sábado, 30 de março de 2019

«É a primeira vez que há uma greve na hospitalização privada»



«Orlando Gonçalves, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN), afirmou que o protesto é motivado pelas más condições de trabalho do sector e a recusa da APHP em aplicar os direitos previstos na contratação colectiva.
«É a primeira vez que há uma greve na hospitalização privada, no sentido geral. O que se pretendeu neste momento, conhecendo as condições do sector e o clima repressivo, foi demonstrar o enorme descontentamento aqui, junto à associação patronal. Isto era inimaginável há dois anos atrás», frisou.
Segundo o dirigente sindical, os principais grupos privados de Saúde, representados pela APHP, insistem não cumprir a convenção colectiva assinada com o CESP em 2000, apesar de esta estar vigente, tendo argumentado no Ministério do Trabalho que está em «desuso» e daí não cumprirem os direitos previstos.
«De momento, os grupos privados de saúde não cumprem um conjunto de direitos importantes», sublinhou Orlando Gonçalves, que descreveu o clima de precariedade e a prática de «salários muito baixos», havendo trabalhadores com mais de 15 anos de serviço «só a receber o salário mínimo nacional».
Entre as reivindicações, os trabalhadores da hospitalização privada exigem o início de negociações sérias, sem perda de direitos, com vista ao aumento dos salários e ao cumprimento dos direitos previstos na contratação colectiva. Nomeadamente, o pagamento das diuturnidades, do trabalho suplementar pago 100%, passando para o dobro em caso de feriado, o direito ao subsídio nocturno e a garantida de dois dias de descanso semanal.
Segundo Orlando Gonçalves, durante o protesto foi aprovada uma resolução na qual os trabalhadores deram indicações para «prosseguir e intensificar a luta», caso não haja uma resposta satisfatória da APHP.
Reivindicações para valorizar os trabalhadores e avançar nos direitos nomeadamente no que se refere a promoções automáticas por antiguidade; ao pagamento de diuturnidades, ao direito aos Feriados obrigatórios na terça-feira de Carnaval e feriado municipal da localidade; que sejam garantidos 2 dias descanso semanal, sendo o sábado e ou domingo, pelo menos, em cada período de 4 semanas; o pagamento trabalho suplementar acrescido de 100% se for diurno; o pagamento de trabalho nocturno com um suplemento de 50% e que o trabalho em dias de descanso ou feriado seja  acrescido em 200% e direito a gozar um dia de descanso, o combate à precariedade fazendo corresponder um vínculo efectivo a todos os trabalhadores a ocupar postos de trabalho permanentes
Aqui e

sábado, 16 de março de 2019

Barómetro DECO PROTESTE: 300 mil famílias portuguesas vivem na pobreza


«Mais de três quartos das famílias portuguesas veem-se aflitas para pagar as contas. Pior: 7%, ou seja, 300 mil famílias enfrentam a pobreza real. Casa, saúde e alimentação asfixiam o orçamento. É o que revela o primeiro Barómetro DECO PROTESTE

por Sílvia Nogal Dias e Filipa Rendo

Um dia de cada vez: é assim a vida de 77% das famílias portuguesas, para quem as dificuldades económicas fazem parte do quotidiano. O número impressiona. Mas o cenário é mais pessimista: 7%, ou seja, cerca de 300 mil famílias, vivem em situação de pobreza. A conclusão é do primeiro Barómetro DECO PROTESTE, que avaliou o nível de vida com base na facilidade que estas têm ou não em fazer face a seis grandes conjuntos de despesas: habitação, saúde, alimentação, educação, mobilidade e tempos livres.

Do total de 1998 respostas, tratadas estatisticamente para fazer um retrato da realidade nacional, apenas 23% dos inquiridos admitem viver com conforto. Este exercício estendeu-se a outros países europeus, onde a percentagem de agregados com dificuldades também é elevada (61%, na Bélgica e 75%, em Itália e Espanha). Portugal fica pior na fotografia.

Muitas contas à vida

Na qualidade de vida, para a generalidade dos portugueses, a habitação, a saúde e a alimentação são as áreas que ocupam os lugares cimeiros. Mas fazer face a estas despesas é motivo de insónias para uma grande percentagem de famílias (46%, 45% e 32%, respetivamente).

Desdobrámos estas rubricas em vários itens, o que permitiu identificar as despesas que mais fazem tremer a estabilidade dos portugueses: na 
habitação, a manutenção é um encargo que 55% têm dificuldade em pagar e, para quase 50%, as contas da luz, da água e do gás também são fonte de preocupação.

Na 
saúde, os constrangimentos atingem 45% das famílias. As idas ao dentista são sacrificadas: 59% das famílias têm bastantes dificuldades em suportar os encargos com a saúde oralDespesas com óculos e aparelhos auditivos não ficam atrás: fazer face a esta despesa é exercício de contorcionismo para a maioria (59 por cento).

Os números são menos expressivos na 
alimentação, mas preocupantes: a maioria afirma não ter dificuldades em pôr comida na mesa, mas quase um terço das famílias têm de fazer restrições.

Na 
mobilidade, 47% dos inquiridos enfrentam dificuldades e isso deve-se aos encargos com o automóvel, uma limitação para uma elevada percentagem (68 por cento). Já no que diz respeito às despesas com transportes públicos, as dificuldades afetam um quarto dos agregados. Para 32% das famílias, está longe de ser fácil arcar com as despesas de educação, sobretudo do ensino superior. A maioria das famílias não tem grande margem para gastos além das despesas correntes. Para 47%, lazer e cultura são luxos difíceis de financiar. Para dois terços, fazer férias fora de casa é uma miragem. E até as escapadinhas de fim de semana ficam fora do radar de 60% das famílias.

Índice na primeira pessoa

A partir do retrato feito pelas famílias sobre a sua capacidade para fazerem face a este conjunto de despesas, criámos um índice que reflete o grau de sustentabilidade financeira. Esta foi aferida ao nível nacional e regional, de acordo com três níveis: pobreza, dificuldades económicas e conforto.

Sustentabilidade financeira dos portugueses

O Barómetro DECO PROTESTE permitiu também identificar segmentos da população mais vulneráveis. Os agregados com algum dos membros em situação de desemprego enfrentam dificuldades acima da média (11 por cento). Mas nas famílias monoparentais os níveis de pobreza atingem valores brutais: 32% por cento.»

deco.proteste

sexta-feira, 8 de março de 2019

8 de Março, Dia Internacional da Mulher Trabalhadora


«A Estação Primeira de Mangueira conquistou, nesta quarta-feira (6), o vigésimo título de sua história no carnaval do Rio de Janeiro. Fundada em abril de 1928, no Morro da Mangueira, próximo à região do Maracanã, a escola levou à Sapucaí o samba-enredo “História pra ninar gente grande” na última segunda-feira (4). A ideia era contar a trajetória de heróis negros e índios esquecidos dos livros e não mencionados na história oficial do Brasil.

O enredo foi assinado pelo carnavalesco Leandro Vieira e contado em 24 alas e cinco alegorias. Na primeira entrevista depois da vitória, Vieira mandou um recado a Jair Bolsonaro (PSL), que tentou desqualificar o carnaval 2019 com um vídeo publicado no Twitter na última terça-feira (5): “Essa vitória é um recado para o presidente. Carnaval não é o que ele acha que é. Carnaval é isso aqui, é a festa do povo, da cultura”.

Com 3,5 mil integrantes, a escola apresentou heróis como o guerreiro Sepé Tiaraju, que tentou evitar o massacre dos guaranis pelas tropas portuguesas e espanholas. A Mangueira também homenageou a trajetória de líderes como Luis Gama, advogado abolicionista, Luisa Mahin, ativista participante da revolta dos Malês, e Dandara, líder quilombola esposa de Zumbi dos Palmares, além de tratar de temas como as revoltas indígenas.

Ao longo do desfile, os carros trouxeram frases como “Ditadura Assassina”, mostraram ex-presidentes como Floriano Peixoto pisando em cadáveres e apresentaram os bandeirantes como gananciosos que mataram e escravizaram índios em busca de ouro (em vez da imagem de desbravadores que consta nos livros escolares).

Em seguida, a Mangueira lembrou a vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada há cerca de um ano, cujas investigações seguem sem solução. Além de citar o nome dela no samba, uma das últimas alas trouxe diversas bandeiras com o rosto da vereadora em verde e rosa. A arquiteta Mônica Benício, viúva de Marielle, esteve presente na passarela, usando uma camiseta com os dizeres “Lute como Marielle”. O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) e o vereador Tarcísio Motta (PSOL) também participaram do desfile.

Um dos destaques da escola foi a bateria que levantou o público ao utilizar instrumentos característicos de religiões de matriz africana. A ação foi pensada não apenas pela sonoridade, mas para explicitar, mais uma vez, o tom político e social do desfile de 2019, buscando valorizar a cultura afro e criticar o preconceito contra as religiões afrodescendentes.

Viradouro, Vila Isabel, Portela, Salgueiro e Mocidade se unem à Mangueira no próximo sábado (9) para o Desfile das Campeãs. As escolas Imperatriz Leopoldinense e Império Serrano foram rebaixadas e tentarão retornar ao grupo especial no ano que vem.

Carta aberta a António Costa


Santana Castilho*
«Senhor Primeiro-ministro:

Uma carta aberta é um recurso retórico. Uso-o para lhe dizer o que a verdade reclama. Errará se tomar esta carta por mais uma reivindicação de grémio. Não invoco qualquer argumento de autoridade por pertencer a uma classe a quem deve parte do que sabe. Escrevo-a do meu posto de observação da vida angustiada de milhares de professores, que o Senhor despreza. Com efeito, cada vez que o Senhor afirma que os professores são intransigentes, está antes a falar de si e do seu governo. Como pequeno manipulador que é, falta-lhe a humildade e a honestidade para reconhecer que falhou no relacionamento com os professores e recorre a uma narrativa que não resiste à confrontação com os factos. Façamo-la.

(...)
O Senhor mente quando fala de 600 milhões. Nunca apresentou as suas contas. Os professores deixaram as contas certas na AR. Nem de metade se pode falar!

O problema não está, nem nunca esteve, no dinheiro. Está, como sempre esteve, nas mentiras e nas escolhas políticas do seu governo. Está na manipulação dos números, no abocanhar oculto de receitas injustas e nas cativações. Está nas diferenças entre os orçamentos de fachada que a “geringonça” aprovou e os orçamentos de austeridade desumana que Ronaldo Centeno executou. Numa palavra, causa-me náusea ouvi-lo dizer que não tem dinheiro para pagar o que deve aos professores, depois de ter aprovado cinco mil milhões para sustentar bancos parasitas. 

O tom que usou para falar de enfermeiros e professores, que não se portam como eunucos de outros tempos, foi demasiado vulgar e não serviu a cultura cívica minimamente decente que se deseja para o país. Não se sentiu incomodado por uma ministra do seu Governo homologar um parecer onde se diz que uma greve que não afecte mais os trabalhadores do que o patrão é ilegal? Ficou tranquilo quando o seu Governo protegeu os fura-greves dos estivadores de Setúbal? Não veria a democracia em risco se pertencessem a outro governo, que não o seu, estas acometidas contra a liberdade sindical? Numa palavra, a sua arrogância tornou-se insuportável.

Não posso concluir sem uma referência ao conforto que o Presidente da República lhe veio dar, quando perguntou: “é preferível zero ou alguma recuperação?” É estranho que um professor, para mais do cimo da mais alta cátedra da nação, pareça sugerir a outros professores que troquem a ética pela pragmática. Como se ser justo fosse equivalente a ser oportunista ou ser esperto. Fora eu o interpelado, que no caso felizmente não sou, e respondia-lhe: zero! Por dignidade mínima. Porque se a lei pudesse ser substituída pela pragmática, aqui e além, a vida moral virava simples hipocrisia. Porque o modelo de actuação de um professor não é o modelo de actuação do homo economicus, que facilmente troca a fiabilidade do seu carácter por qualquer ganho imediato. Para não aviltar quantos lutam pela justiça e são solidários com os colegas humilhados.

Termino assumindo que, para além do que lhe acabo de dizer, tenho uma posição ideológica clara: sou visceralmente contra as pedagogias propaladas por meninos crescidos, glosando como se fossem coisa nova temas como flexibilidade, autonomia e inclusão, que colocaram no fim da lista os conhecimentos essenciais à compreensão do nosso mundo e à formação de cidadãos inteiros. 

terça-feira, 5 de março de 2019

Marcha Branca Nacional Pela ENFERMAGEM


O Movimento Nacional de Enfermeiros está a organizar uma Marcha Branca Nacional pela ENFERMAGEM no dia 8 de Março 2019 pelas 15h em Lisboa.
No Séc. XIX, Florence Nightingale, mulher brilhante e impetuosa mudou o paradigma de Enfermagem demonstrando a importância dos enfermeiros na saúde e mudando a visão da população sobre o trabalho que estes faziam.
Também hoje, em pleno séc. XXI, os enfermeiros portugueses se encontram num momento decisivo da profissão tentando demonstrar à sociedade a importância da sua actuação como classe profissional basilar do SNS.
Os enfermeiros portugueses continuam focados no que é importante: demonstrar o verdadeiro papel do Enfermeiro como agente fulcral na persecução de qualidade de cuidados de saúde para todos, defensores acérrimos do SNS e da sua necessidade absoluta.
Pretendemos no próximo dia 8 de Março, Dia da Mulher, homenagear uma das figuras centrais da Enfermagem FLORENCE NIGHTINGALE e, de igual forma, todos os ENFERMEIROS que diariamente sacrificam o seu bem-estar em prol de uma Saúde digna para milhares de pessoas.
Queremos que TODOS os enfermeiros do país possam estar presentes para prestar a sua homenagem.
Convidamos também os nossos familiares e amigos que nos apoiam incondicionalmente todos os dias a estarem presentes!