sábado, 17 de dezembro de 2016

Carta de Boas Festas aos sócios

 
Como sabe, estamos a recolher junto dos serviços as horas em dívida aos enfermeiros e os valores são monstruosos. Torna-se apenas 'numérico' que o Sistema Nacional de Saúde vive às custas dos enfermeiros (poderá consultar dívida da sua instituição aqui - alguns dados ainda em atualização).

Este problema endémico no país tem ganho retratos região a região: falamos de mais de
45.000 horas em dívida aos profissionais de enfermagem no Centro Hospital de Tondela e nas Unidades Hospitalares de Guarda e Seia. Veja-se o caso do Minho ou do Porto, em que os números (ainda incompletos, veja bem!) apontam para 152 mil horas em dívida.

Não há, de facto, vontade política em repor as horas em dívida a todos os enfermeiros, em admitir mais profissionais (exemplo do IPO, em Lisboa) e em garantir a realização profissional e pessoal, mantendo-se o congelamento de salários e direitos centrais no dia-a-dia de cada enfermeiro.

Esse dia-a-dia é, de facto, captado pelas câmaras da SIC
em Faro e as condições degradantes em que vários 'heróis' passam (apenas) a ter protagonismo mediático. O SEP tem - consecutivamente - contestado exatamente estes problemas quando reunimos com os deputados, quando reivindicamos alterações ao Orçamento, quando contestamos, em plenos pulmões, que a degradação acelerada da profissão não pode continuar.

A deterioração - e a ausência de vontade administrativa - é também no setor privado. E esta semana é uma semana negra para os trabalhadores do SBSI (Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas) - a administração
rompeu negociações com os sindicatos e acabou unilateralmente com as convenções coletivas. Saiba o que os plenários (altamente participados) de trabalhadores decidiram.

É fundamental que se junte ao seu Sindicato na reivindicação dos seus direitos.
Organizámos o conjunto de protocolos e parcerias já celebrados pelo SEP para que, enquanto sócio,
usufrua destas vantagens. Já tem, de facto, todos os argumentos do seu lado: lute connosco.

Volto a escrever-lhe dentro de 15 dias.
Aproveito, por isso, para lhe desejar Boas Festas e um Natal feliz na companhia dos que lhe são mais próximos.

Até lá, força!


José Carlos Martins
Presidente do SEP


PS: Agradecemos a carta de José Carlos Martins, a quem também desejamos Boas Festas e um Natal Feliz (e pouco dinheiro), gostaríamos era de saber como vai obrigar as administrações dos hospitais e outras instituições do SNS a pagar as horas que foram arrancadas aos escravos dos enfermeiros. Vai colocá-las em tribunal, vai disponibilizar apoio jurídico a quem entender seguir esta via? Vai mobilizar os enfermeiros para uma greve geral por tempo indeterminado? Vai promover manifestações como em 2010? O que vai fazer? Isto é que é importante, repetir o que todos já conhecemos, mais não será que perder tempo. E já agora o que vai aconselhar aos enfermeiros que estão a entregar o pedido do pagamento de horas no S. Recursos Humanos, no CHUC, e que de forma prepotente e ilegal obtêm como resposta "tem que entregar ao seu chefe", como forma de empatar? Será enviar por correio registado e aviso de recepção para o Conselho de Administração (CA) do CHUC, e fazer queixa do funcionário e de quem lhe deu a ordem simultaneamente para o CA e Inspecção-Geral das Actividades em Saúde? Ficamos à espera.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Hospitais estão a dever mais de 67 mil dias de folga aos enfermeiros

                                               Cartoon:  "Exploração dos trabalhadores" de Shahid Atiqullah

Ministério afirma que para minimizar a carência de profissionais tem "aprovado a generalidade" dos pedidos de contratação


Os hospitais estão a dever aos enfermeiros mais de 539 mil horas extraordinárias, correspondente a mais de 67 mil dias de folgas (tendo em conta turnos diários de oito horas), situação que se tem agravado com a não contratação de profissionais em número suficiente, apontam o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses e a Ordem. E este levantamento feito pelo sindicato só tem dados de 27 instituições, faltando ainda outras 18. O Ministério da Saúde afirma que tem procurado minimizar a carência "autorizando a generalidade dos pedidos de contratação". Já o presidente da Associação dos Administradores Hospitalares (APAH) diz que com as limitações financeiras as contratações poderão demorar mais que o desejável.

Patrícia trabalha há nove anos numa urgência de um hospital do norte do país. Estão a dever-lhe mais de 150 horas. "É um desgaste muito grande. Faltam muitos enfermeiros no serviço e continuamos a fazer muitas horas a mais. Há colegas que são contratados e desistem passado pouco tempo por causa da carga de trabalho e porque são contratos de substituição que não dão mais estabilidade." Para quem fica, a pressão é cada vez maior. "Estamos a dar tudo para que nada falte, para que as pessoas sejam bem tratadas e no final só nos dizem que temos de fazer mais. Somos pressionados a aceitar as horas a mais. E depois não temos as folgas devidas. Em nove anos nunca passei o que estou agora a passar. É muito desmotivante."

daqui
 

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Retratos de um país que parecia não ter pessoas


 
O estudo ontem apresentado na Fundação Calouste Gulbenkian, no segundo dia do fórum «Crises Socioeconómicas e Saúde Mental: da Investigação à Acção», não deixa margem para dúvidas. Como sublinha José Caldas de Almeida, que coordenou o trabalho, «os determinantes económicos e financeiros têm uma influência muito grande na saúde mental das pessoas», observando-se «uma maior prevalência de problemas» em situações de «diminuição de rendimentos e de dificuldades financeiras para aceder a bens essenciais».

De facto, entre 2008 e 2015 registou-se um aumento muito significativo da prevalência de doenças mentais na população portuguesa (de 20 para 30%), com um acréscimo particularmente expressivo nos casos mais graves (em cerca de 5 pontos percentuais). De acordo com os dados do estudo, a frequência de perturbações foi maior em pessoas que «assumiram não ter rendimentos suficientes para pagar as suas despesas», numa percentagem idêntica (40%) à dos inquiridos que declararam uma descida dos seus rendimentos desde 2008 (em quase metade dos casos devido ao «corte de salários e pensões, 14% por desemprego, 6% por mudança de emprego e 5% porque se reformaram»).

Sinal da relação estreita entre crise económica, políticas de austeridade e a degradação da saúde mental é também o facto de terem sobretudo aumentado as perturbações depressivas e as perturbações de ansiedade, verificando-se igualmente uma redução do peso relativo da incidência em pessoas mais velhas (que tendem sempre a ser mais afetadas por doenças mentais), em resultado de «um aumento crescente no escalão dos mais novos, dos 18 aos 34 anos». E embora tenham sido recolhidos dados relativos ao consumo de álcool e a suicídios, a investigação não é ainda, nesta fase preliminar, conclusiva. Certo é, contudo, que a venda de psicofármacos disparou entre 2008 e 2015 (sobretudo antidepressivos e ansiolíticos), num país que já era líder europeu no consumo destes medicamentos.

Como lembra muito oportunamente o António Rodrigues, os resultados deste estudo dão inteira razão ao então líder da bancada social-democrata, Luís Montenegro, quando afirmou, em fevereiro de 2014, que «a vida das pessoas não está melhor mas o país está muito melhor».

daqui

 

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A má qualidade do ar causa 6700 mortes prematuras anuais


A má qualidade do ar causa 6700 mortes prematuras anuais, revela a associação ambientalista Zero, com base em estimativas de um relatório divulgado nesta quarta-feira pela Agência Europeia do Ambiente.

A grande maioria das mortes, mais de seis mil, é provocada por elevadas concentrações das chamadas partículas finas, que tanto originam ou agravam doenças respiratórias e cardio-vasculares como levam também ao surgimento de problemas cancerígenos.

Quercus alerta para poluição do mar e refere 750 mil objectos a boiar na área nacional

"Há compostos que chegam até aos pulmões, provocando cancros que não são necessariamente pulmonares", descreve Francisco Ferreira, dirigente da Zero. "Há mesmo compostos poluentes que não são cancerígenos quando entram no organismo e que passam a sê-lo depois de metabolizados pelo fígado." Os grupos de risco são os habituais: idosos, crianças e aqueles que já padeciam antes de patologias deste género. O ozono mata mais 420 pessoas e o dióxido de azoto, que também causa estragos nas defesas do organismo, outras 150.

"À escala global, a poluição atmosférica mata mais do que os problemas de saneamento", diz o ambientalista. Em Portugal, acresce às estimativas divulgadas, que se baseiam em dados de 2013, que 2015 foi considerado um mau ano nesta matéria.

"Dados recentemente disponibilizados pela Agência Portuguesa do Ambiente e presentes no site qualar.apambiente.pt mostram que em 2015 houve um conjunto de ultrapassagens significativas de valores-limite da qualidade do ar, principalmente por comparação com o ano de 2014", explica a Zero em comunicado.

Retirado daqui
 

Deram-nos cabo da saúde

por João Mendes

«Truques à parte, que isto da engenharia informativa político-partidária é já um fenómeno descontrolado, quero focar-me na parte verdadeiramente preocupante desta peça do Expresso. Na sequência da onda de terrorismo financeiro que culminou com o crash de 2008, a que se seguiu o advento da austeridade fundamentalista e contraproducente, o número de portugueses sem recursos para pagar consultas médicas triplicou. Os dados são da Comissão Europeia e confirmam o agravamento da desigualdade, num país onde a mesma não parou de crescer durante os anos do fundamentalismo além-Troika, sendo que os mais afectados, como não poderia deixar de ser, foram e continuam a ser os mais pobres.

Pagamos uma elevada factura pelo experimentalismo liberal a que fomos sujeitos. A herança da governação PSD/CDS-PP, por muito que o ministério da propaganda se esforce por mascarar a realidade, causou danos profundos na sociedade portuguesa. O fosso é vertiginoso, a desigualdade herdada assustadora e os sacrifícios, pelo menos na perspectiva das elites, claro, foram muito bem distribuídos. Depois é ouvi-los, tão genuinamente preocupados, a falar na asfixia e paralisação do SNS. Os tais que no passado votaram contra a criação desse mesmo SNS, que permitiram o caos nas urgências hospitalares no Inverno de 2014/2015 e que, meses depois, ainda deram uns trocos a ganhar ao sector privado. Na falta de património público para privatizar, até porque conseguiram vender quase tudo o que tinha algum valor, o Serviço Nacional de Saúde poderá ser a venda que se segue. É deixá-los regressar ao poder que eles tudo farão para não desiludir.

Imagem via Os truques da imprensa portuguesa

Original em Aventar

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Crianças portuguesas entre as que comem menos legumes e fazem pouco exercício


A OCDE preocupa-se com a obesidade das crianças portuguesas, iludindo que obesidade é muitas vezes sinónimo de sub-nutrição e não fala das crianças famintas em Portugal, é que a pobreza atinge predominantemente os estratos etários mais vulneráveis, os idosos e as crianças. No entanto, fica a notícia:


 
«OCDE preocupada com a obesidade entre as crianças portuguesas. E com a diabetes. Segundo o relatório, cerca de 7% dos adultos a viver nos Estados-membros têm esta doença. Em Portugal são 9,3%.


As crianças portuguesas surgem na 10.ª posição entre aquelas que comem mais fruta nos 28 Estados-membros da União Europeia. Porém, os vegetais são um calcanhar de Aquiles, a atirar os meninos portugueses para o 26.º lugar. Estes dados fazem parte de um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), publicado nesta quarta-feira, e são utilizados para perceber os hábitos de alimentação saudável nos vários países.

Apesar de Portugal estar bem posicionado nos adultos, a verdade é que o peso da obesidade nas crianças continua a ser fonte de preocupação para os autores do documento, até porque os meninos portugueses são dos que menos exercício físico praticam.

Mais de uma em cada quatro crianças tem excesso de peso na Áustria, Hungria e Portugal e mais de uma em cada três na Grécia e Itália

O relatório Health at a Glance: Europe 2016, apresentado em Bruxelas pelo secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, e pelo comissário europeu da Saúde e Segurança Alimentar, Vytenis Andriukaitis, indica que sete em cada dez portugueses comem fruta todos os dias, o que corresponde ao segundo melhor valor dos 28 países da União Europeia. No caso dos vegetais, à semelhança do que acontece com as crianças, a presença nos pratos é menor, mas mesmo assim conquistam cinco em cada dez pessoas o que coloca Portugal em 10.º lugar.

Concretamente na obesidade, Portugal surge apenas em 16.º lugar no que diz respeito aos adultos. No entanto, a tendência nos últimos anos tem sido de agravamento, sobretudo nas camadas da população com menores habilitações literárias. É, contudo, com as crianças que a OCDE está mais preocupada. "Mais de uma em cada quatro crianças tem excesso de peso na Áustria, Hungria e Portugal e mais de uma em cada três na Grécia e Itália", alerta o documento. Em média, 23% dos rapazes dos 28 Estados-membros têm excesso de peso. No caso das raparigas o valor é de 21%.

Portugal é o terceiro país com piores resultados e com uma tendência que contraria os restantes países: por cá, as meninas têm mais peso do que os meninos. O valor da obesidade nas raparigas ultrapassa os 30%, enquanto o dos rapazes fica pelos 25%. Já no relatório do ano passado a OCDE alertava para o número crescente de crianças obesas em Portugal, lembrando que se nada fizermos estas crianças vão crescer e tornar-se adultos obesos.

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Turquia envolvida no tráfico de órgãos para Israel

 
Turquia envolvida no tráfico de órgãos para Israel

Rede ilícita e internacional de tráfico de órgãos humanos continua a operar com impunidade na atualidade!

O tráfico ilegal de órgãos se realiza internacionalmente para evitar as autoridades; e os países em guerra ou aqueles de pobreza extrema são os locais ideais para se obter a matéria-prima desse tenebroso e sádico negócio: as pessoas vivas para serem espedaçadas. Aftonbladet, um importante jornal sueco, publicou a história de Bilal Ahmed Ghanem, um palestino morto em Gaza por soldados israelenses. Uma testemunha, Donald Boström , contou que o corpo foi sequestrado por soldados israelenses e devolvido horas depois com um corte longo costurado no abdômen. Outras 20 famílias relataram para Bostrom como os corpos de seus filhos foram devolvidos ao território, sem órgãos.

O autor e professor ucraniana, Vyacheslav Gudin, afirma que há uma conspiração para importar as crianças do país e colher os seus órgãos em Tel Aviv. Descobriu-se que Israel levou 25.000 crianças dos territórios ocupados da Ucrânia entre 2007 e 2009. O Professor Gudin conta em uma conferência que se realizou uma pesquisa aprofundada e exaustiva busca e foram encontradas 15 crianças que haviam sido adotadas por centros médicos israelenses para serem usados como peças de reposição.

Em 2009, se realizaram a prisão de 44 judeus em Nova York e Jersey, incluindo vários rabinos importantes e todos eles membros das comunidades judaicas. No mesmo ano, a Interpol informou sobre um grupo judaico que sequestrou crianças na Argélia para o tráfico de órgãos. As crianças foram vendidas para israelenses e judeus americanos na cidade marroquina de Oujda para colher órgãos em Israel. Mustafa Khayatti, chefe do Comitê argelino de investigação da Saúde, afirma que as 44 prisões em Nova York e Jersey estão relacionados com o caso da Argélia.

Atualmente, o tráfico de órgãos começa na Síria , através da Turquia para terminar em Israel. O modus operandi é feito através da ELS (Exército Livre Sírio), que são responsáveis por levar os civis ou militares feridos ao hospital na Turquia - O ELS é uma formação militar financiada pelos Estados Unidos para derrubar o governo de Al-Assad- . No hospital turco Mártir Kamal, os feridos são recebidos pelo Dr. Murad Kozal um dos responsáveis por excisões de órgãos.

Retirado: daqui

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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Pobres fumam mais e vivem menos dez anos do que os ricos


Conclusões são do sociólogo Ricardo Antunes: trabalhadores de profissões manuais, com menos estudos e de classes sociais mais desfavorecidas fumam mais e vivem menos

As pessoas de classe social mais baixa, com menos escolaridade e com profissões manuais fumam mais e vivem em média menos dez anos do que as mais ricas e escolarizadas, segundo o sociólogo Ricardo Antunes, que estudou este tema.

O sociólogo e enfermeiro estudou ao longo de um ano dois mil óbitos e o percurso da vida inteira dessas pessoas e percebeu que as desigualdades sociais, mais do que as diferenças de género ou geográficas, são determinantes na saúde e no tempo de vida.

Em média, as pessoas de classes sociais mais elevadas, com maior escolaridade e com profissões técnico-científicas vivem em média mais dez anos do que os trabalhadores de profissões manuais, com menos estudos e de classes sociais mais desfavorecidas.

Para estes resultados de saúde contribui em grande parte o tabaco, uma vez que as pessoas com mais escolaridade deixaram maioritariamente de fumar antes dos 65 anos, ao passo que os mais pobres fumam mais e durante mais tempo, muitas vezes até ao fim da vida, sendo que morreram mais cedo do que os que deixaram de fumar.

