quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Austeridade e corrupção do governo PS

 

O uso da máscara na rua, ou seja, sem ser em espaços fechados, e por tempo demasiado, terá mais efeitos negativos para a saúde do que benefícios, sendo recomendado a sua substituição ao fim de 4 horas, coisa que não acontecerá com a grande maioria das pessoas, e iremos assistir ao aumento brusco do número de mortes por pneumonia bacteriana, engrossando assim o número de mortes a mais por não covid-19. O caso da jovem que faleceu dentro da sala de aula em Barcelos, aqui alguns dias, terá sido não apenas pela cardiopatia congénita de que sofria, mas possivelmente pelo uso permanente da máscara a que era obrigada, sendo frequente doentes com esta patologia sofrerem de alguma dispneia; foi nesse sentido que a notícia foi dada em alguns órgãos da comunicação social em Espanha, ao contrário da imprensa portuguesa que referiu a causa por simples "queda", sendo esta talvez a consequência e não a causa. 

A prova que o uso da máscara é ineficaz está bem demonstrada pelo aumento contínuo e enorme do número de casos de infecção registados em Itália desde que tal obrigatoriedade foi imposta no dia 7 de Outubro, de 2.677 novos casos por dia passou-se para 21.273 (+735%) em apenas 18 dias (25 de Outubro). Claro que este número se deve a uma maior testagem da população, cerca de 161 mil pessoas, mas isso a nossa imprensa comprada por 15 milhões de euros pelo governo não diz. A imposição da máscara é uma espécie de selo que atesta a docilidade para a aceitação de mais desemprego, mais miséria e mais austeridade que serão “naturalmente” atribuídas à pandemia da covid-19. Atendendo ao número de mortes e à incidência nas faixas etárias mais elevadas e sempre associada a outras comorbilidades, que, por sua vez, potenciadas é que provocam a morte, não passa de uma falsa pandemia.

O autoritarismo casa bem com a corrupção e o papel, que tem sido histórico dos partidos ditos “socialistas”, de trazer o fascismo, agora em modo brando e made in UE, é também o papel de promover e tentar encobrir a corrupção que sempre fez parte do genoma do capitalismo e que em tempo de profunda e irreversível crise de sobrevivência se torna mais conspícua e incontornável. Um dos jornais do regime, propriedade de uma das famílias mais ricas e emergentes pós-25 de Abril, à custa de muita habilidade bolsista, exploração dos trabalhadores e fuga ao fisco, tornou público os gastos do governo, feitos todos eles por ajuste directo por causa do coronavírus ("É o vírus que manda, não somos nós"!), que totalizavam na altura da publicação mais de 477 milhões de euros, isto é, 47 euros por cada cidadão português, com a chinesa GLSMed Trade/Grupo Luz Saúde à cabeça com 32,7 milhões de euros. A conta, nesta altura, já irá em montante bem mais elevado, com aumento expectável para breve de mais 35 milhões de euros na compra de 100 mil (!?) frascos de Remdesivir à norte-americana Gilead, medicamento que a própria OMS (ver https://news.un.org/pt/story/2020/10/1729852) considera ineficaz por ter “pouco ou nenhum efeito na prevenção da morte por Covid-19 ou na redução do tempo no hospital”. Será para perguntar quanto é que a ministra da saúde, que foi quem anunciou a compra, irá receber de comissão por debaixo da mesa ou mais alguém interveniente directo no negócio por parte da administração pública e/ou do PS? Será para diversificar o negócio, já que a segunda empresa do pódio é outra chinesa, Guangdong H&P Import and Export Co, com 31 milhões de euros pela venda de ventiladores (o tal ventilador de concepção e fabrico nacional não passou de uma fraude e outro negócio!), e em terceiro lugar uma empresa nacional, a Enerre, com 22 milhões de euros em 119 contratos, uma empresa cujo negócio são brindes e tendo como principal cliente a câmara laranja de Cascais; ou quando se trata de negociatas manhosas o bloco central de interesses está sempre em movimento.

Em relação ao Remdesivir, será bom recordar a fraude que foi o Tamiflu, criado pela mesma Gilead Sciences Inc e mais tarde vendido à Roche, permitindo a obtenção de lucros fabulosos com a epidemia de influenza ‘A’, que, então, foi anunciada como a pandemia do século. Falhou a gripe causada pelo vírus H1N1, a denominada “gripe suína”, arranjou-se, dez anos depois, uma outra e para qual o mesmo laboratório criou mais um medicamento ineficaz, tipo banha da cobra, o Remdesivir. Parece que agora a OMS não vai correr o risco de cair no engano, como aconteceu na altura, ao recomendar o pseudo medicamento. Não deixa de ser interessante que o indivíduo que foi presidente da Gilead desde 3 de Dezembro de 1997 até assumir o cargo do Pentágono em 2001, mantendo-se ainda como acionista, o tristemente célebre Donald Rumsfeld, secretário de defesa de Bush e corresponsável pela invasão e destruição do Iraque, tenha juntando os dois negócios mais rentáveis do planeta, o da doença e o da guerra. Costa ao permitir a compra dos 100 mil frascos anunciados pela ministra será mais um comparsa no negócio, na fraude e no morticínio que vier a acontecer.

O Costa e o Marcelo já disseram, e por mais do que uma vez, que estão a considerar decretar de novo o estado de emergência como passo a seguir em caso do número de infecções não diminuir. Ora, como isto não irá acontecer na medida em que se está a testar cada vez mais, o estado de emergência será mais que certo, a exemplo de outros países, nomeadamente a Espanha aqui tão próximo, e, embora não o digam, a mando de Bruxelas, porque estas medidas são concertadas a nível europeu, mas não deixarão de responsabilizar o cidadão português de reprovável negligência. O PS do Costa e o PSD do Marcelo não são responsáveis por nada, no seu oportunista e mediatizado entendimento, não são responsáveis pela degradação do SNS, cujos hospitais tiveram uma diminuição de 3 mil camas no período de 2007 a 2017, segundo dados do INE, ficando com 24.050, enquanto os hospitais privados cresceram de 9134 para 10.903 camas! O PS quer fazer acreditar, com a prestimosa ajuda da imprensa corporativa, de que os hospitais e serviços de cuidados intensivos vão estoirar em breve, com a delambida ministra a anunciar que haverá 444 doentes internados em UCI no próximo dia 4 de Novembro (parece que não esperam grandes resultados da proibição da saída de concelho residência entre os dias 30 de Outubro e 3 de Novembro), numa clara manobra de manipulação dos números e de atemorizar ainda mais o cidadão, como forma de justificar o empurrar dos doentes em listas de espera no SNS para o sector privado, que já esfrega as mãos de contentamento, vindo até a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos propor, em entrevista em um dos jornais que mais tem defendido e difundido a política do governo, a medida de integrar as farmácias na rede do SNS para a vacinação em massa contra a gripe e outras situações, alegando a pretensa falta de capacidade do SNS. 

