1 O
fim do SNS
O
Estado (governo do PS/BE/PCP) gastou em 2018 cerca de 5% do orçamento
do Serviço Nacional de Saúde só nas PPP; ou seja, foram 469,1
milhões de euros que foram para os comerciantes privados da Saúde,
alguns dos quais até são estrangeiros, nomeadamente chineses e
americanos.
Na Lei
de Bases da Saúde recentemente aprovada no Parlamento dizem que as
tão “contestadas” PPP vão ser proibidas, mas só com garantia
de ser até à aprovação da Lei de Gestão do SNS na próxima
legislatura. O que significa que a satisfação e até alguma bazófia
dos partidos suportes do governo não terão grande sustentação,
porque o resultado das eleições, embora pareça, ainda não é
certo, as surpresas acontecem quando menos se espera e o resultado
das eleições legislativas antecipadas na Grécia está aí para o
demonstrar.
E a
Lei parece ter mais brechas do que as necessárias para que se
continue a engordar o sector privado e a prolongar a agonia do SNS,
que, por este andar, já não terá grande tempo de vida. Entretanto
os médicos e os enfermeiros, estes através de sindicatos que ainda
não se deixaram comprar pelo governo, persistem na luta por
carreiras e tabelas salariais dignas e, sobretudo, pela salvaguarda
do SNS.
Há
muitas maneiras de dar dinheiro aos negociantes da Saúde sem ser
pelas PPP, há a ADSE, há os inúmeros contratos e protocolos, há
permissão de médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico e por
aí fora de acumularem o público com o privado, daí o contínuo
crescimento das várias listas de espera e da falta crónica de
médicos e de enfermeiros.
2
– Uma carreira de enfermagem low-cost
O
Estado (governo) gasta por ano a módica quantia de 199 milhões de
euros com as empresas de trabalho temporário, que há muito deveriam
ter sido proibidas, especialmente por um governo que afirma querer
acabar com a precariedade no trabalho, em vez de abrir concurso para
o quadro a 2 ou 3 mil médicos, por exemplo.
O
Centeno, o dito “Ronaldo das Finanças”, e contrariando as
intenções da ministra da Saúde, é de opinião que a exclusividade
no SNS não é para ser reposta (é bom relembrar que foi o
PS/Sócrates que acabou com ela pela mão de uma ministra que os
sindicatos do sector gostavam de trazer ao colo) por onerosa.
Assim
se vai enriquecendo uma cáfila de parasitas que, por sua vez, vão
untando as mãos com grossa comissão ou propina a todos aqueles que
dentro da administração pública têm por hábito e gosto o recurso
ao incensado outsourcing.
O PS e
o Costa têm-se mostrado pessoas pérfidas e de nula confiança
quanto aos seus compromissos no que concerne aos problemas dos
trabalhadores. A aprovação da carreira de enfermagem é um bom
exemplo, tudo fica na mesma, enfermeiros da carreira antiga ficam de
fora, nomeadamente especialistas que não foram incluídos pelos
chefes, não respeitando critérios objectivos próprios de um
qualquer concurso, uma carreira feita à medida dos chefes, onde se
alarga o leque salarial; ou seja, uma carreira baratinha, a metade do
preço em relação à anterior caso tivesse sido desbloqueada –
pode-se dizer que foi pior a emenda que o soneto – o mesmo irá
acontecer com a Lei de Bases da Saúde.
Com a
aprovação desta lei, com a configuração actual, quem ganha é o
PS, será o único partido a tirar dividendos em termos eleitorais. E
nem o BE e nem o PCP, como em relação a outras questões, obterão
qualquer lucro; ficarão na história como os idiotas da política,
partidos usados e deitados fora pelo Costa – os resultados
eleitorais assim o dirão.
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