sábado, 17 de dezembro de 2016

Carta de Boas Festas aos sócios

 
Como sabe, estamos a recolher junto dos serviços as horas em dívida aos enfermeiros e os valores são monstruosos. Torna-se apenas 'numérico' que o Sistema Nacional de Saúde vive às custas dos enfermeiros (poderá consultar dívida da sua instituição aqui - alguns dados ainda em atualização).

Este problema endémico no país tem ganho retratos região a região: falamos de mais de
45.000 horas em dívida aos profissionais de enfermagem no Centro Hospital de Tondela e nas Unidades Hospitalares de Guarda e Seia. Veja-se o caso do Minho ou do Porto, em que os números (ainda incompletos, veja bem!) apontam para 152 mil horas em dívida.

Não há, de facto, vontade política em repor as horas em dívida a todos os enfermeiros, em admitir mais profissionais (exemplo do IPO, em Lisboa) e em garantir a realização profissional e pessoal, mantendo-se o congelamento de salários e direitos centrais no dia-a-dia de cada enfermeiro.

Esse dia-a-dia é, de facto, captado pelas câmaras da SIC
em Faro e as condições degradantes em que vários 'heróis' passam (apenas) a ter protagonismo mediático. O SEP tem - consecutivamente - contestado exatamente estes problemas quando reunimos com os deputados, quando reivindicamos alterações ao Orçamento, quando contestamos, em plenos pulmões, que a degradação acelerada da profissão não pode continuar.

A deterioração - e a ausência de vontade administrativa - é também no setor privado. E esta semana é uma semana negra para os trabalhadores do SBSI (Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas) - a administração
rompeu negociações com os sindicatos e acabou unilateralmente com as convenções coletivas. Saiba o que os plenários (altamente participados) de trabalhadores decidiram.

É fundamental que se junte ao seu Sindicato na reivindicação dos seus direitos.
Organizámos o conjunto de protocolos e parcerias já celebrados pelo SEP para que, enquanto sócio,
usufrua destas vantagens. Já tem, de facto, todos os argumentos do seu lado: lute connosco.

Volto a escrever-lhe dentro de 15 dias.
Aproveito, por isso, para lhe desejar Boas Festas e um Natal feliz na companhia dos que lhe são mais próximos.

Até lá, força!


José Carlos Martins
Presidente do SEP


PS: Agradecemos a carta de José Carlos Martins, a quem também desejamos Boas Festas e um Natal Feliz (e pouco dinheiro), gostaríamos era de saber como vai obrigar as administrações dos hospitais e outras instituições do SNS a pagar as horas que foram arrancadas aos escravos dos enfermeiros. Vai colocá-las em tribunal, vai disponibilizar apoio jurídico a quem entender seguir esta via? Vai mobilizar os enfermeiros para uma greve geral por tempo indeterminado? Vai promover manifestações como em 2010? O que vai fazer? Isto é que é importante, repetir o que todos já conhecemos, mais não será que perder tempo. E já agora o que vai aconselhar aos enfermeiros que estão a entregar o pedido do pagamento de horas no S. Recursos Humanos, no CHUC, e que de forma prepotente e ilegal obtêm como resposta "tem que entregar ao seu chefe", como forma de empatar? Será enviar por correio registado e aviso de recepção para o Conselho de Administração (CA) do CHUC, e fazer queixa do funcionário e de quem lhe deu a ordem simultaneamente para o CA e Inspecção-Geral das Actividades em Saúde? Ficamos à espera.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Hospitais estão a dever mais de 67 mil dias de folga aos enfermeiros

                                               Cartoon:  "Exploração dos trabalhadores" de Shahid Atiqullah

Ministério afirma que para minimizar a carência de profissionais tem "aprovado a generalidade" dos pedidos de contratação


Os hospitais estão a dever aos enfermeiros mais de 539 mil horas extraordinárias, correspondente a mais de 67 mil dias de folgas (tendo em conta turnos diários de oito horas), situação que se tem agravado com a não contratação de profissionais em número suficiente, apontam o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses e a Ordem. E este levantamento feito pelo sindicato só tem dados de 27 instituições, faltando ainda outras 18. O Ministério da Saúde afirma que tem procurado minimizar a carência "autorizando a generalidade dos pedidos de contratação". Já o presidente da Associação dos Administradores Hospitalares (APAH) diz que com as limitações financeiras as contratações poderão demorar mais que o desejável.

Patrícia trabalha há nove anos numa urgência de um hospital do norte do país. Estão a dever-lhe mais de 150 horas. "É um desgaste muito grande. Faltam muitos enfermeiros no serviço e continuamos a fazer muitas horas a mais. Há colegas que são contratados e desistem passado pouco tempo por causa da carga de trabalho e porque são contratos de substituição que não dão mais estabilidade." Para quem fica, a pressão é cada vez maior. "Estamos a dar tudo para que nada falte, para que as pessoas sejam bem tratadas e no final só nos dizem que temos de fazer mais. Somos pressionados a aceitar as horas a mais. E depois não temos as folgas devidas. Em nove anos nunca passei o que estou agora a passar. É muito desmotivante."

daqui