sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Trabalho temporário também culpado do caos nos hospitais portugueses



Nas últimas semanas registaram-se em muitos hospitais um cenário de caos com milhares de pessoas a esperarem longas horas para serem atendidas, algumas vezes mais de 24 horas. O resultado foi mortal para duas pessoas, que não resistiram à espera e morreram nos corredores dos hospitais sem atendimento.

A causa está identificada por profissionais, sindicatos e administradores hospitalares, há falta de médicos nas urgências e o governo não permitiu libertar as verbas que premitiriam o planeamento adequado para o Inverno. Todos concordam com este diagnóstico, menos o governo que diz que a culpa é dos cidadãos que procuraram os serviços.

Mas há uma variável escondida desta equação: as empresas de trabalho temporário (ETT).

Os administradores dos hospitais vieram dizer que a culpa também é das ETT que se candidatam a vagas nos horários sem terem médicos para ocupar essa vaga. No entanto, o problema é outro: quem é que meteu as ETT nesta equação? E a que preço?

Com a desorçamentação do Serviço Nacional de Saúde, o governo impediu a contratação de médicos e profissionais de saúde necessários aos hospitais e vai colmatando, ao mês, à semana, ao dia, as falhas com médicos sem vínculo contratados às ETT.

Assim, os médicos passam de serviço hospitalar para serviço hospitalar sem conhecerem tudo desse serviço e sem estarem inseridos numa equipa com laços de confiança, não podendo prestar o mesmo apoio aos doentes. Ganham mais, é verdade, mas muitos não querem ganhar mais, querem sim um vínculo com o hospital que o governo proibe.

As ETT brindam a este negócio e fazem milhões com a falta de organização. O Estado perde dinheiro dos contribuintes.

Mais uma prova de que a austeridade mata e de que a precariedade nos empurra a todos para baixo.

Retirado daqui

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