sábado, 24 de setembro de 2011

Menos enfermeiros no SNS para agradar à troika... e aos privados!


Para cumprir o dito “memorando de entendimento” com a troika (UE,FMI,BCE) e assinado pelos partidos do poder governativo (PSD,PP,PS) o governo compromete-se a cortar 20% nas horas extraordinárias dos médicos e dos enfermeiros (para os pouco que as fazem), em 2012 e 2013, e os hospitais empresa (EPE) e os centros de saúde estão terminantemente proibidos de contratar novos médicos e enfermeiros, seja a título individual ou através de empresas de prestação de serviços.

Por outro lado, as ARS estão a despedir enfermeiros contratados, embora sejam necessários, como aconteceu recentemente no Algarve, 65% dos jovens profissionais de enfermagem estão desempregados ou são precários – segundo o estudo realizado pela Ordem dos Enfermeiros, "Situação Profissional dos Jovens Enfermeiros em Portugal" –, 20% estão desempregados, o que representa um aumento de 1,3% face ao ano anterior, e 4,9% já estão a trabalhar noutras áreas.

Neste momento a renovação de contratos também encontra-se congelada e só o próprio ministro da Saúde poderá autorizar excepções. Os administradores hospitalares que desrespeitarem a regra serão alvo de sanções e podem mesmo ser despedidos. A proibição de contratação de novos enfermeiros, apesar de muitos hospitais e centros de saúde revelarem uma falta enorme e chocante destes profissionais da saúde – questão que não se manifesta com os médicos na medida em que em relação a estes o problema centra-se mais na racional e justa distribuição segundo as necessidades do SNS – foi publicada em Diário da República.

Esta proibição, plasmada em forma de lei para ninguém ter dúvidas e depois do Fundo Monetário Internacional ter revisto para o dobro os referidos cortes, revela que o governo quer ir mais além das metas que foram impostas pelo dito “acordo” com a troika. E, em vez do corte dos 550 milhões de euros, o governo PSD/PP tem a intenção de chegar aos mil milhões de euros (se o povo português deixar, claro!, os governos de coligação não costumam chegar ao fim), criando assim as condições para a privatização de grande parte dos serviços de saúde, especialmente dos mais lucrativos.

Em recente intervenção pública o conhecido “pai do SNS”, António Arnaut, foi peremptório em denunciar esta intenção encoberta do governo que, escudando-se nas medidas de austeridade impostas pelo memorando da troika, pretende simplesmente a destruição do SNS. E foi ainda mais longe na sua indicação: o povo português deve sublevar-se contra estas medidas de encerramento e privatização de serviços, vindo para a rua protestar. E (acrescentamos nós) ocupar os serviços do SNS impondo a continuação do seu funcionamento e, para tal, devem ter o apoio incondicional e activo dos enfermeiros, médicos e assistentes operacionais.

E aqui e agora os sindicatos têm mais do que palavras a mostrar!

Todos devemos promover e incitar à desobediência civil!

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