sábado, 28 de novembro de 2020

Os vigaristas e a pandemia: "O Papa da influenza A" acusado de corrupção

Em 1923, Louis Jouvet encenou “Knock ou O triunfo da medicina” de Jules Romain. Um médico sem escrúpulos instala-se numa pequena cidade e consegue convencer os habitantes que estão todos doentes. Ele prescreveu tratamentos desnecessários, caros e às vezes perigosos. A peça foi levada às telas do cinema em 1933. O vigarista disse a famosa frase: “Bem, as pessoas saudáveis são doentes que se ignoram”.

 por F. William Engdahl *

O caso de corrupção entre médicos, farmacêuticas e OMS que abalou o mundo em 2009 a propósito da falsa pandemia do H5N1 (gripe das aves) , acontecimento precursor da actual pandemia que, pelos números e factos, parece ser tão virtual como aquela ou a do H1N1 (gripe suína) que lhe seguiu passado pouco tempo.

«Em 2008, em Verona, na conferência da OMS intitulada "A gripe aviária na interface Homem-Animal", Osterhaus falou aos seus colegas cientistas, sem dúvida menos exaltados do que o público não científico pelos seus incentivos à emoção. Ele admitiu que: “no estado atual de conhecimento, nada permite [formular] um alerta contra o vírus H5N1, nem afirmar que ele pode causar uma pandemia”. [13] Mas, naquele momento, seu olhar já estava fixo em outros gatilhos a serem accionados para convergir o seu trabalho em vacinas com novas possibilidades de crise pandémica.

Influenza A e corrupção na OMS

Descobrir que a gripe aviária não deu origem a nenhuma onda assassina em grande escala - e depois da Roche, que produz Tamiflu, e GlaxoSmithKline, que produz Relenza, arrecadou bilhões de dólares em lucros quando os governos decidiram estocar vacinas antivirais contestadas - Osterhaus e outros conselheiros da OMS voltaram-se para pastagens mais verdes.

Em abril de 2009, sua pesquisa pareceu coroar de sucesso quando em La Gloria, uma pequena vila mexicana no estado de Vera Cruz, uma criança doente foi diagnosticada com a chamada “gripe suína” ou H1N1. Com uma ansiedade inadequada, o aparato propagandista da Organização Mundial da Saúde em Genebra foi lançado sobre o chapéu de rodas com as declarações de sua Diretora Geral, Dra. Margaret Chan, sobre a possível ameaça de uma pandemia global.

A Sra. Chan se referiu à "emergência internacional de saúde pública" [14]. Posteriormente, outros casos relatados em La Gloria foram apresentados num site médico como: um surto "estranho" de infecções respiratórias e pulmonares aguda, que evolui para broncopneumonia em alguns casos encontrados em crianças. Um morador da aldeia descreveu os sintomas: "febres, tosses fortes e secreções nasais muito pesadas" [15]

Por outro lado, esses sintomas assumem todo o seu significado no contexto ambiental de La Gloria, uma das áreas do mundo que concentra o maior número de suínos em criação intensiva, cujas granjas são maioritariamente propriedade da americana Smithfield. Há meses, os moradores locais se manifestam do lado de fora da sede mexicana do grupo Smithfield, reclamando de sérias doenças respiratórias causadas por esterco de porco. Essa causa plausível para as várias doenças diagnosticadas em La Gloria não parecia interessar a Osterhaus nem aos outros conselheiros da OMS. Finalmente, a tão esperada pandemia estava se aproximando, a que ele havia previsto em 2003, durante sua participação em pesquisas sobre SARS na província de Guandgong, na China.

Em 11 de junho de 2009, Margaret Chan anunciou que a disseminação do vírus da gripe H1N1 havia atingido o nível 6 da "emergência pandémica". Curiosamente, ela especificou durante esse anúncio que “de acordo com as informações disponíveis até o momento, uma grande maioria dos pacientes apresenta sintomas leves; sua recuperação é rápida e completa, geralmente sem recurso a qualquer tratamento médico. " Antes de acrescentar: "Globalmente, o número de mortes é pequeno, não esperamos ver um aumento repentino e dramático no número de infecções graves ou fatais."

Posteriormente, soube-se que Chan agiu após acalorados debates na OMS, a conselho do Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas da OMS (SAGE). Um dos membros da SAGE, então e ainda hoje, é o nosso “Sr. Grippe”, Dr. Albert Osterhaus.

Osterhaus não estava apenas estrategicamente posicionado para recomendar que a OMS declarasse uma "emergência pandémica" e instigar o pânico, mas também era o presidente de uma organização de linha de frente sobre o assunto, o European Scientific Working Group, sobre influenza (ESWI, European Scientific Working Group on Influenza), que se define como um "grupo multidisciplinar de líderes de opinião sobre influenza, cujo objetivo é combater as repercussões de uma epidemia ou pandemia de influenza. Como seus próprios membros explicam, o ESWI liderado por Osterhaus é o centro "entre a OMS em Genebra, o Instituto Robert Koch em Berlim e a Universidade de Connecticut nos Estados Unidos".

O mais significativo sobre o ESWI é que seu trabalho é totalmente financiado pelas mesmas empresas farmacêuticas que estão ganhando bilhões com a emergência da pandemia, enquanto os anúncios feitos pela OMS forçam os governos em todo o mundo a comprar e armazenar vacinas. ESWI recebe financiamento de fabricantes e distribuidores de vacinas H1N1, como Baxter Vaccines, MedImmune, GlaxoSmithKline, Sanofi Pasteur e outros, incluindo Novartis, que produz a vacina e distribuidor de Tamiflu, Hofmann-La Roche .

Para manter a vantagem, Albert Osterhaus, o virologista líder mundial, consultor oficial sobre o vírus H1N1 para os governos britânico e holandês e chefe do Departamento de Virologia do Centro Médico da Universidade Erasmus, sentou-se entre a elite da OMS, uniu-se ao grupo SAGE e presidiu o ESWI, patrocinado pela indústria farmacêutica. Por sua vez, o ESWI recomendou medidas extraordinárias para imunizar o mundo inteiro, considerando alto o risco de uma nova pandemia, o que foi dito enfaticamente que poderia ser comparado à assustadora pandemia de gripe espanhola de 1918.

O banco JP Morgan, presente em Wall Street, estimou que, principalmente graças ao alerta de pandemia lançado pela OMS, as grandes empresas farmacêuticas, que também financiam o trabalho do Osterhaus ESWI, estavam prontas para angariar Lucro de US $ 7,5-10 bilhões. [16]

O Dr. Frederick Hayden é membro da SAGE da OMS e do Wellcome Trust em Londres; ele é um dos melhores amigos de Osterhaus. Hayden também recebe financiamento para serviços de “consultoria” da Roche e da GlaxoSmithKline, entre outros gigantes farmacêuticos envolvidos na produção de produtos relacionados à crise do H1N1.

Outro cientista britânico, o professor David Salisbury, que se reporta ao Departamento de Saúde do Reino Unido, é o chefe do SAGE na OMS. Ele também chefia o Grupo Consultivo H1N1 na OMS. Salisbury é um grande apoiador da indústria farmacêutica. No Reino Unido, o grupo de defesa da saúde One Click acusou-o de encobrir a correlação comprovada entre vacinas e o autismo disparado em crianças, bem como a correlação entre a vacina Gardasil e casos de paralisia e até morte. [17

Em 28 de setembro de 2009, o mesmo Salisbury declarou: "a comunidade científica concorda com a ausência total de risco quanto à inoculação de timerosal (ou tiomersal)." Esta vacina, usada contra o H1N1 na Grã-Bretanha, é produzida principalmente pela GlaxoSmithKlilne. Ele contém Thimerosal, um conservante à base de mercúrio. Em 1999, crescentes evidências de que o timerosal nas vacinas poderia ser a causa de casos de autismo em crianças nos Estados Unidos, na American Academy of Pediatrics e na American Academy of Pediatrics. O Serviço de Saúde Pública havia exigido sua retirada da composição das vacinas. [18]

Ainda outro membro da OMS com laços financeiros estreitos com fabricantes de vacinas que se beneficiam das recomendações do SAGE é o Dr. Arnold Monto, um consultor pago pelos fabricantes de vacinas MedImmune, Glaxo e ViroPharma.

Pior ainda, participa em reuniões de cientistas SAGE "independentes", "observadores", incluindo, sim, os mesmos produtores de vacinas GlaxoSmithKline, Novartis, Baxter e outros. É de se perguntar, se os maiores especialistas em gripe do mundo deveriam compor o SAGE, por que eles estão convidando os fabricantes de vacinas a participar?

Na última década, a OMS vem desenvolvendo as chamadas “parcerias público/privadas” com o objetivo de aumentar os fundos disponíveis. Mas, em vez de receber fundos apenas dos governos dos países membros da ONU, como foi planeado originalmente, a OMS agora recebe de empresas privadas quase o dobro do orçamento normal. atribuídos pela ONU na forma de bolsas de estudo e ajuda financeira. Quais empresas privadas? Da mesma vacina e fabricantes de medicamentos que estão lucrando com decisões oficiais como a tomada em junho de 2009 sobre a emergência da pandemia de H1N1. Assim como os benfeitores da OMS, os grandes laboratórios, naturalmente, têm suas entradas em Genebra, e têm direito a um tratamento feito de "portas abertas e tapetes vermelhos" [19].

Artigo completo: Original ou Tradução

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

As grandes estratégias da manipulação mediática por Noam Chomsky

1 – A Estratégia da Distracção.

O elemento primordial do controle social é a estratégia da distracção, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças que são decididas pelas elites políticas e económicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundação de contínuas distracções e de informações insignificantes. A estratégia da distracção é igualmente indispensável para impedir o público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais na área da ciência, economia, psicologia, neurobiologia ou cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais” (citação do texto ‘Armas Silenciosas para Guerras Tranquilas’).

2 – Criar problemas e depois oferecer soluções.

Este método também se denomina “Problema-Reacção-Solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reacção no público, a fim de que seja este quem exija medidas que se deseja fazer com que aceitem. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja quem demande leis de segurança e políticas de cerceamento da liberdade. Ou também: criar uma crise económica para fazer com que aceitem como males necessários o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3 – A Estratégia da Gradualidade.

Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradualmente, com conta-gotas, por anos consecutivos. Dessa maneira as condições sócio-económicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990. Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego massivo, salários que já não asseguram rendas decentes, tantas mudanças que provocariam uma revolução se fossem aplicadas de uma vez só.

4 – A Estratégia de Diferir.

Outra maneira de fazer com que se aceite uma decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro porque o esforço não é empregado imediatamente. Logo, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para se acostumar com a ideia da mudança e aceitá-la com resignação quando chegar o momento.

5 – Dirigir-se ao público como a criaturas de pouca idade.

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entoação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse uma criatura de pouca idade ou um deficiente mental. Quanto mais se pretende enganar o espectador, mais se tende a adoptar um tom infantilizante. Por que? “Se alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, então, em razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reacção também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranquilas’)”.

6 – Utilizar o aspecto emocional muito mais que a reflexão.

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto-curcuito na análise racional, e, finalmente, no sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registo emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou injectar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos.

7 – Manter o público na ignorância e na mediocridade.

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância planeada entre as classes inferiores e as classes sociais superiores seja e permaneça impossível de ser alcançada para as classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranquilas’)”.

8 – Estimular o público a ser complacente com a mediocridade.

Promover a crença do público de que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.

9 – Reforçar a auto-culpabilidade.

Fazer crer ao indivíduo que somente ele é culpado por sua própria desgraça devido à insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, em vez de se rebelar contra o sistema económico, o indivíduo se menospreza e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição da acção do indivíduo. E sem acção não há revolução!

10 – Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem.

No decurso dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência geraram uma crescente brecha entre os conhecimentos do público e aqueles que possuem e utilizam as elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” desfrutou de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicológica. O sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que este conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior que o dos indivíduos sobre si mesmos.

Noam Chomsky. filósofo, activista, autor e analista político estadunidense. É professor emérito de Linguística no MIT e uma das figuras mais destacadas desta ciência no século XX. Reconhecido na comunidade científica e académica por seus importantes trabalhos em teoria linguística e ciência cognitiva.

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O Estado Actual do Nosso SNS

 

por Lourdes Cerol Bandeira

«O caos era de prever. A associação GRIPE+COVID nunca seria uma associação "inocente". Como se isso não bastasse temos surtos de pneumonia por legionella.

Os primeiros sinais e sintomas dessa pneumonia são exactamente os mesmos da COVID e das outras pneumonias. Como todas as pneumonias pode ser muito grave, vai necessitar de cuidados intensivos e sobrecarregar ainda mais as equipas de saúde.

Neste momento deveria ser considerada a união de todos os esforços disponíveis e deveriam terminar com a testagem em massa que espolia os recursos humanos e impede a organização dos meios destinados ao apoio das populações atingidas. Os Delegados de Saúde e os demais especialistas em Saúde Pública não conseguem fazer face ao enorme número diário de positivos a quem devem fazer os inquéritos epidemiológicos para avaliar os contactos que tiveram. Aliás o vírus está tão disseminado na nossa sociedade que estes inquéritos são inúteis. O caos instala-se porque os recursos humanos são insuficientes. Os médicos de família deixaram de ter tempo para assistir aos seus pacientes por estarem obrigados a telefonar para os inúmeros positivos que estão a domicílio.

Neste momento não é a testagem que é importante, não é o Nº de positivos que é mais importante, não é o Nº de óbitos com teste positivo que é mais importante.

Este é o momento para agir segundo os princípios da Medicina de Catástrofe: salvar o máximo Nº de vítimas (TODAS AS PATOLOGIAS) no mínimo espaço de tempo. Até à data temos um excesso de mortalidade (já excluídos os óbitos COVID) de cerca de 7.700 em relação à média dos 11 anos precedentes. Não podemos dispersar meios com testagens inúteis onde se encontram "positivos + falsos positivos" a que chamam de imediato "infectados" dos quais 97% ficam em casa, à espera dos 10 dias para serem libertados e nem precisam de teste (6379 "libertados ontem"!). "Diagnósticos" feitos por um exame complementar ao qual se atribuiu erradamente uma especificidade de 100%.Não há exames infalíveis!!!   Os "doentes" COVID só são vistos por um médico se a situação o justificar, caso contrário ficam em casa tranquilos à espera que os 10 dias passem e recuperem a liberdade.

De que serve termos 83.942 doentes activos se só 3.151 estão hospitalizados? Para parecerem muitos?? A grande maioria ou não têm sintomas ou têm sintomas ligeiros, ficam em casa 10 dias e têm alta, caso contrário seriam hospitalizados.

Neste momento interessa unir todos os esforços para socorrer os que têm verdadeiramente sintomas e sobretudo não descurar as outras patologias. De 01/Jan até hoje já faleceram 11.208 pessoas por AVC, 10.833 por doença coronária, 7.286 por pneumonia e gripe, seguem outras doenças como podem ver aqui. A COVID está em 8º lugar, depois do cancro do cólon. Posso arriscar-me a supor que a maioria destes óbitos não COVID tem idade média muito inferior à dos óbitos COVID.

Parar os cuidados e a prevenção das doenças cardio-vasculares, parar o rastreio de cancro, terão um custo elevadíssimo e em 2021 irão perder-se muitas vidas que poderiam ter sido salvas. A mortalidade por cancro vai aumentar muito.

Não é possível impedir a 100% o contágio pelo SARS-COV-2, como não é possível impedir o contágio na gripe. São vírus que "vieram para ficar" e temos que saber lidar com eles.

As directivas para controlo da situação são más, levam à dispersão dos meios humanos disponíveis, médicos de família e enfermeiros ocupados a controlar por telefone os cerca de 80 mil positivos que se encontram a domicílio, a maioria assintomáticos ou com sintomas ligeiros, enquanto o País está a braços com gripe + COVID + Legionella + todas as outras pneumonias habituais provocadas por bactérias e vírus diversos.

A organização correcta dos socorros é primordial e o que vejo é o caos, são políticos a tentar gerir uma crise de saúde sem nada perceberem de saúde, testagens espoliadoras de recursos humanos e laboratoriais originando uma enormidade de positivos sem doença mas que monopolizam esses mesmos recursos... tudo isto porque partem do princípio de que os assintomáticos são transmissores (o que não está provado) como partem do princípio de que o teste PCR é infalível. Quando se parte de premissas erradas obtêem-se resultados errados.

A situação irá repetir-se. Vimos que a primavera e o verão não eliminaram a presença de novos casos, infelizmente não é uma doença sazonal como a gripe.

Infelizmente, muitos hospitais sofreram as consequências da centralização e são neste momento indispensáveis, porém perderam valências, retiraram-lhes material (por exemplo, o caso dramático e escandaloso do Hospital dos Covões que tinha um excelente serviço de Cardiologia e de Pneumologia, entre outros).

Neste momento, para não descurar os pacientes "NÃO COVID" e devido aos problemas logísticos que a infecção implica, seria bom reservar alguns hospitais estrategicamente situados, SÓ para assistência a doentes COVID evitando assim o risco de infecção em outras instituições de saúde. Eu sei que é complicado mas creio que terá mesmo que ser feito ou o caos continuará.

Temos hospitais pediátricos, psiquiátricos; seria excelente termos hospitais exclusivamente cirúrgicos e hospitais para doenças infecciosas. É uma questão de coordenação mas extremamente importante pois torna a afluência a esses hospitais selectiva, com urgências selectivas, diminuindo a confusão e os doentes em macas nos corredores.

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sábado, 14 de novembro de 2020

Enfermeiros despedidos, empresários da saúde privada de bolsos cheios

 

Henricartoon

Há cerca de uma semana foi notícia o eventual despedimento de 86 enfermeiros tarefeiros no Hospital de Braga pelo facto da sua recondução obrigaria a contratação com vínculo por tempo indeterminado, coisa que é da competência do governo e que este, pelos vistos, não está interessado, demonstrando na prática que a sua prioridade não é salvar os portugueses da doença, nomeadamente da covid-19, e resguardar o SNS, mas, ao contrário do que afirma, liquidar o SNS e salvar, sim, o negócio dos privados.

