quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A propósito da luta dos Enfermeiros da Linha Saúde 24



Os enfermeiros da Linha Saúde 24 terminaram o ano 3013 e iniciaram o novo ano com a luta contra a intenção da empresa cortar 20% nos salários e contra o despedimento e a precarização, que é o que se encontra por detrás dos salários baixíssimos e com tendência a minguar ainda mais, caso deixem. Um bom exemplo de atitude combativa.

A este propósito se pode fazer um pequeno balanço global da luta dos enfermeiros no ano que terminou: todos os problemas que existiam a 1 de Janeiro mantiveram-se e com um agravamento, imposição do horário das 40 horas aos trabalhadores do estado em CTFP, uma vingança pela impossibilidade de cortar (roubar) ambos os subsídios.

Qual a atitude? Esperar que as condições melhorem e empreender uma luta desgarrada pela manutenção das 35 horas como excepção corporativa! Resultado: estamos piores do que há 1 ano atrás. Aliás, nunca se está na mesma, ou estamos melhor ou pior. É a dialéctica. Contra isto, batatas.

Ganhar um salário de 4 ou 5 euros à hora é o salário da empregada doméstica (sem desprimor para este esforçado grupo de trabalhadores) mas que rebaixa e humilha um grupo de técnicos com formação especializada e grau académico superior. Mostra que o desemprego é um factor de compressão para o abaixamento do salário nominal. O governo (estado) tem promovido o desemprego na profissão com esse objectivo bem delineado, ganha o patrão/estado, ganham os patrões da saúde privada. É o fartar vilanagem!

O desemprego e os baixos salários na enfermagem são o outro espelho do negócio da saúde e onde se inclui a degradação e o desmantelamento do SNS. Para o negócio da privatização há dinheiro, e dinheiro de sobra, alguns exemplos avulso:

A. Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo pagou mais de 400 mil euros a uma empresa de consultoria pela elaboração do inventário dos bens móveis e imóveis da instituição;

B. Estudo sobre a reforma da rede hospitalar na mesma dita Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo, pelo valor de "90 mil euros”;

C. Os portugueses continuavam a ser dos que mais pagam directamente do seu bolso despesas com saúde, 4,3% do rendimento das famílias portuguesas era destinado a despesas com saúde, enquanto a média da OCDE era de 2,9% (2011);

D. O Serviço Nacional de Saúde (SNS) vai levar um corte de 200 milhões de euros no Orçamento do Estado de 2014;

E. Nos hospitais do SNS: Diminuição de financiamento (3,5%), os recursos humanos terão de cair entre 5% e 9%, redução de défices para metade de acordo com as regras de contratualização 2014;

F. As taxas moderadoras subiram em Janeiro como (má) entrada no novo ano.

Os trabalhadores fizeram greve por 24 horas no sábado passado e reafirmaram: «rejeitar qualquer tentativa de imposição de "uma redução salarial coercivamente e sob a ameaça, já concretizada para alguns, de despedimento", e exigem a readmissão e a reatribuição de turnos aos "colegas que foram ilícita e sumariamente despedidos como retaliação por não aceitarem baixar os seus salários». Esperamos que a determinação vá até ao fim, coisa que não aconteceu em nenhuma luta dos enfermeiros até agora.

Perante a intransigência da entidade patronal (a LCS, da pública Caixa Geral de Depósitos) e o silencio e passividade das ditas “autoridades competentes”: Ministério da saúde (governo), Autoridade para Condições de Trabalho (ACT), Comissão Parlamentar da Saúde, os enfermeiros resolveram manifestar-se no próximo dia 13 em Lisboa, junto ao Ministério da Saúde. Estarão sozinhos? Se estão, então será a derrota!

Todo o apoio e solidariedade com os enfermeiros da Linha Saúde 24!

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