segunda-feira, 15 de junho de 2020

Hospital dos Covões, um hospital para dar aos privados


Imagem em www.saudemais.tv
O PS de Coimbra entendeu contrariar o PS nacional, dirigido pelo primeiro-ministro Costa, e exigiu “um serviço de urgência polivalente, 24 horas por dia, no Hospital dos Covões e “uma visão estratégica e funcional” para serviços como cardiologia e pneumologia. A exigência foi feita há algum tempo e pode acontecer ter já sido esquecida, mesmo ainda antes das eleições autárquicas que irão ocorrer em 2021.
A ministra, mentirosa compulsiva e traficante de números, questionada sobre a possibilidade de encerramento daquela unidade hospitalar, foi ambígua na resposta, declarando que não tinha qualquer informação sobre tal intenção, como se fossem terceiros a decidir sobre o assunto e não ela e o governo onde assenta o traseiro.
Antes da ministra encolher os ombros sobre o destino do antigo Hospital Geral Colónia Portuguesa do Brasil, já o comissário político do PS na administração do CHUC tinha vindo a terreiro declarar que não senhor, o hospital não fechará!, ou por outras palavras, negou o seu “esvaziamento” e que iria acolher “funções assistenciais relevantes”. Uma delas terá sido o internamento de doentes pela Covid-19, cujo número sempre foi mantido em segredo, bem como o número de mortes.
Contudo, parece que as palavras nem deste nem da outra convenceram fosse quem fosse, daí, sindicatos e partidos e associações, daquelas que só surgem nestas ocasiões e cujos lideres representam várias coisas simultaneamente, entenderam fazer um cordão humano para defesa do não encerramento das urgências do hospital da Quinta dos Vales em São Martinho do Bispo. Tudo muito bem!
Os mesmos promotores do cordão humano sugerem que a nova maternidade deverá ser construída na área do Hospital dos Covões porque será uma maneira de manter em funcionamento o hospital. Até aqui tudo muito bem, contudo ninguém dá uma explicação cabal para a necessidade da construção de uma maternidade de raiz se existem já duas na cidade. Será porque irão aumentar o número de camas ou melhoria das condições em geral, próprias de uma unidade moderna e funcional, correspondendo às necessidades da população? Ou será mais uma habilidade, das muitas que temos vindo a assistir neste país, de construir uma unidade hospitalar sem necessidade objectiva só para satisfazer interesses privados ou de caciques instalados na administração pública, neste caso concreto, no SNS?
Seria interessante saber por que razão se deixou degradar até a um ponto quase sem retorno a Maternidade Bissaya Barreto, a todos os níveis, desde instalações, falta de equipamento e de pessoal até à desorganização e a uma gestão negligente a nível geral, incluindo a de enfermagem. O que irá preencher o espaço entretanto abandonado pelo encerramento da MBB, que pela área e localização valerá alguns milhões de euros? Será para entregar à especulação imobiliária, conhecendo-se o interesse do presidente da Câmara, homem experiente nestes negócios, na construção de uma nova maternidade?
Não será despiciendo relembrar que o CHUC foi criado para diminuir o número de camas oferecidas pelo SNS em Coimbra com o intuito claro de libertar mercado para o negócio da medicina privada. E ao que saibamos a diferença entre os governos PS e PSD quanto à política de Saúde em Portugal está somente na velocidade com que destroem o Serviço Nacional de Saúde.

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