saibamos nenhum foi preso, nem médico nem delegado de propaganda; a máfia foi mais forte e o governo, o do PS/Guterres, se não estamos em erro, ajoelhou, como é habitual com os governos do PS, e a corrupção tornou-se mais discreta, como que se institucionalizou; agora, os médicos fazem sempre qualquer serviço para os laboratórios farmacêuticos, é tudo legal.

O título acima é de artigo de Pedro Almeida Vieira, que ainda é um dos poucos jornalistas, para não dizer o único, que vai dando a cara e ousa enfrentar os donos da saúde neste país, e do qual se publica uma parte, o texto completo deve ser encontrado na ligação. É mais uma denúncia como a outra máfia, a dos médicos que dominam a Ordem, se conecta com a Big Pharma.  

*

«Li hoje uma notícia da TSF – inicialmente intitulada: “É algo que nos preocupa.” Fármaco Paxlovid só foi prescrito a um doente com Covid-19 em Portugal – em que surgia o presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) a promover um medicamento específico de uma farmacêutica (Pfizer), e perguntei-me por onde anda a vergonha.

E li ainda o lead, onde se dizia que a SPP “acredita que a mortalidade associada à doença podia ser muito menor se o país apostasse mais neste medicamento [Paxlovid]”, e questionei-me por onde anda a Ciência. Acredita? Isto agora já é uma questão de Fé. Ou antes de fé no dinheiro? E o Infarmed, perante esta descarada publicidade, onde anda? E a Ordem dos Médicos, perante esta prostituição, onde anda? E a Imprensa? Anda ouve esta gente, ainda lhe dá créditos?

Paxlovid: mais do que usar o antiviral, seria útil investigar os meandros da sua aquisição pelo Estado português.

O título da notícia da TSF foi depois alterado – para um menos comprometedor “Combate à Covid. Pneumologistas querem maior aposta em comprimido antiviral” –, mas a mensagem está feita: a SPP e muitos pneumologistas estão ao serviço das farmacêuticas, mesmo, ou sobretudo, com o “fim da festa”, em que há muito para esclarecer sobre os rios de dinheiros que andaram de mão em mão, e sobre os atropelos em Saúde Pública em em Democracia que se cometeram.

Nunca neguei a perigosidade da pandemia, tanto assim que esta doença foi a primeira, tirando talvez a tosse convulsa poucos meses após o meu nascimento, que colocou em risco (bem real) a minha própria vida. Mas sempre soube distinguir o caso pessoal (e as particularidades dos riscos distintos da doença em função das comorbilidades, da idade e do acaso) e a forma como governos, farmacêuticas e muitos médicos empolaram uma pandemia em prol do negócio e do poder.

Durante a pandemia, agudizou-se um problema ético entre muitos médicos que se transformaram, fomentando o medo, em porta-estandartes das farmacêuticas. Os milhões de euros – sim, são milhões de euros – que passaram das mãos das farmacêuticas para os bolsos de médicos que falaram mais a pensar nas suas finanças do que na saúde dos seus doentes, deveriam merecer investigação judicial.

Mais ainda porque o Portal da Transparência do Infarmed é uma anedota, uma vez que ninguém controla nem valida essa base de dados de registo dos apoios e patrocínios. Pouco ou nada se fiscaliza. Aprofundarei o tema muito em breve. E isto assumindo que não existem pagamentos por debaixo de uma TAC.

Primeiro título da notícia da TSF

Sobre os novos antivirais, e sobretudo sobre o Paxlovid, já aqui escrevi, e volto a escrever: Filipe Froes é o expoente da promiscuidade médica que apenas se justifica porque a nossa imprensa – que se vendeu também às maravilhas dos eventos pagos pelas farmacêuticas – deixou de ser pilar do Quarto Poder. Arruinou-se, auto-mutilou-se, já nem uma ruína é.

Na Primavera passada, Froes andou como “delegado de propaganda médica” a vender à imprensa o Paxlovid, da Pfizer, e um outro antiviral, para que, dessa forma, fossem comprados milhões de euros de um fármaco, pelo Estado português, que está longe de provar alguma utilidade. Froes ajudou a justificar a sua aquisição, integrando a equipa de peritos da Direcção-Geral da Saúde que elabora as normas terapêuticas. Aliás, a mesma equipa manteve o remdesivir – um outro antiviral sobre o qual o Infarmed continua a querer esconder dados sobre os efeitos adversos – como terapêutica anti-covid. E Froes continua ser membro da comissão consultiva da Gilead (que bem lhe paga), que vendeu o remdesivir.

Mas não tem sido ele o único...

paginaum

terça-feira, 5 de julho de 2022

Monkeypox: surto natural ou bioterrorismo projectado?

 

Parece que o negócio não pode esperar: «Varíola-dos-macacos: Portugal já recebeu as primeiras 2.700 doses de vacinas» (24.sapo.pt, 05 Julho 22). Antes do aparecimento da pandemia (?) já havia a vacina (dizem que é a da varíola modificada!)

Março de 2021: O exercício de pandemia de varíola dos macacos organizado pela Conferência de Segurança de Munique e pela Iniciativa de Ameaça Nuclear dos EUA. (NTI)

As duas questões mais importantes sobre o surto internacional de macacos em andamento:

De acordo com dados internacionais, desde o início de Maio cerca de 1.000 casos confirmados e suspeitos de dados confirmados em vários países ocidentais. Ainda há incerteza desde o início da extensão total atual, pois o período de incubação da varíola dos macacos (tempo até a data dos primeiros sintomas) pode ser de até os três primeiros sintomas.

Até agora, o surto de varicela em curso afetou apenas homens homossexuais, e alguns dos casos recentes podem ser rastreados até dois grandes festivais gays: o festival do orgulho de Gran Canaria – realizado de 5 a 15 de Maio e com cerca de 80.000 pessoas – o Festival Belga Darklands. Infecções subsequentes em uma sauna gay em Madrid e locais semelhantes.

Existem duas hipóteses principais para explicar esse padrão. Ou houve um surto natural em um ou mais desses festivais gays, provavelmente causado por um ou mais participantes da África Ocidental (onde a varíola dos macacos é endémica); ou um ou mais desses festivais gays foram alvo de um ataque de bioterrorismo disfarçado e projectado.

No segundo cenário, o ataque pode ser atribuido a um grupo supostamente terrorista mais que “odeia os homossexuais e o estilo de vida ocidental”, como um grupo terrorista islâmico ou um grupo terrorista fundamentalista cristão ou conservador.

De fato, esse ataque bioterrorista de varíola dos macacos patrocinado pelo Estado foi simulado há apenas um ano, em Março de 2021, pela Conferência de Segurança de Munique, ligada à OTAN, e pela Nuclear Threat Initiative, com sede nos EUA (veja o relatório). Este exercício de 2021 EUA/OTAN assumiu um surto de varíola dos macacos em Maio de 2022 que se transformaria numa pandemia completa e que seria revelado apenas um ano depois, em Maio de 2023, como uma operação terrorista usando vírus da varíola geneticamente modificado.

O estrategista pandémico Bill Gates alertou repetidamente sobre um possível ataque bioterrorista de varíola, mais recentemente durante uma palestra em Novembro de 2021. Em Outubro de 2019, pouco antes – ou paralelamente – ao surto da pandemia de coronavírus, a Fundação Gates e a Universidade Johns Hopkins já haviam simulado uma pandemia de coronavírus do tipo SARS. E na semana passada, uma reunião do G7 na Alemanha executou uma simulação de uma pandemia semelhante à varíola que havia sido planeada “há vários meses”. No entanto, é verdade que o potencial pandémico da varíola dos macacos é conhecido há décadas.

Para avaliar o atual surto de varíola do mundo real, duas questões são de suma importância:

Primeiro, qual é a natureza exata das cerca de 50 mutações de nucleotídeos que causaram cerca de 25 substituições de aminoácidos na atual cepa de varíola dos macacos (em comparação com o último ancestral conhecido)? Virologistas especialistas já reconheceram que o número de mutações é “muito maior do que se poderia esperar, considerando a taxa de substituição estimada para ortopoxvírus”.

