Observatório Português dos Sistemas de
Saúde analisou a saúde dos portugueses após a intervenção da "troika"
O Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS)
analisou a saúde dos portugueses após a intervenção da 'troika' e concluiu que
faltam enfermeiros, os médicos estão mal distribuídos e que o valor das taxas
moderadoras afasta os utentes.
De acordo com o Relatório de Primavera 2015 do OPSS, que será hoje apresentado, em Lisboa, “persiste um rácio de médicos por habitante adequado, mas inadequadamente distribuído pelo território com clara vantagem para as regiões urbanas”.
Baseando-se nos dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), o Observatório indica que houve uma diminuição de médicos de 1,4% de 2012 para 2013, ao mesmo tempo que se verificou um incremento de 13,02% no número de médicos em internato.
De acordo com o Relatório de Primavera 2015 do OPSS, que será hoje apresentado, em Lisboa, “persiste um rácio de médicos por habitante adequado, mas inadequadamente distribuído pelo território com clara vantagem para as regiões urbanas”.
Baseando-se nos dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), o Observatório indica que houve uma diminuição de médicos de 1,4% de 2012 para 2013, ao mesmo tempo que se verificou um incremento de 13,02% no número de médicos em internato.
“Embora existindo um número total de
médicos adequado às necessidades da população, os mesmos se concentram
predominantemente nas áreas urbanas comprometendo assim o acesso das populações
de áreas rurais”, lê-se no documento.
Em relação aos enfermeiros, o OPSS considera que o número destes profissionais “está claramente abaixo da média da OCDE, em 2014, e tem vindo a decrescer, principalmente no Serviço Nacional de Saúde SNS)”.
“O rácio enfermeiro/médico é dos mais
desequilibrados dos países OCDE”.
Sobre o acesso aos serviços de urgência, os peritos do OPSS revelam que, “a par com uma redução da procura, verificada ao longo dos últimos anos, que coincide temporalmente com a alteração das taxas moderadoras, existem fenómenos sazonais, associados às previsíveis vagas de calor e picos de gripe, com aparente excesso de procura e/ou incapacidade de resposta dos serviços”.
Verificou-se ainda uma diminuição constante do número de consultas nos Cuidados de Saúde Primários, desde 2008.
“O número de consultas médicas ´per
capita` e por ano é muito inferior à média da OCDE. Tal foi parcialmente
compensado com um ligeiro aumento das consultas médicas domiciliares e com um
expressivo aumento das consultas domiciliares de enfermagem”.
Por seu lado, “o número de consultas médicas, nas consultas externas dos hospitais públicos, tem aumentado consistentemente”.
O relatório refere ainda que as despesas de saúde “out-of-pocket” ( gastos suportados diretamente pelos utentes do serviço de saúde nos casos em que nem o serviço público nem a cobertura de seguro privado cobrem o custo total do bem ou serviço de saúde) “têm vindo a aumentar, apesar do alargamento da percentagem de pessoas isentas das taxas moderadoras”.
“A este aumento não será alheia uma
distribuição desigual de profissionais de saúde pelo território, uma diminuição
de consultas nos Cuidados de Saúde primários e o enfraquecimento da rede de
transportes e alteração dos transportes não urgentes de doentes, entre outros”,
escrevem os peritos.
Camas continuam a diminuir nos hospitais
públicos e a aumentar nos privados
O número de camas disponíveis nos hospitais públicos continua a diminuir,
enquanto aumenta nos privados, e nos cuidados continuados mantém-se abaixo das
necessidades da população (menos de 30%), revela hoje o relatório do
Observatório Português dos Sistemas de Saúde.
O Relatório da Primavera 2015 do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), a ser apresentado hoje, destaca ainda o facto de esta realidade se verificar num país com um dos menores rácios de cama por habitante da Europa.
O Relatório da Primavera 2015 do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), a ser apresentado hoje, destaca ainda o facto de esta realidade se verificar num país com um dos menores rácios de cama por habitante da Europa.
No que respeita ao acesso a camas nos
hospitais, “assistiu-se a uma contínua redução de camas nos hospitais do SNS
[Serviço Nacional de Saúde] e ao mesmo tempo a um aumento de camas nos
hospitais privados, no contexto de um país em que o rácio de camas por habitante
é dos menores da UE”.
Quanto à Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), o relatório do OPSS sublinha que, apesar do aumento de camas, este “não responde às necessidades estimadas das pessoas acamadas”.
Apesar do esforço de abertura de mais camas da RNCCI, estas representam “menos de 30% das necessidades atuais, determinando condições de acesso desiguais aos cidadãos”.
As estimativas apontam para que haverá 110.355 pessoas dependentes no autocuidado nos domicílios, das quais 48.454 serão pessoas dependentes “acamadas”.
No entanto, para responder às necessidades desta população a RNCCI tinha em finais de 2013 6.642 camas distribuídas pelas diversas tipologias, o que representa um aumento de 12,4% entre 2012 e 2013, mas ainda assim um número que “não responde minimamente às necessidades”, refere.
O documento destaca ainda que as Equipas de Cuidados Continuados Integrados (ECCI), prestadoras de cuidados no domicílio, continuam subaproveitadas, com consequências negativas, quer em termos de bem-estar dos doentes, quer em relação aos gastos para o Estado.
“Os cuidados prestados pelas ECCI são
menos onerosos do que os prestados em qualquer unidade de internamento, para
além de salvaguardarem a comodidade e bem-estar dos doentes no seu domicílio”.
As razões para esse subaproveitamento prendem-se sobretudo com problemas ao nível da referenciação.
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