É o fartar vilanagem de como, a pretexto da pandemia da covid-19, se aumenta os lucros dos negócios que pululam em torno da questão da saúde. O grande capital tem inventado guerras para aumentar a riqueza, a acumulação do capital, agora inventa pandemias para obter os mesmos fins, daí o dizerem que "é uma guerra de trincheiras, com a diferença de que não são bombas, é um vírus". Como se os vírus, bem como outros micro-organismos, não fizessem parte do nosso bioma.

Daqui

Da farsa de uma "espécie de pneumonia" chamada Covid

Marcelo, Presidente da República Portuguesa, que defende um 2º estado de emergência, reparte uma bola de Berlim com uma criança na praia, Verão de 2020 (foto CM)

por Pedro Almeida Vieira

Segundo dados da Plataforma da Mortalidade, as infecções respiratórias (código J200-J22 do CDI-10 da OMS) foram responsáveis, entre Março e Outubro, por 3.433 mortes de pessoas com mais de 70 anos no período 2014-2018. E sem grandes variações interanuais.

A covid-19 matou em período (quase) homólogo, entre 1 de Março e 26 de Outubro deste ano, 2.031 pessoas com mais de 70 anos. 

Entretanto, os episódios das infecções respiratórias regrediram este ano, entre Março e Outubro, cerca de 60%, totalizando até 28 de Outubro apenas 91.099 casos (dados do SNS). A média em período homólogo de 2017-2019 (anos disponíveis pelo SNS) é de 228.212 casos. Será, por isso, de admitir que em 2020 a mortalidade nos maiores de 70 anos por infecções respiratórios entre Março e Outubro tenham sido apenas 40% do habitual, ou seja, 1.373 óbitos.

Significa isto que se somarmos covid (2.031 nesta faixa etária) e infecções respiratórias (1.373, estimativas para 2020), temos 3.404 mortes entre Março e outubro. Ou seja, um valor "normal", e bem abaixo de 2016.

Porém, enquanto isso (escolham a ordem):

1 - o excesso de mortalidade não-covid é avassalador este ano, sobretudo nos idosos; 

2- nos últimos tempos, o Estado tem alegremente gastado quase 20 milhões de euros por mês em testes PCR (os tais que são bullshit, CR7 dixit) para apanhar sobretudo falsos positivos, dos 98% que nem sequer têm sintomas ligeiros de uma gripe comum, e e alimentar o pânico;

3 - temos o SNS de pantanas;

4 - meteram-nos trapos à força mesmo na rua;

5 - a Economia ficou um desastre;

6 - o desemprego alastra.

7 - os nossos movimentos confinam no concelho em que o Governo nos "autoriza" a (sobre)viver;

8 - e, cereja em cima do bolo, preparam-se para nos meter um recolher obrigatório;

Toda a gente com meia dúzia de neurónios activos tem de deixar de pactuar com esta farsa. Esta farsa tem de acabar!

Fonte: Portal da Mortalidade em Portugal (SNS, disponível aqui); Monitorização da Gripe e Outras Infecções Respiratórias (SNS, vd. aqui). Dados da mortalidade por grupo etário nos jornais, porque a DGS "apagou" esssa informação dos seus boletins.

Aqui

Resposta à carta aberta à ministra da Saúde


Grupo de médicos que não se sentem representados pela posição do actual bastonário e dos (ex-)bastonários expressa na carta que enviaram à ministra:

«A proposta destes "influenciadores" aumentaria as insuficiências apontadas ao SNS e o que os portugueses teriam de pagar pela sua saúde.

A carta dirigida à ministra da Saúde pelo bastonário da Ordem dos Médicos (OM) e cinco dos seus antecessores enquadra-se num movimento mais amplo de intervenções de "influenciadores" nos meios da comunicação social e em meios universitários, todas com a mesma orientação e a mesma substância.

Começam por enunciar dificuldades reais do SNS, sobretudo derivadas da pandemia, ampliam-nas em tom alarmista e daí passam ao ataque político à ministra. Finalmente, e para culminar, chegam ao objetivo mercantil: perante tal "caos", "desorganização" e "risco" há que recorrer aos serviços privados.

Poderá haver médicos concordantes com essa carta, por coincidirem com os seus objetivos. Nós não. Não nos sentimos representados.

A Ordem dos Médicos é uma entidade de direito público, de inscrição obrigatória. Portanto, as posições expressas pelos seus órgãos eleitos têm que corresponder ao máximo denominador comum.

Todos os cidadãos têm o direito de, em grupo ou isoladamente, expressarem as suas opiniões. O que não é lícito é que a natural credibilidade da Ordem dos Médicos seja mobilizada para as posições pessoais de ex-bastonários e do seu bastonário atual. Descrevendo um ambiente de perigo iminente, vaticinando a falência do SNS e amplificando as suas dificuldades, desassossegando e perturbando a saúde mental das famílias e, sobretudo, das pessoas mais idosas e mais isoladas.

"(...) não há tragédia maior do que esta", diz a carta dos (ex-)bastonários. É bom que se tenha respeito pelas verdadeiras tragédias. É bom que se contribua para a perceção de risco de forma racional e transmitindo a serenidade necessária a quem de facto tem de fazer escolhas todos os dias e tomar as precauções para prevenir o contágio. O alarme transmite pânico e bloqueia a capacidade de decidir racionalmente.

Sabemos que o financiamento para o Serviço Nacional de Saúde tem sido curto ao longo de anos e que os seus custos superam sempre os valores orçamentados. Sabemos também que o Orçamento do Estado para 2021 é insuficiente no que respeita à saúde e a única atenuante é que haverá outra perspetiva quando se discriminar a utilização do Fundo de Recuperação Europeu nesta área. Sabemos também que os concursos para médicos ficam com vagas por preencher porque os salários são baixos, porque a carreira não é atrativa, porque há um excesso de horas extraordinárias e porque é maior a recompensa remuneratória nos estabelecimentos privados.

A resposta exemplar do SNS na primeira vaga não foi só devida à abnegação de médicos e outros profissionais. Deveu-se também à estrutura e ao espírito do SNS. Diz a carta: " 
É vital que haja uma mudança imediata de rumo na estratégia do SNS. O SNS está novamente exposto a uma disrupção grave no seu funcionamento, na altura em que ainda nem sequer foi capaz de recuperar o fortíssimo abalo sofrido ao longo dos últimos meses ". Era este também o tom de mais uma intervenção do atual bastonário da OM no jornal da RTP-2, às 21h30 de dia 21 de outubro. Curiosamente, cerca de 1 hora depois, na Grande Entrevista da RTP3, o diretor dos Cuidados Intensivos do Hospital de São João, Nelson Pereira, descrevia que logo a seguir ao confinamento tinham estado a preparar tudo para uma eventual segunda vaga e que, tendo recuperado de tal modo as listas de espera não-covid, até tinham ultrapassado a produção do período homólogo do ano anterior.

Sabe-se que o País é heterogéneo. Não podemos, por exemplo, generalizar as dificuldades, por razões locais, do Vale do Sousa ou de Lisboa e Vale do Tejo para a região Centro onde, durante o ano 2020, têm sido feitos mais rastreios e vacinações que no ano anterior.

Mas a carta e os "influenciadores" são claros no que propugnam: "Os setores sociais e privados podem ser mais envolvidos no esforço Covid e não-Covid para que a capacidade instalada seja efetivamente usada em vez de desperdiçada" e " 
(...) o momento do SNS liderar uma resposta global, envolvendo (...) os setores privado e social ". Muito simplesmente, tratar-se-ia de levar o SNS a comprar (ainda mais) serviços aos estabelecimentos privados, aqueles que, no início da crise, praticamente fecharam, logo disseram que não recebiam doentes com covid-19 e enviaram grávidas positivas para os serviços públicos.

Mas será que o SNS não está mesmo a utilizar privados em suplementação dos seus serviços internos?

Bem pelo contrário. De acordo com o 
Jornal de Negócios de 26 de agosto, 41% do orçamento do SNS é para pagar a privados. Em 2018, últimos números a que temos acesso, 6657,7 milhões de euros foram para comprar serviços a privados (exames auxiliares de diagnóstico, hemodiálise, fisioterapia), num total de custos de 10.909,3 milhões de euros (Relatório e Contas, 2018 - Processo de Consolidação de Contas). E, no momento em que o SNS está a fazer cerca de 20.000 testes diários de RT-PCR ao SARS-COV-2, 55% dos quais nos privados, em muito aumentou (600 mil euros/dia) o fluxo financeiro que sai do Estado para o setor privado.

A concretização da proposta de operacionalização do chamado "sistema" de saúde, com "normalização" da compra de serviços de saúde a prestadores privados, subverteria o conceito constitucional do Serviço Nacional de Saúde. Com esta proposta, só aumentariam as insuficiências que se apontam ao SNS, bem como o que os portugueses teriam de pagar pela sua saúde.

O sentido da melhoria do SNS é exatamente o contrário: reforço da capacidade interna, para melhor servir a população em todas as necessidades de saúde e não apenas nas que dão lucro.

Nós, médicos que aqui assinamos, não nos sentimos representados por esta posição dos (ex-)bastonários.

Aguinaldo Cabral, Álvaro Brás de Almeida, Ana Abel, Ana Jorge, Ana Raposo Marques, António Jorge Andrade, António Faria Vaz, António Rodrigues, Augusto Goulão, Bruno Maia, Carlos França, Carlos Silva Santos, Carlos Vasconcelos, Casimiro Menezes, Filipe Rosas, Graciela Simões, Henrique Delgado Martins, Isabel do Carmo, Jaime Mendes, João Álvaro Correia da Cunha, João Goulão. João Manuel Valente, João Marques Proença, João Oliveira, João Rodrigues, Joaquim Figueiredo Lima, José Labareda, José Manuel Boavida, José Manuel Braz Nogueira, José Ponte, Júlia Duarte, Luiz Gamito, Manuela Silva, Maria Deolinda Barata, Maria Isabel Loureiro, Mário Pádua, Patrícia Alves, Pedro Miguéis, Pedro Paulo Mendes, Rogério Palma Rodrigues, Sara Proença

27/Outubro/2020

O original encontra-se em www.publico.pt/...

Os Médicos pela Verdade Portugal: COMUNICADO

 

Em Portugal querem imitar o governo PSOE/Podemos da vizinha Espanha

Os Médicos pela Verdade Portugal são médicos empenhados no trabalho, no tratamento de doentes e são cidadãos diligentes no contributo para uma sociedade saudável, próspera e feliz.

Os Médicos pela Verdade Portugal estão muito preocupados com a mortalidade em excesso por causas não Covid, tanto quanto o Sr. Bastonário da Ordem do Médicos, o Dr. Miguel Guimarães:
1. https://ordemdosmedicos.pt/excesso-de-mortalidade-em-julho-deve-se-aos-doentes-nao-covid-que-ficaram-para-tras
2. https://www.corporate.roche.pt/pt/artigos-roche/convidado-especial---miguel-guimaraes.html

Os Médicos pela Verdade Portugal têm divergências em relação à abordagem da pandemia com base e fundamento em artigos científicos de alta qualidade, peer reviewed e devidamente publicados.

Por conseguinte afirmam a sua indignação se acaso a Ordem dos Médicos abriu processo por delito de opinião ou por pretender silenciar quem dela, cientificamente, diverge.

Os Médicos pela Verdade Portugal reconhecem-se culpados:
• De lutar contra a desinformação.
• De não ceder ao pânico.
• De remar contra a maré da narrativa alarmista.
• De colocar os interesses da população acima dos seus.
• De confrontar poderes fácticos.

Os Médicos pela Verdade Portugal declaram-se inocentes:
- Da Mentira
- Do desrespeito pela “Legis Artis”
- E de “participação em negócios”

Acusam os MpVP de:
- Minimizar a pandemia.
- Serem contra o uso obrigatório de máscaras.
- Serem contra a massificação dos testes Rt -PCR
- Divulgação de “tretas”.

1. Estas acusações constituem uma oportunidade para reiterarmos as nossas posições e, uma vez mais, elucidar com a prova científica e a verdade que nos une e nos motiva.

2 - Minimizar a pandemia:
A pandemia do Covid19 foi ad initio “maximizada” pelo Imperial College quando previu 500.000 mortes no Reino Unido e 2.000.000 nos EUA. Uma previsão que gerou pânico e justificou a tomada de medidas draconianas a nível internacional.
Sabemos agora que a mortalidade foi 1/10 da inicialmente prevista.
Por conseguinte os Médicos pela Verdade Portugal jamais minimizam ou desvalorizam a pandemia antes a desdramatizam .

E, neste sentido, não têm apenas a ciência do seu lado mas a realidade e o apoio do senhor bastonário, o Dr. Miguel Guimarães, o qual em 28/5/2020 declarou: “Temos de libertar as pessoas do medo. Há doenças muito mais graves do que a Covid19, que têm uma taxa de mortalidade muitíssimo mais elevada e que, se não forem tratadas, aumentam a probabilidade de mortalidade e a morbilidade”.
https://bit.ly/359wgZi
https://ordemdosmedicos.pt/roche-miguel-guimaraes-a-pandemia-de-medo-tambem-tem-de-ser-combatida/

3 - Uso obrigatório de máscaras:
O uso de máscaras faciais em sociedade pode ser eficaz nalgumas circunstâncias mas actualmente existe pouca ou nenhuma prova que apoie a proposição da obrigatoriedade nomeadamente em espaço aberto.
Se o vírus SARS-Cov2 for realmente transmitido por aerossol, é improvável que as máscaras ofereçam protecção com maioria de razão em relação às máscaras de pano.
Pelo exposto as autoridades de saúde não deveriam presumir sequer sugerir que as máscaras, principalmente as de pano, contribuem para a redução da taxa de infecção ou do risco de contágio.
https://swprs.org/face-masks-evidence/

https://covid19.elsevierpure.com/da/publications/a-cluster-randomized-clinical-trial-comparing-fit-tested-and-non-
A cluster randomized clinical trial comparing fit-tested and non-fit-tested N95 respirators to medical masks to prevent respiratory virus infection in health care workers

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4420971/
A cluster randomised trial of cloth masks compared with medical masks in healthcare workers

https://apps.who.int/iris/handle/10665/331693
Advice on the use of masks in the context of COVID-19: interim guidance, 6 April 2020

4 - Testes Rt-PCR:
- A controvérsia relativa à indicação ao recurso a este tipo de teste para o diagnóstico de doenças infecciosas desvalorizando a clínica e contrariando as adversões de Kary Mullis, o Nobel que o desenvolveu, aliada ao número significativo de falsos positivos e ao conhecimento que, entretanto, se adquiriu sobre a Covid19, torna premente o delinear de estratégias “focadas na protecção dos vulneráveis” conforme defendido pela Great Barrington Declaration e não na testagem massiva.
Testar em massa não é sensato, nem científico e tem custos incomportáveis. Em Portugal, tal estratégia orçaria em mais de 10.000 milhões de euros e seria um investimento inconsequente ao despistar pessoas saudáveis.
Concomitantemente os montantes envolvidos na política de testagem podem despertar interesses económicos e conflitos indesejáveis.
Por conseguinte constitui parte da cruzada dos Médicos pela Verdade Portugal, a exigência de que todos os médicos que defendam a testagem massiva sejam obrigados a uma declaração de interesses pública e disponibilizada on-line pela Ordem dos Médicos pois num assunto desta magnitude a transparência é exigível.
https://gbdeclaration.org/
https://youtu.be/ZjjTupMUxbY
https://bit.ly/37uUxfc

5 - Divulgação de tretas:
Divulgam os Médicos pela Verdade Portugal as publicações, os estudos, as opiniões e as entrevistas dum dos mais notáveis ramalhetes de “tretas” das ciências médicas mundiais:.
Knut Wittkowski, Professor, ex-Biostatistico Senior da Universidade Rockefeller
- Michael Levitt
- Biofísico, Professor de Biologia Estrutural da Universidade de Stanford; Prémio Nobel da Quimica de 2013
John Ioannidis, Professor de Medicina, Epidemiologia e Investigação Clínica da Universidade de Stanford
Beda Stadler, Professor de Imunologia da Universidade de Berna
- Karl Friston, Bioestatístico, Professor de Neurociências na Universidade College de Londres, um dos cientistas mais citados para o Nobel
Martin Kulldorff, Professor de Medicina na Universidade de Harvard
- Eitan Friedman, Professor de Medicina, Genética Humana e Bioquímica da Universidade de Tel Aviv
Paul McKeigue, Professor de Epidemiologia da Universidade de Edimburgo
- Sunetra Gupta, Professora na Universidade de Oxford, perita em Imunologia e Modelação de Doenças Infecciosas
- Sucharit Bahkdi, Professor Emérito de Microbiologia Médica da Universidade Johannes Guttenberg

Todos têm sido silenciados ou viram subdivulgados os seus contributos para o esclarecimento nesta crise sanitária...

Em conclusão:
Os Médicos pela Verdade Portugal pugnam pelo esclarecimento e por consequência o direito ao contraditório, e pugnam pela ciência e a saudável discussão da mesma.

E, conscientes do seu comportamento deontologicamente irrepreensível, mais declaram que não auferem quaisquer benefícios das posições assumidas e que apenas servem os seus doentes, o interesse público e o bem comum.
“Where all think alike no one thinks very much” Walter Lippmann.

21 de Outubro de 2020

Os Médicos pela Verdade Portugal

Aqui

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Marcelo “O Sanitário”

 

Imagem in "Observador"

O PR Marcelo, arvorado em governante, vai esta semana encetar consultas com “várias personalidades da área da saúde”, começando pela ministra Marta Temido, passando pelo actual e os ex-bastonários da Ordem dos Médicos (tudo boa gente que enriqueceu parasitando o público através do privado) e outros bastonários das áreas ligadas à saúde, acabando nos ex-ministros da saúde, sindicatos e confederações sindicais e patronais, no que serão, nas suas palavras, "duas ou três semanas muito importantes" para que haja o maior consenso sobre o que deverá ser o SNS perante, saliente-se, o desafio colocado pelo combate à pandemia da doença covid-19.

