quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Cortar, cortar… é a palavra de ordem


O Orçamento do Estado para 2012, que vai ser aprovado em Conselho de Ministros extraordinário na próxima segunda-feira, prevê um corte de 1.400 milhões de euros só nos ministérios da Saúde e Educação. E «o orçamento da Saúde é o que vai levar o maior corte: são menos 800 milhões do que no ano passado». Segundo o jornal "Económico”.

O ministro já fez saber que os cortes serão nas horas extraordinárias, meios de diagnósticos, comparticipação de medicamentos e desperdícios. «Só no Serviço Nacional de Saúde o Governo pretende cortar cerca de 600 milhões de euros.» Os cortes, segundo o ministro, serão nas ditas “gorduras do Estado”. Mas, na realidade, não será bem o caso porque os contratos público privados na área da saúde vão de vento em popa, com claro prejuízo para os cofres públicos, e não se consegue esconder que a se continua com a destruição do SNS, através da sua desorçamentação, para se entregar grande parte dos cuidados de saúde aos privados.

Os partidos da oposição vieram logo a terreiro condenar estes cortes cegos na saúde, o PCP através de intervenção contundente na Assembleia da República, e o PS, pela voz de Carlos Zorrinho, contrapôs que essa "não é a filosofia do ajustamento estrutural preconizado pelo PS", esquecendo que os seus governos, liderados por Sócrates, foram os que mais fizeram pelo desmantelamento do SNS, com o encerramento de serviços de urgência e das maternidades, congelamento das progressões nas carreiras dos trabalhadores do sector, pelos cortes salariais e pela vergonhosa carreira dos enfermeiros, cujos salários têm vindo a encolher desde há sete/oito anos.

O PS já disse que irá aprovar o Orçamento do Estado para 2012 porque está em causa o dito “interesse nacional”.

O “interesse nacional” irá estar bem acautelado no próximo orçamento, na perspectiva dos partidos que assinaram o memorando de entendimento com a troika, com aumento dos impostos, fim das deduções em sede de IRS, actualização das taxas moderadores, mais cortes salariais nos trabalhadores do estado, congelamento das pensões de reforma, privatização das empresas públicas (CTT e transportes serão as primeiras) com despedimento de centenas de trabalhadores, revisão da legislação laboral, onde se inclui aumento dos horários de trabalho, mais facilidade de despedimentos, mais flexibilidade, mais precariedade, etc.

Nós, enfermeiros, estamos já apanhar por tabela, com mais precariedade, salários nominais diminuídos, mais flexibilidade e uma carreira profissional sem futuro. Encontram-se mais que reunidas as condições para nos revoltarmos. Devemos seguir a desobediência civil e prepararmos para enviar este governo, o mais depressa possível, pelo caminho do anterior, antes que fiquemos na mais completa miséria.

PS: 12 mil milhões de euros vão directamente para os bolsos dos banqueiros, que declaram milhões de lucros por dia, e o governo prepara-se para lhes enfiar mais 35 mil milhões por meio de avales. E o governo grego, que diz não ter dinheiro para pagar os salários aos funcionários públicos, já tem alguns milhares de milhões para comprar tanques para defender os bancos da revolta do povo. E esta, hei!

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