A verdadeira política quanto à saúde e bem estar dos portugueses, assim como em relação ao respeito pelos seus direitos e dignidade, ficou igualmente bem patente no despedimento de duas enfermeiras do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, uma por se encontrar grávida, a outra por apresentar um quadro grave de doença degenerativa, como se coisas descartáveis se tratassem já que não estariam a dar a produção de trabalho esperada, como se de fábrica se tratasse ou de boa gestão privada a apresentar ao patrão Estado/Governo PS.

O discurso de defesa do SNS, de o proteger, assim como os seus profissionais, uma das razões para a instauração de novo estado de emergência gradual a todo o território nacional, fica deste modo desmontado perante o olhar de todos os portugueses. Os não sei quantos profissionais de saúde que o Governo diz ter contratado serão por um prazo de 4 meses, dando claramente a entender que depois de mais outros 4, não haverá um terceiro contrato, porque, desse modo, teriam de passar a vínculo definitivo. Esta intenção não está minimamente na mente da ministra da Saúde ou do primeiro-ministro Costa, senão teriam sido logo contratados por tempo indeterminado, para mais com a pandemia a durar, ao que dizem, até haver vacina e imunidade de grupo, em final de 2021 na melhor das hipóteses.

Se o Governo se mostra renitente em investir no SNS, mantendo em cativação 500 milhões de euros destinados à Saúde, não parece ser sovina em contratar os privados para tratar os doentes covid-19 e os restantes que são desprezados e são responsáveis por cerca do triplo de mortes a mais, considerada a média dos últimos 5 anos, em relação às mortes por covid-19. São 35 milhões de euros já inscritos no OE para 2021, mas mais milhões se disponibilizarão, caso se entenda, a partir de diversos sacos azuis (9.813,5 milhões) sob a rubrica de "despesas excepcionais".

Apesar da ministra ter repetidamente afirmado que os privados não queriam doentes covid-19, entretanto e por baixo da mesa iam fazendo contratos com os mesmos e os valores que se conhecem não foram contestados, o quer dizer que serão um bom rendimento: entre 2495 e 8431 euros por internamento, dando o presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada como garantidas 669 camas, das quais 86 para doentes covid-19, eventualmente em UCI. Percorrendo a lista, verifica-se que todos os hospitais privados, de norte a sul do país, são contemplados.

O mercado criado pela não realização de actos médicos, de enfermagem e outros, lista que irá engrossar de forma contínua, porque a ministra deu luz verde a todas as instituições do SNS, a começar pelos centros de saúde no que concerne a cuidados primários, para suspender a actividade em relação aos doentes não covid-19 caso necessário, é enorme: um milhão e meio de consultas e 96 mil cirurgias, desde Janeiro a Setembro, e espera-se mais 150 mil cirurgias que não se irão realizar no SNS até ao fim do ano. Pode dizer-se que será a “justa compensação” para os privados de que falava o presidente da república Marcelo e que tanto badalavam os media de referência.

O Costa deu como justificação da declaração do estado de emergência, entre outras, “controlar e reprimir a pandemia” e “apoiar os profissionais de saúde”; ora, pelos factos e pela prática governativa, será o contrário, será mais “controlar e reprimir os profissionais de saúde” e “apoiar os negócios privados da saúde”. E, assim sendo, é dever de todos os profissionais de saúde e, em particular, dos enfermeiros lutar pelas suas mais que justas reivindicações: descongelamento das progressões da carreira, atribuição do subsídio de risco para todos os enfermeiros, aposentação aos 57 anos, e salários dignos, possibilidade de exclusividade no SNS com acréscimo de 50% sobre o vencimento base, e contratação de todos os enfermeiros (e outros profissionais de saúde) necessários ao bom funcionamento do SNS, o principal suporte de combate a qualquer pandemia.

Caso isto não venha a acontecer, será bem provável que o ano de 2020 marque o fim do SNS como serviço universal, geral e gratuito, e tenhamos em seu lugar um “sistema” de saúde onde os privados medram, mas, tal como o vírus, não podem matar o hospedeiro para puderem sobreviver.

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

ENFERMEIRAS que ousaram lutar... nunca esquecer!

 

Danuta Terlikowska

A ENFERMEIRA polaca, de 21 anos, Danuta Terlikowska foi executada no campo de concentração de Auschwitz com uma injeção de fenol no coração, no dia 29 de Outubro de 1942. Tinha sido presa em Varsóvia, na Polónia ocupada, enquanto limpava armas presumivelmente da resistência anti-nazi. Ela foi deportada para Auschwitz no dia 25 de Agosto de 1942 e a sua sentença foi ditada directamente pelo departamento político, que mais tarde listou a causa da sua morte como "pneumonia". Apesar de enfraquecida pela febre tifoide e incapaz de andar sem ajuda, testemunhas sobreviventes descreveram-na como "capaz de se manter calma" e afirmaram que a expressão facial dela ficaria para sempre nas suas memórias."



Marianne Prager Joachim

Marianne Prager Joachim, nascida a 5 de Novembro de 1921, ENFERMEIRA, judia, comunista e membro da resistência anti nazi. Foi obrigada a trabalhar em campos de trabalho forçado e na fábrica da Siemens em Berlim, depois dos nazis chegarem ao poder, onde ela se juntou ao núcleo de resistência "Baum", constituído por outros trabalhadores judeus e comunistas. Ela foi executada em 1943 por ter participado no incêndio de uma exibição de propaganda nazi no ano anterior.

Mais sobre a resistência alemã ao nazismo (em inglês): https://libcom.org/tags/german-resistance

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

GREVE NACIONAL DE ENFERMAGEM: 9 a 13 de Novembro (Sindepor)

 

Foto in "Notícias ao Minuto"

Enfermeiros em greve: É um grito de alerta!

In DN

A greve dos enfermeiros dura até sexta-feira e é ação de protesto contra o desgaste e desmotivação destes profissionais de saúde. Sindicato diz que "não é uma guerra de números" porque muitos estarão a trabalhar "para não fragilizar mais o SNS".

