sexta-feira, 31 de maio de 2019

Hospitais deixam fugir idosos e doentes psiquiátricos das Urgências


henricartoon

«São pacientes considerados "especialmente vulneráveis" mas parecem invisíveis. Entidade Reguladora da Saúde aponta o dedo às unidades hospitalares e exige mudanças concretas.
Demora no atendimento, enganos nos procedimentos, desabafos, queixas e lamentos. A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) é o porto onde chegam todas as reclamações dos utentes, mas nos últimos meses o organismo tem deliberado sobre vários casos com uma tónica comum: a fuga de utentes. A gíria médica chama-lhe "abandono hospitalar", quando o doente desiste de esperar pela sua vez e não chega a ser atendido nas Urgências. No caso de doentes psiquiátricos, idosos e outros pacientes "especialmente vulneráveis" o caso não pode ser chamado de abandono, mas sim de fuga. São doentes que podem pôr em risco a sua própria vida e a de outros.
Muitas vezes são os familiares os primeiros a saber que o doente fugiu, como uma mãe que abriu a porta ao filho às três da manhã. Estava vestido com a roupa hospitalar e não tinha tomado a medicação para a esquizofrenia. Há também o caso do homem que foi encontrado ainda com o cateter no braço e a pulseira amarela no pulso. Tinha 87 anos e deambulava por um hipermercado.
Esquizofrénico foge do Hospital de S. José e aparece, de pijama, à porta da mãe
Eram três horas da madrugada do dia 20 de setembro de 2016 quando a mãe de M.L abriu a porta de casa e encontrou do outro lado o filho, um doente psiquiátrico, ainda com a roupa do hospital. O homem, que sofre de esquizofrenia paranoide, tinha fugido do Hospital de S. José, para onde fora transportado devido a problemas cardíacos. Segundo o irmão de M.L., que apresentou uma queixa à Entidade Reguladora da Saúde, o doente "acabou a ter alguns episódios de maior violência (por negação da sua doença e consequente ausência de medicação) que o conduziu a alguns internamentos compulsivos no Hospital Júlio de Matos".

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Como o governo do Costa engana os funcionários públicos


E depois não há dinheiro para os funcionários públicos!...
«A VERDADE E A MENTIRA SOBRE OS EFEITOS DAS PROGRESSÕES NA FUNÇÃO PÚBLICA: entre Out.2017 e Jan.2019 a Remuneração Base Média Mensal (RBMM) aumentou apenas 1,2% e para muitas categorias profissionais a variação da remuneração média até foi negativa.«

Eugénio Rosa
«A Direção Geral do Emprego e Administração Pública (DGAEP) do Ministério das Finanças acabou de divulgar as remunerações dos trabalhadores das Administrações Públicas (Central, Local e Regional) referentes a janeiro de 2019. E a conclusão que se tira desses dados oficiais do governo é que os efeitos das progressões nas carreiras nas remunerações dos trabalhadores da Função Pública não têm sido aqueles que o governo e a maioria dos órgãos da comunicação social têm apregoado. Os dados sobre a Remuneração Base Média Mensal (RBMM) e Ganho Médio Mensal (GMM) constantes do quadro 1, que são os divulgados pelo Ministério das Finanças, mostram que variação na remuneração média tem sido irrisória ou mesmo negativa (?!!!) para muitas categorias profissionais.
Entre Outubro de 2017 e Janeiro de 2019, portanto num ano e 4 meses, a Remuneração Base Média Mensal de todos os trabalhadores das Administrações Públicas (690.079) aumentou apenas 1,2% e o Ganho Médio Mensal, que inclui todos os subsídios e complementos, subiu apenas 2,1%. Em muitas categorias profissionais, a remuneração base média e o ganho médio até diminuíram. Isso aconteceu, aos dirigentes, aos Técnicos
superiores, ao Pessoal de investigação científica, aos médicos (Como será assim possível pedir a sua exclusividade no SNS?), aos oficiais de justiça, aos bombeiros, certamente também determinado pela substituição de trabalhadores mais caros por trabalhadores mais baratos. A política de baixos salários também já chegou à Administração Pública. Categorias profissionais com mais trabalhadores, e mal pagas, como é a de Assistentes técnicos, a subida na remuneração base média mensal foi de 0,7%; o aumento médio mensal dos professores do ensino básico e secundário, tanto criticados, foi entre 2017/19 de apenas 1,4%, etc. E tudo isto já inclui, repito, os efeitos das progressões nas carreiras.
Para completar este estudo vamos acrescentar o quadro 2 com a repartição dos trabalhadores da Função Pública por categorias profissionais e a sua variação durante os governos do PSD/CDS e do PS. Foi elaborado com dados do Ministério das Finanças
Entre 2011 e Set.2015, com o governo do PSD/CDS e com a “troika”, assistiu-se a uma enorme destruição das Administrações Públicas, essenciais aos bem-estar dos portugueses e ao desenvolvimento do pais. O número de trabalhadores diminuiu em 78.328 com consequências graves no fornecimento de serviços essenciais à população (SNS, Segurança Social, educação, justiça, segurança publica, etc.). Algumas categorias profissionais sofreram uma forte redução: assistentes técnicos (-12.906); assistentes operacionais (-21.527); professores do ensino básico e secundário (-26.295).
Entre 2015 e 2019, com o governo PS verificou-se um aumento dos trabalhadores da Função Pública (+40.622), mas ainda manifestamente insuficiente para recuperar a Administração Pública da enorme destruição verificada durante o governo PSD/CDS. Muitos serviços continuam com uma imensa falta de trabalhadores, daí as enormes carências que enfrentam importantes serviços, como o SNS, a Segurança Social, a Educação, etc., no fornecimento de serviços essenciais aos portugueses (por ex., a ADSE já teve 297 trabalhadores e tem agora só 188, o que está a causar enormes atrasos no pagamento dos reembolsos aos beneficiários). Mário Centeno e Costa obcecados pelo défice ZERO e para agradar Bruxelas têm impedido a recuperação da Administração Pública e do país.

