quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Grécia: Austeridade arrasa sistema público de saúde



Foto do site da Metropolitan Clinic of Ellinikon-Argyroupoli
Num país onde faltam profissionais, medicamentos e material médico e hospitalar, 3 milhões de pessoas não têm acesso a cuidados médicos. Para encher os cofres dos seus credores - aos quais pagou 63 mil milhões de euros em 2013 - o governo grego promoveu um verdadeiro saque fiscal e cortou drasticamente nas áreas sociais, como a Saúde e a Educação.

Numa reportagem publicada no El País, é retratada a verdadeira devastação da saúde pública provocada pelas políticas de austeridade impostas ao longo dos últimos anos.

Desde 2009, a Grécia viu a despesa per capita em Saúde diminuir 9% ao ano. Entre 2009 e 2012, a redução ascendeu a 25%, segundo avança a OCDE no relatório Health at a glance: Europe 2014, que constata um “panorama desolador” em comparação com os outros 34 países em análise.

Nos últimos dois anos, registou-se um novo corte de 400 milhões de euros e o Orçamento do Estado para 2015 apresentado pelo governo de Antonis Samaras prevê uma redução da despesa de 23% nos hospitais públicos e de 17% na EOPYY – Organização Grega de Saúde Pública.

Mediante a aprovação da controversa reforma da Saúde, o governo helénico ordenou, em fevereiro, o encerramento da grande maioria das policlínicas de cuidados primários por forma a cumprir o plano de consolidação orçamental acordado com a troika. Esta medida veio, na prática, agudizar o caos do sistema público de saúde.

O colapso da classe média, incluindo os trabalhadores independentes – com a destruição, nos últimos cinco anos, de 140.000 pequenas e médias empresas –, traduziu-se, por sua vez, num aumento abrupto do número de pessoas que estão completamente excluídas do sistema de saúde pública. Mais de três milhões, cerca de 30% da população, estão nesta situação, quer por se encontrarem em situação de desemprego ou por terem dívidas à Segurança Social.

Os doentes oncológicos, os diabéticos e, em geral, os doentes crónicos, a par das crianças, são aqueles que mais têm sofrido mediante a privação dos cuidados médicos necessários.

As clínicas sociais, como a Metropolitan Clinic of Ellinikon-Argyroupoli, criadas para colmatar a falta de medicamentos, de vacinas, e a exclusão de vários cidadãos do sistema de saúde, e que sobrevivem essencialmente à custa de donativos individuais, traçam um cenário desolador: doentes sem condições de pagar um seguro de saúde privado são “expulsos dos hospitais”, as pessoas com deficiência perderam os seus subsídios, os doentes oncológicos são obrigados a esperar mais de seis meses por tratamentos, os pais “estão de luto pela morte de crianças que não têm acesso aos cuidados de saúde”.

“E tudo isso para pagar 10% de uma dívida anual”, lamenta a Metropolitan Clinic of Ellinikon-Argyroupoli, num comunicado de imprensa divulgado a 6 de dezembro.

Retirado daqui

sábado, 29 de novembro de 2014

Epidemias e pandemias



Ébola e Obama
por Peter Koenig, in "The Vineyard of the Saker"

Em outro campo, aparentemente sem relação com o que se discutiu acima, está emergindo fenômeno novo. Desde o início parece nada ter a ver com a disputa ente leste e oeste pelo poder econômico. Mas absolutamente não é fenômeno não conectado à fracassada economia ocidental.

Fala aqui da ameaça de pandemias mortais que parecem emergir todas ao mesmo tempo – e todas sob o controle da ONU e de seu braço especializado, a Organização Mundial da Saúde (OMS), constituída, assistida e aconselhada por várias empresas fabricantes de medicamentos, cuja atividade dentro da OMS é também ignorada pela opinião pública mundial. Quase todas as epidemias, potencialmente pandêmicas, começaram na África, onde estão hoje cerca de 60% dos recursos naturais não renováveis do planeta – recursos que são empenhadamente buscados, para o próprio conforto e bem-estar, pelas elites que governam os hemisférios ocidental e norte.

O ebola reapareceu há alguns meses na África Ocidental – Libéria, Sierra Leone, Guiné e, na sequência, disseminou-se para o Mali e a Nigéria. Ebola não é doença nova. Desde os anos setenta há casos observados e registrados na África Central, ex-Zaire. A OMS conhece antídotos e vacinas. Mas o Departamento de Defesa dos EUA – o qual, por falar dele, mantém um programa de pesquisas de armas para guerra biológica – contratou um laboratório canadense há dois anos, para testar e desenvolver uma vacina contra o ebola, em hospitais especialmente construídos para esse fim na Libéria e em Sierra Leone. Desde o início do novo surto de ebola em julho de 2014, já teriam morrido mais de 5 mil pessoas, segundo a OMS.

Há alguns dias, circulou a notícia, distribuída pela OMS, de outra epidemia, em Madagascar, que já provocara 40 mortes desde agosto de 2014. – A peste bubônica, também chamada Peste Negra, era considerada extinta, depois de ter dizimado 1/3 da população da Europa no século XIV, embora haja notícia de uma forma menos virulenta da doença, que continuaria a existir até hoje. A última notícia de epidemia é de 1904, quando morreram cerca de 3% da população de Bombaim, em momento em que ainda não havia antídotos. A versão que se encontra hoje pode, ao que se sabe, ser combatida bem facilmente com antibióticos e pesticidas. Assim sendo, por que continuaria a matar pessoas em Madagascar? E por que as notícias só apareceram agora?

Há algumas semanas, o vírus da febre aviária, o mortal H5N1, foi novamente encontrado nos Países Baixos, na Alemanha e no Reino Unido. De sete casos recentemente notificados dessa febre aviária no Egito, dois doentes morreram. Em 2009, graças a um falso alarme distribuído pela OMS, a Europa comprou centenas de milhares de doses de vacina anti-H5N1 – o que foi como ganhar na loteria para as gigantes da indústria farmacêutica – escândalo que maculou profundamente a imagem da OMS. Em alguns países, dentre os quais a Suíça, pessoas que não manifestavam qualquer sintoma de resfriado foram praticamente forçadas a vacinar-se. [1]

A epidemia de AIDS (em português SIDA, Síndrome Da Imunodeficiência Adquirida), doença causada pelo vírus HIV – também criado como experimento do Pentágono para a guerra biológica – eclodiu nos anos 1980s, também na África, de onde se teria disseminado para o Haiti, de onde teria sido “importada” para os EUA e para o resto do mundo. Hoje, embora permaneça incurável, a doença já pode ser controlada. Mas uma nova cepa do mesmo vírus sempre poderá ser facilmente criada, para tornar impotentes as drogas que se usam hoje.

Tudo isso obriga a pensar em esforço organizado e concentrado, pela elite do poder, para

(I) manter paralisadas as populações; e justificar a aplicação de leis marciais (e na maioria das vezes de lei-zero) para sufocar quaisquer levantes potenciais, por exemplo contra uma nova onda de assalto/roubo organizado pela ganância da predatória elite econômica ocidental; e (II) para ajudar a gradualmente reduzir a população mundial – alvo que a elite ocidental busca alcançar desde o final da IIª Guerra Mundial – e também um dos objetivos chaves do Grupo Bilderberg, como já se ouviu anunciado por várias figuras do poder como, dentre outras, Bill Gates e, várias vezes, também por Henry Kissinger, muito provavelmente o pior criminoso de guerra ainda vivo no mundo.

Alguns doentes podem ser facilmente postos sob quarentena por Ordem Executiva assinada pelo presidente, sob o pretexto de que a quarentena dos doentes protegeria a população em geral – e aquelas pessoas podem receber vacinas e antídotos desenvolvidos clandestinamente como parte do programa de guerra biológica – para proteger a elite – com outros medicamentos destinados ao público em grande escala, provavelmente já distribuídos junto com a própria doença que se supõem que devessem evitar. Uma vez que Washington dê a ordem, por exemplo, de vacinação obrigatória, ou de lei marcial – os lacaios europeus simplesmente obedecerão; é modo fácil para manter as populações sob controle, ao mesmo tempo que o sistema financeiro ocidental corre para o seu objetivo final: depredar, pôr abaixo, reduzir a ruínas o que reste das redes de proteção social, de saúde pública e as poupanças públicas. (...)

