"Se
a moda pega todos os portugueses com trabalho fixo estão em risco de
o perder dentro de meses ou um ou dois anos. Não pensem que estamos
perante mais uma greve dos estivadores. Esta é, em quase tudo,
distinta.
[...]
E começa-se nos estivadores porque é preciso derrotar quem mais resiste, para servir de exemplo aos que têm mais medo. Não podendo despedi-los, porque são estivadores fixos, declara-se a falência da empresa, e abre-se ao lado uma, com precários, que faz exactamente o mesmo. Sim, já está aberta, nas barbas do Governo. Fazer isto aos estivadores é abrir as portas a que se faça em todo o lado, incluindo na grande indústria ou numa universidade-fundação." (António Mariano – SEAL)
E começa-se nos estivadores porque é preciso derrotar quem mais resiste, para servir de exemplo aos que têm mais medo. Não podendo despedi-los, porque são estivadores fixos, declara-se a falência da empresa, e abre-se ao lado uma, com precários, que faz exactamente o mesmo. Sim, já está aberta, nas barbas do Governo. Fazer isto aos estivadores é abrir as portas a que se faça em todo o lado, incluindo na grande indústria ou numa universidade-fundação." (António Mariano – SEAL)
Salários em atraso e contratos precários são as queixas dos trabalhadores
A
greve dos estivadores do porto de Lisboa, que só afetava quatro
empresas, vai passar a abranger todas as sete.
Sindicato
acusa a Associação de Empresas de Trabalho Portuário de Lisboa de
estar a pagar salários a prestações e de ter ordenados em atraso.
O
protesto que já decorre há quase três semanas prolonga-se até 30
de março, sendo apenas cumpridos os serviços mínimos.»
(SIC)
Carta de apoio do IDC (International Dockworkers Council) à greve em Lisboa - Apelo ao Governo Português e convocação de acções de solidariedade:
«O porto de Lisboa é emblemático no contexto portuário mundial. Pela sua dimensão histórica, pela sua posição estratégica entre a Europa, a África e a América, mas também pela extraordinária garra dos seus estivadores representados pelo seu sindicato, o SEAL.
«O porto de Lisboa é emblemático no contexto portuário mundial. Pela sua dimensão histórica, pela sua posição estratégica entre a Europa, a África e a América, mas também pela extraordinária garra dos seus estivadores representados pelo seu sindicato, o SEAL.
O SEAL
é um sindicato nacional que teve no porto de Lisboa a sua força
original e motriz, com décadas de luta exemplar na defesa do
trabalho com direitos. Os estivadores de Lisboa estiveram desde a
primeira hora na construção do IDC, na linha da frente da
solidariedade que deram aos 500 estivadores de Liverpool em luta, a
qual esteve na origem desta organização mundial que hoje representa
mais de 140.00 estivadores por todo o mundo, e há três meses
organizaram a VIII Assembleia Mundial do IDC, que se realizou
exactamente em Lisboa, onde fui eleito coordenador mundial do IDC.
O SEAL
é um sindicato de referência daquilo que são os princípios
definidores do IDC: de base, democrático, combativo e
internacionalista. Sempre presentes em todas as campanhas
internacionais que foram lançadas, desde as greves de Liverpool
passando pelo conflito que envolveu os nossos companheiros dos portos
espanhóis até no apoio ao levantamento popular que se tem
verificado no Chile, onde os estivadores são uma das forças da
linha da frente na luta por uma constituição que supere de vez o
trágico legado da ditadura de Pinochet.
Do
ponto de vista nacional, têm também um percurso exemplar, com os
trabalhadores efectivos a abdicarem de parte do seu trabalho
suplementar para que mais trabalhadores eventuais possam ser
progressivamente contratados sem termo, onde os estivadores de Lisboa
se lançaram na defesa dos seus companheiros em Setúbal, numa
batalha sem precedentes contra a precariedade e os salários de
miséria, ou no constante apoio aos seus companheiros do Caniçal,
que vivem hoje novos tempos de trabalho digno em grande parte graças
à solidariedade que sempre receberam desde Lisboa.
O
exemplo do SEAL representa um perigo para o capital que quer
trabalhadores desorganizados, divididos, a lutar entre si, sem
combatividade, sem inteligência, sem estratégia. O seu exemplo para
outros trabalhadores e organizações está a ser combatido há anos
por um assédio brutal e continuado por parte das empresas, mas hoje
os estivadores de Lisboa estão a ser alvo de um ataque sem
precedentes, o qual não pode ficar sem resposta.
O
ataque é constituído por um tridente patronal liderado pelo Grupo
turco YILPORT – GTO (Global Terminal Operator) interessado em que a
sua rede de terminais portuários circunscrita à Europa seja
alargada aos EUA – , acompanhado pelo Grupo português ETE e pelo
Grupo espanhol ERSHIP. Quem se pode esquecer do despedimento
colectivo de estivadores promovido pela YILPORT quando lhe foi
concessionado o terminal de contentores de Oslo?
(…)
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