Os enfermeiros iniciam esta segunda-feira uma greve de cinco dias, um protesto convocado pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros Portugueses (Sindepor) contra o desgaste e desmotivação destes profissionais, e que o sindicato decidiu manter apesar dos números mais recentes da pandemia.

A greve, que decorre entre hoje e sexta-feira, 13 de novembro, foi convocada a 23 de outubro e em declarações à agência Lusa nesse dia, o presidente do Sindepor, Carlos Ramalho, disse ter a certeza de que a população estará ao lado dos enfermeiros, que "têm feito muitos sacrifícios ao longo dos anos".

"Mantemos a intenção da greve, obviamente que vai haver constrangimentos, mas pretendemos que sejam os mais limitados possíveis, nomeadamente no combate à pandemia de covid-19", disse, por seu lado, Jorge Correia, do Sindepor, no final de uma audiência com o Presidente da República na semana passada.

"Não é uma guerra de números"

A greve "não é uma guerra de números" e que muitos estarão em greve, mas a trabalhar, "para não fragilizar mais o Serviço Nacional de Saúde", disse Ramalho. Em declarações à Lusa, o presidente do Sindepor disse que os números da adesão "são muito relativos" pois não se conseguem apurar porque não é possível formar piquetes de greve como acontece noutras greves, devido à impossibilidade de circular entre serviços de saúde, por causa da pandemia de covid-19.

"Não podemos formar os piquetes de greve que formávamos em condições normais pois não é conveniente circular entre serviços para apurar esses dados", explica, sublinhando que "muitos enfermeiros vão estar em greve, mas a trabalhar".

"Assegurar serviços mínimos agora significa assegurar quase serviços máximos durante períodos de não greve por causa da dotação de enfermeiros, que cada vez são menos. Normalmente associa-se a greve à não comparência ao local de trabalho, mas muitos têm de comparecer para assegurar serviços mínimos. É mais um grito de protesto e um anúncio de descontentamento do que algo que interfira com o SNS, que já de si está fragilizado e que nós não queremos fragilizar ainda mais", afirmou.

Carlos Ramalho sublinha que a greve dos enfermeiros decretada pelo Sindepor para esta semana, "mais do que uma guerra de números, será uma guerra de razões, de argumentos".

"É mais um grito de protesto e anúncio de descontentamento - pela ausência de negociações e pela situação dos enfermeiros - do que algo que interfira com o SNS, que já de si está fragilizado e que nos não queremos fragilizar ainda mais", acrescentou.

Enfermeiros "cansados, exaustos e desmotivados"

Jorge Correia sublinhou que a paralisação de cinco dias "é mais do que uma greve, é um grito de alerta", porque os enfermeiros "estão cansados, exaustos e desmotivados" e se há um consenso por parte da sociedade e dos partidos políticas sobre a importância dos profissionais de saúde "é essencial que isso se concretize em medidas".

A greve está convocada para todo o território nacional, com exceção da região autónoma da Madeira.

Segundo o presidente do Sindepor, o sindicato exige o descongelamento das progressões da carreira, a atribuição do subsídio de risco para todos os enfermeiros e, sendo "uma profissão de desgaste rápido", a aposentação aos 57 anos.

AVISO PRÉVIO DE GREVE
GREVE NACIONAL DE ENFERMAGEM

AVISO PRÉVIO DE GREVE

PS: Como já tem sido habitual em tempo de governação PS, o SEP, autoproclamado "maior sindicato de enfermeiros", fura a greve dos enfermeiros, a mando do partido com sede na Soeiro Pereira Gomes, Lisboa.

Lares e a proteção dos vulneráveis

 

Sobe para 20 o número mortes no Lar da Misericórdia em Aveiro (SIC-Notícias, 13 de Abril)

Desde o início da pandemia, Portugal contabilizou 2.959 mortes associadas à COVID-19, dos quais 1.049 (35,5% do total) são idosos (>80 anos) internados em lares, ou seja, 7 vezes mais do que os idosos fora dos lares.

Últimas notícias: Lar de Caminha pede brigada de intervenção após surto com 46 infetados;

Lar da Misericórdia de Freixo de Espada à Cinta com nove casos positivos

Lares e a proteção dos vulneráveis

por Margarida Gomes de Oliveira 

«Ideias para ajudar na gestão dos lares de idosos

A - Têm sido especialmente os idosos, e em particular aqueles que vivem em instituições de longa permanência, os mais afectados pela epidemia de SARS-Cov2.

Contudo não são apenas idosos aqueles que residem em lares.

Existem também crianças e deficientes motores e pessoas com déficit cognitivo de várias idades que estão institucionalizadas.

É igualmente importante ter em consideração que o estado de vulnerabilidade não é estritamente de índole física e não está estritamente vinculado a uma faixa etária.

B - Em muitos países cerca de 40% das mortes relacionadas com a CvI9 ocorreram em instituições de cuidados de longo prazo, com números a atingir os 80% em alguns países.

Acresce ainda o facto da letalidade para residentes em lares que venham a contrair a infecção ser significativamente mais elevada quando comparada com a observada na população da mesma faixa etária e com o mesmo tipo de limitação mas a viver na comunidade.

Os residentes em lares enfrentam um elevado risco de morbilidade e também, por bastas vezes, recursos humanos e logísticos inadequados como por exemplo o acesso a serviços essenciais de saúde. Estas limitações vêem-se agravadas quando os serviços de saúde estão condicionados por planos de contingência ou superlotados aquando de quaisquer surtos epidémicos tal como o que ora vivemos.

C - O impacto da doença também tem sido elevado nos prestadores de assistência e de cuidados em instituições de longa permanência.

D - Entendem os Médicos pela Verdade Portugal ser possível mitigar este impacto em todos os aspectos do cuidado de longo prazo, incluindo o cuidado e a assistência no domicílio e na comunidade.

Consideramos ser no isolamento e no tratamento de quem está sintomático e de facto doente e na protecção dos grupos de risco que reside a chave do controlo de uma epidemia e não no rastreio persecutório e quase esquizofrénico de assintomáticos com as repercussões sociais e económicas já evidentes com tendência a se agravarem caso não se corrija a trajectória nem se emende a estratégia.

Mas, se proteger os grupos de risco é fulcral, tal não é sinónimo de segregação tampouco de abandono nem de desumanidade.