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Indústria farmacêutica: superlucros criminosos



Por Michael Voss

Peter C. Gøtzsche, no livro “Deadly medicines and organised crime”, apresenta uma longa e bem documentada acusação contra a indústria farmacêutica (Big Pharma)

Na Dinamarca, a despesa em medicamentos e em hospitais públicos duplicou em apenas sete anos e as previsões apontam que as autoridades sanitárias deverão destinar a esta rubrica 1.100 milhões de euros. Evidentemente, este dado provocou debates entre os profissionais dos hospitais, os políticos, os jornalistas e os académicos do setor. Desafortunadamente, trata-se de um debate equivocado: pode a sociedade permitir medicamentos tão caros que apenas servem para prolongar a vida de pessoas com doenças graves durante uns meses ou talvez um ano?

Como exemplo dos medicamentos caros, num recente artigo de imprensa foram citados os seguintes: - Zytica, para o tratamento do cancro da próstata; - Yervoy do tratamento de cancro de melanoma; - Gileneva, para o tratamento da esclerose.

Se a jornalista se tivesse preocupado em investigar um pouco, teria comprovado que estes três fármacos são produzidos por JanssenBiotech (antigamente Johnson & Johnson), Bristol-Myers Squibb e Novartis. Esta informação teria dado uma pista de onde se encontra o verdadeiro problema. As três grandes empresas farmacêuticas que citámos encontram-se entre as infames citadas num livro publicado no ano passado na Dinamarca: “Deadly medicina and organised crime” (Medicamentos que matam e crime organizado). O livro foi escrito por um reconhecido professor dinamarquês, Peter C. Gøtzsche, que ao longo de 450 páginas apresenta uma longa e bem documentada acusação contra a indústria farmacêutica (Big Pharma) por fraude, corrupção, lucros ultra exagerados e distribuição de medicamentos mortais.

Entre as suas acusações, encontram-se as seguintes:

- Que um desmesurado número de pessoas morre por causa dos medicamentos.

- Que a Big Pharma comercializa, com conhecimento de causa, medicamentos sem efeitos positivos nas doenças dos pacientes.

- Que a indústria farmacêutica retém e manipula dados com o fim de ocultar sérios efeitos secundários.

- Que a indústria paga (suborna) investigadores para aconselhar os seus produtos, e paga a médicos para comercializar e distribuir os produtos aos seus doentes.

- Que a Big Pharma tem sentenças reiteradas que a obrigam a pagar milhões de euros em multas por causa da comercialização de produtos perigosos ou medicamentos sem qualquer efeito mas que, com frequência, negoceia acordos extrajudiciais para evitar sentenças que a obrigariam a dar informação detalhada dos medicamentos.

- Que há Investigadores académicos e autoridades públicas que assessoram a indústria farmacêutica para que substitua medicamentos relativamente baratos por outros mais caros e com o mesmo resultado. - Que a indústria atribui mais fundos para a comercialização do que para a investigação, ao mesmo tempo que tenta legitimar as suas patentes de monopólio com os altos custos de investigação.

Todo isso está baseado em documentos provenientes da indústria farmacêutica mundial. Vários dos exemplos incluem a Bristol Myers Squibb e a Novartis.

Entre as suas conclusões Gøtzsche assinala: "Em 2012 cinquenta grandes empresas venderam 610 mil milhões de dólares em medicamentes prescritos. Estou absolutamente convencido que esta quantidade podia ser reduzida em 95% (isto é, em 580 mil milhões de dólares), porque o nosso medicamento mais comum é 20 vezes mais caro que o alternativo com o mesmo efeito e porque a cidadania esta 'sobremedicada'”.

Por conseguinte, pode acontecer que a solução para a saúde pública dinamarquesa não seja negar às e aos pacientes o tratamento que precisam, mas rever os métodos e lucros da indústria farmacêutica privada e começasse a pôr limites ao seu poder e ao seu lucro. Inclusive para isto, o professor Gøtzsche apresenta algumas pistas. Um capítulo inteiro é dedicado a soluções políticas para este problema.

No nível mais básico, sugere que as autoridades poderiam perseguir a criminalidade da Big Pharma com a mesma energia com que atacam a criminalidade comum e que poderiam proteger os delatores que pudessem existir na própria indústria e compensá-los no caso de perderem o emprego. E avançar para medidas mais radicais, Gøtzsche propõe as seguintes:

- Obrigar às empresas a tornar públicos os dados de investigação e outro tipo de conhecimentos sobre os seus medicamentos;

- Obrigar as empresas a publicar todos os seus contratos;

- Proibir as empresas médicas privadas de realizarem as suas próprias investigações; em seu lugar, deveriam pagar um imposto especial para financiar a investigação pública.

Finalmente, o livro analisa o núcleo do problema e as soluções reais. A primeira é desmedicalizar a sociedade. A segunda, proibir a propriedade privada das empresas médicas e substitui-las por empresa públicas sem fins lucrativos: “Deixar que as forças do mercado determinem as regras não favorece as necessidades das e dos pacientes, e é incompatível com uma profissão baseada na ética. O objetivo do lucro não produz benefícios sociais”.

Em Esquerda.net

sábado, 22 de novembro de 2014

As lamentações do ministro



O ministro da Saúde, ou melhor, o comissário para a liquidação do SNS, classificou de “lamentável” a greve nacional dos enfermeiros que, neste segundo dia, teve uma adesão superior, 80% contra 70% do primeiro dia (14 de Novembro), salientando a ideia da “banalização da greve” como se esta não tivesse razão de ser e não fosse a resposta à banalização das medidas de austeridade lançadas contra a classe dos enfermeiros. Esta demagogia, difundida amplamente pelos órgãos de informação corporativos do regime, engloba o “combate” travado pelo governo contra o surto de pneumonia por legionella, como se também o governo não fosse, em última estância, o primeiro responsável pelo considerado terceiro surto mais grave a nível mundial daquela doença infecto-contagiosa, combate que teria sido prejudicado pela greve dos enfermeiros. O surto epidémico foi mais um pretexto para atacar a greve dos enfermeiros e para auto-desculpabilização do não atendimento das reivindicações, mais que sentidas e justas, dos enfermeiros.

A revogação da medida que levou ao aumento do horário das 35 horas para as 40 horas semanais não é – nas palavras do ministro das lamentações – da competência do ministério da Saúde, mas por esta lógica, atendendo à posição de indiferença ministerial, pouco ou nada das questões apresentadas no caderno reivindicativo apresentado pelos sindicatos será da competência do ministério. A arrogância é indisfarçável apesar dos factos ocorridos ultimamente que implicam altos quadros da administração pública de nomeação governamental, e até o próprio ministro da Administração Interna que foi obrigado a demitir-se, no maior caso de corrupção visto até agora em Portugal (os Vistos Gold tão queridos ao vice-primeiro-ministro).

O governo mais corrupto que o país teve depois do 25 de Abril, e até antes do 25 de Abril, e que se vai desfazendo aos poucos ainda tem força para mostrar os dentes pela simples razão de que os partidos da oposição e as lutas travadas pelos trabalhadores são demasiado complacentes. A culpa da sobrevivência deste odiado governo não deve ser atribuída unicamente à múmia que se encontra instalada no Palácio de Belém. Nós também somos responsáveis, porque conciliamos e não nos dispomos a travar um combate prolongado e tenaz até extirpar a causa dos nossos problemas.

Não podemos ter ilusões quanto a este governo venha a satisfazer a menor das nossas reivindicações e, ainda por cima, com os sindicatos em teimar ir beber chá ao nº 9 da Avenida João Crisóstomo, em Lisboa, como no tempo da anterior ministra do governo PS. É continuar a enganar a classe quanto a alguma hipotética virtualidade do governo. E, mais, os sindicatos acabarão por dar razão ao ministro das lamentações porque greves de dois dias, um em cada semana, serão completamente ineficazes.