A ministra da saúde já há algum tempo se manifestara favorável à “ajuda dos privados” no atendimento das consultas e cirurgias e todos restantes cuidados de saúde que ficaram por realizar devido à concentração dos meios do SNS no atendimento aos doentes por covid-19; uma ajuda, diga-se de passagem que se contava a partir de Março, quando a pandemia teve início, mas que não aconteceu porque o medo que foi incutido às pessoas foi de tal ordem que elas não ousaram recorrer nem ao público nem ao privado. Se os privados do negócio da saúde não se chegaram à frente e até recusaram aceitar liminarmente doentes com a covid-19 foi pela simples razão de que o governo também não se manifestou em abrir, pelos menos de forma significativa, os cordões à bolsa.

Mas agora, em tempo de discussão e de aprovação do Orçamento de Estado para o ano de 2021, a conversa é outra, o mesmo PR, o homem, e é bom lembrar, que votou contra o SNS aquando da sua implementação em 1979, bem como o partido PPD/PSD do qual foi dirigente, o que também é bom frisar, já veio dizer de forma magnânima, que não descartava uma subida do défice das contas públicas em caso de necessidade de reforço de pessoal na área da saúde. Ora, vindo isto da boca de que sempre se preocupou com o respeito das regras impostas por Bruxelas quanto ao défice orçamental e ao limite da dívida pública, será para nos interrogar o que faz com que a figura máxima do estado se preocupe tanto com a saúde do SNS e dos portugueses? O próprio tem dado a resposta.

O homem gostaria de “encontrar um consenso de pontos”, daí a pressa de falar com toda a gente que represente os diversos interesses instalados, nomeadamente o “sector económico e social”, reafirmando a ideia de há muito e sempre defendida de integrar no SNS os tais sectores privados. Não só o sector abertamente privado, dominado em grande parte por empresas estrangeiras, nomeadamente chinesas e norte-americanas, para além das nacionais Mellos Saúde, e o sector também privado mas disfarçado com a capa de social que são as Misericórdias e as IPSS, na sua maioria nas mãos da Igreja Católica, que tem nestas instituições uma excelente forma de se financiar à custa dos dinheiros públicos. Seria o tão e seu almejado Sistema Nacional de Saúde, ou como Marcelo surge sem peias como agente dos negócios dos comerciantes da doença em Portugal.

Neste momento, e fazendo fé nas notícias que têm vindo a lume e nas intervenções de alguns comentadores televisivos avençados, deve-se estar a negociar qual o preço não só dos doentes covid-19 mas de todas as cirurgias e outros actos de saúde, cujos atrasos não deixarão de aumentar a pretexto de novos casos de infecção (mas não de doentes), bem publicitados pelas televisões à porta dos hospitais do SNS onde têm acontecido, numa falsa demonstração do “esgotamento” das instituições do serviço público, e cuja capacidade dirigida especificamente para a pandemia está longe de ser atingida (menos de 60%). Não deixa de ser curiosos o facto desses órgãos de comunicação nunca falarem da necessidade da requisição civil dos hospitais privados. Agora o aumento da despesa do estado já pouco importa, na justa medida em que esse excesso de gastos será para enfiar directamente nos bolsos dos empresários da saúde, melhor dizendo, empresários que o são à custa da desgraça do povo português e dos dinheiros públicos, serão mais empresários da doença; lucros esses, aliás, que serão reenviados para os países de onde provêm essas empresas ou para off-shores no caso dos empresários “de sucesso” nacionais.

No entanto, não há dinheiro suficiente, dizem, para um aumento digno dos trabalhadores do SNS e de outros sectores da administração pública, os aumentos para 2021 não são certos para os trabalhadores menos bem remunerados quanto mais para os restantes, porque para estes será zero euros. Para a continuação da recapitalização do Novo Banco haverá sempre dinheiro, ou directamente colocado pelo governo no Fundo de Resolução ou através da Caixa Geral de Depósitos, ou para a recapitalização das grandes empresas, porque as restantes irão em grande parte, calcula-se cerca de 40%, para a falência pura e simples, é que grandes empresas já reclamam que não estão a ser devidamente contempladas no OE-2021. Há e haverá dinheiro para o negócio dos testes, testa-se agora a torto e a direito, mas não os grupos de risco, havendo ainda, por exemplo, muitos trabalhadores do SNS que ainda não foram testados e alguns deles já com contactos directos com pessoas infectadas pelo coronavírus.

O governo ufana-se que já se realizaram 3 milhões de testes em Portugal (cuja fiabilidade na detecção do vírus activo deixa algo a desejar), fazendo as contas dará aí uns mais de 120 milhões de euros só à conta do estado durante este tempo de pandemia, porque se for o cidadão a pagar do seu bolso cada teste poderá ultrapassar os 100 euros, e terá sido muito mais dos 120 milhões! Seguir-se-á o negócio das vacinas, da gripe e mais tarde da covid-19, as farmácias já se queixam de que poderão esgotar os estoques das vacinas para a influenza, serão centenas de milhões de euros, enquanto o negócio das máscaras e de outros equipamentos de protecção individual segue de vento em popa, talvez com maior rapidez do que a tão badalada e temida pandemia.

Se em 2018, segundo dados do INE e divulgados pela imprensa, 41% do orçamento da saúde desse ano, um pouco mais de 12.400 milhões de euros, ou seja, 5.055,7 milhões de euros foram para dar aos hospitais privados (22,5%), consultórios e gabinetes médicos (20%) e para, sendo esta a maior fatia, comparticipação de medicamentos e bens médicos nas farmácias e outros retalhistas. Estes 41 por cento pagam 47% da facturação total dos privados, considerando ainda que a ADSE paga 6,6% e os fundos da Segurança Social cerca de 4% da mesma, o que significa que sem o financiamento do estado o sector do negócio da saúde que é o privado não conseguiria sobreviver (as famílias portuguesas são de toda a União Europeia as que mais pagam do seu bolso, cerca de 30% das despesas totais). Agora, trata-se de aumentar a fatia do bolo com a argumentação do “combate à pandemia”, ou como o coronavírus é um meio providencial de uns tantos já ricos ficaram ainda mais ricos. Ou como o SNS será, mais dia menos dia, um serviço de assistencial, destinados aos pobrezinhos, mas que não pode morrer de todo, como o hospedeiro tem de se manter vivo para que o vírus não morra. O sector privado e o social são piores que o Sars-Cov-2, estes sim é que são a verdadeira pandemia.

