segunda-feira, 28 de março de 2016

Médico burlado em greve de fome

 
«Um médico que presta serviço no Hospital de Santarém iniciou uma greve de fome há sete dias, a 21 de março, mas sem deixar de comparecer ao trabalho.

Este protesto simbólico "é um grito de revolta contra a justiça portuguesa", explica Rui Teixeira, clínico do quadro do Hospital de Abrantes, que conta ter sido burlado por uma empresa de prestação de serviços médicos.

Entre junho e setembro de 2014, a época de férias de Verão em que há mais escassez de recursos humanos, este clínico fez mais de 300 horas por mês nas urgências do Hospital de Santarém por conta da RPSM, Serviços Médicos Unipessoal, empresa que está hoje em processo de insolvência.

Só a Rui Teixeira, são-lhe devidos mais de 8 mil euros, mas há cerca de 30 colegas de profissão na mesma situação, por trabalho realizado nos hospitais de Santarém e Portalegre, num valor global que deverá ser superior a 150 mil euros.

Médicos na justiça para reclamar pagamento
Perante as tentativas infrutíferas de receber pelo seu trabalho e as mentiras sucessivas da sócia gerente da empresa, os médicos acabaram por recorrer à justiça.

Em abril de 2015, o Tribunal do Barreiro condenou a RPSM ao pagamento do dinheiro, mas a empresa entrou entretanto em liquidação e a gerente não tem qualquer bem em seu nome.

Ou seja, não só nenhum dos clínicos recebeu patavina até ao momento, como o caso ainda ganhou outros contornos que roçam o ridículo.

"Em dezembro passado, recebi uma carta do administrador de insolvência a exigir uma caução de 150 mil euros para continuar o processo de reclamação de créditos. Eu nem queria acreditar", afirma Rui Teixeira, que se diz revoltado "com esta teia que existe montada e que impede que se faça justiça.

O médico contou ainda à Rede Regional que as dívidas da empresa aos prestadores de serviços eram do conhecimento do Conselho de Administração do Hospital de Santarém e dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), que deu o seu aval à celebração de contrato com a RPSM.

"Se o hospital acabou por lhes pagar, onde está esse dinheiro?", questiona Rui Teixeira, que, aos 51 anos, nunca esperou ver-se nesta situação.

Greve de fome é para "levar até ao fim das minhas forças"

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