segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Quais empresas controlam o que comemos?

Theresa Krinninger

Cada vez menos indústrias dominam o mercado de alimentos, indica estudo; através de fusões, empresas na cadeia de produção ficam cada vez maiores, e quem perde são os produtores e consumidores

"Está na hora de voltar nossos interesses para além do que chega ao nosso próprio prato", comenta um texto explicativo do "atlas dos conglomerados" Konzernatlas 2017, que a Fundação Heinrich Böll, ligada ao Partido Verde alemão, divulgou em meados de janeiro em Berlim, em conjunto com a Fundação Rosa Luxemburgo, a Liga do Meio Ambiente e Proteção da Natureza (Bund), as ONGs Germanwatch e Oxfam e a publicação mensal Le Monde Diplomatique.

Todos são atingidos pela forma como a indústria agrícola e alimentar está evoluindo. Os mais afetados, no entanto, são os elos mais fracos na cadeia de produção: os agricultores e a classe trabalhadora nos países emergentes e em desenvolvimento, que são os mais expostos ao poder de mercado das corporações.

Ao mesmo tempo, através de fusões, as empresas ao longo da cadeia de produção ficam cada vez maiores. Desde 2015 aconteceram 12 megafusões, ou uma a cada dois meses, em média. No ano passado, o setor agrícola e alimentar foi o mais atingido; a indústria agroquímica "encolhe para ficar especialmente grande", escrevem os autores.

No agronegócio global, sete empresas dominam a produção mundial de pesticidas e sementes. No fim de 2017, no entanto, a agricultura terá outra cara. "Estamos vendo que, em breve, não vamos mais lidar com oligopólios, mas com três grandes monopólios", afirma Barbara Unmüssig, membro da diretoria da Fundação Heinrich Böll e coeditora do Konzernatlas 2017.

No agronegócio global, sete empresas dominam a produção mundial de pesticidas e sementes

Política sob pressão
O grupo alemão Bayer pretende comprar a produtora de sementes americana Monsanto, tornando-se assim a maior fabricante mundial de agroquímicos. As companhias americanas DuPont e Dow Chemical deverão se fundir, e a ChemChina planeja comprar a empresa química suíça Syngenta.

"Quanto mais poder de mercado se concentra nas mãos de algumas poucas empresas, não somente os consumidores e consumidoras ficam dependentes de seus produtos, mas também os agricultores e agricultoras, a quem são ditados os preços que têm de pagar por sementes e pesticidas", aponta Unmüssig, acrescentando que a liberdade de escolha dos consumidores diminui, e a pressão sobre a política aumenta. "Quanto mais se concentra o poder de mercado, mais os políticos se tornam vulneráveis."

Texto completo 

Sem comentários: