quinta-feira, 25 de junho de 2020

As filas de espera dos doentes no CHUC


Em "Notícias de Coimbra"
No Centro Hospitalar Universitário de Coimbra muitas coisas estranhas se passam, são as duas maternidades a rebentar pelas costuras enquanto se prepara o seu encerramento para a eventual construção de uma outra “mais moderna”, mas quase de certeza com menor capacidade de atendimento para as parturientes, sob a lógica de fechar no público para o privado ter mercado assegurado. E são as intermináveis filas de espera de doentes para colheita de espécimes para a análise para as diversas consultas; são filas que começam às seis horas da manhã.

Chegou-se ao caricato de utentes que chegaram bem cedo de manhã, alguns deles provenientes de fora de Coimbra, que quando se iniciam as colheitas são “convidados” pela enfermeira de serviço a irem para o fim da fila porque outros doentes, entretanto chegados, mas como marcação, têm prioridade (!?), o que tem originado a revolta com reclamações e com queixas aos médicos que pediram as análises a fim de realizar as respectivas consultas e que, por sua vez, têm chamado a atenção para a anormalidade da situação.

Depois da situação se tornar insustentável, a enorme fila de espera estende-se para o exterior do Edifício de S. Jerónimo com as pessoas ao sol ou ao frio, e com a imprensa local a tornar público o escândalo, é que os comissários políticos acoitados no Conselho de Administração reconheceram que situação era “geradora de manifesta incomodidade”. E, então, lá encontraram uma situação milagrosa: um outro contentor, também no exterior do Serviço de Patologia Clínica, mas este destinado a utentes para a realização de colheita para teste à covid-19! Criar condições para um atendimento mais rápido e humanizado foi coisa que com certeza não lhes passou pela cabeça.

Mas não é só as filas para o Laboratório Central do CHUC que são escandalosas e cujos serviços deixam bastante a desejar, de igual modo é inqualificável o tempo de espera para consultas e para cirurgias que, devido e a pretexto da covid-19, foi ainda prolongado, com algumas consultas pedidas há mais de um ano ainda sem data marcada. A ministra queixa-se que os privados não colaboram, pudera!, estes só se movem ao cheiro do dinheiro. E no final de Maio, as consultas que ficaram por se realizar ultrapassavam 1,4 milhões e as cirurgias 51 mil, quantas serão agora?!

Não é por acaso que o número de mortes de doentes que não foram atendidos pelo SNS, devido ao facto de este ter sido quase exclusivamente direccionado ao tratamento dos doentes pelo coronavírus, ter aumentado em mais de 800 doentes só no período de 3 de Maio a 13 de Junho, ou seja, no primeiro mês e meio de desconfinamento - segundo estudo da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP).

Por aqui se vê a consideração que o governo do PS e a administração do CHUC têm pelos doentes!

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