Sindicato dos Trabalhadores Civis das
Forças Armadas acusa o governo de promover um "alucinante projeto
legislativo, surgido do nada, a mês e meio das eleições". Antigo
presidente do Infarmed questiona que interesses estarão por trás da decisão de
extinguir uma instituição equilibrada financeiramente e que produz fármacos que
o mercado não garante.
Laboratório Militar produz medicamentos
que as farmacêuticas não têm interesse em fazer porque não são rentáveis, mas
que salvam vidas e são indispensáveis ao tratamento de alguns doentes.
Fotografia de Mário Cruz, LUSA
O Ministério da Defesa confirmou que vai
mesmo extinguir o Laboratório Militar, instituição criada em 1918 como
Farmácia Central do Exército que ultimamente desempenhava funções
muito mais abrangentes que a produção de medicamentos para as Forças Armadas.
Ouvido pela TSF, Aranda da Silva, antigo
presidente do Infarmed e ex-director do Laboratório Militar, diz-se
surpreendido com a decisão e recorda que “ainda há pouco tempo o sr. ministro
da Saúde falava da importância que o Laboratório Militar estava a ter para
resolver problemas de saúde, nomeadamente do Serviço Nacional de Saúde, no que
se refere aos medicamentos que eu costumo denominar como medicamentos
abandonados”, isto é, medicamentos que as farmacêuticas não têm interesse em
fazer porque não são rentáveis, “mas que salvam vidas e são indispensáveis ao
tratamento de alguns doentes”.
Que interesses estão por trás?
O ex-presidente do Infarmed afirma que o
Laboratório é financeiramente equilibrado e por isso não compreende a decisão
do ministério de Aguiar-Branco, questionando “que interesses estão por trás de
uma medida deste tipo, porque não vejo justificações claras para ela”.
O dirigente sindical Alexandre Plácido sublinha que o Laboratório Militar “está neste momento a fornecer ao SNS, diretamente, através das administrações regionais de saúde, um xarope pediátrico que o mercado pura e simplesmente não produz”. Outro exemplo “é a metadona com que se tratam os toxicodependentes em Portugal”. Para sublinhar a importância do Laboratório Militar, o sindicalista recorda que no passado produziu – e voltaria a produzir se o deixassem – o lote de 40 medicamentos e fármacos mais utilizados por todo o SNS. “Estamos aqui a falar de uma entidade que tem implicações na saúde de todos nós”, afirmou à TSF.
Sem comentários:
Enviar um comentário