quarta-feira, 30 de abril de 2014

1º de Maio em clima de guerra aberta



Em véspera do Dia Internacional do Trabalhador, o senhor Coelho, também conhecido por primeiro-ministro do governo de Portuga, vai anunciar ao povo o conteúdo do denominado “ Documento de Estratégia Orçamental”, já aprovado em reunião do comité de negócios local do capital financeiro europeu, onde consta a forma como vai ser perpetrado e o montante do saque do produto do trabalho do povo português e demais riquezas ainda no domínio do estado, nos próximos quatro anos. Documento que irá ter o aval do “principal partido da oposição”, embora se vá ouvir algumas lamentações do senhor (pouco) Seguro, e será programa do futuro governo PS. Ainda não se conhece o conteúdo exacto do dito DEO mas já toda a gente sabe que irá para além da transformação em definitivo dos cortes dos salários e das pensões e dos tais 1400 milhões de euros em 2015, e que a dívida soberana continuará a inchar, facto escamoteado com a garantia de que não faltará crédito externo, que irá mais tarde, já em governo de outra cor, ser pago pelos trabalhadores portugueses com língua de palmo – os 15 mil milhões que dão tanto conforto ao senhor Coelho são o resultado de mais empréstimos, cujo pagamento está a ser empurrado com a barriga para mais tarde.

É neste contexto que se comemora o 1º de Maio este ano, num clima de guerra aberta entre o capital e o trabalho, estando o primeiro a ganhar aos pontos e por muito. Não só as medidas de austeridade estão a ser postas em prática como têm tido sucesso em relação ao objectivo que prosseguem, ou seja, à acumulação de riqueza nas mãos de menos de 1% da população: os sete maiores accionistas das empresas cotadas em bolsa (Américo Amorim e Belmiro de Azevedo à cabeça) viram aumentar as suas fortunas em 336 milhões de euros em apenas quatro meses, passando para 13 940 milhões de euros, devido à especulação bolsista. O 1º de Maio será comemorado em luta, luta sem tréguas contra o capital, que tem rosto, passando pelo derrube do governo; derrube que somente será possível com o povo na rua e na ocupação dos seus locais de trabalho : greve geral nacional, pelos dias e vezes que forem necessários...

Enquanto se assiste à concentração do capital nas mãos de um pequeno punhado de capitalistas, entre nós os números são conhecidos (os 25 mais ricos aumentaram as suas fortunas em 16% em 2013, somando 16 700 milhões de euros, representado 10% do PIB, enquanto em 2012 representavam 8,4%), mas em Espanha, onde a crise atinge maiores proporções em termos de desemprego e de miséria social, as fortunas dos mais ricos cresceram 25,6% em 2013, atingindo a cifra astronómica de 1,891 biliões de euros só em activos financeiros (dinheiro, acções, depósitos e valores), o nível mais elevado desde 2007, ano de início da crise. Contudo, a austeridade prossegue a bem do capital e do “país”, que é o país deles, dos ricos, dos banqueiros e da coutada do grande capital financeiro internacional que mantem o saque com a continuação da dívida soberana e da perseguição das metas do défice, que quanto mais o governo diz aproximar-se mais longe se encontram, parecendo que se afastam à medida que se acelera a corrida do empobrecimento do povo português: os cortes chegaram aos 29 500 milhões de euros (17,9% do PIB), mais 12 milhões (mais 69%) do previsto no memorando da troika, contudo, no final de 2013, a dívida das administrações públicas ascendeu a 213,6 mil milhões de euros (129% do PIB), o que representa uma subida face aos 124,1% registados no final de 2012; números oficiais que não conseguem esconder que a dívida andará já pelos 135% do PIB. No outro lado da linha, o povo português está mais pobre, os trabalhadores do estado terão visto os seus rendimentos diminuir em mais de 25% em média.

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