Por Sandra Celas
(Sandra Celas | Actriz)
Vivemos tempos extraordinários.
Tempos em que o impensável está a ser implantado por uns,
perante o silêncio e passividade de muitos. Os supostos arautos de defesa da
liberdade no nosso país, PCP e BE, permanecem mudos perante a instalação de um
apartheid sanitário e de outras medidas que deviam, há muito, ter originado
alarme. Alarme esse que até já soou pela boca de muitos cidadãos, alguns deles
com grande peso, impacto e responsabilidade social, mas ainda assim a
insanidade prossegue e, pior, está a tomar proporções intoleráveis. O silêncio
é de demasiados e é ensurdecedor… O que o nosso e outros governos estão a fazer
aos seus cidadãos chama-se bullying. E nós criticamos todos, o bullying,
certo?
Circulou até há bem pouco tempo uma campanha de
sensibilização para essa “chaga social” com caras bem conhecidas do nosso
panorama artístico! No entanto, o estado está a realizar o que tanto critica;
está a fazer bullying sobre a população, a exercer literalmente chantagem sobre
todos nós!
Nem que seja pelos filmes policiais a que assistimos,
todos aprendemos que não podemos ceder à chantagem, pois o chantagista vai
sempre abusar mais e mais de quem aceita as suas imposições. Se, por exemplo,
eu tivesse escolhido ser vacinada, estaria, neste momento, piursa (palavra que
já quase ninguém usa, mas eu adoro!) com a criação deste “certificado digital”,
porque afinal a minha decisão não teria sido fruto de uma livre escolha, mas da
pressão e coacção por parte das “autoridades”.
By the way, estou para perceber como vão reenquadrar
estas medidas de exclusão e segregação oficiosas na disciplina de cidadania, e
ensinar o que é respeito pelas escolhas individuais de cada um, e a aceitação
das minorias!
Ora, perante este cenário de retrocesso civilizacional,
estamos todos a ser chamados a exercer algo que dávamos por adquirido: a nossa
soberania! Resta-nos, portanto, os tribunais, que temos visto, ainda defendem e
se apoiam na Constituição, e o exercício dessa soberania individual.
Ouço gente queixar-se destas medidas, muitos até, para
meu grande espanto, a ponderar levar a injecção, mesmo se não acreditam
minimamente na sua eficácia e segurança, apenas para poderem fazer tudo aquilo
a que tinham natural direito antes da “pandemia”! Contudo, nada nos garante que
o chantagista não invente uma outra coisa a seguir – aliás, a Pfizer tem uma 3ª
dose que começou a ser já aplicada em Israel – e assim lá vão as pessoas
vendendo a alma ao diabo, fazendo do Fausto de Goethe um clássico
ajustado à actualidade. Subvertendo tudo aquilo que, antepassados de coragem se
esforçaram por salvaguardar! Deitando por terra actos de pessoas como Mandela,
Martin Luther King, Ghandi, Salgueiro Maia, e todos os outros que se
sacrificaram para que hoje, a Humanidade (ou parte dela), pudesse ter liberdade
e liberdade de escolha!
Perante este cerco à dignidade humana, exercer a nossa
soberania, mais do que um direito, é um dever, e urgente! É urgente resgatar
essa condição com a qual já nascemos e manifestá-la na prática. Mas não
tenhamos dúvidas, que isso vai implicar, muito provavelmente, sair de uma certa
zona de conforto. Vai pois! Nada comparado com o desconforto que a brava Rosa Parks
deve ter sentido quando se recusou a levantar do “assento reservado para
brancos” no autocarro em que seguia, desrespeitando a lei em vigor na altura.
Cada um terá os seus limites, mas não vai poder fugir a isso!
Eu já tracei a minha linha na areia há muito. Estou
preparada para não frequentar restaurantes por um tempo, ou gastar o meu
dinheiro naqueles que resolvam não pactuar com esta inadmissível e
inconstitucional segregação. Estou pronta para abdicar das minhas férias às
Seychelles, de prescindir de ir a um espectáculo – e tanto que me custa! –, ou
de quando molestada pela polícia, tirar o tempo e a paciência para
explicar-lhes os direitos que me assistem em vez de acatar simplesmente ordens
bacocas, como de resto, já tive de o fazer.
Se isso me agrada? Não. Se me apetece? Não. Se o farei?
Sim! Faço-o porque o que está em jogo é algo muito maior do que eu. Está em
causa o mundo em que quero viver e desejo deixar ás gerações futuras, à minha
filha. Um mundo onde cada vez mais se respire a Igualdade, a Fraternidade e a
Liberdade, valores que infelizmente não foram assimilados no passado, e se
perderam em revoluções desvirtuadas pelos Homens.
Hoje já não temos de lutar pela liberdade nos mesmos
moldes que os nossos ancestrais: eles o fizeram por nós, deixando-nos cartas de
direitos humanos, códigos de Nuremberga e Constituições! Está tudo firmado pelo
fogo da escrita! A nós cabe-nos exercer essa liberdade, alimentá-la e ensiná-la
aos mais jovens. Eis é a mais valiosa lição de humanidade e cidadania que lhes
podemos deixar.
Eu sou soberana.
Tu és soberano.
Nós somos soberanos.
Vos sois e eles são soberanos.
Certificado é o gado, pois pertence a alguém. Nós somos
cidadãos livres e de pleno direito!
https://farolxxi.pt/2021/07/15/o-bullying-e-para-os-fracos-e-urgente-a-soberania-sandra-celas/
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