Este governo só tem atacado os direitos dos trabalhadores, a sua política é cortar, cortar e cortar ainda mais salários e reformas, é aumentar os impostos e, agora, como está previsto no Orçamento de 2015, despedir sob a falsa capa da “requalificação profissional”; desemprego que – quem diria! – atingirá os próprios médicos, classe tida tradicionalmente como privilegiada. Gostaríamos de perguntar aos sindicatos o que de bom o governo PSD/CDS-PP deu aos trabalhadores e, em particular, aos enfermeiros? Que saibamos, NADA!

Este governo não vai lá com panos quentes e só conhece uma linguagem: luta dura e prolongada, onde se inclui a greve geral pelo tempo e pelas vezes necessárias até ao seu derrube. Tudo o mais será andar a entreter, o que, diga-se de passagem, o governo agradece, porque entretanto vai lançando mais austeridade.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Trabalhar por turnos envelhece o cérebro mais depressa



DL 62/79: OE/2015 continua a cortar em 50% as Horas de Qualidade e Extraordinárias. Governo mentiu!Min. Saúde vai rever Suplementos Remuneratórios dos Profissionais até Dez/2014. ( Documento da Greve dos Enfermeiros em 14 e 21 de Novembro )

De acordo com o estudo publicado na revista norte-americana "Esquire", e conhecido esta quarta-feira, alterar os turnos de forma irregular e desregrada pode levar a danos da função cerebral, não só em termos de memória, mas também de rapidez de raciocínio.

O estudo, que também incluiu investigadores de outras universidades europeias, observou, durante 15 anos, cerca de 3000 pessoas que trabalhavam por turnos e que tinham passado por uma rotatividade acentuada de horários. Entre estes trabalhadores, 1197 tinham feito por ano 50 turnos diferentes durante uma década, tendo sido analisada a sua capacidade cognitiva depois de se terem reformado, em 1996, 2001 e 2006.

Foram comparados com outros profissionais com horários regulares e que se reformaram nos mesmos anos.

Os que tinham trabalhado por turnos rotativos apresentavam problemas de memória, de processamento rápido de informação e de deterioração geral das capacidades cognitivas, quanto comparados com os trabalhadores que tinham os horários regulares.

Mas o estudo revela ainda que é possível recuperar as capacidades cognitivas quando for interrompido o trabalho por turnos, embora possam ser necessários cerca de cinco anos.

Nas conclusões do estudo, os investigadores salientam que não é somente a saúde daqueles profissionais que está em causa, mas também a das pessoas com quem lidam.

Este não é o primeiro estudo do género a demonstrar que a rotação de turnos provoca danos na saúde, pesquisas anteriores revelaram que este tipo de rotação irregular leva a níveis mais baixos de serotonina, assim como uma probabilidade elevada de diabetes tipo 2, ataques cardíacos e úlceras.

No entanto, os investigadores são cautelosos em não apontar somente um fator para esta causa, considerando que há dois grandes "suspeitos": a interrupção do relógio interno do corpo e a privação da vitamina D proveniente do sol.

Os efeitos dos padrões de sono perturbado são mais fáceis de perceber, já que o relógio interno, que regula o sono e o apetite, mantém o cérebro em modo de tensão constante. Quando alguém trabalha no turno da noite e depois tem de enfrentar de forma alternada o turno da manhã, sente-se sonolento quando está a trabalhar e ativo quando deveria estar a dormir.

Segundo um estudo mais antigo referido no site "Science Daily", os trabalhadores de turnos noturnos e diurnos, dormem tipicamente menos uma a quatro horas do que a média. Alguns efeitos da privação do sono são imediatamente sentidos: sonolência, raiva, depressão, ansiedade, diminuição do desejo sexual, esquecimento e abrandamento de reflexos.

Em JN

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Na greve da Saúde: Onde está o Wally?



Os trabalhadores da Administração Pública do sector da Saúde fizeram uma greve de 24 horas no passado dia 24, os objectivos eram a reposição das 35 horas semanais, pelo aumento dos salários e das pensões; em suma, pelo trabalho com direitos, pela contratação colectiva e defesa do SNS. Na próxima 6ª feira, dia 31, uma nova greve será feita, ao que parece, para justificar as faltas dos trabalhadores que queiram ir à manifestação nacional a realizar em Lisboa. Perante a luta, promovida pela FP-CGTP, coloca-se a questão: por que carga de água a greve não abrangeu todos os trabalhadores do SNS, incluindo os técnicos mais qualificados entre os quais os enfermeiros?

Ainda estamos bem lembrados da greve de dois dias, realizada há um mês (24 e 25 de Setembro) dos enfermeiros que, pela justeza das suas reivindicações, teve um elevada adesão por parte da classe e até foi bem encarada pela opinião pública, apesar da campanha enviesada de descrédito levada a cabo pelos principais meios de comunicação, especialmente os mais próximos do governo. Então, por que razão não se deu continuidade à greve? Será que os principais objectivos apontados foram atingidos? O governo atendeu às reivindicações da classe de enfermagem? Alguém sabe responder, é que ficamos sem saber de nada?

Para dar resposta à interrogação, procuramos no site do SEP algum documento que esclarecesse, e o único que se encontrou foi a resolução, datada do dia 25 de Setembro, entregue no Ministério da Saúde pelo SEP e SERAM, que elenca as reivindicações já conhecidas e sob o lema: “Pela admissão de mais enfermeiros”, “Pela valorização do papel social da enfermagem”, “Pelo desenvolvimento profissional e valorização económica do trabalho dos enfermeiros”. Este é a última informação que se tem do “resultado” da greve. Ou seja, nada se sabe. Esta seria mais uma razão, o silêncio do governo, para se ter feito greve juntamente com os restantes trabalhadores da Saúde. Ou, então, também se pode entender que o silêncio será mais daqueles dois sindicatos, o que não deixará de ser particularmente grave. Pode ser expressão de impotência ou de conveniência, mas só os próprios poderão esclarecer.

A situação da classe está em deterioração progressiva e imparável, a nível salarial, a nível de condições de trabalho, a nível de satisfação pessoal, factores que influenciam a qualidade dos cuidados prestados ao povo português que não tem possibilidade de recorrer às clínicas privadas, embora algumas destas já pratiquem preços menos elevados graças ao apoio financeiro prestado pelo governo PSD/CDS-Estado. Esta perda de qualidade do SNS é intencional, é calculada e tem sido executada permanentemente, apesar de disfarçada pelo governo/ministro Paulo Macedo e pela aparente não diminuição das verbas destinadas à Saúde no próximo Orçamento do Estado. O que vai acontecer é que na distribuição dos dinheiros a parte que será entregue aos negociantes privados será maior, enquanto a destinada ao SNS será cada vez mais minguada, e o congelamento das carreiras, com a não progressão (concurso para Enfermeiro Principal não passa de uma miragem que os próprios sindicatos alimentam), e o adiamento das novas (poucas) contratações são a melhor prova desta desigual e ilegítima distribuição dos dinheiros públicos.

E não há que ter ilusões, e os sindicatos deviam ser os primeiros e denunciar o engano, quanto às carreiras da Função Pública (FP) e à Contratação Colectiva, a verdadeira intenção do governo, e do governo que lhe suceder mesmo que pintado com o rosa do Costa de Lisboa, é acabar com elas. Na Europa comunitária, Portugal é o país onde a contratação colectiva foi mais atacada, perante a passividade dos sindicatos, e com as carreiras na FP congeladas, com excepção da dos polícias, dos diplomatas e dos médicos, as únicas que irão sobreviver por razões óbvias; mesmo a dos médicos não está inteiramente garantida. Tem-se assistido a um ataque aos trabalhadores, aos seus direitos, aos seus rendimentos e condições trabalho, jamais visto nos últimos 50 anos, nem na fase final do fascismo. A contratação de enfermeiros a empresas de trabalho temporário por parte do Estado/governo PSD/CDS por 1200 euros mensais, obrigando às 40 ou mais horas semanais, indo a empresa negreira embolsar mais de metade daquele valor, ficando os enfermeiros a auferir 3,1 euros/hora, é a melhor expressão da situação a que chegou a classe de enfermagem. Se uma situação destas fosse levantada como mera hipótese a algum dirigente sindical aqui há alguns anos atrás, quase de certeza que iríamos ouvir que seriam desencadeadas as mais temerárias lutas. Mas os factos valem por mil palavras.

E os factos dizem que as lutas feitas a prestações, este mês faz-se um dia de greve, daqui a três ou quatro dias fazem-se mais dois; agora, faz-se greve num sector dos trabalhadores da FP, e nem todos farão, daqui a algum tempo será noutro sector ou os restantes do dito; neste mês, faz-se greve em alguma empresa do sector público, no mês seguinte faz-se na administração local, e depois na administração central. É assim, usando esta táctica de (má) guerrilha que os sindicatos, ou melhor, as direcções sindicais, entendem como melhor maneira de fazer frente ao governo e às suas celeradas e anti-populares políticas, que em nome da austeridade imposta por Bruxelas/FMI são continuadas e colhem cada vez menos apoio inclusive por parte das classes médias. Ora esta estratégias, longe de enfraquecer o governo, vai é exaurir as forças e a vontade de lutar dos trabalhadores, que vão perdendo dinheiro dos dias de greve sem vislumbrar resultado palpável. Percebe-se que os nossos dirigentes sindicais possam ter alguma coisa a perder se as greves ficarem sem controlo e incomodarem seriamente o governo. Lá se irá o tácito pacto social do regime estabelecido nos idos do 25 de Novembro de 1975.

A proposta do Orçamento de Estado para 2015, apesar de acenar com ligeira diminuição do IRS, mantem os cortes salariais e das pensões (dinheiros que não vem dos impostos mas das contribuições dos trabalhadores para os seus sistemas de saúde e segurança social) e o próprio aumento dos impostos. Em 2015, os cidadãos portugueses vão pagar mais de 2 mil milhões de euros a mais, e não a menos, enquanto as empresas (os patrões) vão pagar menos 900 milhões de euros. E logo que assente a poeira do resultado das próximas eleições legislativas, independentemente de quem ganhar, a austeridade será para continuar e em dose reforçada: Portugal terá de pagar só de serviço da dívida 60 mil milhões de euros até 2020, de uma dívida pública que já ultrapassou os 134% do PIB (em 2011, era 90%) e que é já impagável.

Na greve da Saúde, onde estão os sindicatos dos enfermeiros? Não será necessário elencar mais razões para se perceber que não é com greves a conta-gotas e de acordo com agendas que nada têm a ver com os trabalhadores que estes verão satisfeitas as suas reivindicações e muito menos irão derrubar este governo, como se pode ler nos comunicados da FP-CGTP desta greve dos dias 24 e 31 de Outubro. Só greve geral nacional pelos dias e pelas vezes que forem necessários que os trabalhadores, e em particular todos os trabalhadores da Saúde, deste país poderão ver resolvidos os seus anseios mais imediatos e livrarem-se deste odiado e miserável governo que sempre pautou a sua actuação pela defesa dos banqueiros e de uma União Europeia hegemonizada por uma Alemanha que porfia fazer através da economia o que os panzers de Hitler não conseguiram há 75 anos.

sábado, 25 de outubro de 2014

Homem que foi internado sem ser louco conta história na primeira pessoa



O homem que esteve quase três meses internado na ala psiquiátrica do Egas Moniz deu uma entrevista ao i, por considerar que é preciso um rosto para que algo mude.

Como é que foi estar dentro de uma ala psiquiátrica durante meses sabendo que não estava doente?

Em primeiro lugar estava num hospital e ninguém me dizia do que é que eu padecia, nunca me foi mostrado nenhum relatório a dizer o porquê de eu ter sido internado compulsivamente. Isso foi o pior.

Mas percebeu pelo ambiente que o que estaria em causa seria uma alegada doença mental?

Naturalmente. Desde há muito tempo que há familiares que me dizem que eu tenho um problema...

Porque é que acha que isso acontece?

Eu trabalhava de madrugada até ser internado, porque a equipa que eu geria estava espalhada pelo mundo inteiro e eu não tinha horas. Estava sempre ligado e mal havia um toque no computador eu acordava. E isso contribuiu para a criação de uma imagem de que eu não estava bem.

Culpa os seus familiares mais próximos por terem pedido o seu internamento?

Não, o problema aqui não está no até ao internamento. Isso é do foro privado e acredito que o tenham feito por preocupação. O problema para mim vem a seguir e prende-se com a forma como eu sou internado sem qualquer avaliação médica.

Quando diz que não tinha horas é porque trabalhava ao computador - fazia jogos - e não cumpria um horário normal...

Sim, trabalhava com uma empresa sueca, desde que arranjei um sistema em que peguei em scripts deles e gerei uma nova fórmula de game play nos jogos deles. Ou seja, em vez de termos coisas que aconteciam por probabilidade eu fiz cadeias dinâmicas que estavam continuamente a ocorrer por baixo do jogo base e que faziam com que este fosse sempre diferente, mas plausível mediante as histórias. E começaram-se a juntar a mim pessoas de outros países, mais talentosas que eu. Esta minha ideia começou a ter sucesso e às tantas a empresa ofereceu-me a possibilidade de fazer um jogo de estratégia.

Consegue agora perceber o que aconteceu até ao dia em que a PSP o foi buscar? Tudo começa quando a minha cunhada fala com uma médica amiga dela. Uma espécie de cunha?

Acho que sim, não tenho provas de que foi mesmo uma cunha. Mas os documentos referem que foi ela que descreveu o meu caso a uma colega. A forma como tudo foi conduzido indica isso.

Confirma que nunca foi visto por nenhum médico até a PSP o ir buscar a casa...

Nunca.

Quando chega acompanhado da PSP ao Hospital de São José o que é que lhe passava pela cabeça?

Não sei. Lembro-me de a médica que me recebeu ter posto a mão em cima das minhas e dizer-me: "Vamos ser amigos, Carlos?" Não achei nada daquilo normal, entenderia se ela estivesse a falar com uma criança, não comigo, que tinha 41 anos e estava bem. Naquele momento era eu que estava a achá-la louca. Rebati esta situação e ainda me foi perguntado: "Ah, não quer? Porquê?" Não sabia o que responder.

Esta médica escreveu que não viu qualquer sinal de doença, mas deu seguimento ao internamento. Quando é transferido para o Egas Moniz percebeu que uma das médicas que lá estava era a tal conhecida da sua cunhada?

Não, nunca me apercebi de nada. Não a conhecia. E nem sabia quem é que tinha feito a informação clínica do meu caso, não sabia de nada.

Quando começou a dizer que não estava doente o que é que é que lhe diziam?

O enfermeiro que me recebeu, por exemplo, respondeu-me: "Está bem, Carlos. A gente daqui a 15 dias falamos para ver se continuas a achar o mesmo..." Desde o início que diziam: "Todos dizem o mesmo, você precisa de ser tratado."

Desconfiou de si logo nessa altura?

Não tive dúvidas nenhumas e quanto mais pessoas via contra mim, mais força tinha. Um amigo meu dizia-me que se eu sobrevivesse àquilo seria uma fortaleza mental. Lá dentro qualquer um dá em maluco.

Como é que se refugiava?

Agarrei-me a rotinas, fazia tudo à mesma hora e levantava-me cedo. Decorava os dias da semana, as horas e tentava não vegetar. Tinha noção de que não podia perder as referências, isso era perigoso.

Deitava os comprimidos fora...

Sim, fi-lo até poder. Fui apanhado a primeira vez por esse enfermeiro e aí, como eu era muito ajuizadinho, ele limitou-se a dar-me de novo os comprimidos.

À medicação intramuscular é que não conseguia fugir...

Quinze dias após entrar deram-me Risperdal Consta, que é muito pesado. E deram-me, não por eu andar a deitar os outros comprimidos fora, mas porque era medicação complementar. A solução para eu tomar os comprimidos passou por moê--los e darem-mos na água.

E é quando começa a tomar toda a medicação que começa a ficar mais em baixo...

Sim, até aí andava normal sem qualquer medicação. Eles é que não sabiam.

Quer um apuramento de responsabilidades?

Claro. Há cinco médicos que terão de responder por esta situação.

E a sua cunhada coloca-a no rol dos médicos ou no dos familiares?

Essa pessoa não me via há mais de 15 meses. Entra no lote dos médicos porque também tem de respeitar a sua ética profissional e não agir com base em imagens feitas.

Algum médico tentou demovê-lo de agir?

Quando saí do internamento e fui levar as injecções no ambulatório, estava já a ser seguido por um outro médico. Esse já tinha algum sentido crítico e percebeu que tinha de negociar comigo, mas também sentia que não podia cessar o tratamento porque estava inserido na equipa médica que me medicou.

Mas que tipo de negociação?

Em Abril disse-lhe que não podia continuar, estava de rastos, e que a minha vida estava destruída. E ele disse-me: "Tiro-lhe as injecções, mas esquece todo este caso..." Quinze dias depois veio pedir--me para não interpretar mal as suas palavras, que só não queria era que eu ficasse a viver o passado.

Quando a juíza concluiu que não estava doente, foi uma vitória?

Sim, claro, deu-me algum alento. Desde aí nunca mais fui ao médico.

Foi mais importante isso ou a principal vitória será quando forem descobertos os responsáveis?

Quando forem descobertos os responsáveis, eu não tenho ilusões: isto vai acompanhar-me para o resto da vida.

Como descreve o que lhe aconteceu?

É estranho, durante os quase três meses que estive "preso" fui visto apenas uma hora e cinco minutos. Isto revela tudo. Aqueles homens são cartomantes da mente, não são médicos.

Como assim?

Dão a mesma resposta a todos e acertam na maior parte das vezes, porque de facto a maioria dos que lá vão parar são mesmo doentes.

No "i"

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Empresa paga 510 euros a enfermeiros mas recebe mais do dobro



O Centro Hospitalar do Médio Tejo paga 1200 euros mensais por profissional, mas estes só recebem 3,1 euros por hora

É, até aqui, o salário mais baixo pago a um enfermeiro por uma empresa: 3,1 euros por hora, ainda sem descontos. E há oito enfermeiros no Centro Hospitalar do Médio Tejo a receber estes valores, na maioria dos casos para trabalhar na urgência de Abrantes. A empresa está a receber 1200 euros euros por mês, mas a penas paga 510. Apesar de estarem em curso centenas de contratações no SNS, o recurso às prestações de serviços mantém-se e por valores cada vez mais baixos, que rondam os cinco euros à hora, este valor já é menos 50% do que o valor de tabela.

De acordo com o contrato de trabalho entre a empresa Sucesso 24 Horas e estes profissionais, a que o DN teve acesso, os enfermeiros têm de trabalhar 40 horas por semana para receber estas verbas sem descontos e sem subsídio de refeições, um valor recorde pago por estas empresas.

Ver em "DN"

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

«Mesmo em tempo de crise investir em Saúde Pública é rentável»



Os efeitos as políticas de austeridade do sector da saúde foram «desastrosos» sobretudo porque ocorrerem numa altura em que os cidadãos mais precisam de cuidados. A ideia é defendida pelo investigador inglês, David Stuckler, que considera «vantajoso» o investimento em Saúde Pública, mesmo durante as crises económicas

«Mesmo em tempo de crise investir em Saúde Pública é rentável», afirmou, no Porto, David Stuckler, sociólogo e investigador da Universidade de Oxford (Inglaterra), defendendo que, muito embora a recessão seja prejudicial, no caso da saúde «as medidas de austeridade podem matar».

Convidado a falar sobre The Body Economic: Why Austerity Kills (exactamente o título da publicação de que é co-autor e que é muito crítica em relação às políticas de austeridade no sector da Saúde), no âmbito do 6º Encontro Nacional da Clínica de Ambulatório VIH, Hospitais e Dia link o também professor de Política Económica e Saúde Pública da Universidade de Oxford advertiu: «Os políticos falam incessantemente acerca do sísmico impacto económico e social da recessão, mas muitos continuaram a ignorar os seus efeitos desastrosos na saúde das pessoas». Aliás, para David Stuckler, nos últimos três anos, as políticas adoptadas neste sector «exacerbaram esses efeitos em muitos países, sobretudo nos que adoptaram severas medidas de austeridade», permitindo «cortes em programas sociais na altura em que os cidadãos mais precisavam deles».

Segundo Stuckler, que acompanhou particularmente a situação da Grécia, desses cortes resultou, em muitos países - como de resto o investigador denuncia no The Body Econoimic, edição que mereceu já destaque na revista The Lancet –- «na transformação da sua recessão em verdadeiras epidemias», «arruinando ou extinguindo milhares de vidas num disparatado esforço para equilibrar o orçamento e os mercados financeiros».

(...)

Ler artigo completo aqui

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Trabalhadoras e trabalhadores britânicos da saúde entram em greve



Nesta segunda-feira (13) milhares de enfermeiros, auxiliares e pessoal de ambulâncias somaram-se à primeira greve em 30 anos do setor de saúde britânico em reivindicação de aumento salarial, convocados por centrais sindicais.

Os dirigentes sindicais acordaram manter em funcionamento os serviços de emergência, destacou a rede pública de rádio e televisão BBC.

Meios de comunicação locais denunciaram as tentativas do governo do premiê conservador, David Cameron, de privatizar o Serviço Nacional de Saúde, considerado uma das joias do estado de bem-estar do Reino Unido.

A paralisação das atividades foi organizada por sete sindicatos do setor na Inglaterra e por dois na Irlanda do Norte.

O Exército e a Polícia indicaram que ajudariam na atenção de casos de urgência médica durante a greve, declara a BBC.

A redução ou eliminação de subsídios ao setor da saúde faz parte dos planos de austeridade do executivo de Cameron desde sua chegada ao poder em maio de 2010.

Retirado daqui

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Ébola: crónica de un despropósito anunciado



"La enfermera infectada se enteró de que tenía ébola... ¡leyendo prensa digital en el móvil!"

La auxiliar de enfermería infectada por ébola se enteró de que estaba contagiada de ébola a través de los medios de comunicación, según ha afirmado ella misma en una entrevista telefónica concedida al programa de televisión Las Mañanas de Cuatro, dirgido por Jesús Cintora.

La mujer supo de la enfermedad que padecía a través de su teléfono móvil, al ver en las noticias que la prueba que le habían realizado había dado positivo. Es decir, el gobierno informó antes a la prensa que a la propia afectada. Es el colmo del despropósito.

"No quisieron darme los resultados y después de verlo en el móvil, yo ya no quise preguntar", ha dicho la mujer. "No hace falta preguntar nada cuando te meten en una cápsula de aislamiento". Además, la sanitaria asegura que ninguna autoridad ha hablado con ella.

Estamos en manos de auténticos ineptos, altamente peligrosos para la salud pública.

Original

Coordinadora Antiprivatización de la Sanidad: Lo ocurrido es en parte resultado del proceso de deterioro, desmantelamiento y privatización de la sanidad, que se viene realizando ininterrumpidamente desde 2005

«Ahora podemos añadir lo siguiente:

1º El desmantelamiento de la planta sexta, en la que se ubicaba el centro de referencia para emergencias epidémicas, supuso la dispersión de todo el personal sanitario debidamente formado y entrenado en la aplicación de protocolos para el adecuado tratamiento y aislamiento de enfermedades de alto riesgo de contagio. De todo el citado personal, sólo queda ahora una enfermera en turno de mañana y otra en el de tarde.