Acresce ainda que o isolamento de vulneráveis levanta questões éticas e de direitos humanos que deverão ser observadas e acauteladas para que não venham a ocorrer sequelas afectivas, sociais nem na saúde mental e física dos visados.

É possível uma protecção inclusiva e ética.

É possível controlar o contágio aos vulneráveis com sensatez, humanidade e base científica.

Como?

E - Algumas sugestões:

1 . Esclarecendo em linguagem objectiva, sistemática, inequívoca, acessível e adaptada aos vários graus de escolaridade e de diferenciação cognitiva acerca do que é uma epidemia, um vírus, do seu real perigo e da forma e do risco de contágio, sem rodeios mas, principalmente, sem alarmismo.

Tal deve partir das autoridades de saúde nacionais e regionais com a ajuda da imprensa nacional e local, das autarquias e dos agrupamentos escolares, sob a forma de:

1.1. circulares informativas em linguagem simples, sucinta e clara;

1.2. acções de formação devidamente acreditadas e supervisionadas quer dirigidas à população em geral quer dirigidas com maior especificidade aos proprietários e administradores de lares, aos cuidadores domiciliários, aos trabalhadores em instituições de longa permanência e também aos próprios residentes por forma a conseguir a compreensão e a adesão indispensáveis ao que constitui um desvio da rotina, a qual, é fundamental ao equilíbrio emocional de pessoas que, por variadas razões, se viram obrigadas a residir em condições potencialmente traumáticas e que requerem uma adaptação nem sempre fácil.

2 . Criando um espaço dentro da instituição vocacionado para o isolamento e a assistência médica a residentes infectados - por este ou por outro qualquer agente infeccioso, para conter um eventual surto.

Em caso de residências grandes e com grande lotação, ponderar, se possível, a reorganização em sub-unidades tornando assim o isolamento mais fácil em caso de surto sem comprometer a vida de todos os residentes nem de todos os funcionários.

Se tal não for possível, deve a direcção do lar, solicitar atempadamente ajuda à autarquia, às misericórdias, à ARS e/ou ao delegado de saúde por forma a elaborar um plano exequível, eficaz e minimamente traumático para os residentes visados.

  1. Permitir os passeios higiénicos e/ou as deslocações dos residentes em regime de ambulatório ao exterior, se assim o desejarem, advertindo para os cuidados de distanciamento fisico e de higiene, etiqueta respiratória e, nos casos de maior vulnerabilidade, para a utilidade do uso de máscara.

Àqueles que estão acamados providenciar o arejamento do quarto, a entrada de luz solar e, se possível, uma ida ao jardim ou à varanda sempre que a meteorologia o permitir.

Ar fresco faz bem ao corpo e à alma e a luz solar revigora e estimula a produção de vitamina D que reforça o sistema imunitário.

  1. Em articulação com o médico que presta assistência ao lar, com o médico assistente pessoal dos residentes que o tenham, com a família e após o consentimento informado do utente ou de quem legalmente o represente, promover a vacinação dos mais vulneráveis obviando assim a co-infecções ou a outros surtos por outros microorganismos.

  2. Permitir a visita dos familiares e de amigos dos residentes, devendo as visitas usar máscara.

Será prudente que, em contexto epidémico, se limite o número de visitantes, não devendo, contudo, alterar-se o horário de visitas, uma vez que, como já mencionado, a quebra na rotina é contraproducente porque demasiado disruptiva.

Será ainda aconselhável que as visitas se limitem à interacção com o seu familiar mantendo o distanciamento físico dos outros residentes.

Caso os familiares se encontrem sintomáticos ou doentes devem abster-se de visitar os seus entes queridos enquanto não melhorarem clinicamente. Se os sintomas forem sugestivos de Covid19 e acaso testem positivo para SARS-Cov2, depois de cumprirem quarentena, deverão apresentar um atestado de cura ou um teste negativo para poderem voltar a visitar o lar.

  1. Os funcionários deverão usar máscara no contacto directo com os residentes que do mesmo necessitem, nomeadamente aquando da higiene e da alimentação, alturas em que há maior proximidade.

Os funcionários que estiverem sintomáticos devem ficar em casa até melhorarem clinicamente. Caso os sintomas sejam sugestivos de infecção por SARS-Cov2 deverão ser testados e cumprir quarentena caso testem positivo e só deverão regressar ao trabalho depois de um teste negativo.

  1. No caso dum surto devem isolar-se os positivos que devem também passar a ser tratados sempre pelos mesmos funcionários que, neste caso, estão obrigados a cuidados acrescidos de protecção pessoal com uso, além da máscara, de bata descartável e de luvas. Devem ainda entrar e sair da zona de isolamento e do lar por um circuito autónomo criado para o efeito. Se tal não for possível deve evitar-se que se cruzem com os demais residentes e prestadores de cuidados sendo essa adaptação feita de acordo com as rotinas e a logística da instituição.

Durante a quarentena serão proibidas as visitas dos familiares dos residentes isolados mas deverão ser permitidos os contactos via telefone ou videochamada. Os afectos são fundamentais na recuperação de qualquer doença. O estado de quarentena é penoso e algo estigmatizante pelo que pode e deve ser aligeirado recorrendo à tecnologia disponível hoje em dia.

Os restantes habitantes do lar e os assistentes deverão levar o seu dia a dia como habitualmente.

Durante um surto os prestadores de cuidados à residência deverão ser testados bem como os residentes assim que o mesmo se detecte e após a conclusão da quarentena.

Uma vez terminado o surto poderá ser aconselhado aos familiares dos residentes que estiveram em isolamento que apresentem um teste negativo antes de poderem voltar a visitar o seu ente querido pois este, por estar em convalescença, está mais fragilizado e pode ainda não ter adquirido imunidade duradoura pelo que se impõe a profilaxia de uma reinfecção.»