Com certeza que contratar mais trabalhadores para o SNS em situação de efectividade, com carreiras e salários dignos, de preferência em tempo de exclusividade, devendo ser aumentados num mínimo de 50% sobre o salário base, em número suficiente para colmatar as faltas em todo o SNS é coisa que pouco interessará ao governo ou às empresas de trabalho temporário, verdadeiras fábricas de esclavagismo, algumas delas propriedade de indivíduos ligados ao PS. Não é com as palavras do PR Marcelo de “reconhecimento aos profissionais da saúde” que estão, "muitos deles, cansados e esgotados" que os enfermeiros, bem como todos os restantes trabalhadores da saúde, se governam. E diz Marcelo que não se importa que o défice orçamental se agrave “em caso de necessidade de reforço de pessoal na área da saúde”, como houvesse ainda dúvidas quanto à falta, que é gritante, dos mesmos! O que bem demonstra qual a sua verdadeira preocupação e o que é que realmente o faz correr.

PS: Não deixa de ser curioso Marcelo ter publicamente desejado “melhoras” a Ronaldo por ter testado positivo ao coronavírus, mas não estando doente já que jamais manifestou qualquer sintoma.

Texto original aqui

Da evidência dos efeitos dos trapos nas ruas ou como devemos aprender com o caso da Itália

Pedro A. Vieira

Como sabemos, as máscaras faciais passaram, em poucos meses, de panos irrelevantes (criticados por pneumologistas e desaconselhados pela DGS e OMS) para supostos instrumentos salvíficos na estratégia de alguns países no combate à covid.

De repente, sem sequer se pensar nos efeitos de um uso intensivo, muitos Governos caíram na moda de imporem máscaras faciais mesmo nas ruas. Durante infindáveis horas, as pessoas passaram assim a ser obrigadas a usar máscaras sem que ninguém de bom senso (exceptuando os responsáveis de Saúde Pública em países nórdicos) se questione se, em vez de proteger, as máscaras não serão, nessas circunstâncias, focos de infecção. As pessoas transformaram-se simplesmente em cobaias do desnorte dos políticos.

Fui analisar os efeitos da imposição de máscaras na Itália. Na região de Lazio, que inclui a capital Roma, a imposição ocorreu a partir de 3 de Outubro (eu estava lá e assisti). De acordo com os dados do Ministério da Saúde de Itália, esta região contabilizou, naquele dia, 261 novos casos positivos. Se se considerar uma semana (tempo médio de incubação), então significa que a partir do dia 10 de Outubro todos os novos casos positivos seriam de pessoas infectadas já no período de uso obrigatório de máscara nas ruas. Ou seja, esperar-se-ia então uma diminuição dos casos, assumindo que as ditas máscaras diminuíam o risco de infecção, não é? 

Mas o que aconteceu a partir do dia 10 de Outubro na região de Lazio? Ora, um grande aumento de novos casos positivos. Nesse dia 10 já eram 384 (uma subida de 47% em relação ao dia 3). No dia 18 eram já 1.198 novos casos, i.e., uma subida de 359% em relação ao primeiro dia de imposição.

Similar situação se verificou em outras regiões e em toda a Itália, onde a obrigatoriedade de uso de máscara nas ruas se estendeu a partir de 7 de Outubro. Nesse dia a Itália registou 3.677 novos casos positivos. Uma semana mais tarde, o impacte das máscaras na rua era também o oposto do desejado: no dia 14 já subira, e de forma abrupta, para os 7.332 novos casos. No dia 18 de Outubro atingiu os 11.705. Ou seja, 11 dias depois de se imporem as máscaras na rua, os novos casos positivos diários em Itália tinham mais do que triplicado, registando um aumento absoluto de 9.028 casos. 

Fiz similar exercício para a Lombardia (uma das regiões mais fustigadas pela covid na Primavera) e, mais uma vez, similar efeito: as máscaras na rua em vez de fazerem diminuir as infecções afinal resultaram num aumento: entre 7 e 18 de Outubro os casos positivos aumentaram 472% com uma subida absoluta de novos casos de 520 (dia 7) para 2.975 (dia 18).

É nesta aventura que Portugal se vai meter dentro em breve, quando também impuser máscaras nas ruas. Os doutores Froes e as doutoras Freitas devem ficar muito satisfeitos com estas experiências. E então, depois do desastre que se avizinha com esta coisa dos trapos em todo o lado, os doutores Costa e Sousa encontrar-se-ão, pesarosos, e decretarão estados de sítios e recolheres obrigatórios, até porque, na verdade, a culpa é sempre nossa. Nunca deles.

Nota: os dados de Itália, por dia e região, podem ser consultados aqui.

Retirado de noscornosdacovid.blogspot.com/

Por que não o Estado requisitar os serviços do sector privado?

 

Há uma negociação que corre em directo

João R. Almeida

Essa negociação visa determinar o preço por doente Covid que o SNS vai pagar ao sector privado da Saúde.

Esse "negócio" permitirá, por sua vez, ultrapassar o vexame passado pelo sector privado da Saúde, quando, em Março passado, decidiu fechar as portas aos doentes Covid (por serem caros demais). Um vexame que transbordou para os partidos à direita no Parlamento, que se mostraram incapazes de justificar o injustificável, se não com o facto de o sector privado não querer perder dinheiro, revelando uma total falta de responsabilidade social.

Mas o silêncio à direita deu lugar a outra táctica. Primeiro, pediu-se um reforço de verbas para o SNS, colando-se às críticas à esquerda sobre os esforços orçamentais insuficientes (devido à política de contenção orçamental do ministro das Finanças). E, depois, fez-se sobressair que o SNS não é capaz de dar conta do recado, havendo urgência em contratar o sector privado para fazer o papel do SNS. E de uma assentada, o problema inicial do sector privado foi resolvido.