Em segundo lugar, quais são os principais modos de transmissão dessa cepa de vírus?

Quanto à primeira pergunta, já se sabe que a atual cepa de varíola dos macacos está mais próxima de uma cepa de 2018 isolada em Israel ou no Reino Unido; ambas as cepas remontam a um surto de varíola dos macacos em 2017 na Nigéria. As mutações adicionais aumentam a transmissão de alguma forma? Essas mutações são naturais ou artificiais?

No caso do SARS-CoV-2 , uma inserção genética muito pequena e provavelmente projetada em laboratório aumentou drasticamente a transmissão e permitiu a recente pandemia de coronavírus. Tanto os Estados Unidos quanto a China vêm realizando essas inserções genéticas de coronavírus de alto risco.

Em relação à segunda questão, a chave é se existe alguma transmissão significativa de aerossol de humano para humano. Caso contrário, o atual pode permanecer limitado aos grupos homossexuais originais e pode ser interrompido por meio de rastreamento de contatos e surto. Mas se houver transmissão generalizada de aerossóis de humano para humano, todas as apostas estão perdidas.

É importante saber que nem a varíola dos macacos nem a dos humanos são doenças sexualmente transmissíveis. No entanto, o contacto durante a relação sexual pode aumentar ou risco de transmissão, próximo a úlcera ou ferida na pele (preliminares) o que indica que o contacto da pele com a pele é como quase transmissão  sexual  (foto).

No entanto, ao contrário das alegações da maioria das autoridades de saúde, como documentados históricos, não se conhece bem o principal modo de transmissão. Além disso, o facto é que a varíola dos macacos ainda não alcançou uma transmissão eficiente de macacos para humanos (ao contrário da varíola).

Não se sabe como se faz a transmissão entre os macacos e os humanos de surtos pandémicos. Embora existam vários estudos não classificados que mencionam a transmissão “da varíola de macaco em aerossol”, esses estudos referem-se a experimentos de laboratório de aerossol artificial, não à engenharia genética de vírus para obter aerossolização.

Tanto em festivais no Reino Unido quanto em festivais Árabes Unidos, foram recentemente observados alguns casos no Reino Unido em viajantes provenientes da Nigéria sem qualquer ligação com os festivais gays europeus. Isso pode indicar que um surto de varíola dos macacos está em andamento e ainda não ocorreu na África Ocidental, local que pode ter servido como fonte atual do surto em vários países (como aconteceu em 2017/2018).

Do lado positivo, acredita-se que a varíola e a varíola dos macacos sejam acreditados apenas por si mesmos (ao contrário da gripe e da covid) ; do lado negativo, a infecciosidade de pacientes com varíola/macaco pode durar várias semanas. Se o vírus da varíola dos macacos se espalhar para roedores na Europa ou na América do Norte, a situação se tornará ainda mais complexa.

Em termos de taxas de mortalidade, muitos meios de comunicação são muitas repetições de até 10% com base em uma única pesquisa desatualizada e incompleta do Congo. No entanto.

Por exemplo, durante o surto conhecido de 2003 nos EUA – sem transmissão de humano para humano – cerca de 50 pessoas foram infectadas, mas ninguém morreu. No entanto, uma doença dos macacos, certamente, uma doença nova pode aumentar ou diminuir a doença nova. Na pressão da varíola, a morte normalmente ocorreu por meio de pressão viral.

No que diz respeito a um potencial evento de bioterrorismo projetado, o precedente mais conhecido são os ataques de cartas de antraz nos EUA em 2001, que estavam intimamente ligados, de várias maneiras, à operação de 11 de Setembro. Os media dos EUA e o governo dos EUA inicialmente tentaram culpar a “Al Qaeda” e o Iraque (com base em alegações usando  tecnologia falsas). Mas foi feito de surpresa o sequenciamento genómico, num laboratório líder, e conseguiu-se demonstrar que a cepa de antraz teve origem num laboratório militar dos EUA ou de um de seus contratados de inteligência militar.

Mais recentemente, a análise genética mostrou que tanto a cepa da gripe suína de 2009 quanto o coronavírus SARS-2 quase certamente foram projetados em laboratório. O surto de SARS-1 de 2003 provavelmente teve uma origem natural (e não causou uma pandemia), mas o vírus SARS-1 vazou posteriormente de vários laboratórios biológicos na Ásia. Sabe-se que a pandemia de gripe de 1977 surgiu da pesquisa de vacinas soviéticas. Em 1978, houve um vazamento de laboratório de varíola no Reino Unido que causou uma morte.

Em conclusão, há a incerteza: provas preliminares indicam que o surto de varíola dos macacos em andamento pode ser um evento natural ou projectado e pode permanecer limitado a grupos homossexuais existentes ou se espalhar para a população em geral. Para avaliar ainda mais o surto, o papel das identificações de 50 nucleotídeos e o potencial de transmissão de aerossol de humano para humano devem ser determinados.

Em https://swprs-org

O “golpe furtivo” da OMS para ditar a Agenda Global de Saúde de Gates e Big Pharma

 

Actuando por iniciativa do governo Biden, até novembro de 2022, convenientemente no início da próxima temporada de gripe no hemisfério norte, a Organização Mundial da Saúde, salvo um milagre, imporá um controle de cima para baixo sem precedentes sobre os regulamentos nacionais de saúde e medidas de todo o planeta.

No que equivale a um golpe de estado furtivo, a OMS obterá novos poderes draconianos para substituir a soberania nacional em 194 países membros da ONU e ditar suas medidas de saúde com força de lei internacional.

Há um enorme conflito de interesses. Às vezes é referido como o Tratado Pandémico da OMS, mas é muito mais. Pior ainda, a maior parte do orçamento da OMS vem de fundações privadas vinculadas a vacinas, como a Fundação Gates ou a Big Pharma.

Novos poderes draconianos da OMS

Fazer algo furtivamente significa fazê-lo de maneira secreta ou oculta, para evitar que seja amplamente conhecido e possivelmente contestado. Isso se aplica à proposta dada pela Administração Biden à OMS de Genebra em 18 de janeiro de 2022, de acordo com documentos oficiais da OMS. A OMS escondeu os detalhes das “alterações” dos EUA por quase três meses, até 12 de abril, apenas um mês antes do órgão competente da OMS se reunir para aprovar as medidas radicais. Além disso, em vez do tempo de espera anterior de 18 meses para se tornar um tratado no direito internacional, apenas 6 meses são usados ​​desta vez. Esta é a pressa de um vagabundo. A proposta dos EUA é apoiada por todos os países da UE e, no total, 47 países, garantindo uma aprovação quase certa.

As propostas, oficialmente intituladas “Fortalecendo a preparação da OMS e a resposta a emergências de saúde: Proposta de emendas ao Regulamento Sanitário Internacional”, foram apresentadas pela Secretária Adjunta de Assuntos Globais (OGA) do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, Loyce Pace, como “emendas” a um tratado do Regulamento Sanitário Internacional da OMS de 2005 previamente ratificado . A OMS define esse tratado de 2005 assim: “o Regulamento Sanitário Internacional (2005) (RSI) fornece uma estrutura legal abrangente que define os direitos e obrigações dos países no tratamento de eventos e emergências de saúde pública que têm o potencial de cruzar fronteiras. O RSI é um instrumento de lei internacional que é juridicamente vinculativa em 196 países, incluindo os 194 Estados Membros da OMS”. (enfase adicionada).

A Sra. Pace chegou à Administração Biden da chefia do Conselho de Saúde Global, cujos membros incluem os nomes mais corruptos da Big Pharma, incluindo Pfizer, Lilly, Merck, J&J, Abbott, AVAC financiado por Bill Gates, para citar alguns. Suas propostas para a transformação radical dos poderes “pandêmicos” e epidêmicos da OMS poderiam facilmente ter sido escritas por Gates e Big Pharma.