terça-feira, 21 de maio de 2019

ALGARVE: SAÚDE OU MORTE?


«Durante a semana que findou, foi noticia que estavam suspensas as cirurgias nos hospitais públicos algarvios, o que levou a administração do Centro Hospitalar do Algarve a desculpabilizar-se com o elevado numero de internamentos.
A noticia tem sido objecto dos mais variados comentários mas há pelo meio muitas omissões que convém analisar.
O projecto do Hospital de Faro remonta ao regime anterior e por essa altura não havia o Serviço Nacional de Saúde, mas haviam hospitais concelhios em quase todos os concelhos da região, onde se faziam desde partos a cirurgias passando por um serviço de urgências nem que fosse em regime de chamada. Aos poucos tudo isso foi desaparecendo e as populações foram ficando cada vez mais isoladas e distantes da assistência hospitalar.
Por outro lado o crescimento da população algarvia e o incremento do turismo passaram a trazer á região muito mais pessoas que no pico do verão chegam a triplicar, um crescimento que não foi contemplado. Aliado a isso, com a integração europeia e a livre circulação de pessoas, passamos a assistir a uma nova forma de turismo, o de saúde. São muitos os casos, em que desde cateterismos a outro tipo de intervenções que levam cidadãos estrangeiros a procurar os serviços hospitalares do Algarve, porque lhes sai muito mais barato, e é bom não esquecer que no SNS esse serviço é gratuito,  o que aumenta de forma significativa a procura e a taxa de ocupação dos hospitais públicos.
Será que o dinheiro do turismo não justifica um outro tipo de atitude por parte da governação? Ou apenas serve para disfarçar o crónico défice da balança de transacções?
A conjugação destes factores leva a que os serviços fiquem sem capacidade de resposta. E como se isso não bastasse, as cativações decididas pelo governo central, induzem à falta de investimento e recrutamento de pessoal, tudo em nome do cumprimento das orientações de Bruxelas, mesmo que isso signifique a morte de muitas pessoas, por falta de assistência. Cabe lembrar que ainda não há muito tempo, os enfermeiros fizeram uma greve e logo o governo agitou o espantalho das cirurgias para denegrir a luta daqueles profissionais, mas agora que são as administrações hospitalares, suas serventuarias, a tomar a iniciativa, já está tudo bem.
A classe política utiliza a bandeira dos hospitais como arma de arremesso para a chicana política que não para servir as populações, quando o que está em causa, é a necessidade de um Hospital Central capaz de dar resposta a quem dele necessita.
Devemos também chamar a atenção para as listas de espera, em que muitas vezes são alteradas as datas de entrada nelas para que não se perceba a real dimensão do problema, algo em que a ministra temida parece ser especialista.
Já vai sendo tempo de todos sem excepção e politiquices á parte, darmos as mãos no sentido de obrigar o governo. seja ele qual for, a construir o novo Hospital Central do Algarve!

