domingo, 31 de janeiro de 2016

Eleita uma bastonária de um partido que sempre lutou contra o SNS

"Se o país virou a página da austeridade e saiu do estado de emergência (nota: esta é para rir!), está na hora de dar condições aos enfermeiros para que seja possível cuidar das pessoas como elas merecem", defendeu a nova bastonária da Ordem dos Enfermeiros, que integra o Conselho Nacional do PSD e foi adjunta do ex-secretário de Estado da Saúde Carlos Martins no Governo de Durão Barroso.

No discurso da tomada de posse dos novos órgãos estatutários da Ordem dos Enfermeiros, que teve lugar na reitoria da Universidade Nova de Lisboa, Ana Rita Cavaco lembrou que, nos últimos anos, emigraram milhares de profissionais.

"Eles longe e nós aqui, a precisar tanto do seu profissionalismo e da sua paixão", lamentou, sublinhando que "os cortes financeiros, a má gestão dos serviços e as duvidosas nomeações para a gestão de topo na saúde exigem aos enfermeiros escolhas cada vez mais difíceis".

A nova bastonária, que integra o Conselho Nacional do PSD e foi adjunta do ex-secretário de Estado da Saúde Carlos Martins no Governo de Durão Barroso, afirmou ao ministro Adalberto Campos Fernandes que pode contar com a OE para "evitar a fuga de mais jovens altamente qualificados".

"Se o país virou a página da austeridade e saiu do estado de emergência, está na hora de dar condições aos enfermeiros para que seja possível cuidar das pessoas como elas merecem", frisou, defendendo que "não há regulação da profissão sem assegurar um número mínimo de enfermeiros nos serviços que garanta a segurança das pessoas e sem assumir que os baixos salários têm influência direta na prestação dos cuidados".

Segundo dados da OE, citados pelo Correio da Manhã, nos últimos sete anos, 14 780 enfermeiros pediram a documentação para emigrar. Destes, 7357 pertencem ao Norte do País.

Na esquerdanet

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

À laia de balanço sobre o que foi a Saúde em 2015



O que tem sido entregue aos bancos, na assumpção das suas dívidas pelo estado, é o que tem sido cortado aos rendimentos dos trabalhadores e às funções sociais do estado; na Saúde, na Educação, na Segurança Social, os cortes foram tremendos, e não se vislumbra uma inversão de marcha, bem pelo contrário, e os bens públicos, as empresas do estado rentáveis, foram todas elas despachadas a preço da uva mijona. Na Saúde, em particular, os cortes foram feitas não só para destruir o SNS como para financiar directamente os negócios dos privados, grupos económicos e médicos (e não só, mas principalmente), a diversos níveis, que vão sabotando e minando os serviços públicos na sua acessibilidade e qualidade.

A morte do jovem David Duarte foi a mais noticiada, seguida quase de imediato de idoso com AVC isquémico que não foi atendido no Hospital de Faro por não haver neurorradiologista de serviço, tendo sido recambiado para o de José e deste para os CHUC, onde acabou por falecer. Foi o fim de ano com duas mortes, uma delas pelo menos perfeitamente evitável, já com um ano atravessado por outros acontecimentos que mostram a que ponto de degradação o SNS foi lançado devido à política intencional e deliberada levada a cabo pelo governo fascista PSD/CDS de má memória:

o ano de 2014 já terminara com a morte 12 cidadãos e de mais outros 375 infectados pela legionella, acontecimento quase único na Europa civilizada e bem revelador do estado da saúde pública em Portugal, para logo no início do ano as urgências dos hospitais públicos terem rebentado com o aumento de casos de gripe, autênticos caos que o secretário de estado da altura atribuído a propaganda comunista, foram cerca de 2000 mil mortes que poderiam ter sido evitadas; o caso da morte da cidadã Maria Vitória Moreira Forte que foi deixada morrer no Hospital de Almada foi notícia, por si e pelo texto redigido pelo filho que atribui a morte da mãe ao gang de assassinos acoitados no governo, e marca o início do ano; Maria Manuela Ramalho Ferreira, que morreu de hepatite C à espera de medicação, fez com que o filho fizesse a acusação, devidamente fundamentada, na Comissão Parlamentar de Saúde: A minha mãe não morreu, mataram-na!

