quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Estudo sinaliza dificuldades no acesso e alerta para falta de enfermeiros

 


Estudo para a Comissão Europeia frisa que, "futuramente, o Serviço Nacional de Saúde [em Portugal] tem como desafio conseguir manter a motivação dos seus profissionais, bem como conter e inverter a sua saída".

A análise comparativa aos 28 Estados membros, encomendada pela Comissão Europeia à Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e ao Observatório Europeu de Sistemas e Políticas de Saúde, sinaliza que em Portugal há falta de enfermeiros tendo em conta a população.

De facto, de acordo com os dados divulgados, o número de enfermeiros (6,3 por 1000) no nosso país ainda é inferior à média da UE (8,4).

Já no diz respeito aos médicos, o relatório "Estado da Saúde na União Europeia Portugal: Perfil de Saúde do País 2017" divulgado na semana passada, revela que a proporção é mais alta do que na generalidade dos 28 países da UE (4,6 por mil habitantes contra 3,5), no "entanto, o número está sobrestimado em 30 % por contabilizar todas as pessoas habilitadas a exercer medicina".

A nível da proporção de enfermeiros apenas a Espanha, Itália, Eslovénia, Bulgária e Chipre apresentam números mais preocupantes.

Dificuldades no acesso à saúde

O relatório aponta como maiores obstáculos no acesso aos cuidados de saúde em Portugal "os tempos de espera e a distribuição geográfica desigual das instalações". A distribuição dos recursos varia não só entre regiões como entre municípios. Registam-se ainda disparidades significativas nos indicadores de riqueza e de saúde entre as grandes áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e as regiões do interior.

"Muitas das pessoas que vivem nas zonas rurais estão em risco de pobreza e defrontam-se com obstáculos (em especial a distância) que dificultam o acesso a serviços de saúde de qualidade", lê-se no documento. Acresce que os profissionais de saúde concentram-se nas zonas costeiras, na Grande Lisboa e no Grande Porto.

O relatório sinaliza também as "grandes disparidades geográficas na distribuição dos profissionais de saúde do SNS por profissão, assim como na distribuição das instalações públicas de cuidados de saúde primários". Em 2015, havia ainda cerca de 1,2 milhões de utentes do SNS sem médico de família.

Os técnicos da OCDE e do Observatório Europeu de Sistemas e Políticas de Saúde alertam que "as pressões sobre os profissionais de saúde irão agravar a escassez futura de recursos humanos no SNS".
"Outro desafio diz respeito aos salários dos profissionais de saúde no setor público", acrescentam, sublinhando que "os salários mais elevados praticados no setor privado incentivam médicos e enfermeiros a sair do SNS, ou mesmo a emigrar para outros países".

"Efetivamente, tem-se assistido nos últimos anos a uma vaga emigratória de profissionais de saúde, em especial de enfermeiros. Futuramente, o SNS tem como desafio conseguir manter a motivação dos seus profissionais, bem como conter e inverter a sua saída", assinalam.

Da imprensa

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