2º La planta sexta se abre para ingresar al primer paciente de Ébola tras impartir al personal sanitario un curso de menos de una hora en el que se explicaba como ponerse y quitarse el traje. Tras el ingreso del segundo enfermo se imparte otro curso de la misma duración en el que se añaden algunas nociones acerca del manejo de residuos.

3º Dado que se desconocen exactamente los mecanismos de transmisión – y, por ejemplo la distancia a la cual una gota de saliva puede ser o no contagiosa, los protocolos internacionales aconsejan las más altas medidas de aislamiento-. Los trajes de aislamiento que está utilizando el personal sanitario son los de “riesgo biológico 3”, menos herméticos – porque están fabricados con material más poroso y en los que las gafas no están selladas con el gorro - que “los de riesgo biológico 4” usados en otros países.

4º Por las mismas razones, en otros países se han establecido protocolos para el seguimiento de las personas que han estado en contacto con los enfermos debe ser estricto durante los 21 días del periodo de incubación de la enfermedad, a quienes no se les permite, por ejemplo, irse de vacaciones.

5º Denunciamos que la Unión Europea, ante la epidemia de Ébola en países ricos en materias primas y pobrísimos en recursos sanitarios – lejos de enviar ayuda – a lo que se ha dedicado es a blindar aún más sus fronteras ante la población inmigrante. Más vergonzosa aún, si cabe es la decisión de EEUU de enviar 3.000 soldados – sin experiencia sanitaria documentada- para “combatir la epidemia”. Ante tanto cinismo y menosprecio de la vida de las personas por parte de las grandes potencias, destaca la decisión de Cuba – un país pobre de once millones de habitantes – de enviar 165 médicos a Sierra Leona.

6º Ante una epidemia de la gravedad de ésta y que ha saltado ya a Europa y a EE.UU., llama poderosamente la atención que no se hayan publicado estudios pormenorizados sobre el foco inicial de una infección tan virulenta y letal. Apuntamos al respecto la coincidencia de este brote epidémico con la existencia de un laboratorio en el hospital de Kenema, en Sierra Leona, que estaba trabajando sobre el virus del Ébola y que colabora con el Instituto de Investigación Médica de Enfermedades Infecciosas de la Armada de EE.UU, sobre armas biológicas.[2]

Desde CAS Madrid exigimos la depuración inmediata de responsabilidades entre todos los políticos y gestores que han tomado las decisiones de repatriar a los pacientes infectados, así como de gestión de la atención, hechos que han puesto en riesgo gravemente la salud de trabajadores y población, por lo que la única postura decente sería reconocer sus errores y presentar la dimisión.

Por otra parte, nos reafirmarnos en nuestra denuncia de que lo ocurrido es en parte resultado del proceso de deterioro, desmantelamiento y privatización de la sanidad, que se viene realizando ininterrumpidamente desde 2005 en esta comunidad autónoma, y que pese a informaciones interesadas, en ningún momento se ha paralizado. (...)»

Ver texto completo aqui

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Por todo o país há falta de enfermeiros, o resultado é trabalhar mais e/ou fechar serviços...



1. Por todo o País há unidades com falta de profissionais qualificados. A solução é trabalhar mais ou ter menos doentes Dois doentes críticos a precisar de ventilação não tinham vaga na unidade de cuidados intensivos do Hospital Garcia do Orta, no domingo. A solução, para o doente do foro cardíaco e outro com problemas respiratórios, foi ficar em camas ligadas ao serviço de urgência, um deles com recurso a um ventilador portátil.

Os cuidados e a segurança nesta unidade não são as mesmas, mas a falta de enfermeiros obrigou ao fecho de duas das oito camas de cuidados críticos. Todo o País se depara com falta de camas nos cuidados intensivos e sobretudo de profissionais qualificados. No Garcia de Orta, o fecho foi a solução mais acertada perante riscos de segurança e qualidade da resposta, dizem vários especialistas. Mas há hospitais onde isso se tem evitado com médicos a fazer vários turnos de 24 horas e os enfermeiros turnos sucessivos. Uma sobrecarga que também ela pode afetar os cuidados e trazer riscos.

daqui

2. Relativamente ao problema da saúde mental, os responsáveis (os coordenadores do Observatório Português dos Sistemas de Saúde - OPSS) mostraram-se particularmente preocupados com a falta de recursos humanos para cuidar destes doentes e com o tempo de espera entre o aparecimento dos sintomas e o início dos tratamentos.

O tempo que medeia o início dos sintomas, a primeira consulta e o começo dos tratamentos "está acima de todas as médias europeias" e está a aumentar, disse, considerando este um dado de "enorme importância que precisa de ser considerado".

Ana Escoval apontou ainda o facto de os hospitais serem financiados em função do número de camas, ficando sem meios para fazer o acompanhamento domiciliário, os tratamentos na comunidade.

Para ilustrar a falta de recursos humanos nesta área e a incapacidade de contratar alguém, a mesma responsável contou que num hospital do Norte foi dada ordem para encerrar o serviço de psiquiatria no mês de Agosto.

O serviço só não fechou, porque os profissionais se organizaram e voluntariaram para conseguir manter a unidade em funcionamento, não acatando a ordem superior de encerramento, contou.

Para a responsável este é um dos casos que se passam nas unidades do Serviço Nacional de Saúde e que são sintomáticos do estado de exaustão em que se encontram os profissionais e para o qual as ordens dos médicos e dos enfermeiros têm vindo a alertar.

Manuel Lopes salientou que os serviços de saúde mental e de psiquiatria que o país tem são "muito maus", frisando que "em toda a região sul não há resposta nenhuma para a área da saúde mental". (...)

aqui

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

O Governo é que a banalizou a greve



João Luís Barreto Guimarães
Mas vamos ao assunto de hoje. Os portugueses estão habituados a sofrer em silêncio. Já me tenho perguntado por que razão não saem mais vezes à rua para expressar o seu descontentamento. Como bem escreveu o extraordinário poeta inglês William Blake, "sem contrários não há progressão" e seria de esperar de um Governo honesto uma maior disponibilidade para cumprir promessas eleitorais utilizadas para enganar os eleitores que os elegeram. Há dias, o ministro da Saúde queixava-se de que os enfermeiros banalizaram a greve. Banalizaram a greve? O Governo é que a banalizou, ao ignorar com indiferença e autismo as sucessivas greves que foram sucedendo. Antigamente, uma greve "inscrevia", para usar a feliz expressão do extraordinário filósofo português José Gil. Agora, com a "não-inscrição", o Governo é inabalavelmente indiferente ao único meio que os eleitores possuíam para exprimir a sua indignação até chegarem as eleições seguintes. Hoje, o exercício democrático da greve já não colhe junto ao poder porque este tratou de banalizar essa espécie de voto de indignação. Como bem previu o extraordinário romancista britânico Óscar Wilde, "Democracia quer simplesmente dizer o desencanto do povo, pelo povo, para o povo". Se Paulo Macedo exercesse o poder por períodos de dois anos apenas, por exemplo, tenho a certeza de que a conversinha seria outra. Ora, aí está uma ideia a incluir na anunciada revisão da Lei Eleitoral: políticos à rédea curta com legislaturas de dois anos. Isso, e a possibilidade de os votos em branco elegerem cadeiras vazias, claro! Se eu estiver a dizer alguma asneira, por favor corrijam-me.

Vivemos actualmente "dias que nos insultam", como escreveu o extraordinário poeta português Alexandre O"Neill, nos quais, nas palavras do extraordinário filósofo francês Gilles Lipovetsky, "o elevador social avariou". Para a maioria dos portugueses, a "vida é uma casa em ruínas", como bem poetou a extraordinária poeta galesa Menna Elfyn, em parte porque a qualidade dos nossos governantes é péssima: se algum de nós, na sua área profissional, fosse responsável por erros da magnitude e consequências dos cometidos na Justiça e na Educação, seria liminarmente despedido. Aqui, ninguém tira consequências. Os governantes portugueses têm uma admirável apetência para se colar ao poder. Nisso, como escreveu o extraordinário poeta russo, naturalizado norte-americano, Joseph Brodsky, a "história, sem dúvida, está destinada a repetir-se".

