quinta-feira, 7 de maio de 2015

Morrem cerca de 15 portugueses com pneumonia por dia



Teles de Araújo 

De facto temos anualmente um número de casos de pneumonia que ultrapassa os 150.000 e que motivam mais de 40.000 internamentos, dos quais resultam mais de 400.000 dias de internamento (dados da ACSS e da DGS).

A gravidade da situação é ainda sublinhada pelos dados divulgados pela Comunidade Europeia, onde se constata que nos 28 países a mortalidade média por pneumonia é de 13,0 por 100.000 habitantes, ao passo que em Portugal é de 26,6 por 100.000 (só ultrapassada pelo Reino Unido e Eslováquia). Dito doutra forma: por dia morrem cerca de 15 portugueses com pneumonia.

As formas mais graves de pneumonia ocorrem em doentes internados e entre eles 1 em cada 5 morrem por esta causa.

Mais, nem o número de internamentos por pneumonia, nem o número de óbitos têm diminuído. Antes pelo contrário os números mostram, em 10 anos, uma tendência para se agravarem: os óbitos aumentaram 16,7% e os internamentos 14,1%.

Esta situação terá certamente múltiplas causas, para além do envelhecimento da população. É uma realidade gritante que não pode ser negada e que impõe a definição de novas estratégias de combate a esta situação.
A maioria das pneumonias são causadas pelo pneumococo, bactéria contra a qual existe vacina eficaz, que ainda não faz parte do Plano Nacional de Vacinação. Estudos noutros países demonstraram que a vacinação contra o pneumococo não só impede a doença pneumocócica na criança como reduz esse reservatório da bactéria, diminuindo, a prazo, a doença no adulto. A Fundação tem defendido junto das entidades de saúde e da Assembleia da República a inclusão da vacina no Plano Nacional de Vacinação e a comparticipação alargada, ou mesmo gratuitidade, para os indivíduos com mais de 50 anos ou sofrendo de doenças crónicas ou que condicionem depressão da imunidade.

Certamente que a existência de resistências aos antibióticos será importante para esta situação. Será necessário que todos se convençam que o uso destes importantes fármacos deve ser reservado às infecções por bactérias e que devem ser usados correctamente.

As pneumonias são um problema grave nos doentes internados. Há que reforçar as medidas de controle da infecção dentro dos hospitais, com o empenhamento de todos os profissionais de saúde.

Tão elevada mortalidade intra-hospitalar por pneumonia sugere que muitos casos poderão chegar tardiamente aos hospitais. Contudo existem critérios clínicos que permitem aferir a potencial gravidade da doença e que todos os médicos devem utilizar. Para os doentes com esses critérios poderá haver vantagens na criação duma linha prioritária de acesso a cuidados hospitalares, em serviços habilitados para os tratarem.

É pois urgente definir um conjunto de medidas e de estratégias que permitam minimizar o problema das pneumonias em Portugal.



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