sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

O desmontar da tenda e o balanço de dois anos de pandemia

 

Após o negócio das vacinas, dos testes, máscaras e outro material sanitário, o governo e DGS mandaram desmontar a tenda. O Gabinete de Crise cessou funções porque "Vamos entrar numa fase endémica", ficando como "A única preocupação que ainda devemos ter é com as pessoas acima dos 65".

Dá-se a ideia de que aquela não terá sido uma preocupação por aí além, porque ainda estamos à espera de conhecer o número de idosos mortos por covid ou outras doenças nos lares. Como também se desconhece se o governo desmantelou algum dos 3500 lares ilegais e se alguma coisa criou no seu lugar. Ao que sabemos e quanto a esta última questão nada.

Quase 8,9 milhões de pessoas com vacinação completa em Portugal, diz a imprensa alugada por 15 milhões de euros para fazer eco do discurso sem alternativa do governo e o seu secretariado de propaganda para a saúde, a DGS. Esta acaba de dizer que “está a equacionar fim do uso de máscaras no interior”.

Já não nos encontramos em estado de calamidade, a maior parte das restrições foram levantadas e o famigerado “certificado digital” agora só é exigido no controlo das fronteiras. Costa prometeu há uma semana que as restrições irão acabar, depois do profeta Marcelo ter profetizado que está para breve a “nova fase de transição da pandemia para a endemia”.

Para Abril serão levantadas as últimas restrições, porque o alívio de restrições deve ser “progressivo e cauteloso” segundo a douta e balizada opinião dos médicos de saúde pública, funcionários do estado e muitos deles financiados pelos laboratórios farmacêuticos. Na prática foi declarado o fim da pandemia.

O tema coivid-19 e vacinas já foi sobreposto por temas mais importantes e vendáveis para os media e para os donos disto tudo (DTT). Os ataques cibernéticos a jornais, operadoras de telecomunicações, televisões e laboratórios farmacêuticos, foram providenciais. Apagaram um pouco a covid.

E, não vá o Diabo tecê-las e alguém lembrar-se de investigar alguns assuntos menos claros relacionados com o negócio da pandemia, a destruição de arquivos terá sido um acidente bem oportuno. Faz-nos lembrar o Portas a destruir os documentos relacionados com o negócio dos submarinos no último dia do governo.

Contudo, a melhor coisa que poderia ter acontecido para apagar a memória, geralmente curta do cidadão que gosta de ser manipulado, é indubitavelmente a guerra da Ucrânia – ainda dizem mal do Putin!

Várias razões levaram a que o circo fosse desmontado e não se prolongasse por mais tempo uma operação que logo ao princípio continha alguns riscos, e riscos elevados. O principal, a possibilidade da revolta das pessoas, especialmente os sectores mais afectados pelas medidas restritivas impostas no quadro dos estados de emergência e mesmo fora destes.

As múltiplas e frequentes manifestações preocuparam os governos, e os “comboios da liberdade”, que tiveram origem no Canadá, ameaçavam contagiar a Europa, numa propagação ainda mais rápida do que a do SARS.CoV.2. E, já com o negócio das vacinas praticamente concluído, Bruxelas deu ordem aos governos locais desarmar a tenda.

Por cá, cerca de 10% dos enfermeiros do SNS pediram escusa de responsabilidade, tal era, e ainda é, a falta de condições de trabalho e os ritmos intensos impostos pelos cortes e cativações orçamentais.

Nunca se procedeu a uma testagem massiva e rotineira dos trabalhadores da saúde durante os dois anos da pandemia, ao contrário do que era norma fazer à população de forma quase indiscriminada, mas como nos últimos tempos começaram a aparecer muitos profissionais de saúde com a doença covid e após terem sido vacinados, o que não deixa de ser irónico, e com serviços do SNS a fechar parcialmente, então terá sido uma boa razão para se colocar ponto final à farsa trágico-cómica.

