terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Administração do hospital São José demite-se após morte de jovem



Os responsáveis da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo demitiram-se esta terça-feira, na sequência da morte de um homem no Hospital de São José, em Lisboa, por falta de um neurocirurgião.

A demissão dos responsáveis da ARSLVT, Luís Cunha Ribeiro, do Centro Hospitalar Lisboa Central, Teresa Sustelo, e do Centro Hospitalar de Lisboa Norte, Carlos Martins, foi anunciada ao princípio da noite no Ministério da Saúde, numa comunicação dos três responsáveis sem direito a perguntas dos jornalistas.

Em causa está a morte de David Duarte, de 29 anos, que esperou três dias por uma cirurgia urgente a uma hemorragia cerebral resultante de um aneurisma e acabou por morrer na madrugada de 14 de dezembro.

A equipa médica de neurocirurgia que, alegadamente, poderia ter assistido David Duarte não estava de serviço, porque recusa trabalhar ao fim de semana pelo valor que o Estado paga atualmente.
Na comunicação, Luís Cunha Ribeiro adiantou que "foram tomadas medidas" para que situações análogas não voltem a acontecer.

"A partir de agora, foi autorizado que passe a haver resposta para situações deste género. Hoje, doentes em situações semelhantes não terão o mesmo destino do que ocorreu há uma semana", declarou.

Luís Cunha Ribeiro, que lamentou o ocorrido e endereçou condolências à família do jovem que morreu, disse que a ARSLVT solicitou ao conselho de administração do Centro Hospitalar Lisboa Central a instauração de um inquérito, o mesmo fazendo junto da Inspeção-Geral da Saúde.

(Foto em "Sol")
Notícia em Jornal Notícias

VEJA COMO ISRAEL SALVA TERRORISTAS DO ESTADO ISLÂMICO



Há pouco mais de uma semana descrevi aqui a situação de Mohamed Suleiman, um garoto palestiniano com 15 anos detido quando tinha 13 sob a acusação de atirar pedras numa estrada da Cisjordânia reservada a ocupantes militares e colonos israelitas , e agora condenado a 15 anos de prisão por 25 "tentativas de assassínio". Pena que poderá tornar-se perpétua se até 26 de Janeiro a família não pagar uma multa de sete mil euros.

Compreendo que esta farsa de justiça e a correspondente agressão aos mais elementares direitos humanos possa ter indignados os leitores. Na verdade, actos de tortura, arbitrariedade e violência gratuita contra crianças cometidos por Israel, um Estado com elevada cotação na bolsa de civilização, liberdades fundamentais e guerra contra o terrorismo que serve de padrão à União Europeia e à NATO, deixam a inquietante sensação de que o Estado confessional hebraico não é aquilo que parece e diz ser.

Para desfazer a má impressão que esse episódio terá deixado vou dar-vos informações que ilustram como Israel é um Estado, por vezes, com elevadas preocupações humanitárias. Um jornalista ao serviço da versão online do britânico Daily Mail acompanhou uma operação de um grupo de comandos israelitas que, na calada da noite, socorrem feridos da guerra civil síria de modo a que sejam assistidos em hospitais israelitas e depois devolvidos ao teatro de guerra. Um desses feridos, cuja vida é salva graças aos procedimentos médicos de urgência israelitas acompanhados pela reportagem do Daily Mail velha publicação conservadora britânica é um "combatente anti-Assad" por sinal membro do Estado Islâmico, ou Daesh, ou ISIS, actual inimigo público nº 1 da "civilização ocidental". Em linguagem sem rodeios, a reportagem mostra o salvamento de um terrorista por forças especiais israelitas, ocorrência tão politicamente incorrecta, na aparência, que leva o jornalista a enquadrá-la no âmbito da conhecida máxima "os inimigos dos nossos inimigos nossos amigos são".

No caso, como vamos sabendo, nem seria preciso recorrer a sentenças tão arcaicas, uma vez que há generais norte-americanos sem dúvidas de que Israel está entre os criadores do Estado Islâmico. Já se sabia também que este grupo terrorista tem um santuário nos Montes Golã ocupados por Israel à Síria, onde dispõe de instalações hospitalares facultadas pelo exército com meios de evacuação para hospitais israelitas, nos casos mais graves. Há fotos do primeiro-ministro Netanyahu visitando feridos da mais recente versão de "combatentes da liberdade" tratados no seu país, mas nenhum documento é tão revelador dessa colaboração como o vídeo do Daily Mail. De acordo com a mesma fonte, aliás, esta humanitária legião israelita de boa vontade já salvou assim mais de 2000 vidas entre os terroristas injectados na Síria, e sem distinção de filiação: Estado Islâmico, Al-Nusra, que é o mesmo que dizer Al-Qaida e, ao que consta, até mesmo "moderados", os que são oficialmente pagos pelos Estados Unidos e potências da União Europeia. O valor de 10 milhões de euros gasto até agora por Israel nesta operação é uma pechincha, tendo em conta o que o terrorismo fundamentalista islâmico representa, pelos vistos, para a segurança do país governado pelo fundamentalismo hebraico.

Para que não haja paralelismos que poderiam ser mal intencionados, um oficial israelita esclarece o Daily Mail que ocorrências deste tipo não podem ser postas em confronto, por exemplo, com o que frequentemente acontece em Gaza, onde o exército israelita asfixia e massacra populações civis indefesas. "O contexto é diferente e nós agimos de acordo com ele", explica o oficial com uma transparência tão eficaz que todos nós entendemos: uma coisa é salvar terroristas do Estado Islâmico na fronteira com a Síria, outra é chacinar crianças, mulheres e idosos em Gaza. No fundo, porém, há uma inatacável coerência no comportamento do governo e das tropas israelitas: trata-se de uma questão estratégica de segurança do país, como sempre se ouve dizer.

Uma justificação que se aplica, como um fato feito por medida, ao episódio do jovem Mohamed Suleiman. Mas não se diga que Israel não se dedica por vezes, e quando lhe convém, a práticas humanitárias.

em "mundocaohoje"