No programa A Circulatura do Quadrado, António Lobo Xavier - um advogado bem entrosado no mundo do grande empresariado - chegou mesmo a propor uma solução "para proteger os mais fracos":

Vamos lá aos negócios. Francamente, não tenho nenhuma paixão aqui. (...) Aquilo que o Pacheco Pereira diz - que é verdade do ponto de vista teórico, que seria estranho que um sector privado, com o país em crise, quisesse apropriar-se de uma margem indevida, (...) era inadmissível. Mas eu nunca vi o sector privado a pedir isso. Existe um critério básico que é: que os custos por doente que o sector privado vai tratar sejam os mesmos que existem nos hospitais públicos. Acho que o Estado não deve gastar nem mais um tostão do que aquilo que gasta por doente se precisar de utilizar os hospitais privados. Eu espero que não, que não seja preciso. Não tenho gosto que se crie esse negócio. Mas acho que devemos ser prudentes aí. Há pessoas que morrem, que não são tratadas, não são diagnosticadas e essas negociações devem ser uma negociações muito claras. O Estado não tem que pagar mais pelos doentes tratados pelo sector privado do que paga no sector público. E portanto, se o custo for esse, tiramos de cima da mesa e na nossa conversa, a treta do negócio e do lucro. O que interessa é o custo para o Estado e para os contribuintes e se o custo for o mesmo e se for possível salvar vidas, acho que esse deve ser o critério. Mas não tenho nenhuma paixão e espero que não se chegue a situações desesperadas.

Ora, esse preço de custo - julgando pelo entendimento/argumentário do sector privado - deverá ser mais elevado no sector público do que é no sector privado. E se assim for, a solução Lobo Xavier será um bónus para o sector privado.

Segundo acto. Nessa estratégia, juntou-se mais recentemente o papel dos ex-bastonários da Ordem dos Médicos. Em carta aberta, pediu-se uma alteração à estratégia do Governo de combate à pandemia assente apenas no SNS (por fuga do sector privado) e um "envolvimento" do sector privado (vulgo: pagamento pelo Estado dos doentes Covid). Este pensamento nada tinha de novo, mas colou numa altura em que é perceptível uma segunda vaga.

A carta aberta incendiou uma comunicação social acrítica, sem pensamento próprio, sem tempo para pensar ou escrever, que vai atrás da onda porque estão preocupados com a concorrência e não com a informação, sentindo na pele a pressão "todos estão a dizer o mesmo e, se eu não disser o mesmo, a notícia passa-nos ao lado". A carta aberta foi objecto de noticiários, mesas redondas, notícias. No recente programa Expresso da Meia Noite, na SIC Notícias, os jornalistas Bernardo Ferrão e Ângela Silva criticaram - através de sucessivas perguntas - a ministra da Saúde pela sua "opção ideológica" de querer combater a pandemia apenas com o SNS.

Ou seja, a comunicação social colocou-se claramente de um dos lados da negociação ao pressionar o Estado e o Governo a negociar com os privados a utilização dos seus recursos. Pior: a comunicação social nunca se questionou se não haveria outras formas de reforçar imediatamente o SNS ou por que razão, estando nós a viver uma situação de emergência, não pode o Estado requisitar os serviços do sector privado, ideia que permitiria baixar a parada do sector privado. (...)

Texto completo em ladroesdebicicletas.blogspot.com

domingo, 11 de outubro de 2020

DO VERÃO E DO NATAL DOS VELHOS (COM UM APELO)

 

Marcelo no Algarve

por Pedro Almeida Vieira

Marcelo Rebelo de Sousa está preocupado com o Natal dos velhinhos. Devia estar antes preocupado só com os velhinhos. Marcelo Rebelo de Sousa está preocupado com o Inverno dos velhinhos. Devia estar antes ter estado mais preocupado com o Verão dos velhinhos.

Enfim, eu já bem sei que isto é fazer chover no molhado; que a DGS, o Governo o Presidente da República, a Propaganda Mediática (leia-se, imprensa) e a maioria das pessoas que já corporizou em si o medo não mudarão de perspectiva. Que vai tudo ainda piorar nesta assassina "obsessão pela covid" que está a matar mais do que a covid. Mas, mesmo de férias, na bela Atenas (onde não se vêem muitas máscaras e a prevalência da covid é bem menor que em Portugal), não consigo aguentar e lá fiz mais umas análises.

Infelizmente, eu sei que não se vai querer jamais assumir (e a OMS é responsável por isso) que a covid se tornou particularmente mortal, pelo menos na Europa (e em Portugal) porque o surto gripal no Inverno de 2019-2020 foi particularmente benigno. Olhando para a mortalidade dos maiores de 85 anos (os mais vulneráveis e que apresentam taxas de mortalidade por ano da ordem dos 15%... é bom recordar que, infelizmente, os muito idosos morrem muito), os dois primeiros meses tiveram menos 1.530 óbitos do que o expectável. Neste caso, o expectável tem em consideração a taxa de mortalidade média (2014-2019) ponderada ao crescimento populacional deste grupo etário (i.e., considera o envelhecimento). 

Ora, foi uma parte deste grupo "sobrevivente", mas bastante fragilizado, que acabaria por ser morto pela covid. Mesmo assim, entre Março e Maio (período que registou um total, para todas as idades, de 1.424 mortes), o excesso de óbitos no grupo dos maiores de 85 anos foi de 727. Significa que entre Janeiro e Maio a covid, mesmo assim, não causara uma mortandade que pudesse ser considerada relevante. Na verdade, nos primeiros cinco meses do ano, era expectável que tivessem morrido 23.764 pessoas com mais de 85 anos, mas tinham afinal, mesmo com a covid, morrido 22.961 pessoas. Pode-se dizer até que essa situação ainda favorável se deveu às medidas de confinamento que então se tomaram.

Porém, o grande problema dos muito idosos é, além de morrerem mais facilmente, necessitarem, por isso mesmo, de cuidados de saúde mais continuados. Uma grande parte da população pode "sobreviver" facilmente com um SNS parcialmente suspenso por 6 meses ou mais ou aguentar umas temperaturas mais quentes; mas um idoso acima dos 85 anos não.Se lhe falta algo num momento crítico, fina-se.

Sucedeu isto particularmente no Verão. E numa dimensão muito pior do que a covid. Vejamos: no mês de Julho, o excesso de mortalidade para este grupo etário foi de 958; em Agosto de 86; e em Setembro de 270. No total, os três meses de Verão (ironicamente os mais benignos para os muito idosos) foram este ano particularmente mortíferos, ceifando a mais 1.314 pessoas. E isto num período particular em que a covid quase se mostrou irrelevante em termos de mortalidade. 

