quarta-feira, 24 de abril de 2013

Enfermeiro reformado vive em comboios



Foto in "DN"

É na Itália mas, pelas mesmíssimas razões, pode acontecer em Portugal ou em qualquer país do Sul da Europa sujeito a extorsão financeira. O "DN" traz a notícia e é bom reflectir que o empobrecimento está acontecer no seio das ditas "classes médias".

«Silvano Toniolo, de 80 anos, ex-enfermeiro, foi despejado há oito meses do pequeno apartamento que tinha em Turim e, desde então, vive nos comboios de Itália. Não os que estão parados. Os que estão em movimento. Para isso, usa um passe de inválido, que lhe permite viajar gratuitamente. Assim, evita tornar-se mais um sem-abrigo a vaguear pelas ruas do país.

Ao longo desses últimos oito meses, conta hoje um artigo do jornal 'ABC', Silvano saiu pouco dos comboios, para mudar de rota. Conhece de cor os horários e as diversas combinações que pode fazer para chegar às mais diversas cidades.

"Trabalhei como enfermeiro. Também fui missionário de uma missão no Uganda", contou Silvano Toniolo, citado pelo jornal italiano 'Corriere della Sera', explicando que não tem familiares e durante as viagens que faz aproveita para visitar amigos. Estes, às vezes, convidam-no para comer.

Nunca dorme nas estações, sublinha, contando como passa as noites: "Viajo toda a noite, saio no final da viagem e, depois, volto a subir noutro comboio, que parte". De bagagem tem só uma mochila, preta, que lhe serve de almofada. "Não sou um sem-abrigo", esclarece o octogenário.

Silvano Toniolo é apenas um dos muitos rostos da crise em Itália, onde a cada dia 2 500 pessoas ficam sem emprego. A crise política não tem ajudado: o impasse político em que o país mergulhou após as legislativas de 24 e 25 de Fevereiro já fez com que Itália perdesse 1% do PIB (ou como a imprensa corporativa dá a imagem invertida da realidade, é precisamente a crise económica que provocou a crise governativa e política, e não o contrário).»

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