Parece que os médicos são os melhores delegados de propaganda médica; também parece que não se diz de “propaganda”, mas sim de “informação”, a palavra terá uma carga negativa, eles lá saberão o por quê. No entanto, toda a gente ainda se lembra do escândalo provocado pelas denúncias de Alfredo Pequito sobre o esquema da Bayer para subornar os médicos, ao que saibamos nenhum foi preso, nem médico nem delegado de propaganda; a máfia foi mais forte e o governo, o do PS/Guterres, se não estamos em erro, ajoelhou, como é habitual com os governos do PS, e a corrupção tornou-se mais discreta, como que se institucionalizou; agora, os médicos fazem sempre qualquer serviço para os laboratórios farmacêuticos, é tudo legal.
O título acima é de artigo de Pedro Almeida
Vieira, que ainda é um dos poucos jornalistas, para não dizer o único, que vai
dando a cara e ousa enfrentar os donos da saúde neste país, e do qual se
publica uma parte, o texto completo deve ser encontrado na ligação. É mais uma
denúncia como a outra máfia, a dos médicos que dominam a Ordem, se conecta com
a Big Pharma.
*
«Li hoje uma notícia da TSF – inicialmente intitulada: “É algo que
nos preocupa.” Fármaco Paxlovid só foi prescrito a um doente com Covid-19 em
Portugal – em que surgia o presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia
(SPP) a promover um medicamento específico de uma farmacêutica (Pfizer), e
perguntei-me por onde anda a vergonha.
E li ainda o lead, onde se dizia que a
SPP “acredita que a mortalidade associada à doença podia ser muito menor se o
país apostasse mais neste medicamento [Paxlovid]”, e questionei-me por onde
anda a Ciência. Acredita? Isto agora já é uma questão de Fé. Ou antes de fé no
dinheiro? E o Infarmed, perante esta descarada publicidade, onde anda? E a
Ordem dos Médicos, perante esta prostituição, onde anda? E a Imprensa? Anda
ouve esta gente, ainda lhe dá créditos?
Paxlovid: mais do que usar o antiviral, seria
útil investigar os meandros da sua aquisição pelo Estado português.
O título da notícia da TSF foi depois alterado
– para um menos comprometedor “Combate à Covid. Pneumologistas querem maior
aposta em comprimido antiviral” –, mas a mensagem está feita: a SPP e muitos
pneumologistas estão ao serviço das farmacêuticas, mesmo, ou sobretudo, com o “fim
da festa”, em que há muito para esclarecer sobre os rios de dinheiros que
andaram de mão em mão, e sobre os atropelos em Saúde Pública em em Democracia
que se cometeram.
Nunca neguei a perigosidade da pandemia, tanto
assim que esta doença foi a primeira, tirando talvez a tosse convulsa poucos
meses após o meu nascimento, que colocou em risco (bem real) a minha própria
vida. Mas sempre soube distinguir o caso pessoal (e as particularidades dos
riscos distintos da doença em função das comorbilidades, da idade e do acaso) e
a forma como governos, farmacêuticas e muitos médicos empolaram uma pandemia em
prol do negócio e do poder.
Durante a pandemia, agudizou-se um problema
ético entre muitos médicos que se transformaram, fomentando o medo, em
porta-estandartes das farmacêuticas. Os milhões de euros – sim, são milhões de
euros – que passaram das mãos das farmacêuticas para os bolsos de médicos que
falaram mais a pensar nas suas finanças do que na saúde dos seus doentes,
deveriam merecer investigação judicial.
Mais ainda porque o Portal da Transparência do
Infarmed é uma anedota, uma vez que ninguém controla nem valida essa base de
dados de registo dos apoios e patrocínios. Pouco ou nada se fiscaliza.
Aprofundarei o tema muito em breve. E isto assumindo que não existem pagamentos
por debaixo de uma TAC.
Primeiro título da notícia da TSF
Sobre os novos antivirais, e sobretudo sobre o
Paxlovid, já aqui escrevi, e volto a escrever: Filipe Froes é o expoente da
promiscuidade médica que apenas se justifica porque a nossa imprensa – que se
vendeu também às maravilhas dos eventos pagos pelas farmacêuticas – deixou de
ser pilar do Quarto Poder. Arruinou-se, auto-mutilou-se, já nem uma ruína é.
Na Primavera passada, Froes andou como “delegado de
propaganda médica” a vender à imprensa o Paxlovid, da Pfizer, e um outro
antiviral, para que, dessa forma, fossem comprados milhões de euros de um
fármaco, pelo Estado português, que está longe de provar alguma utilidade.
Froes ajudou a justificar a sua aquisição, integrando a equipa de peritos da
Direcção-Geral da Saúde que elabora as normas terapêuticas. Aliás, a mesma
equipa manteve o remdesivir – um outro antiviral sobre o qual o Infarmed
continua a querer esconder dados sobre os efeitos adversos – como terapêutica
anti-covid. E Froes continua ser membro da comissão consultiva da Gilead (que
bem lhe paga), que vendeu o remdesivir.
Mas não tem sido ele o único...
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