Antes de olharmos para o que as “alterações” do Loyce Pace farão para capacitar a transformação da OMS em uma ditadura da saúde global com poderes sem precedentes para anular julgamentos de qualquer governo nacional, uma questão legal furtiva deve ser observada. Ao disfarçar uma mudança completa nos poderes do tratado da OMS de 2005 como meras “emendas” a um tratado ratificado, a OMS alega, junto com a administração Biden, que a aprovação das emendas não requer um novo debate de ratificação pelos governos membros. Isso é sigilo. Sem debate nacional por representantes eleitos, a OMS não eleita se tornará uma superpotência global sobre a vida e a morte no futuro. Washington e a OMS restringiram deliberadamente o processo de participação pública para levar isso adiante.

Uma nova lei de facto

Conforme exigido, a OMS finalmente publicou as “alterações” dos EUA. Ele mostra as exclusões e também as novas adições.  O que as mudanças da Administração Biden fazem é transformar um papel anteriormente consultivo da OMS para os governos nacionais não apenas nas respostas à pandemia, mas também em tudo relacionado à “saúde” nacional, com um poder totalmente novo para substituir as agências nacionais de saúde se o Diretor-Geral da OMS, agora Tedros Adhanom, determina. A Administração Biden dos EUA e a OMS conspiraram para criar um tratado totalmente novo que mudará todas as decisões de saúde de um nível nacional ou local para Genebra, Suíça e OMS.

Típico das emendas de Washington ao Tratado da OMS existente é o Artigo 9. A mudança dos EUA é inserir OMS “deve” e excluir “pode”: “ Se o Estado Parte não aceitar a oferta de colaboração dentro de 48 horas, a OMS poderá … ,. No mesmo artigo agora suprimido está “ oferta de colaboração da OMS , levando em consideração as opiniões do Estado Parte em questão …” As opiniões ou julgamentos de, digamos, autoridades de saúde da Alemanha ou da Índia ou dos EUA tornam-se irrelevantes. A OMS poderá substituir os especialistas nacionais e ditar como lei internacional seus mandatos para toda e qualquer pandemia futura, bem como epidemias ou até problemas de saúde locais.

Além disso, no novo artigo 12 proposto sobre “Determinação de uma emergência de saúde pública de interesse internacional, emergência de saúde pública de interesse regional ou alerta de saúde intermediário”, o chefe da OMS – agora Tedros em seu novo mandato de 5 anos – pode decidir declarar uma emergência, mesmo sem acordo do Estado membro.

O chefe da OMS consultará seu “Comitê de Emergência” relevante da OMS sobre pólio, ebola, gripe aviária, COVID ou o que eles  declararem ser um problema . Em suma, esta é uma ditadura global sobre a saúde do cidadão por um dos órgãos de saúde mais corruptos do mundo. Os membros de um determinado Comitê de Emergência da OMS são escolhidos sob procedimentos opacos e normalmente, como no atual sobre a poliomielite, muitos membros estão vinculados às várias frentes da Fundação Gates, como GAVI ou CEPI. No entanto, o processo de seleção é totalmente opaco e interno à OMS.

Entre outros poderes, o novo Tratado Pandêmico dará a Tedros e à OMS o poder de exigir passaportes de vacinas e vacinas COVID em todo o mundo. Eles estão trabalhando na criação de um programa global de passaporte/identidade digital para vacinas . Sob o novo “Tratado Pandêmico”, quando as pessoas são prejudicadas pelas políticas de saúde da OMS, não há responsabilização. A OMS tem imunidade diplomática.

A ex-funcionária sênior e denunciante da OMS, Astrid Stuckelberger , agora cientista do Instituto de Saúde Global da Faculdade de Medicina da Universidade de Genebra, observou:

“se o novo Tratado Pandêmico for adotado pelos estados membros, “isso significa que a Constituição da OMS (conforme o Artigo 9) terá precedência sobre a constituição de cada país durante desastres naturais ou pandemias. Em outras palavras, a OMS estará ditando para outros países, deixando de fazer recomendações.”

Quem é quem?

O diretor-geral da OMS teria o poder final sob as novas regras, para determinar, por exemplo, se o Brasil, a Alemanha ou os EUA devem impor um bloqueio pandémico no estilo de Xangai ou quaisquer outras medidas que decidir. Isto não é bom.