De acordo com Ricardo Antunes, os comportamentos tabagistas estão frequentemente associados ao álcool e a profissões ligadas à indústria, à agricultura e à construção civil.

A baixa escolaridade destas pessoas leva a que acreditem que fumar e beber só faz mal aos outros, não a quem é forte, não a pessoas que têm profissões de risco e de força, explica.

Mais do que isso, é mesmo um comportamento de grupo, de aceitação, e até os jovens nessas profissões começam a fumar e a beber cedo, porque há todo um contexto que os conduz a esses comportamentos.

Texto completo aqui

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Trabalhadores precários do Centro Hospitalar do Oeste em greve

 

«Utentes do Centro Hospitalar do Oeste solidários com trabalhadores precários

"Se não existirem profissionais qualificados disponíveis, se a regra na saúde for a precariedade, nós, utentes, seremos os mais prejudicados", alertam num manifestam público, no qual é saudada a "coragem" dos trabalhadores.

No documento, os perto de 200 utentes alertam para a delapidação do Serviço Nacional de Saúde (SNS), "com falta de verbas e transferência de recursos para o setor privado". "Os profissionais da saúde estão a perder direitos a cada dia e isso também destrói os serviços", acrescentam.

Demonstrando "total solidariedade com os Precários do CHO que estiveram em greve na semana passada, com uma adesão quase total", saúdam a sua "coragem".

"Foi público que estes trabalhadores se demonstraram disponíveis a suspender a greve caso a administração do CHO lhes desse garantias de direitos iguais aos restantes colegas de trabalho. Tal não aconteceu, para manter a desigualdade e dividir os profissionais do CHO, a administração aceitou colocar os utentes em risco e o colapso de alguns serviços", lamentam os utentes.

Segundo assinalam, "a luta dos Precários do CHO é mais do que justa. Lutam pelos seus direitos no trabalho mas também pela qualidade dos serviços prestados aos utentes, que exigem profissionais permanentes e qualificados".

Manifesto dos Utentes Solidários com os Precários do CHO

Texto completo Aqui
 

domingo, 23 de outubro de 2016

Óscar Gaspar, presidente da APHP...

           Era em Novembro de 2015 e continua fora de momentos de crise epidémica...

 
... OU COMO O PS SEMPRE ESTEVE LIGADO À DESTRUIÇÃO DO SNS A FAVOR DOS LOBIES PRIVADOS


«Ex-assessor de Sócrates lidera hospitais privados

Óscar Gaspar, ex-secretário de Estado da Saúde no segundo Governo de José Sócrates, foi eleito "por unanimidade" presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP), que representa perto de uma centena de unidades privadas de saúde, com um volume de negócios anual que ascende a 1.800 milhões de euros.

Natural de Vagos, licenciado em Economia pela Faculdade de Economia do Porto e pós-graduado em Gestão Pública pela Universidade de Aveiro, o novo líder dos hospitais privados portugueses trabalhou no BCP entre 1992 e 1997, começando depois disso a colaborar activamente com o Partido Socialista.

Assessor do grupo parlamentar dos socialistas (1997-1999) e depois assessor e chefe de gabinete do secretário de Estado do Orçamento (1999-2001) no Executivo liderado por António Guterres, voltou ao círculo político com o regresso dos socialistas ao poder durante a era Durão/Santana em São Bento foi administrador da Metro-Mondego e colaborou com a Iberdrola. No primeiro mandato de José Sócrates (2005-2009) foi assessor económico; ascendeu a secretário de Estado da Saúde na legislatura sem maioria absoluta interrompida em 2011. Já com a troika em Portugal e com António José Seguro no Largo do Rato, não perdeu protagonismo público: integrou a Comissão Política, assumiu-se como um dos principais conselheiros da direcção e até porta-voz do partido para os assuntos económicos, saindo em Setembro de 2014 depois de António Costa concretizar o assalto à liderança.

Até ser eleito presidente da direcção da APHP para o triénio 2016-2018, Óscar Gaspar ocupava o cargo de director dos assuntos externos da multinacional farmacêutica MSD Merck Sharp & Dohme em Portugal, que abandonou em Agosto. Nos próximos dois anos assume como principal desafio "a maior participação da hospitalização privada nas discussões da política de saúde".

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sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Bayer-Monsanto: uma união diabólica

                                                      Imagem: Enrico Bertuccioli

Hedelberto López Blanch (Rebelión)

«A anunciada compra em curso da Monsanto pela Bayer é uma imagem da colossal dimensão e concentração que o capital monopolista assume na fase actual do capitalismo. E do seu significado para a humanidade: duas empresas cujo historial é o de uma sucessão de danos e de autênticos crimes, cuja acção torna muitos medicamentos e produções agrícolas em fontes de destruição e doença. E daí retiram superlucros.

As empresas Bayer e Monsanto, em lugar de beneficiarem a população mundial com os seus medicamentos e alimentos transgénicos provocam em contrapartida, em muitas ocasiões, graves enfermidades e até a morte a numerosas pessoas, ao mesmo tempo que ampliam constantemente os seus enormes lucros.

Após vários meses de negociações, a companhia farmacêutica alemã Bayer confirmou a compra do fabricante estado-unidense de Transgénicos Monsanto por 66 000 milhões de dólares.

O acordo deverá ser fechado em finais de 2017 e se por qualquer motivo fracassar a Bayer indemnizará a Monsanto em 2 000 milhões de dólares.

Para o acordo a enorme companhia alemã fará um aumento de capital e contratará um crédito ponte de 57 000 milhões de dólares com os bancos Merrill Lynch, Credit Suisse, Goldman Sachs, HSBC e JP Morgan. A aquisição de Monsanto converterá também a Bayer no maior produtor de sementes e pesticidas do mundo.

Ambas as empresas têm um enorme e perigoso historial contra a saúde das pessoas relacionado com produtos criados a partir da utilização de Organismos Geneticamente Modificados (OGM).

Vejamos alguns dos grandes problemas criados por essas empresas. As pastilhas confeccionadas à base da hormona drospirenona custaram à Bayer 2 000 milhões de dólares, em pagamentos a cerca de 10 000 mulheres para evitar longos expedientes judiciais e mais escândalos.

(...)  Texto completo

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Enfermeira "precária" ganha batalha no Tribunal de Justiça



«A utilização de contratos precários para suprir necessidades de trabalho permanentes viola o direito comunitário
A enfermeira espanhola Maria Elena Pérez López trabalhou, desde fevereiro de 2009 até junho de 2013, no Hospital Universitário Gregorio Marañón de Madrid com um contrato que foi renovado sete vezes. Renovação atrás de renovação, sem interrupções. Nomeações para "serviços determinados de natureza temporária, conjuntural ou extraordinária", defende o hospital; uma atividade permanente, garante a enfermeira. Maria Elena decidiu recorrer aos tribunais para denunciar a situação. Não era um caso isolado, mas acabou por chamar a atenção para uma realidade comum em Espanha - muitos trabalhadores das administrações públicas estão com contratos precários a suprir as necessidades permanentes dos serviços.

"Esta prática é habitual em todos os ministérios e a nível local, regional e nacional", garante ao DN o advogado Luís García Botella. "Só no nosso escritório temos 400 casos. No setor da saúde, incluindo médicos, enfermeiros e auxiliares, 30% a 40% dos trabalhadores estão nesta situação."

Este não foi o primeiro caso a ir aos tribunais, mas foi o primeiro em que uma juíza (do julgado contencioso-administrativo n.º 4 de Madrid), também ela precária, decidiu enviar o caso para as instâncias europeias. Os advogados da enfermeira, Luís García Botella e Silvia Sánchez Recio, aceitaram a ideia e o caso foi parar ao Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE), no Luxemburgo. Caiu nas mãos do magistrado François Biltgen, ex-ministro de Trabalho e do Emprego em Luxemburgo.

Desta forma, o Tribunal de Justiça fica a saber que o que está a acontecer com a enfermeira Maria Elena Pérez López é uma prática habitual nas administrações espanholas que podem contratar pessoas por meses, semanas e até apenas por dias. E decidiu que esta norma, que permite a renovação de contratos temporários para atender as necessidades de pessoal permanente e estáveis e realizar uma atividade normal de trabalhador fixo, não se ajusta ao direito comunitário.

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UE exige aos governos que tratem melhor a saúde mental



Só metade dos doentes mentais graves que vivem nos países da União Europeia têm acesso a cuidados adequados. Os efeitos negativos destas doenças representam 450 mil milhões de euros/ano. Por isso, a Europa quer compromissos e atuação.

