quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Os malefícios da indústria farmacêutica em Portugal: Cientistas alertam para a falta de dados sobre ocorrência de fármacos no ambiente

in SIC noticias

1. Cinco fármacos detectados nos rios Ave e Sousa
Por Teresa Sofia Serafim 

Em Portugal, sabemos que foram detectados 32 fármacos (nem todos na lista da directiva) noEm análises a 120 amostras de águas superficiais dos rios Ave e Sousa realizadas durante quase um ano detectou-se a presença de cinco fármacos. São eles o anti-inflamatório diclofenaco; o filtro ultravioleta EHMC, usado em cosméticos e na indústria; e os antibióticos eritromicina, claritromicina e o azitromicina. Em ambos os rios, a concentração mais elevada foi de EHMC: 3930 nanogramas por litro de água no Sousa e 7552 no Ave.

Estes valores são preocupantes? “Ainda não existem valores regulamentados para estes compostos, que estão sob vigilância. Por isso, ainda não existem padrões de qualidade ambiental, ou seja, valores mínimos admissíveis”, refere Cláudia Ribeiro, da Cooperativa de Ensino Superior, Politécnico e Universitário (CESPU) e uma das autoras deste trabalho, que foi da responsabilidade de Ana Rita Ribeiro da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. “De qualquer maneira, foi calculado o risco de toxicidade por exposição ambiental destes compostos a organismos aquáticos que demonstrou ser elevado para o EHMC, assim como risco de toxicidade médio para o diclofenaco [que teve 1330 nanogramas por litro de água] no rio Sousa.”

Publicado online em Agosto na revista científica Science of the Total Environment, neste estudo analisaram-se 17 contaminantes (não só fármacos) da lista de vigilância a monitorizar da directiva 2013/39/UE sobre a política da água. Esta directiva – acto legislativo que fixa um objectivo geral que todos os países da União Europeia devem alcançar – estabelece a necessidade de monitorização de poluentes, incluindo fármacos, para que se combata a poluição estuário do Tejo. Num artigo de revisão de 38 trabalhos publicados entre 1997 e 2014, referia-se que havia ibuprofeno (que também não está na lista) em sedimentos do rio Uíma. Já num estudo publicado em 2016 na publicação Reviews of Environmental Contamination and Toxicology se indicava – por exemplo – que havia ibuprofeno nas águas do rio Minho, Lima, Leça, Ave, Douro e na ria de Aveiro ou paracetamol no rio Leça. No mesmo trabalho também se refere que se detectaram 65 fármacos em cinco ETAR.

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2. Investigadores detetam presença de 32 medicamentos nas águas do Tejo

Por Paulo Cunha/Lusa

Um grupo de cientistas identificou a presença de 32 fármacos nas águas do estuário do Tejo, no âmbito de uma investigação que ainda decorre, anunciou esta quarta-feira a Universidade de Lisboa.

O próximo passo da equipa passa por determinar a presença de resíduos farmacêuticos em plantas, crustáceos, bivalves e peixes, a par da avaliação do potencial de acumulação ao longo das cadeias alimentares, de acordo com a mesma fonte.

Entre as substâncias encontradas estão resíduos de antibióticos, de anti-hipertensivos e anti-inflamatórios, que foram encontrados em mais de 90% das amostras de água recolhidas "em toda a extensão do estuário".

Foram também identificados antidepressivos, reguladores lipídicos e antiepiléticos."A presença destes compostos resulta do uso e consequente libertação contínua destes produtos nas águas residuais", lê-se num comunicado emitido pela instituição.

As maiores concentrações de fármacos, usados na medicina humana e veterinária, foram observadas em áreas próximas da saída dos efluentes de tratamento de águas residuais na margem norte da Área Metropolitana de Lisboa e na zona sul do estuário, próximo de Almada e da desembocadura do Tejo.

O trabalho envolve 32 investigadores e as conclusões serão publicadas na edição impressa de outubro da "Marine Pollution Bulletin".

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