por Pedro Almeida Vieira
QUEM VAI CONTRA O PENSAMENTO ÚNICO NA QUESTÃO DO NEGÓCIO DAS VACINAS, LEVA!
«Três dos médicos, aliados do bastonário Miguel Guimarães e com fortes ligações ao sector farmacêutico, são subscritores de um pedido de sanção disciplinar contra o presidente do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos, Jorge Amil Dias.
Três dos principais subscritores da denúncia
à Ordem dos Médicos contra Jorge Amil Dias, presidente do Colégio de
Pediatria daquela associação profissional de direito público, têm fortes
ligações à indústria farmacêuticas, incluindo aquelas que mais têm beneficiado
economicamente com a pandemia.
O primeiro subscritor é o pneumologista Filipe
Froes, mas uma investigação do PÁGINA UM mostra que, além deste médico, há mais
dois com vastos contactos com a indústria farmacêutica: Luís Varandas e Carlos
Robalo Cordeiro. Todos são muito próximos do bastonário, o urologista Miguel
Guimarães.
Na carta-denúncia, os 16 subscritores – que
incluem todos os membros do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos para a
Covid-19 – solicitam “a avaliação da conduta, por eventual infração
disciplinar” de Jorge Amil Dias, tentando também que seja destituído da
liderança do Colégio de Pediatria. Miguel Guimarães já prometeu levar o assunto
a reunião do Conselho Nacional Executivo.
Jorge Amil Dias, presidente do Colégio de
Pediatria da Ordem dos Médicos.
Em causa estão declarações públicas e a
participação num abaixo-assinado deste pediatra contra a vacinação universal de
crianças saudáveis, bem como as críticas que teceu a um parecer da
Direcção-Geral da Saúde que claramente possui enviesamentos e deturpações de
estudos científicos.
Amil Dias tomou sempre as posições a título
pessoal e nunca em nome da Ordem dos Médicos, mas mesmo assim terá irritado o
actual bastonário, incondicional apoiante das políticas governamentais. E
Miguel Guimarães conseguiu, com a denúncia encabeçada por Filipe Froes, tentar
silenciar a voz incómoda de Jorge Amil Dias.
Médico no Hospital Pulido Valente, o
pneumologista Filipe Froes lidera também o Gabinete de Crise da Ordem
dos Médicos para a Covid-19, e é um dos clínicos portugueses com maiores
ligações à indústria farmacêutica. Desde 2013 amealhou mais de 380 mil euros de
diversas empresas deste sector, com destaque para a Pfizer (134,5 mil euros),
Merck Sharp & Dohme (85,5 mil euros) e BIAL (47,3 mil euros).
No seu portefólio constam ainda a Sanofi
(maior fornecedora de vacinas anti-gripe), a AstraZeneca (outra produtora de
vacinas anti-covid) e a Gilead. Para esta última, Froes foi mesmo consultor
para o uso do remdesivir, um fármaco já desaconselhado pela Organização Mundial
de Saúde em doentes-covid. No entanto, Filipe Froes, que também é consultor da
Direcção-Geral da Saúde e que integra a equipa responsável por indicar as
terapêuticas contra a covid-19 nos hospitais portugueses, mantém o remdesivir
na lista de fármacos a prescrever.
Por sua vez, Luís Varandas,
infecciologista pediátrico no Hospital Dona Estefânia (Lisboa) e também professor
do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, é outro dos subscritores da
denúncia contra Jorge Amil Dias que tem também beneficiado bastante com a
pandemia do ponto de vista financeiro.
Filipe Froes, pneumologista, numa das suas
muitas palestras pagas por farmacêuticas.
Até 2020, as suas relações com a indústria
farmacêutica, a título pessoal ou através da sua empresa SISP, Lda., cingiam-se
a algumas palestras ou ao financiamento de viagens para congressos
internacionais. No total, entre 2013 e 2020 recebeu um total de 18.872 euros,
ou seja, apenas 2.359 euros por ano.
Com o aumento do interesse das farmacêuticas
na vacinação de crianças contra a covid-19, Luís Varandas foi contratado pela
Pfizer como consultor e palestrante, tendo recebido no ano passado, apenas da
Pfizer, 27.148 euros.
O médico chegou a escrever vários artigos,
incluindo no Expresso, e a prestar declarações na imprensa sempre a apoiar a vacinação
universal de crianças, mas jamais assumindo a sua posição de consultor da
farmacêutica que vendia as vacinas.
Luís Varandas é também um membro destacado da
Ordem dos Médicos, sendo o responsável pela secção de Pediatria do Colégio da
Competência da Medicina do Viajante.
Também bastante lucrativa tem sido a pandemia
para Carlos Robalo Cordeiro, antigo presidente da Sociedade Portuguesa de
Pneumologia e actual director da Faculdade de Medicina da Universidade de
Coimbra e Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar desta cidade.
Tanto pessoalmente como através da sua empresa
por quotas (Robalo Cordeiro, Lda.), este pneumologista recebeu já um bom
pecúlio das farmacêuticas desde o início da pandemia: em 2020 teve direito a
27.441 euros, e em 2021 deram-lhe 26.006 euros, a título de consultor,
palestrante e moderador, além de financiamento de viagens ao estrangeiro para
congressos.
No seu portefólio de negócios contam-se 11
farmacêuticas, entre as quais a AstraZeneca (5.907 euros), a Boehringer
Ingelheim (16.478 euros), a Merck Sharp & Dohme (5.345 euros), a Roche
(7.950 euros), a Sanofi (2.675 euros) e a Pfizer (2.562 euros). Robalo Cordeiro
foi recentemente eleito presidente da European Respiratory Society, onde não
surge, à data de hoje, ainda qualquer menção a conflitos de interesse, apesar
de ele os ter.
Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos
Médicos, e assim apresentado no júri de um prémio promovido por uma
farmacêutica.
Esta postura é contrária à do presidente
cessante, Marc Humbert, que através de uma declaração de interesses elenca todas as relações
regulares com 14 farmacêuticas, entre as quais a Janssen, Bayer, AstraZeneca,
GSK, Novartis e Sanofi. A revista
científica desta poderosa sociedade médica internacional tem como
editor-chefe Martin Kolb, que assume ter recebido donativos, honorários
pessoais e outros benefícios da Roche, Boehringer Ingelheim, GSK, Gilead,
AstraZeneca e Novartis, entre outras farmacêuticas.
Carlos Robalo Cordeiro é bastante próximo de
Miguel Guimarães, tendo sido por ele escolhidos para membro do Gabinete de
Crise da Ordem dos Médicos para a COVID-19, e para presidir a comissão
científica do último congresso desta associação profissional.
O processo contra Jorge Amil Dias deve ser
conduzido pela também pediatra Maria do Céu Machado, antiga presidente do
Infarmed e que preside ao Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos. Tem
sido ela a supervisionar todos os processos instaurados contra aqueles que fogem da
opinião oficial da Ordem dos Médicos ao nível da gestão da pandemia, sendo
bastante próxima de Miguel Guimarães. Aliás, os dois integraram, no ano
passado, o júri do BI
Award for Innovation in Healthcare, um prémio promovido pela farmacêutica
Boehringer Ingelheim, onde também teve assento Carlos Robalo Cordeiro.»
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