A União Europeia (UE) quer que os países europeus assumam um compromisso sério para garantir mais cuidados de saúde mental. Por isso os 25 Estados membros, mais a Islândia e a Noruega, reuniram-se para avaliar problemas e fazer propostas para dar mais tratamentos, consultas, prevenção e envolver mais áreas políticas.

O retrato assim o exige: as doenças mentais são muito comuns e têm um efeito negativo na qualidade de vida pessoal e profissional (representam 22% da carga das incapacidades); são mais de 450 mil milhões de euros anuais os custos diretos e indiretos (cuidados médicos, faltas ao trabalho, etc.); só cerca de metade dos doentes mentais graves na UE têm acesso a tratamentos adequados e há infraestruturas institucionais ultrapassadas.

A avaliação recaiu em cinco áreas, para as quais a UE faz propostas e pede aos países que implementem as recomendações, façam uma avaliação dos resultados e que mudem a legislação se preciso: são as Linhas de Ação Estratégica para a Saúde Mental e Bem estar da União Europeia. Os projetos inovadores vão ter apoio para que possam ser implementados nos restantes países.

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terça-feira, 20 de setembro de 2016

Indicadores de saúde pioraram durante os anos da crise


«As melhorias de vários indicadores de saúde, que se registaram até 2008, desaceleraram a partir dessa data e até 2012, coincidindo com a crise.


De acordo com o coordenador do Plano Nacional de Saúde, Rui Portugal, a partir de 2008, estas melhorias aconteceram a um ritmo muito mais lento, esperando-se agora a sua recuperação.

A propósito da Conferência Plano Nacional de Saúde - Desafios presentes, que decorre, esta segunda-feira, em Lisboa, Rui Portugal deu o exemplo da qualidade de vida em pessoas com mais de 65 anos.

O objetivo é aumentar em 30% a esperança de vida saudável e com qualidade aos 65 anos, bem como reduzir as diferenças entre géneros, uma vez que as mulheres têm uma pior qualidade de vida nesta idade.

"A partir de 2008 houve um desaceleramento da melhoria deste indicador", adiantou, o que foi "coincidente com a crise".

Relativamente a outra meta prevista no Plano Nacional de Saúde, de reduzir a mortalidade abaixo dos 70 anos a 20 por cento do total da mortalidade, registam-se "melhorias", embora ainda seja necessário "algum esforço para evitar esta mortalidade".

O objetivo passa por intervenções ao nível do comportamento (alimentação, tabaco, sal) e na melhoria do acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).

João Portugal disse esperar que a melhoria dos indicadores de saúde retome o seu ritmo de crescimento anterior à crise e foca o investimento em fatores que possam melhorar a vida das pessoas: "A responsabilidade de cada um pela sua saúde".

Daqui


Enfermeiros do Hospital de Braga anunciam greve de 4 dias

«A PPP do Hospital de Braga, do grupo Mello Saúde, deve a enfermeiros e enfermeiras 30 mil horas e só quer pagá-las em três anos, segundo o sindicato, apesar de ter tido 7 milhões de lucro em 2015. A greve é também por mais profissionais e contra a discriminação salarial.

PPP do Hospital de Braga, do grupo Mello Saúde, deve a enfermeiros e enfermeiras 30 mil horas e só quer pagá-las em três anos, segundo o sindicato

Enfermeira/os do Hospital de Braga vão fazer quatro dias de greve, nos dias 29 e 30 de setembro e 1 e 2 de outubro. O Hospital é gerido pela PPP Escala Braga do Grupo Mello Saúde. O sindicato dos enfermeiros portugueses (SEP), salienta que a PPP Escala Braga teve 6,7 milhões de lucros, em 2014, e 7 milhões, em 2015, segundo a administração da PPP. O grupo Mello Saúde anunciou recentemente um lucro de 12,6 milhões de euros.

Em conferência de imprensa, a dirigente do Guadalupe Simões afirmou, segundo a Lusa: "As respostas da administração às exigências dos enfermeiros foram uma mão cheia de nada. Quando estão 30 mil horas a mais por pagar aos enfermeiros [cerca de 500 mil euros] e a proposta que nos fazem é que esse trabalho seja considerado trabalho normal e para ser pago durante quase três anos, sem haver um plano de admissão de enfermeiros, significa que estas horas nunca irão ser pagas".

Aqui

Marcelo contra cortes nas PPP da Saúde


«BE e PCP querem que Adalberto acabe com as "rendas" a privados na Saúde. Presidente da República é contra. Marcelo Rebelo de Sousa pode vir a travar um braço de ferro com o primeiro-ministro sobre as parcerias público-privadas na Saúde.

O Presidente da República considera que, por muita falta de dinheiro que haja, não se pode afrontar o sector privado. Marcelo espera que as reivindicações do BE e do PCP sobre esta matéria não inquinem as conclusões do Conselho de Ministros especial que António Costa convocou para Coimbra dentro de duas semanas e de onde se esperam alterações na relação com entidades privadas na Saúde. Neste momento, um grupo de trabalho no Ministério da Saúde está a avaliar estas PPP, não tendo o assunto ainda sido discutido no governo.

Antes das férias, no debate do estado da nação, o assunto foi levantado pelo Bloco que exigiu que o Governo estendesse à Saúde a revisão dos contratos de associação que na altura decidiu operar entre o Ministério da Educação e escolas privadas. "Queria fazer-lhe um desafio, que o caminho que se faz contra as rendas (pagamento a privados por serviços prestados em nome do Estado) possa estender-se a outros sectores. O orçamento da Saúde nos anos do Governo PSD/CDS recuou 5584 milhões, mas aumentou o pagamento a privados", afirmou Catarina Martins. A líder do Bloco atirou com os 450 milhões gastos em PPP no sector e lembrou que "todos os anos contratualizamos 1300 milhões de euros em meios complementares de diagnóstico e terapêuticos, 633 milhões de euros por ano em fornecimento de serviços e há capacidade instalada em hospitais públicos que não está a ser utilizada".

Na altura, António Costa garantiu que o Ministério de Adalberto Fernandes já estava a reavaliar essas parcerias e que os estudos iriam ser apresentados em breve. O relatório, elaborado pela Entidade Reguladora da Saúde, concluiu em junho que não há grandes disparidades na gestão pública ou privada em termos de qualidade e custo. A expectativa em torno do Conselho de Ministros de Coimbra é que apresente algumas das decisões relacionadas com o tema PPP/Saúde.

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segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Vigo volta a sair às ruas pola sanidade pública

 
No país onde se fazem manifestações de rua pela defesa do SNS, um exemplo a seguir:

«A marcha reuniu mais de 200 mil pessoas.

O 3 de setembro de 2015 cerca de 200 mil persoas mobilizáronse en Vigo contra as privatizacións, os recortes, as deficiencias no Complexo Hospitalario (Alvaro Cunqueiro, Meixoeiro e Municipal) e ao abandono dos recursos de Atención Primaria. Persoal da área sanitaria, organizacións sindicais, a oposición política en pleno, colectivos en defensa da sanidade pública e un amplísimo volume de poboación de toda a comarca deuse cita nas rúas viguesas para clamar pola sanidade pública. A marcha tivo un impacto innegable. Un mes despois Alberto Núñez Feijoo destituíu a conselleira de Sanidade, Rocío Mosquera, substituída por Jesús Vázquez Almuíña, alcalde de Baiona e, polo tanto, pertencente a unha área viguesa cuxo malestar o presidente da Xunta tentaba combater.

Un ano despois a cidade olívica acolleu unha nova marcha reivindicativa, que conmemorou o aniversario da histórica manifestación e reiterou as denuncias contra as privatizacións e recortes e en defensa da sanidade pública e do rescate da xestión do novo hospital. A mobilización, na que participaron ao redor de dúas mil persoas, foi convocada pola Xunta de Persoal da área sanitaria viguesa e pola Plataforma SOS Sanidade Pública.

A manifestación partiu ás doce do mediodía do antigo Hospital Xeral e foi seguida dunha romaría con tapas, actuacións de grupos musicais e recitais de poesía, na que colaboran as asociacións de comerciantes e veciños da zona afectados polo peche do antigo hospital "e a falta de vontade por destinar os anexos I e II do mesmo a uso sanitario", sinala SOS Sanidade Pública.

Á marcha asistiron os candidatos de En Marea, PSdeG-PSOE e BNG á Presidencia da Xunta, Luís Villares, Xaquín Fernández Leiceaga e Ana Pontón, así coma a presidenta da Deputación de Pontevedra -Carmela Silva-, o alcalde de Vigo -Abel Caballero-, os responsables dos sindicatos CC.OO, CIG, SAGAP e UGT, e a presidenta da Federacion de Asociacións de Veciños Eduardo Chao de Vigo.