Especialmente quando o chefe da OMS, Tedros, da região de Tigray, na Etiópia, é um ex-membro do Politburo da organização marxista designada terrorista (então por Washington), a Frente de Libertação do Povo Tigray. Ele não possui diploma de médico, o primeiro na história do diretor-geral da OMS sem tal. Ele tem doutorado em Saúde Comunitária, definitivamente um campo vago, dificilmente qualificação médica para um czar da saúde global. Entre seus trabalhos científicos publicados estão títulos como “Os efeitos das barragens na transmissão da malária na região de Tigray”. Ele supostamente conseguiu seu emprego na OMS em 2017 com o apoio de Bill Gates, o maior doador privado da OMS.

Como Ministro da Saúde da Etiópia na ditadura liderada por Tigray, Tedros esteve envolvido em um escandaloso encobrimento de três grandes surtos de cólera no país em 2006, 2009 e 2011. Um relatório investigativo publicado pela Sociedade de Medicina de Desastres e Saúde Pública descobriu que durante um grande surto de cólera, “Apesar da identificação laboratorial de V cholerae como a causa da diarreia aquosa aguda (AWD), o Governo da Etiópia (Tedros) decidiu não declarar um “surto de cólera” por medo de repercussões econômicas resultantes de embargos comerciais e diminuição do turismo. Além disso, o governo, em desrespeito ao Regulamento Sanitário Internacional (OMS), recusou-se continuamente a declarar uma epidemia de cólera e recusou amplamente a assistência internacional”.

Como a Saúde Etíope e mais tarde o ministro das Relações Exteriores, Tedros, foi acusado de limpeza étnica sistemática contra tribos rivais no país, especialmente Amharas, negando aos apoiantes da oposição o Banco Mundial e outras ajudas alimentares, bem como nepotismo, desvio de fundos internacionais para construção de hospitais em apoio político para seu partido minoritário. Ironicamente, isso é o oposto da nova lei da OMS que Tedros apoia hoje. Em 22 de setembro de 2021, a Alemanha de Merkel propôs Tedros para um novo mandato sem oposição.

OMS, Gates, GERM

Uma dica do que está reservado sob as novas regras foi dada pelo maior doador da OMS (incluindo sua GAVI), o autodenominado “Globalist Everything Czar”, Bill Gates. Em sua entrada no blog de 22 de abril, Gates propõe algo divertido com a equipe do acrônimo GERM – Global Epidemic Response and Mobilization. Teria uma “ organização permanente de especialistas totalmente pagos e preparados para montar uma resposta coordenada a um surto perigoso a qualquer momento”. Ele diz que seu modelo é o filme de Hollywood, Outbreak. “Os especialistas em monitoramento de doenças da equipe procurariam possíveis surtos. Uma vez que detecte um, o GERM deve ter a capacidade de declarar um surto…” Seria coordenado, é claro, pela OMS de Tedros: “O trabalho seria coordenado pela OMS, o único grupo que pode dar credibilidade global.”

Uma noção distópica do que poderia acontecer é a falsa epidemia de “gripe aviária” em andamento, H5N1, que está causando dezenas de milhões de galinhas a serem exterminadas em todo o mundo se até mesmo um filhote testar positivo para a doença.

O teste é o mesmo teste de PCR fraudulento usado para detectar o COVID-19

Recentemente, o Dr. Robert Redfield, chefe do CDC de Trump, deu uma entrevista onde “previu” que a gripe aviária saltará para os humanos e será altamente fatal na próxima “Grande Pandemia”, para a qual o COVID-19 foi um mero aquecimento.

Redfield declarou em uma entrevista em março de 2022:

“Acho que temos que reconhecer – sempre disse que acho que a pandemia do COVID foi um alerta. Não acredito que seja a grande pandemia. Acredito que a grande pandemia ainda está no futuro, e será uma pandemia de gripe aviária para o homem. Vai ter uma mortalidade significativa na faixa de 10-50%. Vai ser um problema.” 

Sob os novos poderes ditatoriais da OMS, a OMS poderia declarar uma emergência de saúde em tal fraude, independentemente de evidências contrárias.

Daqui