segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Um país e um SNS geridos por gente pouco séria, para não dizer criminosa porque é feio!

 

Da cegueira do rebanho a caminho do matadouro mas que nem chega lá

Pedro Almeida Vieira

«Bem sei que tenho seguidores, algumas centenas; talvez uns poucos milhares que me lêem de quando em vez, mas isso de pouco me vale, ou melhor dizendo, de pouco nos vale.

Confesso: sinto-me, cada vez mais, como um simples membro de um rebanho, sendo levado para um matadouro, ao som dos pífaros do nosso Governo (com António Costa e Graça Freitas à cabeça) coadjuvado por pessoas como Graça Freitas, Rui Portugal, Baltazar Nunes, Filipe Froes, Pedro Simas e Ricardo Mexia (sim, é preciso começar a dizer nomes...). 

Ontem, quando chocado vi (mais uma) campanha da DGS, desta vez apelando para que, se algum de nós ficar doente, "não corra para o hospital", deixei de ter dúvidas: a esmagadora maioria dos portugueses está liminarmente cega por causa da covid, e  estamos a ir mansamente para o cadafalso sob a batuta de um bando de irresponsáveis, no mínimo, ou de criminosos, com elevada probabilidade, nem que seja apenas por negligência.

De facto, eu não quero acreditar que nem um dos responsáveis políticos nem uma das sumidades (que atrás referi) ignore onde mais se verificou um acréscimo de mortalidade ao longo do ano de 2020.

Não! Não foi nos hospitais, minhas senhoras e meus senhores. 

Foi fora dos hospitais. Foi em casa ou noutros locais, em grande parte porque as pessoas foram amedrontadas pela imprensa e pelo Governo para deixarem de ir aos hospitais. Foi em casa ou noutros locais, em grande parte porque houve mais de meio milhão de consultas adiadas no SNS e um infindável número de diagnósticos, exames e cirurgias suspensas para o dia de São Nunca à Tarde.

Não estou a fazer estas acusações de ânimo leve nem com base em impressões. O excesso de mortalidade em 2020 (face à média do período 2014-2019) foi de quase 13.800 óbitos com registo de local de óbito. De entre estes, apenas 6.183 ocorreram em estabelecimentos de saúde, enquanto os óbitos no exterior (casas e outros hospitais) totalizaram 7.612. Em termos relativos, o crescimento de óbitos nos hospitais foi de 9,0%, enquanto fora dos hospitais atingiu os 18,8%.

Como os óbitos por covid (que terão ocorrido quase na sua totalidade em meio hospitalar) foram 6.951 (ou seja, cobrindo o excesso da mortalidade nos estabelecimentos de saúde), significa que o excesso de óbitos ocorridos nas casas e noutros locais está associado a outras afecções que nada têm a ver com a covid. Têm a ver, sim, com a estratégia da covid.

E perante isto, perante a necessidade de fazer com que as pessoas, sentindo-se mal, se desloquem ao hospital, que faz o Governo? Um apelo para que não se vá ao hospital! Caramba! Está tudo maluco? Notem bem: nos últimos nove meses de  2020 (desde o início da pandemia), a fluxo de urgências hospitalares diminuiu 34% em relação ao período homólogo de 2019. Foram, em termos absolutos, menos 1.801.478 visitas! Quantas mortes foram causadas por via desta diminuição? Quantas mais mortes quer o Governo fazendo apelos para não se ir ao hospital se se ficar "doente"? 

Estamos no 11º mês de pandemia e o Governo continua só a ter olhos para a covid, porque o deixam. E deixamos também que especialistas se aproveitem da covid como uma oportunidade pessoal e profissional, esquecendo tudo o resto. E, mais lamentável, a esmagadora maioria deles até são médicos.

Mas sabem uma coisa? Na verdade, a culpa nem é deles! É da nossa sociedade, que se deixou cegar pelo pânico, alimentado por uma imprensa execrável, por "especialistas" sem visão e por uma oposição amorfa.

Estou, acreditem, algo cansado com toda esta situação. Por vezes, nem sei bem porque faço estas análises e escrevo como escrevo. Em nada saio beneficiado; pelo contrário, como bem diria Erasmo de Roterdão.»



Fonte: SICO-eVM.

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