Luis Villares sinalou que "o PP é o partido das portas xiratorias daqueles que traballan nas multinacionais despois de ter traballado para elas" e criticou "unha privatización que supuxo peche de camas, ausencias e deficiencias de servizo, precariedade laboral, todo iso nun hospital novo e recen aberto". "A privatización non só é mala xestión, senón que é precariedade, son portas xiratorias e corrupción", engadiu.»

daqui
 

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Taxas moderadoras com mais de 3 anos: não pague



Diz a DECO:

«O direito a cobrar o serviço prestado em hospitais prescreve ao fim de 3 anos. Se recebeu uma cobrança destas, confira a data antes de pagar. Foi o que fizeram alguns consumidores que pediram ajuda à DECO.

Há hospitais públicos a cobrar, por carta, taxas moderadoras de atendimentos prestados há mais de três anos. Segundo a lei que define o regime de cobrança de dívidas pelas instituições do Serviço Nacional de Saúde, "os créditos prescrevem no prazo de três anos, contados da data da cessação da prestação dos serviços que lhes deu origem".

Para as situações de tratamento prolongado, o prazo de prescrição destes créditos começa a correr a partir do último ato de assistência. No caso dos hospitais privados, o prazo de prescrição é de 2 anos. Se receber uma cobrança com mais de 3 ou 2 anos, consoante se trate de um hospital público ou privado, não pague e oponha-se ao pagamento da dívida, através de carta registada com aviso de receção. Fique com uma cópia e guarde os registos de envio. Na carta, invoque expressamente a prescrição e solicite a anulação dos valores exigidos.

Se a instituição de saúde não responder ao seu pedido ou insistir no pagamento, denuncie a situação à Entidade Reguladora da Saúde (ERS), responsável por regular e supervisionar o setor público e privado da prestação de cuidados de saúde, ou recorra à nossa plataforma Reclamar

deco proteste

sábado, 30 de julho de 2016

Portugal perdeu mais de metade das escolas públicas em 15 anos

Um pouco à semelhança com a Saúde

É como na Saúde, o estado, através dos governos do PSD (+CDS-PP) e do PS, fechou escolas enquanto o privado foi abrindo escolas e turmas para colmatar a insuficiência criada intencionalmente no sector público. É o fartar vilanagem! ou como os proprietários dos colégios privados vão enriquecendo à custa do contribuinte ou como os trabalhadores vão pagando o ensino dos filhos dos ricos e de uma certa classe média alta enquanto os seus filhos vão para as escolas públicas degradadas, para o dito "ensino vocacional" e completamente arredados de ingressarem no ensino superior. O aumento do número de alunos nas escolas privadas, como se comprova pelas estatísticas referidas, nos anos finais do ensino secundário é uma forma encapotada de comprar a nota para o ingresso no ensino superior, cujo sector privado é, à semelhança do correspondente secundário, uma loja de venda de diplomas, como bem atestam os exemplos dos cursos adquiridos por Sócrates e Relvas (este já foi despromovido de "doutor"!)


No "Público" por Ana Henriques


«Ensino privado conseguiu aumentar número de estabelecimentos e também de alunos. Estatísticas revelam ainda envelhecimento da classe docente.

O país perdeu mais de metade das escolas públicas nos últimos 15 anos, mostram as mais recentes estatísticas do Ministério da Educação, divulgadas nesta sexta-feira. Já os colégios privados, pelo contrário, aumentaram, ainda que ligeiramente.

"É natural, uma vez que os estabelecimentos públicos são muito mais numerosos, estando espalhados por todo o país", observa o presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, recordando que encerrar todas as escolas com menos de 21 alunos foi uma opção política com prós e contras, mas assumida nos últimos anos.

No ano lectivo de 2000/01 havia aulas em 17.141 escolas, 14.533 das quais da rede pública, enquanto na rede privada funcionavam 2608 colégios. No último ano lectivo para o qual há dados disponíveis, o de 2014/15, regista-se um decréscimo de cerca de 58% nos estabelecimentos públicos, que ficaram reduzidos a 6161 escolas.

Já o ensino particular apresenta um saldo positivo, ao subir, entre 2000/01 e o ano lectivo de 2014/15, para 2737 escolas em funcionamento. Só entre 2013/14 e o ano lectivo seguinte desapareceram 414 escolas públicas e este nem sequer foi o valor mais elevado dos últimos anos.

(...)

terça-feira, 26 de julho de 2016

ERS aponta falhas ao Hospital de S. José no caso do jovem David Duarte

 

Caso 2: Falhou o direito ao acesso e cuidados de saúde de qualidade

(ou como com o desinvestimento no SNS passou a haver piores acessos e cuidados de saúde para os trabalhadores e o povo português.)

 «Uma deliberação da Entidade Reguladora de Saúde (ERS), publicada esta quinta-feira, refere que o jovem David Duarte que morreu no Hospital de S. José, em dezembro passado, vítima de um aneurisma roto, não viu acautelado «o seu direito de acesso de universal e equitativo ao serviço público de saúde, bem como o seu direito à prestação de cuidados de saúde de qualidade».

A ERS identificou «falhas no acesso e na qualidade dos cuidados prestados» a este jovem, transferido do Hospital de Santarém para o serviço de Urgência do Hospital de São José, Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC), a 11 de dezembro do ano passado, numa sexta-feira, e que acabou por não ter acesso à cirurgia durante o fim de semana por falta de equipas para o fazer.

Entre as falhas identificadas está o facto do CHLC não possuir «capacidade para a prestação de cuidados de saúde específicos, nomeadamente, realização de cirurgia em situação de rotura de aneurisma cerebral por falta de recursos humanos especializados, essenciais à sua realização».

Mas também porque esta unidade de saúde, «considerando que o utente demonstrava já sinais de agravamento clínico», não procurou «uma alternativa efetiva de acesso para o utente, seja através de convocação da equipa necessária para a realização da cirurgia» ou «através de transferência do utente para outra unidade hospitalar».

O hospital poderia ainda ter adotado «uma intervenção de tipo life saving», acrescenta a reguladora.»

Original aqui Tempo Medicina

Auditoria de resultados ao Serviço de Urgência do Centro Hospitalar do Algarve, EPE

                                          imagem in blog "77colinas"

Resultado lógico da destruição do SNS para criar mercado para os lóbis do negócio da saúde privada, que só consegue subsistir se for anulada a concorrência do SNS, na sua máxima expressão deverá ser universal, geral e gratuito, e beneficiar dos apoios financeiros, directos ou indirectos, ou seja, PPP's ou ADSE's e outras convenções, por parte do estado. Em conclusão: piores acessos e cuidados de saúde para o povo português. Por outro lado, mais lucros para os privados à custa dos dinheiros públicos; a "poupança" é somente aparente.

*

Caso 1: Auditoria realizada pelo Tribunal de Contas:

«Articulada à luz do exame à resposta dada a um caso mortal de AVC, a auditoria realizada identificou falhas de organização e de procedimento na assistência ao doente que implicaram perdas de tempo de cerca de 15 horas relevando em especial:

O não registo, pelo INEM, de queixas relevantes apresentadas pelo doente, aquando da chamada de emergência [112], que pode ter implicado um atraso no atendimento em cerca de 6 horas. O registo completo da informação poderia ter resultado no seu encaminhamento direto para o Serviço de Urgência de Faro.

A não disponibilização atempada, pelo Centro Hospitalar, de transporte entre as urgências de V. Real de Sto. António e Faro, induzindo o doente a deslocar-se por meios próprios.

Tempos de espera excessivos na urgência de Faro: na triagem (25m); na observação clínica (01h30m); na realização de meios complementares de diagnóstico (03h30m).

Incumprimento dos procedimentos de acionamento da VIA VERDE AVC, que implicaram que o doente tenha sido observado com um atraso de 5 horas nesta unidade, após a triagem.

Incumprimento da rede de referenciação e demora na determinação do hospital de destino. Entre a decisão de transferir o doente e a escolha do hospital de destino, passou cerca de 01h00m.

Incapacidade de pronta mobilização de meios para o transporte do doente para o hospital escolhido, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, EPE, por desarticulação com o INEM e com as empresas de transporte de doentes em outsourcing. Este processo demorou cerca de 04h00m.»

Texto completo em  Tribunal de Contas

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Os truques de uma imprensa pouco séria


in Os truques

O principal destaque da capa de hoje do Jornal de Notícias é um grande truque.

