in "CM"
"Por favor não matem os velhinhos" ou como a Igreja Católica considera o "aborto pior que a pedofilia porque esta não mata"!
Há
dois anos a proposta de despenalizar a eutanásia foi chumbada no
Parlamento por poucos votos; a direita troglodita, a igreja católica
e os “ortodoxos do marxismo” juntaram-se em campanha contra e
ganharam. Agora, em 2020, o governo PS e o seu chefe, António Costa,
fazendo lembrar um pouco o processo semelhante da despenalização do
aborto, retomam o tema numa de “modernidade” e de “defsa dos
direitos humanos”, apesar de todos os dias andarem a torpedear
esses mesmos direitos; lembremo-nos, por exemplo, da requisição
civil dos dos enfermeiros ou dos motoristas de matérias perigosas,
que ficaram proibidos de fazer greve, ou de salários justos para
todos os trabalhadores, a começar pelos funcionários públicos que
se encontram, neste momento, em luta. Mas adiante, para além da
eterna hipocrisia burguesa dos direitos e liberdades do indivíduo,
vamos aos argumentos.
A ICAR
(igreja católica, para quem não saiba) aparece numa de democracia e
de auscultação da vontade do povo: faça-se o referendo! A
nomenclatura clerical já prepara os comícios no altar, o azar é
que vão cada menos crentes à missa, e a imprensa que controla vai
em adiantada campanha de “esclarecimento”. Pasma-nos a ICAR não
propor, já que está numa de republicana e democrática, a
realização de referendo a fim de se saber o que o povo pensa a
respeito de ela dever ou não pagar impostos ao Estado; é que com o
dinheiro recolectado, e que não seria assim tão pouco, atendendo ao
seu imenso património, poder-se-ia criar uma rede nacional de
cuidados paliativos e melhorar, inclusivamente, todo o SNS . Diz
também que “a vida não é referendável”, contradizendo-se, mas
não vá o Diabo deixar que o Parlamento aprove desta vez a
despenalização da eutanásia; para a ICAR há axiomas, e por
definição inquestionáveis, eternos e contra os quais não admite
argumentos.
As
clínicas e hospitais privados, e os médicos que aí trabalham, a
começar pelo bastonário da Ordem, já foram peremptórios:
frontalmente contra. Todos têm medo de perder o considerado “negócio
do século, especialmente os médicos que fazem da arte um meio fácil
de enriquecimento. O Goldman Sachs já dizia aos laboratórios
farmacêuticos para não criarem medicamentos que curassem as doenças
porque lá se ia o negócio, deviam era criar moléculas que
tornassem a doença crónica, porque, não matando o doente,
criava-se um consumidor para toda a vida. Com a despenalização da
eutanásia, esta gente tem medo de perder os clientes; e para mais
num país envelhecido, onde a terceira idade é um nicho de mercado
importante; mesmo com fraco poder de compra, o Estado avançará com
o devido financiamento. Não se deve matar os velhinhos!, dizem
todos, a começar pela incontornável família Mello. Compreende-se.
(...)
Os
partidos que são a favor da despenalização da eutanásia estão
todos contentes, aproveitam a oportunidade para fazer de conta que
defendem os direitos do povo e confiam antecipadamente na aprovação
da lei. Contam também com alguma aceitação por parte da opinião
pública, já um pouco moldada por alguma imprensa que não se cansa
de apresentar ao vivo pessoas que, em situação de desespero e sem
alternativa visível, elas próprias, quase que imploram pela
eutanásia. Só que o azar pode acontecer e a lei não ser aprovada.
É nesta hipótese que o agora tão prudente PR Marcelo que, andando
em visita turística na Índia, não se cansou de apregoar que em
território estrangeiro não comenta assuntos nacionais; o farsante
arvorado em grande democrata e respeitador dos outros órgãos de
soberania! Mas todos estamos à espera que o homem, utilizando todos
os meios que o cargo lhe permite, irá esforçar-se o mais possível
pela inviabilização da despenalização da eutanásia.
Como
diz o povo, só quem passa por elas é que sabe (se há padres que
acham que o aborto é pior que a pedofilia, isso é lá com eles, e a
esses só desejamos que sejam sodomizados o resto da vida e sejam
felizes). Por todas estas razões e mais algumas, somos a favor da
despenalização da eutanásia, a pedido unicamente da pessoa (em sofrimento irreversível),
inteiramente consciente e orientada, devidamente assistida e apoiada
por profissionais da área e idóneos. É um direito inalienável do
indivíduo, poder dispor da sua vida, tal como o direito à
interrupção da gravidez, o direito da mulher de decidir sobre o seu
corpo.
D´aqui
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