quinta-feira, 29 de março de 2012

Um Balanço da Greve Geral



A Greve Geral de ontem foi um momento importante e imprescindível de combate ao regime de austeridade e de recusa das alterações à legislação laboral que vão a discussão no parlamento na próxima quinta-feira e que vão piorar a vida das pessoas que trabalham ou estão desempregadas em Portugal.

Por todo o país, as adesões à Greve desafiaram a estratégia de descredibilização da paralisação escolhida por Passos Coelho. A greve aconteceu de facto e os cidadãos e as cidadãs não desistem de afirmar que o caminho da austeridade que destrói a economia e o emprego é errado.

Nos piquetes à porta dos serviços de recolha do lixo em Lisboa, nos CTT ou na Carris na Musgueira e em Cabo Ruivo, a participação de populares e dos movimentos sociais só pode ser vista como uma das mais importantes notas desta paralisação. Os Precários Inflexíveis juntaram dezenas de ativistas que participaram durante toda a noite nos vários e principais piquetes de greve em Lisboa.

Assim, apesar da convocação da Greve Geral não ter tido o apoio da UGT (apesar de vários sindicatos desta central sindical terem aderido), e apesar da pouca e tardia divulgação da Greve Geral, a participação popular nos piquetes fez em vários locais duplicar o número de pessoas nesses piquetes. Essa participação solidária e cidadã, que os Precários Inflexíveis e outras organizações e movimentos ajudaram a promover, multiplicou a força do movimento dos trabalhadores. Esta é uma aprendizagem que não podemos esquecer e que temos de abraçar porque dela dependerá a abertura da luta aos cidadãos e a variadas formas de organização no movimento social e de trabalhadores.

Na manhã da Greve Geral foi importante que se oferecesse voz aos trabalhadores precários que não conseguiram aderir devido à chantagem e às ameaças que recebem. Aquando da invasão do Call Centre da PT, onde trabalham centenas de pessoas através de empresas de trabalho temporário, os Precários Inflexíveis foram claros: há muitas maneiras de contribuir para o sucesso de uma Greve Geral e todas são importantes para reforçar a solidariedade entre trabalhadores e para recusar o caminho da austeridade infinita.

De novo, e como já havia acontecido na Greve Geral de 24 de Novembro de 2011, as manifestações e concentrações ofereceram uma enorme visibilidade ao dia e ao acontecimento político que é a Greve Geral. Os Precários Inflexíveis estiveram presentes na manifestação com a CGTP, organização que convocou esta Greve Geral, e várias outras associações, organizações e movimentos. Infelizmente, à entrada da Praça de S. Bento, um grupo de pessoas pertencentes ao serviço de apoio da CGTP impediram a entrada a várias pessoas dos Precários Inflexíveis e de outras organizações. Lamentamos que das agressões provocadas por esse cordão de membros da CGTP tenha resultado o ferimento de um membro dos Precários Inflexíveis (que teve de ser assistido no hospital) e a várias outras pessoas.

Não aceitamos que existam agressões entre organizações que participam numa luta comum. No entanto, os Precários Inflexíveis não confundem a atuação lamentável de membros da CGTP com a própria CGTP. O Secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, falou pessoalmente com os Precários Inflexíveis e lamentou o sucedido.

Repudiamos também, totalmente, a atuação selvática da polícia que agrediu violentamente os manifestantes da plataforma 15 de Outubro e outras manifestações. Desde a madrugada da Greve Geral denunciámos que a polícia estava a usar meios violentos (como tasers) e repudiamos fortemente a tentativa de criminalização de outras manifestações em Lisboa e no Porto. Todas as manifestações são livres e só pode ser assim em Democracia. Nada justifica a ação da polícia e o Ministro da Administração Interna deve assumir as suas responsabilidades.

A dimensão da "terapia de choque" que está a ser aplicada à população e a escalada repressiva evidenciada de novo nesta greve (contra piquetes durante a noite, contra manifestantes e jornalistas durante o dia), demonstra a necessidade da maior convergência na resposta popular. As manifestações do 25 de Abril, o 1º de Maio com o desfile do Mayday contra a precariedade e, logo depois, a jornada global de 12 de Maio são momentos em que todos devem ser capazes de colocar acima de tudo o enfrentamento comum contra a política do Governo e da troika que esmaga as pessoas.

Os Precários Inflexíveis apelam à participação de todos os coletivos e pessoas preparadas para este combate prolongado a que se integrem desde já na preparação do desfile do Mayday no Dia do Trabalhador e as jornadas da Primavera Global e da manifestação de 12 de Maio, cuja primeira assembleia preparatória decorre já amanhã.

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