Tem sido esta triste evolução a partir de Julho - e não a covid -, no decurso de um SNS a meio gás (ou já sem gás), a agravar o já bem evidente excesso de mortalidade dos maiores de 85 anos mesmo considerando o envelhecimento populacional (Portugal tinha em 2019 cerca de 316 idosos nesta faixa etária). Os indicadores mostram que andam, cada vez mais, a morrer com uma enorme facilidade. 

Era bom (e este é o meu apelo) que os médicos olhassem para a sua consciência, e não ficassem indiferentes aos que anda a suceder nos últimos meses. Era bom que o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (e os seus investigadores) se compenetrassem que não são "janízaros" para "limpar" consciências políticas e ao serviço dos interesses de um Governo e de um partido que o sustenta, mas sim uma entidade ao serviço da Saúde Pública, e portanto ao serviço do público. Tenham mais medo do que está a suceder ao SNS do que à covid. Esta pode matar; mas a outra anda a matar muito mais; e de forma silenciosa e perniciosa.

Nos cornos da covid

O rosto e a máscara

 

por Giorgio Agamben

O que é chamado de rosto não pode existir em nenhum animal se não no homem, e expressa o carácter. 

Cicerone

Todos os seres vivos estão ao ar livre, mostram-se e comunicam-se, mas só o homem tem rosto, só o homem faz do seu aparecimento e da sua comunicação aos outros homens a sua experiência fundamental, só o o homem faz do rosto o lugar de sua própria verdade.

O que o rosto expõe e revela não é algo que possa ser dito em palavras, formuladas nesta ou naquela proposição significativa. No próprio rosto, o homem inconscientemente se põe em jogo, é no rosto, e não na palavra, que ele se expressa e se revela. E o que o rosto expressa não é apenas o estado de espírito de um indivíduo, é sobretudo a sua abertura, a sua exposição e comunicação com os outros homens.

É por isso que o rosto é o lugar da política. Se não há política animal, é só porque os animais, que já estão sempre a céu aberto, não tornam sua exposição um problema, simplesmente habitam nela sem se importar com ela. Por isso, não se interessam pelos espelhos, pela imagem como imagem. Por outro lado, o homem quer se reconhecer e ser reconhecido, quer se apropriar de sua própria imagem, busca nela sua própria verdade. Ele transforma assim o aberto em mundo, no campo de uma dialéctica política incessante.

Se os homens tivessem que comunicar sempre e apenas informação, sempre isso ou aquilo, nunca haveria política propriamente dita, mas apenas troca de mensagens. Mas como os homens têm antes de tudo a sua abertura para se comunicarem entre si, ou seja, uma comunicabilidade pura, o rosto é a própria condição da política, que se baseia em tudo o que os homens falam e trocam. O rosto é, neste sentido, a verdadeira cidade dos homens, o elemento político por excelência. É olhando para o rosto que os homens se reconhecem e se apaixonam, percebem semelhança e diversidade, distância e proximidade.

Um país que decide renunciar à sua própria cara, para cobrir os rostos dos seus cidadãos com máscaras por toda a parte é, pois, um país que apagou de si todas as dimensões políticas. Nesse espaço vazio, sujeito a todo momento a um controle ilimitado, os indivíduos agora se movem isolados uns dos outros, que perderam o fundamento imediato e sensível de sua comunidade e só podem trocar mensagens dirigidas a um nome sem rosto. Para um nome sem rosto mais.

8 de Outubro de 2020

D'aqui

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Covid-19: as vacinas e as multinacionais

 

Vacinas contra a Covid-19: os governos, mais uma vez, aos pés das multinacionais farmacêuticas

por Ángeles Maestro e Eloy Navarro [*]

Desde há algum tempo que está se evidenciando a distorção que o capitalismo introduz no conhecimento científico e, em especial, na chamada “medicina com base na evidência”. Poderosos interesses económicos decidem o que se investiga, o que se fabrica e o que não se fabrica, privando a humanidade de avanços que o seu próprio desenvolvimento poderia oferecer. A determinação exercida pelo objectivo prioritário do lucro empresarial, que se paga com milhões de mortes prematuras e doenças evitáveis, afecta de forma decisiva a produção de medicamentos. Como tem sido repetidamente denunciado, até se inventam novas patologias – ou seja, sinalizam-se doenças inexistentes – para se poder prescrever certos medicamentos, especialmente nas doenças mentais.

É bem sabido que uma das consequências esperadas da pandemia é o colossal negócio para as multinacionais farmacêuticas derivado da compra de milhões de doses de vacinas.

Agora, gigantes empresariais que exibem, anualmente, margens de lucro muito superiores às da banca, nem mesmo terão de correr riscos com os seus investimentos: o dinheiro público dos Estados da UE, incluindo o espanhol, compra adiantadamente milhões de doses antecipadamente de vacina; e faz isso antes de terem sido demonstradas a sua validade, eficácia e segurança.

Em meados de Junho, o ministro da Saúde anunciava a adesão da Espanha ao Acordo de Compra Antecipada de Vacinas contra a COVID 19. Com este acordo, a UE decidiu investir grande parte dos 2.700 milhões de euros do Instrumento de Apoio a Emergências para “contribuir para a implantação da vacina”. Ou seja, acertou-se o financiamento antecipado da produção da vacina.

A corrida entre as grandes farmacêuticas foi vencida, até agora, pela britânica AstraZeneka, que recebeu 1.200 milhões de euros da UE por 300 milhões de doses.

É significativo que o acordo de financiamento e o desembolso do dinheiro tenham ocorrido quando a fase III ainda não havia sido concluída, enquanto choviam as críticas à apresentação da vacina russa, exactamente nas mesmas condições. Acaba de ser anunciado que o ensaio clínico desenvolvido pela AstraZeneca foi suspenso devido a graves efeitos secundários.

A AstraZeneka, como outras multinacionais, já conseguiu assegurar-se não só de indemnizações dos governos da UE aos quais fornecerá a vacina, caso as empresas sejam condenadas a pagar por possíveis efeitos secundários da mesma, mas também está tentando ficar totalmente isenta de responsabilidade civil.

Perante uma situação grave, em que é mais do que provável que, como já aconteceu em outras ocasiões, se aproveitem a angústia e o medo da população perante a enfermidade e a morte – inoculadas em grandes doses pelos meios de comunicação – para que o poderoso lobby do medicamento consiga fabulosos lucros, a Coordenadora Anti-privatização da Saúde, num comunicado recente. (...)

D'Aqui e Texto Original