domingo, 4 de agosto de 2019

O fim do SNS e uma carreira de enfermagem low-cost


1 O fim do SNS 

O Estado (governo do PS/BE/PCP) gastou em 2018 cerca de 5% do orçamento do Serviço Nacional de Saúde só nas PPP; ou seja, foram 469,1 milhões de euros que foram para os comerciantes privados da Saúde, alguns dos quais até são estrangeiros, nomeadamente chineses e americanos.

Na Lei de Bases da Saúde recentemente aprovada no Parlamento dizem que as tão “contestadas” PPP vão ser proibidas, mas só com garantia de ser até à aprovação da Lei de Gestão do SNS na próxima legislatura. O que significa que a satisfação e até alguma bazófia dos partidos suportes do governo não terão grande sustentação, porque o resultado das eleições, embora pareça, ainda não é certo, as surpresas acontecem quando menos se espera e o resultado das eleições legislativas antecipadas na Grécia está aí para o demonstrar.

E a Lei parece ter mais brechas do que as necessárias para que se continue a engordar o sector privado e a prolongar a agonia do SNS, que, por este andar, já não terá grande tempo de vida. Entretanto os médicos e os enfermeiros, estes através de sindicatos que ainda não se deixaram comprar pelo governo, persistem na luta por carreiras e tabelas salariais dignas e, sobretudo, pela salvaguarda do SNS.

Há muitas maneiras de dar dinheiro aos negociantes da Saúde sem ser pelas PPP, há a ADSE, há os inúmeros contratos e protocolos, há permissão de médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico e por aí fora de acumularem o público com o privado, daí o contínuo crescimento das várias listas de espera e da falta crónica de médicos e de enfermeiros.

2 – Uma carreira de enfermagem low-cost

O Estado (governo) gasta por ano a módica quantia de 199 milhões de euros com as empresas de trabalho temporário, que há muito deveriam ter sido proibidas, especialmente por um governo que afirma querer acabar com a precariedade no trabalho, em vez de abrir concurso para o quadro a 2 ou 3 mil médicos, por exemplo.

O Centeno, o dito “Ronaldo das Finanças”, e contrariando as intenções da ministra da Saúde, é de opinião que a exclusividade no SNS não é para ser reposta (é bom relembrar que foi o PS/Sócrates que acabou com ela pela mão de uma ministra que os sindicatos do sector gostavam de trazer ao colo) por onerosa.

Assim se vai enriquecendo uma cáfila de parasitas que, por sua vez, vão untando as mãos com grossa comissão ou propina a todos aqueles que dentro da administração pública têm por hábito e gosto o recurso ao incensado outsourcing.

O PS e o Costa têm-se mostrado pessoas pérfidas e de nula confiança quanto aos seus compromissos no que concerne aos problemas dos trabalhadores. A aprovação da carreira de enfermagem é um bom exemplo, tudo fica na mesma, enfermeiros da carreira antiga ficam de fora, nomeadamente especialistas que não foram incluídos pelos chefes, não respeitando critérios objectivos próprios de um qualquer concurso, uma carreira feita à medida dos chefes, onde se alarga o leque salarial; ou seja, uma carreira baratinha, a metade do preço em relação à anterior caso tivesse sido desbloqueada – pode-se dizer que foi pior a emenda que o soneto – o mesmo irá acontecer com a Lei de Bases da Saúde.

Com a aprovação desta lei, com a configuração actual, quem ganha é o PS, será o único partido a tirar dividendos em termos eleitorais. E nem o BE e nem o PCP, como em relação a outras questões, obterão qualquer lucro; ficarão na história como os idiotas da política, partidos usados e deitados fora pelo Costa – os resultados eleitorais assim o dirão.

Sem comentários: