domingo, 27 de março de 2016

Crise leva mais portugueses ao psiquiatra

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Maior impacto na saúde mental dos desempregados e idosos

«A crise teve um impacto na saúde mental dos portugueses, em particular nos desempregados, idosos e pessoas com baixos rendimentos, indica o projeto Smaile, coordenado pelo Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Coimbra.

Dois estudos que integraram o projeto Smaile registam um impacto da crise na saúde mental da população portuguesa, em especial nos desempregados, idosos e pessoas com baixos rendimentos, bem como pessoas com maior probabilidade de isolamento social, como é o caso de viúvos, divorciados e solteiros.

Um desses estudos, que analisa as consultas e internamentos em serviços de psiquiatria nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto, refere que, entre 2007 e 2012, registou-se um aumento de consultas em psiquiatria nos solteiros (45 por cento), nos viúvos (30%), nos desempregados (63%), estudantes (63%), nos reformados (27%) e nos sem atividade (38%).

Nas consultas, registou-se ainda um aumento em ambos os géneros, e em especial nos grupos etários dos 30 aos 49 anos (mulheres 11% e homens 22%) e dos utentes com mais de 65 anos (mulheres 42% e homens 47%).

Essa investigação, a que a agência Lusa, teve acesso refere ainda que no mesmo período houve um incremento de internamentos para o grupo etário dos 50 aos 64 anos (17,7%), para o grupo dos divorciados (19,2%) e para os desempregados (43%).

A psiquiatra e uma das investigadoras do estudo, Graça Cardoso, sublinha que "em momentos de crise, há que garantir serviços e apoios para minimizar" os efeitos da mesma, afirmando que em Portugal "cortou-se a eito, com pouco cuidado e deixando desprotegidas as pessoas que já estavam mais vulneráveis".

Segundo a investigadora da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, seria necessário um reforço dos serviços de saúde mental na comunidade e de cuidados primários, acompanhado por "políticas sociais dirigidas para os grupos mais vulneráveis".

Os resultados alcançados nos diferentes estudos integrados no Smaile "sugerem o impacto da crise na saúde mental da população", registado "na utilização dos serviços de saúde, nas condições económico-financeiras reportadas pelos indivíduos com pior saúde mental e na associação entre os padrões geográficos de mortalidade por suicídio e de privação material", sublinha a investigadora Paula Santana, coordenadora do projeto que procurou analisar a relação entre a crise e a saúde mental em Portugal.

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