«Durante
a semana que findou, foi noticia que estavam suspensas as cirurgias
nos hospitais públicos algarvios, o que levou a administração do
Centro Hospitalar do Algarve a desculpabilizar-se com o elevado
numero de internamentos.
A
noticia tem sido objecto dos mais variados comentários mas há pelo
meio muitas omissões que convém analisar.
O
projecto do Hospital de Faro remonta ao regime anterior e por essa
altura não havia o Serviço Nacional de Saúde, mas haviam hospitais
concelhios em quase todos os concelhos da região, onde se faziam
desde partos a cirurgias passando por um serviço de urgências nem
que fosse em regime de chamada. Aos poucos tudo isso foi
desaparecendo e as populações foram ficando cada vez mais isoladas
e distantes da assistência hospitalar.
Por
outro lado o crescimento da população algarvia e o incremento do
turismo passaram a trazer á região muito mais pessoas que no pico
do verão chegam a triplicar, um crescimento que não foi
contemplado. Aliado a isso, com a integração europeia e a livre
circulação de pessoas, passamos a assistir a uma nova forma de
turismo, o de saúde. São muitos os casos, em que desde cateterismos
a outro tipo de intervenções que levam cidadãos estrangeiros a
procurar os serviços hospitalares do Algarve, porque lhes sai muito
mais barato, e é bom não esquecer que no SNS esse serviço é
gratuito, o que aumenta de forma significativa a procura e a
taxa de ocupação dos hospitais públicos.
Será
que o dinheiro do turismo não justifica um outro tipo de atitude por
parte da governação? Ou apenas serve para disfarçar o crónico
défice da balança de transacções?
A
conjugação destes factores leva a que os serviços fiquem sem
capacidade de resposta. E como se isso não bastasse, as cativações
decididas pelo governo central, induzem à falta de investimento e
recrutamento de pessoal, tudo em nome do cumprimento das orientações
de Bruxelas, mesmo que isso signifique a morte de muitas pessoas, por
falta de assistência. Cabe lembrar que ainda não há muito tempo,
os enfermeiros fizeram uma greve e logo o governo agitou o espantalho
das cirurgias para denegrir a luta daqueles profissionais, mas agora
que são as administrações hospitalares, suas serventuarias, a
tomar a iniciativa, já está tudo bem.
A
classe política utiliza a bandeira dos hospitais como arma de
arremesso para a chicana política que não para servir as
populações, quando o que está em causa, é a necessidade de um
Hospital Central capaz de dar resposta a quem dele necessita.
Devemos
também chamar a atenção para as listas de espera, em que muitas
vezes são alteradas as datas de entrada nelas para que não se
perceba a real dimensão do problema, algo em que a ministra temida
parece ser especialista.
Já
vai sendo tempo de todos sem excepção e politiquices á parte,
darmos as mãos no sentido de obrigar o governo. seja ele qual for, a
construir o novo Hospital Central do Algarve!
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