henricartoon
«São
pacientes considerados "especialmente vulneráveis" mas
parecem invisíveis. Entidade Reguladora da Saúde aponta o dedo às
unidades hospitalares e exige mudanças concretas.
Demora
no atendimento, enganos nos procedimentos, desabafos, queixas e
lamentos. A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) é o porto onde
chegam todas as reclamações dos utentes, mas nos últimos meses o
organismo tem deliberado sobre vários casos com uma tónica comum: a
fuga de utentes. A gíria médica chama-lhe "abandono
hospitalar", quando o doente desiste de esperar pela sua vez e
não chega a ser atendido nas Urgências. No
caso de doentes psiquiátricos, idosos e outros pacientes
"especialmente vulneráveis" o caso não pode ser chamado
de abandono, mas sim de fuga. São doentes que podem pôr em risco a
sua própria vida e a de outros.
Muitas
vezes são os familiares os primeiros a saber que o doente fugiu,
como uma mãe que abriu a porta ao filho às três da manhã. Estava
vestido com a roupa hospitalar e não tinha tomado a medicação para
a esquizofrenia. Há
também o caso do homem que foi encontrado ainda com o cateter no
braço e a pulseira amarela no pulso. Tinha
87 anos e deambulava por um hipermercado.
Esquizofrénico
foge do Hospital de S. José e aparece, de pijama, à porta da mãe
Eram
três horas da madrugada do dia 20 de setembro de 2016 quando a mãe
de M.L abriu a porta de casa e encontrou do outro lado o filho, um
doente psiquiátrico, ainda com a roupa do hospital. O homem, que
sofre de esquizofrenia paranoide, tinha fugido do Hospital de S.
José, para onde fora transportado devido a problemas cardíacos.
Segundo o irmão de M.L., que apresentou uma queixa à Entidade
Reguladora da Saúde, o doente
"acabou a ter alguns episódios de maior violência (por negação
da sua doença e consequente ausência de medicação) que o conduziu
a alguns internamentos compulsivos no Hospital Júlio de Matos".