por Paulo Guinote
O
último ano de greves, da dos professores à dos camionistas, foi
muito útil para se ir além das coreografias e simulacros, porque
existiram momentos em que existiu a necessidade claramente de tomar
partido ou combater determinada causa. Ou ficar em silêncio.
Percebeu-se, ao finalizar o mandato, que o PS de Costa agregou em seu
torno o essencial do de Sócrates, com esta ou aquela excepção, e
ainda fez algumas aquisições, seja pela forma como certas
personalidades mais à “esquerda” surgiram em sua defesa contra
professores, enfermeiros e motoristas (e a algumas criaturas
mediáticas que apareceram a capitalizar uma tardia “rebeldia” ou
independência eu não compraria um carro em segunda mão),
colaborando nas mais descabeladas campanhas negras que desenvolvidas
desde os tempos das avenças do engenheiro aos “corporativos” e
que tais, como outras à “direita” pareceram confortáveis com o
modo “firme” como Costa reagiu nas várias situações, sem
problemas em esticar os limites da legalidade a partir dos mecanismos
de poder do Estado.
Para
isso contribuíram, à esquerda, a forma desastrada ou demasiado
táctica como PCP e Bloco reagiram às diversas situações, entre a
ortodoxia do frentismo da sindical (ou és da cgtp ou levas) e a
indefinição entre abraçar causas ou um lugar numa geringonça2 (o
bloco ou só avançou quando sabia que isso não tinha consequências
ou desapareceu de vista, em praias incertas), e à direita a completa
inépcia de um Rui Rio completamente perdido em si mesmo (apareceu
tardíssimo, sem que se perceba o que faria de diferente se fosse PM,
quando já tudo estava decidido) e a crescente irrelevância de um
cds a reagir em piloto automático, não percebendo que a lei da
greve não protege nada que um governo sem oposição credível e uma
comunicação social domesticada não queira ultrapassar a seu belo
prazer.
Se
isto a que chamo “clarificação” é um cenário muito
desanimador e parece deixar-nos sem “alternativas” reconhecíveis
(o Aliança é o cadáver ambulante de um mítico psd/ppd que a
Iniciativa Liberal não consegue fazer reviver, enquanto do outro
lado o Livre é uma espécie de qualquer coisa europeísta), que não
sejam meramente folclóricas (PAN), periféricas ao sistema político
(MRPP, PNR, MAS, PURP, PTP) ou quase unipessoais (Chega/Basta, Nós,
Cidadãos, PDR).
Sim
Outubro está quase aí e começa a ser tarde para que se notem
diferenças que tragam mais motivação do que evitar uma eventual
trágica maioria absoluta.
(em
tudo o que foi escrito sobre a greve dos motoristas, reterei no
futuro dois ou três textos de uma Ana Sá Lopes que tarde parece ter
percebido a deriva trauliteira do PS e o mais recente (“ver para
descrer”) do Pedro Santos Guerreiro, o ex-director do Expresso que
teve em tempo útil de dar lugar ao irmão do irmão)
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