E o ano de 2015 termina como se sabe, com os factos mais notórios na comunicação social mas que mais não são que a ponta do iceberg de uma realidade bem triste e evitável. Somente um dos resultados, mas de certeza dos mais trágicos, da entrega de 13 mil milhões de euros (7,3% do PIB) à banca para a salvar da crise sistémica onde inevitavelmente está mergulhada; não pela má gestão, mas pela sua própria natureza. A promessa de ministro das Finanças de que é a última vez que se usará dinheiro público para salvar a banca não deixa de ser uma mentira descarada.

O SNS deve ser restaurado como resposta universal e gratuita a todo o cidadão, separando completamente o privado que, ao manter-se, terá que contar com as suas próprias virtualidades, no pressuposto de possuir alguma, e não parasitar o serviço público. Quem trabalha no público, não trabalha no privado; não há PPP's; não há financiamentos directos nem indirectos, tipo ADSE, ao negócio do privado; contratação do pessoal necessário directamente pelas instituições e não às empresas de trabalho temporário, autenticas negreiras, que deverão ser proibidas. A Banca é renacionalizada, entenda-se a banca não falida, a que já está na ruína é extingui-la, responsabilizar administradores e acionistas, criminalmente e civilmente, com arresto de bens pessoais e familiares; a banca estrangeira funcionará mas com restrições impostas e sob o controlo do Banco de Portugal que só estará subordinado ao governo do país.
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Como a Igreja Católica vai parasitando o Estado contribuindo para a destruição do SNS

Setembro de 2015 - Passos Coelho recebe a condecoração de grau de mestre maior da Confederação Internacional das Misericórdias das mãos do presidente da Confederação Internacional das Misericórdias, o brasileiro António Brito, que justificou a condecoração com "a forma como o Governo português tem tratado as misericórdias".

Estado deu em 2015 mais de 81 milhões às misericórdias por serviços de saúde
(no Público)

Mais de 81 milhões de euros foram transferidos pelo Estado, só para as misericórdias, e só para a área da saúde, o que inclui os orçamentos anuais dos três hospitais já "devolvidos" às santas casas de Anadia, de Serpa e de Fafe, o do Centro de Reabilitação do Norte e a despesa das unidades da rede nacional de cuidados continuados integrados.

A maior fatia foi para a rede de cuidados continuados: as santas casas detêm actualmente quase metade (3843) das camas desta rede para onde são encaminhados os doentes que, após alta hospitalar, necessitam de um período para convalescença e recuperação. As unidades das misericórdias receberam em 2015 um total de 61,7 milhões de euros, de um orçamento global para os cuidados continuados de 134,5 milhões de euros, segundo os dados disponibilizados ao PÚBLICO pelo Ministério da Saúde.

As restantes instituições particulares de solidariedade social (IPSS) surgem em segundo lugar, com um valor de 34,3 milhões de euros em 2015. Os dados facultados pelo ministério não permitem avaliar todo o peso do sector social na Saúde. Mas são suficientes para enquadrar o processo de transferência de unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para as misericórdias que estava em curso e que foi agora interrompido pelo actual Governo.

O ministério liderado por Adalberto Campos Fernandes decidiu enviar para apreciação pelo Tribunal de Contas os casos de "devolução" de dois outros hospitais nacionalizados após o 25 de Abril e que eram das misericórdias (Santo Tirso e São João da Madeira). Estes processos estavam já negociados e tinham o arranque previsto para 1 de Janeiro de 2016.

Foi o anterior Governo PSD-CDS/PP que transferiu a gestão do Centro de Reabilitação do Norte e dos primeiros três hospitais para as santas casas Anadia, Serpa e Fafe. Estes três hospitais terão recebido, em 2015, mais de 7,1 milhões de euros do Estado, se os acordos assinados neste sentido tiverem sido cumpridos à risca.

Artigo completo em Jornal Público