Ao longo do dia recebemos contactos de vários profissionais de saúde, desde médicos a enfermeiros especialistas em saúde pública, e o que se conclui é o seguinte: o medicamento a que o JN se refere (Truvada) não é utilizado para sexo sem proteção; o medicamento é a proteção. A notícia do JN é falsa sob o ponto de vista científico e sensacionalista e desonesta sob o ponto de vista jornalístico.

Encontram aqui uma explicação detalhada de um médico neurologista e intensivista, entretanto dirigida à direção do JN:

"Resposta À notícia de hoje do JN:

Lisboa, 14 de Julho de 2016

Ao cuidado da secção "Sociedade" do Jornal de Notícias, da "jornalista" Emília Monteiro e do director-executivo do Jornal de Notícias Domingos de Andrade:

O meu nome é Bruno Maia, sou médico, tenho 34 anos e estou actualmente a fazer Profilaxia Pré-exposição (PrEP) para o VIH. Sou médico no CheckpointLX, uma clínica comunitária em Lisboa do GAT (Grupo de activistas em tratamentos VIH/SIDA), onde faço prevenção e tratamento de infecções de transmissão sexual dirigidos a homens que têm sexo com homens (HSH). Escrevo esta carta no seguimento da notícia publicada hoje, a 14 de Julho de 2016, no vosso jornal e com chamada para a 1ª página, com o título "Medicamento usado para sexo sem proteção". A notícia dificilmente poderia ter mais equívocos do que aqueles que apresenta. Não me vou referir à forma como é apresentada ou ao tipo de linguagem escolhida, vou unicamente demonstrar as várias informações falsas que ela veicula e, perdoem-me que o diga, são muitas, pelo que será difícil ser sucinto:

1. Existem hoje duas estratégias de profilaxia / prevenção do VIH que têm nome: a profilaxia pós-exposição (PPE) que consiste na administração de um conjunto de antirretrovirais (não só o Truvada) durante um período de 28 dias a quem teve um comportamento sexual de alto risco para a infecção pelo VIH está disponível há muitos anos em Portugal, é distribuída nos hospitais Portugueses; a outra é a profilaxia pré-exposição (PrEP) que consiste na toma regular ou intermitente de apenas um antirretroviral (o Truvada ou genérico, onde ele estiver disponível) por pessoas que estejam em elevado risco de infecção pelo VIH funciona "antes" dos comportamentos de risco e não após. A PrEP ainda não está disponível em Portugal mas já existe nos EUA há 5 anos, em França há meio ano e também na Suíça, Canadá, Israel, África do Sul, Perú e Quénia. Existem ainda programas de distribuição de PrEP a começar na Holanda, Bélgica, Austrália, Brasil e está actualmente a ser discutido em Portugal entre a DGS, o Governo e o GAT. Espero que compreendam como os adjectivos "abusivo" e "pílula do dia seguinte" não se enquadram neste contexto. E espero também que compreendam como o vosso artigo confunde as duas estratégias preventivas tão diferentes entre si.

2. O medicamento não é usado para sexo sem protecção. O medicamento é a protecção. O vosso título bem poderia ser: "Preservativo é usado para sexo sem protecção". Já vêem que não faz sentido. A PrEP é uma estratégia cientificamente demonstrada que consegue prevenir a infecção pelo VIH em praticamente 100% dos casos, muito superior ao preservativo. Não existe neste momento qualquer dúvida na comunicada médica internacional sobre a eficácia da PrEP. A cidade de S. Francisco que implementou a PrEP há 5 anos já reportou os resultados: 0 novas infecções entre os utilizadores de PrEP. Foram publicados mais de uma dezena de estudos científicos multicêntricos, internacionais (abrangendo os 5 continentes) com milhares de pessoas que não deixam margem para dúvidas sobre a potência preventiva da PrEP. Posso, obviamente fornecer-vos toda a documentação e literatura sobre o assunto se o desejarem, embora avise desde já que ela é muito extensa. Portanto afirmações como "…não é certo que o antivírico impeça o contágio de doenças como o VIH.." não podem estar mais longe da realidade.

3. O Truvada não tem "muitas contra-indicações". Mais uma afirmação que não tem qualquer sentido. O Truvada é o antirretroviral mais utilizado em todo o mundo precisamente porque tem pouquíssimas contra-indicações e pouquíssimos efeitos secundários. O seu perfil de segurança é o que o torna tão conhecido e utilizado. Mais uma vez existe uma extensíssima literatura que o comprova e que poderei facilitar.

4. O aumento do consumo do Truvada registado pelo Infarmed não tem nada a ver com a PrEP, uma vez que ela não existe em Portugal. Como o Truvada só é dispensado a nível hospitalar, esse aumento do consumo não tem nada que ver com o consumo para a profilaxia pré-exposição. Estamos sim a ver crescer o número de novos infectados que precisam de ser tratados com este medicamento. Também neste sentido os médicos não podem "…receitar medicamentos de acordo com a sua consciência…" ou receitar "…em casos raros, de risco continuado…" Estas situações não são possíveis, os médicos só podem prescrever Truvada em contexto hospitalar a pessoas que já estão infectadas ou nos casos de PPE. Estamos a falar de fármacos que só existem nas farmácias dos hospitais e cuja dispensa é muito bem justificada.

5. O artigo termina com: "O objectivo é restringir o uso de medicamentos…". Como assim? Restringir o uso de medicamentos a pessoas infectadas que precisam deles? Restringir o uso de medicamentos a pessoas que tiveram uma relação de risco e que, se não os fizerem durante um mês (PPE), vão ter de os fazer para o resto da vida porque se infectaram? Restringir a PrEP quando ela não existe, nem aqui nem em Espanha?

6. Em Portugal existe um grupo de pessoas que, não tendo acesso a PrEP no SNS, decidiram comprar o genérico do Truvada na internet. Eu dou a cara por esse grupo. Sendo médico, trabalhando na área do VIH e da prevenção e fazendo parte de um grupo em risco de infecção pelo VIH (homens que têm sexo com homens), decidi falar publicamente sobre a PrEP. Já dei uma entrevista à RTP, ao Público, já escrevi para o DN e o i-online e temos uma página pública no facebook (Preparar o futuro: queremos prep em Portugal) com um milhar de aderentes que informa sobre a PrEP. Já se falou sobre PrEP no nosso parlamento, estando por agendar uma comissão parlamentar sobre o assunto, a deputada Isabel Moreira já escreveu sobre o tema na Visão. No meio de tanta informação pública, disponível e de fácil acesso como foi possível a um jornal diário escrever tanta desinformação sobre o tema e nem sequer procurar falar com as pessoas e organizações que estão há mais de um ano a trabalhar sobre a PrEP?

Escrevo-vos porque considero (como médico, como homem que tem sexo com homens, como activista na área do VIH e como utilizador assumido e público de PrEP) que o vosso artigo com chamada para a primeira página é um perigo do ponto de vista da saúde pública, fomenta medos, credos e preconceitos em relação ao VIH e desinforma sobre algo tão delicado e importante como a saúde da nossa população.

Com os melhores cumprimentos,

Bruno Maia

Médico Neurologista e Intensivista"

Texto original

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Problemas de comportamento e de saúde disparam nos lares de crianças


Andreia Sanches (Público)

«Há mais jovens com comportamentos problemáticos e de saúde. Há mais adolescentes. E tudo isto são desafios às casas de acolhimento. Governo promete mudanças. Medidas anteriores à retirada às famílias biológicas podem não estar a ser eficazes.

No final de Outubro de 2015 viviam em instituições de acolhimento 8600 crianças e jovens. O número dos que foram identificados como tendo problemas de comportamento, de saúde mental, de debilidade mental, de consumo de substâncias ou de algum tipo de deficiência física ou mental aumentou 38%, num só ano em 2014 já tinha existido um aumento de 10% face a 2013.

A maioria (5032) das crianças e jovens era acompanhada em psiquiatria e/ou pedopsiquiatra um aumento de cerca de 22% face a 2014. E um em cada quatro tomava medicação prescrita por um psiquiatra ou por um pedopsiquiatra. "São crianças que trazem percursos de vida extremamente traumatizantes e que precisam de um grande apoio para poderem reencontrar o seu equilíbrio", sublinhou nesta quarta-feira a secretária de Estado da Inclusão Ana Sofia Antunes durante a apresentação do relatório CASA 2015 Caracterização Anual da Situação de Acolhimento das Crianças e Jovens, feita aos jornalistas.