terça-feira, 7 de maio de 2019

Manifesto – Pela Verdade dos Factos



Como Professores, membros da comunidade educativa e autores de diversos espaços de discussão sobre educação, temos opiniões livres e diversificadas.
Porém, não podemos ficar indiferentes quando está a ser orquestrada uma tão vil e manipuladora campanha de intoxicação da opinião pública, atacando os professores com base em falsidades.
Tais falsidades, proferidas sem o devido contraditório, por membros do Governo e comentadores, deveriam ser desmontadas com factos e não cobertas ou reforçadas pelo silêncio da comunicação social, que deveria estar mais bem preparada para que a opinião pública fosse informada e não sujeita a manobras de propaganda.
Serve este manifesto para repor a verdade dos factos:
  • O Governo, pelo Ministério da Educação, a 18 de novembro de 2017, assinou um acordo com os sindicatos de professores, onde se comprometeu a recuperar todo o tempo de serviço. É, por isso, falso que essa intenção seja uma conspiração da oposição ou resulte de uma ilusão criada pelos sindicatos de professores.
  • A recuperação total do tempo de serviço também foi proposta pelo PS. O PS, em dezembro de 2017, recomendou a total recuperação do tempo de serviço, conforme se pode verificar no diário da república (Resolução da Assembleia da República n.º 1/2018). É, por isso, falso que o PS nunca apoiou a recuperação integral do tempo de serviço congelado.
  • Os valores apresentados pelo Governo sobre o custo da recuperação do tempo de serviço docente são falsos. Foi prometida há perto de um ano uma comissão para calcular os custos reais e até hoje não conhecemos o resultado do seu trabalho. Os números reais que estimamos, líquidos, rondam os 50 milhões de euros anuais, caso se opte pela solução da Região Autónoma da Madeira, de recuperar os 9 anos, 4 meses e 2 dias, no prazo de 7 anos. O Governo já apresentou por diversas vezes contas inflacionadas, com totais baseados em médias erróneas. Um grupo de professores verificou-as e constatou, segmentando os dados, a sua falsidade (https://guinote.files.wordpress.com/2019/05/contas-942-num-ano-2019-e-em-7-anos.xlsx). Ora, uma mentira dita muitas vezes nunca se transformará em verdade.
  • A recuperação dos 2 anos, 9 meses e 18 dias em 2019 foi proposta do Ministério da Educação. Aliás, um recente decreto-lei do governo, que ainda aguarda promulgação, apresentou a possibilidade a todos os professores de recuperar parte desse tempo já em 2019. É, por isso, falso que o Governo não tenha verba no orçamento de 2019 para recuperar parte do tempo de serviço congelado. E, se o decreto do Governo é constitucional, então qualquer lei que a AR apresente, afirmando algo semelhante, também será.
  • A recente proposta aprovada na Comissão da Educação não altera um cêntimo ao Orçamento de Estado de 2019. O orçamento de 2020 ficará a cargo de próximo Governo, ainda por decidir nas próximas legislativas.
  • A proposta que tanta perturbação criou ao atual Governo e seus seguidores mediáticos nem traz nada de especial: a negociação continuará, ficando apenas assumido que, em parcelas e gradualmente, os 9 anos são para considerar na carreira (e não “devolver”, termo que cria a ilusão falsa de que se vai pagar o que ficou perdido para trás e que nunca ninguém pediu). Os professores perderam milhares de milhões com os cortes salariais durante a crise financeira, mas é falsoque seja recuperar isso que está a ser discutido. O que se discute agora é se o tempo de trabalho efetivamente prestado desaparece (ou não) da carreira dos professores.
  • O Primeiro- Ministro, na sua declaração de eventual e coativa demissão, falou em falta de equidade e que a votação parlamentar punha em causa a credibilidade internacional. Lembre-se que mesmo as contas inflacionadas do Governo apontam apenas para um acréscimo no défice de 0,2 a 0,3 pontos percentuais. Quanto à credibilidade internacional, não foram os salários dos professores e restantes funcionários públicos que levaram a uma intervenção por parte da Troika. Aos bancos, que agora se descobre que foram causa primeira do descalabro financeiro, por via de empréstimos e investimentos ruinosos, nunca é contestado qualquer capital para novas injeções financeiras, nem se alega falta de credibilidade internacional por se continuar sem apurar responsabilidades.
O passado mostra que não se ganham eleições a vilipendiar um dos grupos profissionais mais estimados pelos portugueses. Nem repetindo falsidades para amesquinhar um grupo profissional que tem mostrado dignidade na luta, na adversidade e na solidariedade com o todo nacional.
Mas isso não anula a verdade simples: os portugueses em geral, mesmo os que não conseguem passar a barragem da comunicação social para se expressar, respeitam e compreendem os professores e não vão ser enganados por políticos que acham que, com barulheira e falsidades, se faz mais uma habilidade para evitar desgraças eleitorais.
Há coisas mais importantes que contar os votos da próxima eleição. Uma delas é o respeito pela verdade e pela dignidade de uma classe profissional que todos os dias dá o seu melhor pela formação dos futuros cidadãos.
Portugal, 6 de maio de 2019
Subscrevem (por ordem alfabética):