Texto completo aqui

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Viva a justa luta dos enfermeiros!



"A esmagadora maioria dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) registou uma adesão dos enfermeiros à greve acima dos 80%, segundo dados revelados hoje pelas fontes sindicais." Acrescente-se ainda que no hospital de S.José a greve ronda os 95%. O que prova afinal que os enfermeiros não estão assim tão desmotivados para a luta, como argumentam algumas vozes... e muitos cidadãos, entrevistados pelos ditos “órgãos de informação”, não hesitaram em compreender as razões e apoiar a greve.

A greve de dois dias encontra-se no primeiro dia (24 e 25 de Setembro) e está já a mostrar que os enfermeiros estão mobilizados e desejosos de ver solucionados os seus problemas, todos eles senão criados pelo menos agravados por este governo ilegítimo, porque há muito que não possui a confiança da maioria do eleitorado, pelas medidas austeritárias levadas à prática, pelas mentiras que quotidianamente profere e pelos ataques à Constituição e às leis vigentes.

Será uma semana particularmente desagradável para o governo. Amanhã, dia 25, são os trabalhadores do Metro de Lisboa, que se opõem à concessão a privados, que entram em greve; greve contra os despedimentos e a precarização, que serão mais que certas. No dia 26, sexta-feira, serão os trabalhadores judiciais que irão entrar em greve, contra as difíceis condições de trabalho, agravadas pela reconfiguração do mapa judiciário, que tornará ainda mais difícil o acesso dos cidadãos à justiça.

Esperemos que a luta se amplie a todos os outros sectores que trabalham na saúde visto existir o mesmo tipo de situações e reivindicações a fazer. São as 35 horas semanais, é o descongelamento das carreiras, é o fim dos contratos a prazo e precários, é a contratação de trabalhadores em sectores mais carenciados. É a salvação e dignificação do SNS.

Por fim, caso o governo não ceda – este governo já mostrou que não vai lá com paninhos quentes – haverá que marcar novas formas de luta imediata, e se possíveis mais radicais, pois só desta forma o governo fascista e ilegítimo será obrigado a recuar. O ataque enviesado do ministro, que se estava a “banalizar a greve”, é um ataque reles de quem não tem argumentos e não deseja, porque nunca teve essa intenção, de cumprir com as poucas promessas que faz: a contratação de novos 700 enfermeiros, feita há dois anos, ainda está por se realizar. As reivindicações contidas no caderno apresentado pelos sindicatos não deixam de estar correctas, são as essenciais e mais sentidas pela classe dos enfermeiros, haja contudo coragem para levar a luta até ao fim, sem tergiversações e sem agendas impostas pela já iniciada campanha eleitoral.

Não há que conceder tréguas a este governo fora-da-lei que só irá governar bem quando estiver demitido. Greve geral por tempo e por vezes que forem necessárias se impõe até à sua demissão.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Só 20% dos enfermeiros têm especialidade e não são contratados como tal



Segundo o responsável, os enfermeiros especialistas são os primeiros a emigrar à procura de uma melhor situação profissional, pois recebem “condições de excelência noutros países”

Apenas 20% dos enfermeiros portugueses são especialistas e destes a maioria emigra, porque as instituições de saúde em Portugal não valorizam a formação e contratam-nos com categoria e rendimento igual aos não especializados.

A informação foi dada à Lusa pelo coordenador da Unidade de Ensino de Enfermagem da Universidade Católica Portuguesa, Sérgio Deodato, a propósito do encontro de um grupo de peritos que decorre hoje para debater o futuro das especialidades de enfermagem em Portugal.

Segundo o responsável, os enfermeiros especialistas são os primeiros a emigrar à procura de uma melhor situação profissional, pois recebem “condições de excelência noutros países”.

“Não temos o número de especialistas necessário. Temos conhecimento científico e tecnológico avançado em muitas áreas, como os cuidados intensivos e a oncologia, mas depois não existem enfermeiros formados para os usar”, afirmou, acrescentando que estes meios ficam subaproveitados porque são utilizados por enfermeiros de cuidados gerais, sem especialização.

Citando dados da Ordem dos Enfermeiros, Sérgio Deodato afirmou que 80% dos enfermeiros não têm especialidade.

“Com a crise, os enfermeiros ficam com formação, com grau académico de mestre, e depois chegam às instituições de saúde e não são contratados como tal, mas como eram (cuidados gerais). O principal empregador é o Estado e as razões são económicas e financeiras. É profundamente injusto, enfermeiros a prestar cuidados especializados com a categoria e o rendimento igual ao que tinham”, considerou.

A este problema acresce outro que é o fim das dispensas no Serviço Nacional de Saúde para fazer formação.

Hoje os enfermeiros não são dispensados para fazer a especialidade, situação agravada pelo alargamento do horário de trabalho para as 40 horas semanais, que os deixa com pouco tempo livre e extremo cansaço para ainda fazerem formação.

“Se este esforço não é reconhecido posteriormente, os enfermeiros acabam por achar que não vale a pena o investimento, de tempo e financeiro”, lamentou o responsável, sublinhando que quem perde são os utentes, que têm tecnologia e conhecimento científico ao seu dispor, mas que não é utilizado por falta de profissionais especializados.

Retirado daqui

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

A destruição “criativa” do SNS



Carlos Silva

À medida que a legislatura se aproxima do fim a "política de saúde" de saúde deste (des)governo fica cada vez mais clara nos seus objetivos e propósitos. Em jeito de balanço podemos enunciar os pontos-chave da metodologia desta “governação”:

- “Sangrar” o SNS indo além da troika esgotando-o assim do lado financeiro;

- Desprestigiar o serviço público e os seus profissionais alimentando uma sórdida e paranóica campanha, contra tudo e com todos, com o objetivo de incutir na opinião pública a ideia de que a insustentabilidade do SNS é devida a quem nele trabalha;

- Bater no peito a clamar pelo SNS enquanto por ação mas, sobretudo, por omissão tudo foi feito para o destruir;

- Arrasar a máquina administrativa e técnica dos órgão de administração do sistema de saúde através de recrutamentos esotéricos e incompetentes conduzindo a uma crise de competências nunca vista e deixando os lugares de topo sem titulares de valor refugiando-se no refugo partidário;

- Fazer ilusionismo político com as promessas de reforma, as contra-reformas e as não reformas.

Então e agora afinal o que temos?

- Um flop nunca visto. (resistem 2 ou 3 acólitos (os do costume) a defender esta política ( certamente para poderem conservar as posições);

- Uma erosão das instituições sem precedentes;

- Uma profunda desmotivação e uma grande vontade de fuga dos profissionais;

Perante esta desgraça o “mercado” privado anima-se e vai-nos fazendo entrar pela porta “fantásticos” investidores de países com sistemas de saúde deploráveis em busca da “medicina comercial” profit oriented que bem conhecem e praticam há décadas.

- O achincalhamento da instituição SNS e da utilidade pública da sua missão vai abrindo as portas para o circo dos disparates. “Jornalistas” e comentaristas vão palpitando deslumbrados pelo sonho de fazer da saúde (finalmente) uma grande área de negócio;

- “Personalidades” como o Prof Daniel Bessa teorizam sobre a circunstância ora descoberta de afinal os hospitais pouco mais serem do que hotéis;

- Abrem “clínicas” a rodos nos supermercados que prometem boa saúde entre a fileira do peixe e a bancada do repolho. A mais recente (ao que parece de uma importante multinacional com sede num 3º andar de uma rua das Caldas da Rainha) implementa mesmo um conceito novo e revolucionário: consultas médicas mediadas por um enfermeiro através da televisão (não se sabe com novelas nos intervalos de espera);

- A confusão é tanta que até o ultraliberal presidente da Associação dos Hospitais Privados que tanto vinha proclamando as virtudes do mercado veio agora bastante aflito dizer que mercado sim mas sem exageros. Disse ele que é preciso ver a questão da qualidade (não sabemos se das clínicas nos supermercados, se do peixe ou dos legumes).