O relatório nota que se mantêm "os gravíssimos constrangimentos já registados nos anos anteriores nas situações que carecem de internamento/acolhimento em resposta específica de saúde mental". Lembra que há seis anos que está prevista a criação uma rede de Cuidados Continuados de Saúde Mental, mas que esta "ainda não foi concretizada, fazendo com que estes jovens fiquem acolhidos em casas de acolhimento não adequadas às suas problemáticas específicas". Resultado: quando entram em crise ou descompensação, "colocam-se muitas vezes a si próprios em perigo, bem como às outras crianças e jovens acolhidos" e aos profissionais que com eles trabalham.

Ana Sofia Antunes promete uma "revisão do regime de funcionamento das casas de acolhimento, de modo a apetrechá-las" melhor, para fazer face aos novos desafios colocados pela mudança que tem vindo a registar-se no perfil das crianças e jovens que nelas habitam. E o aumento dos problemas de comportamento e de saúde mental é um grande desafio. Mas haverá mais mudanças, diz.

Texto completo em publico.PT

terça-feira, 14 de junho de 2016

Portugal tem elevadas desigualdades sociais em saúde

 

«O relatório elaborado pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) indica que "o acentuado corte nas despesas com saúde", que "fizeram baixar alguns pontos no ranking da OCDE, tiveram efeito mais acentuado nas despesas com medicamentos e recursos humanos". Em relação às desigualdades sociais em saúde, os autores concluíram que estas são uma "evidência recente para Portugal".

As desigualdades em saúde em Portugal são elevadas e os anos de "profunda recessão económica e de cortes orçamentais" tiveram consequências que ainda não são conhecidas, indica o Relatório de Primavera deste ano.

"Portugal tem vivido anos de profunda recessão económica e de cortes orçamentais em várias áreas, incluindo a saúde, educação e segurança social. Neste sentido, as desigualdades em saúde representam uma preocupação acrescida, à luz dos custos elevados que acarretam", lê-se no documento, elaborado pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS).

Intitulado "Saúde procuram-se novos caminhos", o documento começa por recordar os relatórios elaborados nos últimos seis anos, nomeadamente sobre a questão da crise na saúde.

"Constatamos que a crise e o seu impacto na saúde dominou as atenções nesses anos tendo o OPSS apresentado ao longo desses anos diversas sugestões e alertas que poucas vezes foram tidos em conta", lê-se no relatório que será hoje apresentado em Lisboa, na presença do ministro da Saúde.

Os autores indicam que "o acentuado corte nas despesas com saúde", que "fizeram baixar alguns pontos no ranking da OCDE, tiveram efeito mais acentuado nas despesas com medicamentos e recursos humanos".

"Esses cortes ultrapassaram os cortes propostos pela troika no Memorando de Entendimento e ainda estamos longe de conhecer o verdadeiro impacto no sistema nacional de saúde, nomeadamente nos ganhos em saúde obtidos ao longo dos últimos anos".

Em relação às desigualdades sociais em saúde, os autores concluíram que estas são uma "evidência recente para Portugal", país onde existem "razões adicionais de preocupação".

"A evidência prévia demonstra que as desigualdades em saúde em Portugal são elevadas. Uma revisão sistemática recente aponta para a existência de disparidades em vários indicadores de saúde (como saúde auto-reportada, saúde mental, sintomas cardiovasculares e obesidade), relacionadas principalmente com instrução e género".

O OPSS recorda que "Portugal é um dos países mais desiguais da Europa em termos de rendimento", encontrando-se "entre os países com maior desigualdade, próximo de outros países do Sul da Europa, como Espanha, Grécia, Itália, ou Chipre, e países de Leste".

"No mesmo sentido, o risco de pobreza ou exclusão social é elevado em Portugal, quando comparado com outros países europeus, com taxas semelhantes àquelas observadas noutros países do Sul da Europa".

Um dos dados apresentados refere que "as pessoas sem formação têm um risco de ter má saúde seis vezes superior, em comparação com as pessoas com mais formação (ensino secundário ou mais)".

"O risco de diabetes é mais de quatro vezes superior no grupo sem formação, e o risco de hipertensão e Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é três vezes superior. Para a depressão, o risco é mais elevado nos grupos com menor educação, embora seja superior para as pessoas com ensino básico comparado com as pessoas sem formação".

"Seja qual for a doença, a desigualdade aumentou claramente entre 2005 e 2014, independentemente do sexo e da idade".

Nos idosos, as desigualdades em saúde são ainda mais marcadas: "O risco de má saúde é cinco vezes superior nas pessoas sem educação e mais de duas vezes superior nas pessoas com ensino básico. O risco de doença crónica é quatro vezes superior nas pessoas sem educação e o risco de limitações mais de três vezes superior".

Os autores concluem ainda que, "apesar do carácter universal e tendencialmente gratuito do Serviço Nacional de Saúde (SNS), os cuidados de especialidade estão desigualmente distribuídos na população, a favor dos mais educados. Este facto também poderá contribuir para as desigualdades em saúde".

Para o OPSS, os dados analisados "indicam claramente que o SNS, apesar dos seus grandes e demonstrados benefícios para a saúde da população, e do seu carácter universal e tendencialmente gratuito, não é suficiente para combater as desigualdades em saúde".

Entre as várias estratégias para combater as desigualdades em saúde, os autores defendem que "as políticas de saúde pública devem focar os comportamentos de risco álcool, tabagismo, sedentarismo, dieta inadequada através de instrumentos económicos (impostos) e da regulação (por exemplo das gorduras, do sal ou do açúcar)".

"Os programas de rastreio devem ser acessíveis a todos, assim como os cuidados de saúde", preconiza o Observatório.

O OPSS é uma parceria entre a Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, o Centro de Estudos e Investigação em Saúde da Universidade de Coimbra, Universidade de Évora, e a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.»

Lusa e Económico

"Os laboratórios farmacêuticos inventam doenças"



«Joan-Ramon Laporte é chefe do serviço de farmacologia do Hospital Vall d’Hebron. É catedrático em farmacologia na UAB e dirige a Fundação Instituto Catalão de Farmacologia.

"Os medicamentos são a terceira causa de morte após o infarto e o câncer, segundo estudos feitos nos EUA. A cada ano morrem 100.000 pessoas por erros de medicação, e 100.000 por efeitos adversos".

"A implicação dos medicamentos em patologias comuns é muito importante. Os medicamentos produzem doenças que não se distinguem das outras. Podem produzir um infarto de miocárdio, ou que a pessoa caia e quebre o fêmur, ou um ataque psicótico".

"Só na Catalunha há entre 6.000 e 9.000 fraturas de cabeça de fêmur por ano: entre 13 e 14% delas têm a ver com o omeoprazol e medicamentos análogos. Dificulta a absorção do cálcio e as pessoas que o tomam habitualmente desenvolvem osteoporosis. Um 8,4% das fraturas as produzem medicamentos para dormir. Mais de 300 têm a ver com antidepressivos".

"A industria farmacêutica está medicamentando tudo. Os laboratórios inventam doenças, convertem a tristeza em depressão, a timidez em fobia social ou o colesterol numa doença. Os lobbies farmacêuticos promovem mais mentiras que medicamentos. Dizem que são mais eficazes do que realmente são".

"Embora as permissões de comercialização sejam dadas pela Agência Europeia de Medicamento, cada país pode decidir se financia um determinado medicamento. Na Espanha se financiam todas as novidades. Por exemplo, há seis medicamentos anti-neoplásicos que Grã Bretanha recusou financiar e que aqui se financiam".

"Quando um medicamento sai ao mercado, é tão pouco conhecido, porque foi estudado tão pouco, que não estamos certos de que não possa ter efeitos indesejados graves".

"Na Espanha nos polimedicamos. Há 15 anos se davam entre 12 e 13 receitas por pessoa ao ano. Agora, quase 20. Pelo menos a metade dos medicamentos que tomamos são desnecessários. Há gente que durante toda sua vida toma medicação para dormir, após três ou quatro semanas o corpo já o assimilou e é tão eficaz como o placebo".

"Os laboratórios não dão acesso público aos ensaios clínicos. Também o não dão ao sistema de saúde. A Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos Sanitários aprova medicamentos sem ver os dados de cada um dos pacientes que participaram nos ensaios".

"O tempo que se demora em retirar um medicamento porque produz efeitos indesejados graves passou de seis ou sete anos em 2004, a 12 ou 14 anos hoje em dia. Custa muito mais retirá-los, e isto é pela crescente influência da industria sobre os sistemas de saúde, tal como denunciou o Conselho da Europa".»

Fonte:
daqui
 

terça-feira, 31 de maio de 2016

Hospitais públicos pagaram 100 milhões aos privados para fazerem cirurgias


Nos últimos três anos, os hospitais públicos pagaram cerca de 100 milhões de euros em cirurgias e consultas feitas no privado para reduzir as listas de utentes à espera de procedimentos cirúrgicos, que poderiam ter sido feitos no sector público, caso o governo anterior não tivesse cedido aos fortíssimos lóbis da saúde privada, médicos e grupos económicos, sendo a saúde considerada já o cluster mais lucrativo do século XXI (a seguir ao tráfico e ao petróleo, claro!).