Em Médicos Pela Verdade

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Para o PS, as pandemias combatem-se não com planos sanitários, mas com medidas repressivas

 

Abel Manta

«Os profissionais de saúde do Hospital de Barcelos estão a ser obrigados a fardar-se no Pavilhão Municipal de Barcelos e percorrem, depois, cerca de 200 metros na via pública, fardados, à entrada e saída do turno.» (JN)

Houve um cabo de esquadra, em conferência de imprensa e como de político se tratasse, avisou: "a ação repressiva acontece quando as pessoas não querem nem se deixam sensibilizar... mas há cidadãos que não se deixam ensinar e sensibilizar". Ficamos, com certeza, bem elucidados, as pandemias combatem-se não com planos sanitários, mas com medidas repressivas, para enquanto policiais, mas não demorará muito que a tropa, à semelhança do que acaba de fazer o presidente francês Macron, será colocada na rua. É mais do que evidente que o real e verdadeiro alvo destas medidas não é o combate à covid-19 mas o combate aos trabalhadores e ao povo português - a luta de classes sem disfarces.

A política levada a cabo pelo governo não é exactamente para combater a pandemia da doença covid-19, e esta não é nenhuma teoria da conspiração porque se baseia em factos indesmentíveis e por isso ocultados pela imprensa paga com 15 milhões de euros, mas para permitir uma maior acumulação de capital, o que vai inevitavelmente conduzir à destruição das pequenas formas de economia, sempre com o fim último de maiores lucros para as grandes empresas capitalistas.

Não é por acaso que o governo português quis proibir os mercados e feiras ao ar livre ao mesmo tempo que deixava abertos as grandes superfícies de retalho, e foi por pressão popular e do populismo do PR em tempo de campanha eleitoral que fez marcha atrás, ou o governo francês ter proibido a abertura das pequenas livrarias enquanto deixava abertas as grandes loja do sector, como por exemplo a FNAC. Há que facilitar a acumulação dos lucros, sempre a favor do grande capital, e para mais em tempo de crise profunda e prolongada do capitalismo e de reorganização do mesmo.

Pelo lado da saúde dos portugueses, esta vem sempre em último lugar, porque se houvesse tão grande preocupação então não se teria deixado degradar e de forma deliberada o SNS. Neste Verão, houve tempo não só para contratar mais pessoal com vínculo efectivo como se tinha aumentado o número de camas, coisa fácil de se fazer visto que nos hospitais centrais há muitas camas vazias e serviços ao abandono, assim como hospitais fechados ou a funcionar a meio gás. Só em Coimbra haverá perto de 500 camas vagas, com pavilhões inteiros fechados no Bloco de Celas e Hospital de Sobral Cid, e enfermarias subaproveitas no Bloco Central, no Hospital dos Covões e Maternidade Bissaya Barreto, isto só no CHUC, ou o Hospital Militar semidesactivado e as antigas instalações do Hospital Pediátrico, ainda com material, tudo ao abandono e à espera da especulação imobiliária, tão da especialidade da câmara socialista e do autarca que mais tem promovido a corrupção e o caos urbanístico em Coimbra.

Se o governo se interessasse minimamente pela saúde do povo português não teria deixado morrer mais 7.525 pessoas por outras patologias que o SNS não tratou por estar centrado quase exclusivamente na covid-19 e não apenas as 2500 falecidas por esta doença, desde 15 de Março até finais de Outubro – uma das piores situações da UE, incluindo países que inicialmente registaram mais mortes no início da pandemia.

O governo, embora diga o contrário e é até uma outra medida para justificar o estado de emergência, não pretende requisitar os privados da saúde, mas contratar os seus serviços, para já em termos discretos e graduais, como está a acontecer no norte do país com a ARSN a fazer contratos, cujos contornos são pouco claros e conhecidos, justificando-se com o esgotamento da capacidade de hospitais que em tempo normal sempre estiveram no limite. Para se perguntar, mais uma vez, em que hospitais privados trabalham, acumulando com o público, os responsáveis que fizeram os contratos e que comissões que receberam por debaixo da mesa?

A dita pandemia, que até agora levou desta para melhor cerca de 2.500 cidadãos, na sua grande maioria com mais de 80 anos, nada parecido com a pneumónica de há cem anos que levou cerca de 120 mil pessoas numa população de perto de 6 milhões de habitantes, e que incidiu particularmente em crianças com menos de 2 anos e em jovens entre os 20 e 30 anos, não está a ser combatida com um plano sanitário, mas com medidas de tipo militar para confinamento de toda a população.

Em vez de se testar os grupos de risco, está-se a testar a população a eito para inflacionar o número de infectados, que na maioria poderão ser falsos positivos, apesar do número de sintomáticos (os verdadeiramente doentes) ser baixo e com bom diagnóstico, fazendo crer que todos são doentes, confundindo intencionalmente infectados assintomáticos (não doentes) como sendo doentes, coisa jamais vista em outras doenças infecto-contagiosas e nomeadamente viroses. Em vez de se proteger os grupos de risco, concretamente os mais idosos, criando o Estado uma rede nacional e pública de lares, acabando com o negócio dos privados e principalmente com os lares ilegais, estabelecendo regras de habitabilidade e de higiene condignas (condições essas que foram agravadas pelo governo de Passos/Portas devido à autorização do aumento da lotação dos lares, o que valeu uma medalha ao Passos pelas Misericórdias agradecidas pelo fomento do negócio, medida que não foi revertida pelo actual governo do PS), obrigando a programas saudáveis no que respeita à alimentação e actividades ocupacionais e, aqui está o busílis, com rácios adequados de pessoal auxiliar devidamente formado, de enfermeiros a tempo inteiro e de médicos. Para além, como já referido, de robustecer o SNS, com mais pessoal, mais equipamento, mais serviços e reactivação das mais de 3 mil camas que foram encerradas nos últimos 12 anos.

Ora, até agora nada disto foi feito, bem pelo contrário, entregou-se a gestão da crise pandémica a dois cabos de esquadra, um com farda, o outro (ainda) desfardado.

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Portugal é o único país da Europa Ocidental que está actualmente com mais mortes (medida pela média de 7 dias) do que a que registada durante a “onda” da Primavera

 

DO VERDADEIRO DESASTRE QUE AÍ VEM, OU DAS MEDIDAS QUE FALHARAM NOS LARES, OU DO COMO VAMOS CHEGAR AOS 100, OU DO COMO ME MANTENHO FIEL AO QUE SEMPRE DEFENDI

Pedro Almeida Vieira

No dia 19 de Maio (vd. aqui) tive necessidade de escrever um Statement (já então era bastante atacado), cujos dois primeiros pontos eram os seguintes:

"1 - A covid-19 é uma doença perigosa sobretudo para os idosos, e especialmente para os maiores de 85 anos.

