quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Os portugueses, o SNS e as mentiras do Costa em tempo de eleições


in Henricartoon

São os 40 anos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o Primeiro Costa jura que defende o que o seu partido criou, mais por força das circunstancias do que por inscrição no seu ADN programático, a ministra da Saúde desunha-se em plantar “oliveiras do SNS”, ao mesmo tempo que encabeça a lista pelo distrito de Coimbra, o Rio dos Pópós acusa o mais directo concorrente de “esconder as contas do SNS”, PCP e BE ufanam-se da hipotética paternidade da nova Lei de Bases da Saúde, assim como de outras “benesses” para os trabalhadores, mas não da aprovação de 4 Orçamentos de Estado e do agravamento da legislação do Trabalho.

Contudo, a realidade objectiva vai muito para além das verdades virtuais de cada um dos partidos na luta frenética pelo acesso ao pote. Recentemente, relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que Portugal é um dos três países europeus em que a despesa em saúde pública diminuiu entre 2000 e 2017, não deixando de assinalar que as desigualdades em saúde se mantiveram ou agravaram na Europa. As cativações na Saúde são uma realidade iniludível que Costa e o seu Centeno (parece que Rio tem outro) não conseguem esconder, à semelhança da dívida pública cujo montante não tem cessado de crescer, apesar de diminuir em termos percentuais do PIB, tal como os juros que nunca são referidos.

A mesma OMS não se escusa a concluir que a na Europa (o tão incensado farol da civilização e dos direitos humanos) os progressos em matéria de equidade em saúde estão “em ponto morto”, ou seja, nos 53 países da região europeia da organização as desigualdades em saúde permanecem as mesmas ou até se agravaram. Afirma que o leque de políticas que aponta para estimulo do crescimento económico e desenvolvimento sustentável fosse aplicado haveria uma redução de 50% das desigualdades em saúde e representaria um aumento de 0,3% a 4,3% do PIB – mantendo o modelo económico capitalista, saliente-se. Só que em tempo de crise profunda e prolongada do capitalismo, em particular na União Europeia, aquelas medidas acabam por ser inexequíveis.

Há menos dinheiro para a Saúde por diversas razões: por imposição de Bruxelas, há que respeitar as disposições do Pacto Orçamental; por opção abertamente política de favorecer os negócios dos privados degradando os serviços públicos, degradação essa que servirá de pretexto justificativo. Assim se explica que o número de cirurgias tenha aumentado em 2018, atingindo o valor mais alto de sempre, com quase 595.000 doentes operados no SNS, mas um crescimento que se deveu sobretudo ao recurso aos privados e sector social, portanto, na realidade fora do referido SNS – Relatório Anual de Acesso aos Cuidados de Saúde nos Estabelecimentos do SNS e Entidades Convencionadas relativo a 2018.

Ora, a actividade cirúrgica que é da responsabilidade do SNS reparte-se, pelos vistos, entre hospitais do SNS, que incluem Entidades Públicas Empresarias, Sector Público Administrativo e Parcerias Público-Privadas (responsáveis por 89,0% da produção total), e os hospitais protocolados (5,8%) e hospitais convencionados (5,2%), como todos eles fossem já Serviço Nacional de Saúde. Para o relatório e os órgãos de comunicação social do regime parece que sim. Será importante referir que a Lei de Bases da Saúde abre a porta a toda espécie de parcerias e de acordos com os privados, daí não ter havido qualquer alarido por parte dos negociantes da saúde e do PR ter promulgado a lei sem grandes objecções.

(...)

A Saúde é para a maioria dos portugueses uma prioridade, mas já o não é para o governo, e os números estão aí presentes, bem como tudo o que lhe está relacionado, como ficou demonstrado pelo o que atrás foi dito. Então, esperemos, sentados, pela reivindicação da paternidade por parte do BE e do PCP destes incontornáveis “benefícios”, que são de inteira responsabilidade do governo geringonça, mais preocupado com o défice tendencialmente zero das contas públicas e do pagamento de uma dívida pública, que não pára de crescer (o governo conta que suba só 3,475 mil milhões de euros este ano!). Pagamento que, para o governo e Bruxelas, deve ser assegurado pelo povo português para que este ou outro governo qualquer que venha seguir, beneficiando do crédito, continue na política de endividamento sem fim do qual o povo pouco ou nada beneficia.

não pagamento de um dívida soberana odiosa é um imperativo nacional, sendo a sua suspensão uma medida imediata a ser tomada no dia 7 de Outubro até que se realize uma auditoria pública e independente para se determinar o grau de ilegitimidade e de ilegalidade. O não respeito pelas regras do Pacto Orçamental é outra urgência a fim de se libertar investimento para a Saúde, Educação, Habitação para o povo e Segurança Social. O bem-estar do povo e dos trabalhadores é a prioridade máxima . E esta deve ser o elemento de aferição dos partidos que se apresentam às eleições no próximo dia 6 de Outubro. Se para tal for necessário, como será com certeza, sair da União Europeia (concomitantemente do euro) que se saia, e se o diga abertamente.

Texto completo aqui

Sem comentários: