domingo, 27 de janeiro de 2019

A burla milionária das cantinas dos hospitais



Um caso já denunciado há algum tempo, mas demasiado importante para se deixar cair no esquecimento. E a ser verdade, este será um entre muitos outros. A corrupção está na origem da degradação do SNS. Assim como a promiscuidade entre sector público e privado, baixos salários dos trabalhadores da saúde, desinvestimento no público para transferência de muitos milhões, de forma directa e indirecta, cerca de 40% do total de 9 mil milhões de euros, para o sector privado. É o fartar vilanagem!
«Um casal, cinco testas de ferro e quatro altos quadros de hospitais públicos são os principais arguidos na Operação Pratos Limpos. A maior parte das empresas suspeitas já faliu ou está sem actividade, mas ficou o resultado: cerca de 1,7 milhões de euros de dívidas ao Estado e mais alguns milhões por fuga ao fisco.
As escutas telefónicas decretadas pelo Ministério Público (MP) já estavam ativas há semanas quando, em Setembro de 2016, a Polícia Judiciária (PJ) percebeu que uma equipa da Inspeção-Geral das Atividades de Saúde (IGAS) estava a fazer uma auditoria ao Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO), a entidade que dirige os hospitais de Egas Moniz, São Francisco Xavier e Santa Cruz.
Bastante preocupada, Teresa Afonso, a coordenadora dos Serviços Financeiros, ligou à amiga Natércia Pina, a nova diretora do Serviço de Gestão Hoteleira do CHLO e também a mulher que controlava várias empresas privadas que tinham diversos contratos de exploração de bares/refeitórios daquele e de outros centros hospitalares públicos. Na conversa gravada, Teresa disse a Natércia que os inspetores do Ministério da Saúde já tinham pedido vários documentos sobre os negócios privados da amiga, mas que a situação ainda podia complicar-se se também quisessem ver à lupa os resultados dos contratos de arrendamento: "(…) agora, o nosso problema aqui é se a IGAS nos pede (…) ‘então o que é que tá pago?’".
Mais adiante na conversa, a responsável deu também a entender que estava a fazer tudo para ajudar a amiga e que outros altos quadros do CHLO também estariam dispostos a proteger Natércia Pina, uma destacada militante social-democrata de Oeiras que, antes de apoiar a candidatura presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa, integrou a lista conjunta PSD/CDS ao distrito de Lisboa para as eleições legislativas de 2015. Natércia foi o 36º candidato na lista encabeçada por Pedro Passos Coelho e Paulo Portas.
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