terça-feira, 14 de abril de 2020

Em Portugal 2020, só morre gente com a Covid-19


goin viral - Zach
Depois de instalado o pânico entre os portugueses pelo continuo metralhar dos números de pessoas infectadas, mortas, internadas em cuidados intensivos e recuperadas pelas televisões e jornais, deixou de haver em Portugal mortes por outras doenças. Já ninguém morre pela gripe sazonal (influenza), nem por pneumonia, nem por AVC ou enfarte do miocárdio, parece que os doentes cardíacos deixaram de existir, assim como os doentes em geral desapareceram, ou mortes por outras razões que não seja pela acção do SARS-Cov-02. É a manipulação dos números e da opinião pública em escala total.
Contudo, em Portugal, época de Inverno 2018/19, morreram mais de 3 mil pessoas devido à gripe sazonal, e mais de 17 mil por doenças das vias respiratórias, das quais 6 mil são pneumonias, maioritariamente bacterianas e potencialmente tratáveis (na Europa morrem por mês, em média, mais de 11 mil pessoas). As doenças respiratórias são a terceira causa de morte dos portugueses, a seguir às doenças cardiovasculares (29%) e aos tumores malignos (25%), num universos de 113 051 óbitos registados em 2018; a faixa etária com mais mortes foi a dos 80-89 anos (43 120), o que representa quase o dobro de mortes se comparado com a faixa etária seguinte.
É mais a pandemia do medo que se faz sentir, porque o número de mortes pela Covid-19 (567) está muito longe de ultrapassar o número de mortes pela influenza (3000), assim como a maior incidência das mortes na faixa etária mais elevada segue a tendência geral.
Do mesmo modo que as mortes por outras causas desapareceram, os doentes com outra patologia estão a ser desprezados no SNS, o que tem dado azo a que os privados se tenham oferecido para o tratamento, quer consultas, quer cirurgias, e ousado querer apresentar a conta de doentes tratados com a Covid-19 que ocorreram pela sua iniciativa àqueles serviços cujo objectivo principal é o negócio. Agora, perante o descalabro e a tentativa de assalto aos dinheiros públicos, a ministra das mentiras sentiu a necessidade de vir dizer que a resposta aos doentes não-covid-19 “tem de começar nos próximos dias”, e que as contas que os privados estavam a fazer não seriam bem assim, embora a prática nos diga que tem sido sempre como os privados desejam.
Se os os outros doentes têm sido desprezados pelo SNS, como se depreende das palavras da ministra e da realidade mediatizada pelas televisões, que mais não são que reflexos do abandono de muitas consultas, cirurgias e outras terapias, por parte de doentes com outras patologias. Doentes que até têm medo de acorrer aos hospitais e centros de saúde (74%, segundo inquérito da Universidade Católica) ou deixaram mesmo de procurar cuidados médicos (26%), tal é o pânico disseminado pelas constantes intervenções televisivas por parte do governo e da DGS com intuitos mais alarmistas do que informativos, sempre acompanhados pelas reportagens mais que nauseabundas de repisar sempre no mesmo, durante as 24 horas do dia e nos 7 dias da semana. Com certeza que, em 2020, haverá mais mortes em Portugal: de idosos, devido à Covid-19 e a outras patologias... e de doentes mais novos, que irão morrer mais pelo abandono a que foram remetidos.
Não será preciso ser perito na matéria para se saber que os grupos etários mais vulneráveis, em particular os idosos, serão os mais atingidos por uma doença respiratória, ainda por cima, sem cura directa e imediata, sendo o tratamento apenas de suporte e paliativo. Até parece que esta pandemia veio de propósito para satisfazer os anseios daqueles que, ainda não há muito tempo, punham os mais jovens contra a “peste grisalha”, por improdutiva e peso morto para a sociedade, ou que se deveria recusar o tratamento aos doentes muito idosos, cujo prolongamento de vida por mais alguns (poucos) anos não valeria a despesa. Mas se, para uns, os idosos são um prejuízo, para outros, poderão ser uma excelente fonte de rendimento.
Agora, há gente que vê na morte prematura dos idosos um prejuízo, assim como o encargo depois de infectados pelo SARS-Cov-02. Chega a ser patético ouvir, todos os dias e a toda a hora, os responsáveis das Misericórdias reclamar que o Estado deve cuidar dos idosos infectados, em vez de os devolver às instituições da Misericórdia, onde estavam institucionalizados, por falta de meios e de condições. Esta gente, apesar de religiosa e invocar Deus quando lhe interessa, só vê cifrões e receia perder os clientes, é que lares com idosos infectados terão dificuldade em receber novos utentes, para além da despesa acrescida com os infectados. A Igreja Católica já faz lembrar os bancos na crise de 2008, os accionistas ficaram com os dividendos enquanto houve lucros, quando passou a haver prejuízos exigiram ao Governo para se chegar à frente e entrar com o dinheiro de todos nós. É que esta crise será bem maior que a anterior e a austeridade virá em dose proporcional para os do costume, os trabalhadores.

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