Afinal, a vacina não impede nem a contaminação nem a doença, mas, logo acrescentaram, impede a doença grave e os internamentos. Sempre houve argumentação para tudo e mais alguma coisa, parecendo que a coisa foi bem planeada a todos os níveis, nomeadamente ao nível da propaganda e da manipulação das massas.

Contudo, e contrariando os números avançados pela DGS, a vacinação não terá corrido assim tão bem: “Vacinação das crianças aquém das expectativas motiva apelo aos pais”.

Ficamos com novos conceitos, por exemplo, em vez de “portador são” temos agora “doente assintomático”, ao que parece um avanço extraordinário da “ciência baseada na evidência”, como se a ciência fosse uma religião com dogmas inamovíveis e não um processo de observação e de experimentação assente na ignorância e na dúvida, e sempre em mudança.

Deram-nos a saber que o SNS falha porque está na sua natureza e não no desinvestimento e sabotagem intencional e repetida dos governos e de alguém que o parasita para justificar o negócio privado da doença: "Sucesso dos seguros é prova de que o serviço público de saúde falha", a par do enriquecimento de laboratórios e de organizações da classe médica com a incontornável Ordem na primeira linha.

E quando os proveitos não foram os esperados, porque contavam com os clientes devido o encerramento parcial do SNS (o dos cuidados primários foi praticamente total), vêm agora muito candidamente exigir ao governo o ressarcimento: “Privados alegam prejuízos decorrentes da pandemia (Grupo CUF, Grupo Lusíadas e Luz Saúde, esta exige 45 milhões de euros)”.

O balanço de dois anos de pandemia, de forma muito sucinta e por alto, foi:

20 mil mortos com diagnóstico covid, na grande maioria idosos, que em anos anteriores teriam morrido de gripe e de outras doenças do foro respiratório (morrem cerca de 12 mil por ano), mas por enigmática coincidência quase ninguém faleceu por estas doenças nestes dois anos;

Milhares de outras doenças, cancros, doenças cardio-vasculares, diabetes, etc. que ficaram por diagnosticar ou por tratar e várias outras, nomeadamente do foro mental, foram agravadas devido aos confinamentos;

Os privados reivindicam e já têm garantido a participação no SNS, são os grupos económicos, os laboratórios, os farmacêuticos e as inefáveis misericórdias, controladas pela Igreja Católica como hábil maneira de se financiar à custa dos dinheiros públicos;

Milhares de milhões de euros que foram injectados pelo estado na economia privada (mais de 10 mil milhões, nunca se saberá ao certo!) com a justificação do combate à pandemia, para além daqueles que foram entregues directamente aos lóbis da saúde;

Usaram-se os cidadãos como cobaias para um ensaio de uma vacina inédita, e ainda não testada segundo os parâmetros de segurança em vigor, para benefício não só de quem a produziu como para quem a defendeu e a impôs. Jamais se saberá ao certo os milhões de euros que untaram as mãos a médicos, administradores hospitalares e políticos responsáveis;

A vacinação foi de igual modo um excelente pretexto para impor o controlo social, com a limitação e supressão das liberdades, direitos e garantias dos cidadãos, numa experimentação para outras ocasiões em que seja necessário impor, por exemplo, medidas de austeridade em contexto de crise económica;

Ficaram-se a conhecer os tiques de autocrata do primeiro-ministro Costa que, usando o medo suscitado pela pandemia e pelas medidas “sanitárias” impostas, conseguiu obter uma maioria absoluta, embora já governasse como tal por força dos estados de emergência e dos apoios de quase todos os partidos da Assembleia da República. O pé foge-lhe sempre para a chinela: “A ameaça persiste enquanto não houver uma vacinação à escala global.

Last but not least, produziram-se cinco mil toneladas de lixo não reciclável relacionado com a pandemia em 2021, um valor ligeiramente superior ao produzido no ano anterior, e isto em tempo de descarbonização e de transição energética.

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