Em 77colinas
Foi
promovido a ministro da Saúde o secretário de Estado que em Abril último,
perante as imagens do descalabro das urgências dos hospitais públicos, consequência
dos cortes financeiros no SNS, as atribui a propaganda feita pelos médicos
afectos à oposição e… aos comunistas!
O “Público” relatava, na altura, o episódio de
seguinte forma:
A Federação Nacional dos Médicos
(Fnam) condena o “humor negro” com que o secretário de Estado adjunto da Saúde
reagiu a uma reportagem de “teor indesmentível” sobre o caos nas urgências
hospitalares e, numa moção, defende que Fernando Leal da Costa fez “declarações
não compagináveis com a decência e o respeito exigidos pelos doentes num Estado
solidário e democrático”.
A
moção a que o PÚBLICO teve acesso, aprovada no sábado num congresso
extraordinário da Fnam que teve lugar em Coimbra, considera que as declarações
de Leal da Costa só podem “constituir uma peça de lamentável humor negro feita
à custa dos cidadãos” e contrapõe que o caos nas urgências hospitalares
retratado numa reportagem da TVI de 13 de Abril apenas releva “imagens bem
conhecidas dos profissionais que lá trabalham e que desesperam com as condições
com que diariamente se confrontam”.
Em causa está
o comentário do secretário de Estado ao trabalho da TVI, que se infiltrou em
urgências de 15 hospitais do país e recolheu imagens durante um mês que mostram
doentes amontoados em camas e macas em espaços dimensionados para menos
atendimentos e com poucos profissionais de saúde. “É uma reportagem que só vem
confirmar a opinião que eu tenho, que os serviços de urgência em Portugal
funcionam muito bem, é uma experiência que confirma que tem picos de afluência,
como nós já sabíamos, durante a noite os serviços tendem a encher-se, durante o
dia tendem a estar mais vazios, por força da própria orgânica do sistema”,
reagiu Leal da Costa.
O governante contrapôs ainda o
que as imagens mostravam. “O que nós vimos foram pessoas bem instaladas, bem
deitadas, em macas com protecção anti queda, em macas estacionadas em locais
apropriados, algumas dos quais em trânsito eventualmente para outro serviço.
Vimos pessoas em camas articuladas, vimos pessoas com postos de oxigénio, vimos
hospitais modernos, vimos sobretudo profissionais muito esforçados”,
acrescentou. Em concreto sobre os médicos que falaram com a TVI, disse que são
“reputados e reconhecidos militantes do Partido Comunista e da oposição” que
não provaram o que afirmam.
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