À semelhança do que acontece com o ensino, mas com certeza para pior, o Estado, através dos governos que o gerem, tem desinvestido nos serviços públicos de Saúde, congelamento das carreiras, não admissão de novos profissionais, reformas antecipadas até há algum tempo atrás, aumento do horário de trabalho (de 35 para 40 horas), corte no valor do preço hora e das horas complementares e extraordinárias, encerramento de serviços, para entregar aos tubarões da medicina privada muitos milhões para a realização de actos médicos e prestação de cuidados de saúde e exames complementares de diagnóstico que ele próprio tem competência e capacidade para realizar.

O boicote à realização de cirurgias e consultas por parte de alguns médicos, bem como a realização de exames complementares de diagnóstico, tem sido uma estratégia delineada e colocada em prática desde há muito, desde do tempo dos governos de Cavaco Silva/PSD, com a conivência activa das administrações hospitalares e que, nos últimos tempos, teve um desenvolvimento extraordinário com a abertura de clínicas privadas mesmo ao lado das instituições de saúde do estado, adoptando inclusivamente nomes muito semelhantes à daquelas, como aconteceu em Coimbra.

E também não será por acaso que se encontra em Coimbra a instituição pública que mais dinheiro tem dado a ganhar às clínicas privadas a fim de realizar aquilo que ela não pode ou não quer (vamos lá saber as razões exactas?). Foram mais de 2.500 cirurgias realizadas fora, com um custo total de 4,6 milhões de euros, e com mais de 14 mil inscritos. Coimbra lidera também as listas de espera, mais do que o Centro Hospitalar Lisboa Central que vem a seguir! Tem sido o fartar vilanagem!

Este problema facilmente seria resolvido desde que houvesse vontade política, coisa que este governo ainda não manifestou, bastava: separar o público do privado, quem trabalha no público não trabalha no privado (há médicos e até alguns enfermeiros que parecem ter o dom da ubiquidade!); rentabilizar os blocos operatórios, que estão na maior parte do tempo às moscas; responsabilizar pessoalmente os administradores hospitalares, parece que isso já existe mas só no papel; e... contratar mais profissionais de saúde, os necessários, seria até uma boa forma de combater o desemprego, e de forma indirecta subir os salários, e igualar por cima os contratos no privado, colocando-os a par dos da função pública; neste particular, os enfermeiros até agradeciam e um bom ponto de reflexão para os nossos "queridos" dirigentes sindicais!

DN: «Só em 2015, foram emitidos mais de 111 mil vales para operações no setor privado ou social, com um custo de 36 milhões de euros
Entre 2013 e 2015 os hospitais públicos gastaram cerca de cem milhões de euros em operações feitas fora do Serviço Nacional de Saúde (SNS), no setor privado ou social, através de vales-cirurgia, emitidos ao final de seis meses de o doente estar à espera. Só em 2015 foram emitidos mais de 111 mil vales que levaram à realização de 20 282 operações, com um custo de 36 milhões de euros. O ano terminou com perto de 194 mil utentes na lista de inscritos para cirurgia - mais dez mil do que 2014 - e 5972 doentes pendentes.

Os dados provisórios do Ministério da Saúde foram enviados ao Bloco de Esquerda numa resposta sobre o Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC) nos últimos três anos e a que o DN teve acesso. Uns hospitais descem, outros sobem, mas no total a fatura e o número de operações feitas fora do SNS aumentou . "Acreditamos que se pode estabelecer uma relação com a saída dos profissionais mais diferenciados e a redução de serviços. Podem estar a deixar o SNS com menos capacidade e a enviar mais doentes para o privado. Não compreendemos que aconteça, porque o SNS tem capacidade instalada e é preciso aproveitá-la. É incompreensível que hospitais de fim de linha enviem imensos doentes para o privado", diz Moisés Ferreira, deputado do BE.

O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) é o que tem a fatura mais elevada e 2560 cirurgias realizadas fora. No final do ano tinham 14 mil inscritos na lista e 237 doentes pendentes. "Apenas 25% dos doentes aceitaram ser operados fora do CHUC. O valor faturado foi de 4,6 milhões de euros. O CHUC é dos hospitais com maior produção cirúrgica. Em 2015 foram feitas 65 735 cirurgias. Temos vindo a "aumentar a capacidade interna e a reduzir a emissão de vales-ci rurgia", refere. Quanto aos doentes pendentes, "são propostas cirúrgicas que estão em fase de avaliação clínica e/ou a aguardar exames e esclarecimentos adicionais", número que não consideram elevado dada a procura. (...)»

Hospitais pagam cem milhões em cirurgias no privado

Ver também a reportagem
"Médicos sabotam SNS para obrigar doentes a ir ao privado"

segunda-feira, 30 de maio de 2016

CRISE ECONÓMICA LIGADA A 260 MIL MORTES POR CANCRO

 
A crise económica global de 2008-2010 está associada a 260 mil mortes por cancro a mais nos países da OCDE, estima um estudo publicado na revista The Lancet.

Na União Europeia, a crise está relacionada com 160 mil mortes a mais, sugere o mesmo estudo, que constitui a primeira análise global sobre os efeitos do desemprego e da redução da despesa pública em saúde na mortalidade por cancro.

Segundo os cientistas, o desemprego e a redução da despesa pública em saúde estão associados a um aumento do número de mortes por cancro, mas essa diferença desaparece quando existe cobertura universal de saúde.

"Nos países que não têm cobertura universal de saúde, o acesso aos cuidados e saúde são muitas vezes garantidos por um pacote do emprego. Sem emprego, os pacientes são diagnosticados mais tarde e o tratamento é mais fraco e tardio", explicou o coautor Rifat Atun, da Universidade de Harvard, citado num comunicado da revista.

Os investigadores, das universidades de Harvard, nos EUA, e Oxford, Imperial College London e King's College London, no Reino Unido, usaram informação do Banco Mundial e da Organização Mundial de Saúde para analisar a relação entre o desemprego, a despesa pública em saúde e a mortalidade por cancro em mais de 70 países, que representam mais de dois mil milhões de pessoas.

A análise cobriu as tendências ao longo de 20 anos, entre 1990 e 2010 e abrangeu os cancros da próstata nos homens, da mama nas mulheres, e o cancro colonrectal e do pulmão em ambos os géneros.

Os cancros foram classificados como tratáveis (com taxas de sobrevivência superiores a 50%) ou não tratáveis (com taxas de sobrevivência inferiores a 10%).

"Concluímos que o aumento do desemprego está associado a um aumento da mortalidade por cancro, mas que a cobertura universal de saúde protege contra estes efeitos. Isto é especialmente verdade no caso dos cancros tratáveis, incluindo o cancro da mama, da próstata e colonrectal", disse o autor principal do estudo, Mahiben Maruthappu do Imperial College de Londres, citado no comunicado.

O investigador acrescentou que também os gastos públicos em saúde "estão muito associados à mortalidade por cancro, o que sugere que os cortes na saúde podem custar vidas".

"Se os sistemas de saúde sofrerem restrições de financiamento, isso deve ser combinado com melhorias ao nível da eficiência para garantir que os pacientes recebem o mesmo nível de cuidados de saúde, independentemente do ambiente económico ou do seu estatuto laboral", defendeu.

O cancro provocou 8,2 milhões de mortes em 2012, e estima-se que o número de casos suba de 14 milhões em 2012 para 22 milhões em 2030.

"O cancro é uma importante causa de morte em todo o mundo, por isso é crucial entender como as mudanças económicas afetam a sobrevivência", disse Mahiben Maruthappu.

A crise económica internacional que começou em 2008 resultou num aumento substancial nas taxas de desemprego e levou muitos países a reduzirem a despesa pública na saúde.

Muitos estudos já demonstraram o impacto destas mudanças na saúde física e mental, nomeadamente no aumento do suicídio ou das doenças cardiovasculares.

Os autores ressalvam que o estudo hoje publicado apenas mostra uma associação entre a mortalidade, o desemprego e a despesa pública em saúde, e não permite provar uma relação de causa e efeito.

No entanto, dizem ter detetado uma correlação cronológica: as mudanças no desemprego foram seguidas de mudanças na mortalidade por cancro, o que dizem apontar para uma relação causal.

Dizem ainda que, como a informação de qualidade só está disponível até 2010, não foi possível analisar os efeitos de longo prazo das flutuações económicas na mortalidade por cancro.

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