sábado, 18 de junho de 2011

Contra a Europa do Capital


Espanha: o Movimento 15 de Maio contesta a reforma laboral imposta pelo PSOE que, tal como cá, irá facilitar e embaratecer os despedimentos, flexibilizar ainda mais os horários de trabalho, as funções e a mobilidade geográfica, enfraquecendo ainda mais a negociação colectiva e aumentando a precarização e o desemprego. Antes da aprovação da nova legislação, mais de mil manifestantes reuniram-se em frente do parlamento e gritaram palavras de ordem como : "vamos parar esta reforma", "não vamos pagar por esta crise", “ministro do trabalho: abaixo, abaixo, abaixo ” ou “faz falta já – uma greve, greve, greve (geral)”.

Republica Checa: os sindicatos reagem à proibição da greve geral no sector dos transportes para 2ª feira e convocam a greve para a próxima quinta-feira, dia 16, mais prolongada, mais dura, com maior adesão e acompanhada de cortes de estradas que não serão anunciados previamente.

Grécia: Hoje, dia de debate no Parlamento de mais medidas de austeridade, greve geral, após de mais de 20 mil de pessoas que não saem das ruas da capital, desde domingo, terem cercado o Parlamento e depois dos trabalhadores da empresa pública de energia (PPC) terem praticamente paralisado o país na 2ªfeira.

Itália: No referendo popular , Berlusconi foi derrotado em toda a linha, o povo italiano disse que a água é de e para todos , recusando a privatização, que a energia nuclear é perigosa e não serve , e que os governantes não podem ter privilégios que os eximam de prestar contas perante a justiça e o povo, principalmente quando este é o principal prejudicado.

Portugal: o governo de direita PSD/CDS/PP está em formação acelerada e em vésperas de tomar posse, um governo serventuário que irá pôr em marcha o programa celerado e antipopular imposto pela troika (FMI/BCE/UE) e, como já foi prometido pelo futuro primeiro-ministro, tentará ir mais longe para contento dos patrões nacionais, aproveitando a crise e a intervenção externa para se fazer as reformas almejadas desde sempre pela nossa burguesia rentista e negreira.

Perante o cenário de luta, que se estende, para já, pela Europa do Sul, a CGTP diz-se “preocupada”, “são tempos de preocupação”, prometendo “acção vigorosa” para os próximos tempos, mas dessa acção apenas se vislumbra uma tímida exigência de “reivindicações de emergência”, consistentes no aumento do salário mínimo nacional para os 500 euros, como tinha sido acordado com o governo de Sócrates, aumento das pensões mais baixas e garantia de acesso aos apoios sociais para os desempregados em pior situação económica. Greve geral nem falar dela, nem vê-la.

Em Portugal vai acontecer o que já está a passar-se com a Grécia, impossibilidade de fazer face ao compromisso assumido com a troika e imposição de mais medidas de austeridade. Os tempos são de luta aberta, com os campos mais demarcados, de um lado encontra-se um governo aberta e formalmente de direita, sem empecilhos pseudo-esquerdas, um Parlamento com maioria de direita e um presidente também de direita, e do outro lado, os trabalhadores assalariados e o povo pobre que se terão de unir em fileiras cerradas para não serem esmagados. Não há lugar para meias-tintas, para posições conciliadoras, mas parece que os dirigentes da CGTP ainda não perceberam que a realidade mudou e que os seus próprios lugares estão também em jogo.

A partir de agora tudo será diferente e as lutas serão redobradas e temos, nós portugueses, de marchar ao mesmo passo dos restantes trabalhadores europeus. No próximo fim de semana haverá Manifestação Internacional convocada pela ‘Verdadeira Democracia Já' e greves gerais acontecem durante a semana, não podemos ficar de fora. A luta internacionaliza-se, para que haja uma Europa do Trabalho terá de se destruir a Europa do Capital.

(Original em www.osbarbaros.org)

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