2 - A covid-19 não representa qualquer perigo relevante para a população com idade inferior a 55 anos, exceptuando-se, porém, os casos individuais de pessoas com alguma vulnerabilidade. 

Contudo, essas pessoas são vulneráveis a outras mais doenças."

Não alterei a minha postura, apesar de já ter sido catalogado de negacionista. Posto isto aqui, e apesar de, por imensas vezes, ter alertado para o problema dos lares, na verdade nunca se olhou para eles como se fosse o "cerne" da pandemia. São o cerne. E ainda há dias alertava para a preocupante tendência da incidência de casos positivos nos maiores de 80 anos, que indiciavam (mesmo ignorando-se dados oficiais) que os lares estavam a ter novamente problemas. E graves.

Como se via isso sem dados? Por via indirecta, Se à medida que se avança nos grupos etários (dos maiores de 20 em diante) a incidência diária diminui até aos 70-79, mas depois sobe significativamente, é porque algo se estranho se passa com a "protecção" dos maiores de 80 anos, E o que se está a passar é, sem tirar nem pôr, e por muito que se queira esconder, um descontrolo nos lares, que se vai pagar muito caro nas próximas semanas.

Vou apresentar aqui uns cálculos rápidos para demonstrar a verdadeira e terrível dimensão do problema dos lares.

1 - Estima-se que viviam em Portugal em 2019 (dados do INE) cerca de 675 mil pessoas com mais de 80 anos.

2 - Em todos os lares portugueses, que albergam cerca de 100 mil utentes, a idade média está acima dos 80 anos, podendo-se assim admitir que vivam fora dos lares 575 mil idosos desta faixa etária.

3 - Segundo informações do Governo, divulgadas a meio de Outubro, as mortes em lares representavam então 40% do total. Significa assim que, face aos números de hoje, terão assim já morrido 1.077 idosos em lares por covid (0,4 x 2.694 óbitos)

4 - Deste modo, tendo em conta que morreu um total de 1810 pessoas por covid com mais de 80 anos, então neste grupo etário terá falecido 733 idosos que não viviam em lares,

5 - Significa isso que a taxa de mortalidade por covid dos utentes dos lares (com mais de 80 anos) é de cerca de 10,8 óbitos por mil pessoas, enquanto que fora dos lares, para a mesma faixa etária, é de apenas 1,3 óbitos por mil pessoas. Vejam bem; a taxa de mortalidade por covid nos lares é cerca de 8 vezes superior!

Isto para dizer que o Governo e a DGS têm de arrepiar caminho quanto antes nos lares, até porque sei de fonte segura que as infecções continuam a fluir livremente, e aumentou nas últimas semanas, de fora para dentro, por parte de funcionários

Tenho alertado, e quem me acompanha com isenção sabe bem disso, para dois aspectos fundamentais nesta pandemia:

1) não se pode deixar o SNS entrar (como já entrou) em estado comatoso, porque isso contribui para o aumento da mortalidade total, que acaba por ser pior do que a covid;

2) colocar uma ênfase especial (diria que quase todos) na protecção dos lares, com uma gestão profissional e "científica", caso contrário a mortalidade por covid atinge valores elevadíssimos, porque entrando nos lares a covid atinge uma rápida disseminação junto de uma população não só idosa como geralmente com muitas vulnerabilidades. O calcanhar de Aquiles inicial da Suécia foi esse (e pagou caro com muitas mortes), e quando conseguiu corrigir pode estabelecer uma estratégia racional sem restrições relevantes e sem máscaras.

Os tempos mais próximos, infelizmente, vão ser dramáticos, e vão impor-se restrições mais fortes e o recolher obrigatório vai ser uma inevitabilidade por razões políticas e psicológicas. Mas não pensem que as máscaras na rua e o recolher obrigatório resolvem os problemas se não se fizer uma mudança radical na abordagem aos lares, com imposição de regras muito rígidas de protecção contra as infecções, mas sobretudo intensificando o acompanhamento médicos desses idosos (ou seja, fazer o contrário do que até aqui, já que muitos viram consultas adiadas).

Os tempos mais próximos, dizia eu, vão ser muito maus, infelizmente, pelos erros que se estarão a cometer nos lares. Olhando para a evolução da última semana (28out-3nov) na incidência da covid nos mais idosos, em comparação com a semana anterior (21 out-27 out), é de esperar que nos próximos sete dias a mortalidade pro covid se situe entre os 49 e os 64 óbitos, mas irá subir para valores entre os 82 e os 106 óbitos (estimativas feitas com base em intervalos de taxas de letalidade para os grupos maiores de 60 anos).

Muitos dirão que se está afinal a confirmar que a covid é mesmo uma terrível pandemia. Eu, porém, continuarei a dizer que é uma doença perigosa para os idosos e que se está a falhar, e rotundamente, nos lares. Não admitir isso é contribuir para um infindável tormento de mortes nos lares, e tormento para quem ficar cá fora, sofrendo restrições que acabam por ser infrutíferas. Porque o mal está sobretudo nos lares.

P.S. Faço notar que Portugal é o único país da Europa Ocidental que está actualmente com mais mortes (medida pela média de 7 dias) do que a que registada durante a “onda” da Primavera. Tem, ao dia de hoje uma média de 38 óbitos, quando o máximo de Abril foi 32. Ou seja, a situação portuguesa mostra uma evolução preocupante, mas, até agora, única nesta parte da Europa. Os países de Leste que estão com elevada mortalidade não tiveram praticamente óbitos por covid na Primavera. Já agora, a mortalidade média diária na Suécia nos últimos sete dias é de 4. Sem máscaras e sem recolher obrigatório. Talvez fosse boa ideia alguém do Governo deixar de ser rezingão, e ir ver o que eles fizeram nos lares. Perdurar nos erros é que é grave.

Fonte: DGS e INE.


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