É isto Portugal a chegar ao final de 2014. Um grupo de irresponsáveis ignorantes e inconsequentes entreteve-se a estragar o que funcionava razoavelmente não tendo alcançado nenhum dos objetivos propagandeados.

Deixam, sem dúvida uma marca indelével muito difícil de apagar.

Em saudesa

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

GREVE DOS ENFERMEIROS



in JN
A greve dos enfermeiros contra as condições extenuantes de trabalho a que são sujeitos em praticamente todas as instituições do SNS, devido a falta gritante não só do pessoal de enfermagem, que leva a sobrecarga de horários, como falta de outros profissionais de saúde, falta de material e condições de trabalho, começou no início do mês de Agosto, período do ano em que os problemas se agravam pela insuficiência de recursos como pelo aumento da afluência dos utentes. Não foi por acaso que a greve teve início no Algarve, obteve a adesão de médicos e de praticamente de todos os profissionais da área e com níveis elevados de participação. O mal-estar é geral.

Facilmente a greve se tem estendido a outras regiões do país, Barreiro, Montijo, Lisboa, Santarém e agora Viana do Castelo e outras unidades de saúde do Alto Minho, como que uma onda que se dirige de sul para norte (mas que parece se ter “esquecido de passar por Coimbra e região Centro em geral, onde se concentram alguns milhares de enfermeiros), porque as causas de mal-estar são as mesmas: sobrecarga de trabalho, salário reduzido e congelamento da carreira (ao que parece das próprias negociações, adiadas para 17 de Setembro).

A greve parece incomodar quer o governo quer os seus órgãos de informação/propaganda: o primeiro, pela voz do privatizador-mor do SNS, acusou os enfermeiros de acumularem vários empregos, daí a exaustão (física e psicológica) de que se queixam; os últimos (principalmente as televisões), quase que se sentiram na obrigação de fazer a abertura dos noticiários com a greve dos enfermeiros, não deixando, contudo, de lançar alguma provocação.

Na azáfama privatizadora do governo, EGF, STCP, Linha de Cascais, TAP, resto dos CTT, para breve as Águas de Portugal e, se houver apoio explícito do PS, a Segurança Social ou parte dela, o resto do SNS que garanta lucros líquidos, e por aí fora, a greve dos enfermeiros nesta altura não deixa de ser oportuna e deve merecer o apoio e solidariedade de todos os cidadãos portugueses. São os cidadãos utentes que também estão em causa, a qualidades dos cuidados de saúde prestados no SNS, e a boa utilização dos dinheiros provenientes dos seus impostos.

Fazemos votos que a greve seja geral, alastrando por todo o SNS, mobilize outros sectores de trabalhadores da área da saúde e outras afins, faça abanar ainda mais o governo PSD/CDS, contribuindo para a sua rápida demissão.

Venda a retalho do SNS ao estrangeiro





Carlos Silva

Há muito que a ESS tratou de ter a imprensa económica como instrumento de propaganda (o que aliás não é muito difícil). Os nossos “jornalistas” económicos não precisam de muito para embarcar na balela da gestão privada em saúde. Mesmo que a maior parte deles nem sequer tenha ido aos famosos workshops na neve relatados na imprensa. Ficam babados com as vidraças, o show-off e as fantasias dos “privados” sempre (como convém) alimentados pelas rendas públicas (ADSE, SIGIC, convenções, etc).

De repente da galáxia de aldrabice do BES emergiu o cometa ESSaúde como se não tivesse nada a ver com a Rioforte, o Dr. Ricardo Salgado e companhia. Talvez por ser um grupo de saúde estará imunizado. E é ver os ditos jornalistas económicos aos saltos branqueando até o por(maior) dos donos do grupo mexicano terem andado uns dias antes de lançar a opa a comprar, aos magotes, ações da ESSaúde a baixo preço. Crime de mercado dizem uns, “ingenuidade” ou distração disse a diretora do negócios candidamente na televisão provavelmente na ânsia de não perturbar a operação.

Para o atual governo trata-se apenas de fazer de Portugal um imensa “feira da ladra” desbaratando tudo o que puder valer alguma coisa sem critério nem rigor e, garantindo, desse modo alguns empregos e negócios para a rapaziada do compromisso Portugal no final de 2015.

Os jornalistas económicos, de uma forma geral, limitam-se a papaguear aquilo que convém aos patrões embarcando, de gel na cabeça, na corrente de que a saúde só é boa se for toda privatizada.

O ministro vai dizendo umas coisas deambulando no seu errático e já incompreensível discurso. Depois dos brasileiros a vinda dos mexicanos cumpre na íntegra o seu desígnio oculto: espatifar o SNS e retraçar o sistema de saúde numa manta de retalhos estritamente comercial mas sempre a viver à custa do dinheiro público.

A presidente da APAH também vai dizendo umas coisas sempre politicamente corretas e muito alinhadas com os diferentes “poderes”. É curioso que ninguém questione a representatividade desta associação nem dos seus dirigentes provavelmente eleitos com 20 ou 30 votos num contexto em que a esmagadora maioria dos gestores hospitalares nem sequer a tal associação pertence. Para o poder esta atual direção é “crème de la crème” de tão útil que se torna.

Bem pode a Câmara de Loures clamar que ficará a falar sozinha. Os interesses são demasiado fortes.

Se isto for para a frente, o que é muito duvidoso, tendo em conta os contornos do movimento teremos em 2015 dois terços do setor privado e uma parte importante de hospitais do SNS em mãos estrangeiras de países onde a saúde é um comércio puro e onde pontificam as maiores desigualdades em saúde no acesso e na qualidade. Seria bom que o senhor ministro perdesse cinco minutos a ver os indicadores de saúde desses mesmos países onde a saúde é tão bem sucedida. Já aos ”jornalistas” económicos nem valerá a pena recomendar que façam o mesmo porque para a sua maior parte o ebidta será sempre um valor maior do que a equidade e a justiça.

Finalmente, quanto ao ar “marialva” do gestor na fotografia está em boa linha com o estilo dos co-figurantes portugueses.

Retirado daqui

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Os experimentos secretos de Israel



Médico legista israelense com um órgão de um provável paciente palestino. Este experimento seria algo ilegal e contra os direitos humanos?


Por Felipe Marques

Autoridades israelenses torturaram e mataram seus presos palestinos e acabaram por fazer experimentos científicos ilegais com os corpos desses prisioneiros mortos. Conforme foi denunciado na última quarta-feira pelo diário circulado na Jordânia Alarab Alyawm, segundo uma fonte que preferiu não mencionar seu nome por medo de represálias, um prisioneiro com nome de Wael Salim perdeu sua vida em uma dessas prisões israelenses que mantém palestinos presos, mesmo por não terem feito nada. É uma carnificina total e absoluta, sem direitos à um advogado para defendê-los e com apenas a obrigação de serem escravos dos israelenses.

O corpo que foi transferido para a capital jordaniana Amã chegou ao IML da cidade com sua língua e laringe retiradas, algumas costelas quebradas e cerca de alguns tecidos e inclusive o seu coração foi retirado do seu corpo, provavelmente para serem feitos experimentos científicos ou inclusive tráfico de órgãos, algo muito forte naquela região do planeta. Estatísticas provam que anualmente centenas de experimentos científicos são feitos com prisioneiros árabes e palestinos.

Estes experimentos foram feitos sem fazer consultas para autorização de seus pacientes, numa clara violação dos direitos humanos por parte do regime israelense. Os pacientes queixaram de serem obrigados a ter uma alimentação de péssima qualidade para servirem de cobaia para o regime, e após manifestarem doenças serem tratados de forma praticamente desumana pelo regime israelense.

Lembrando que a antropóloga israelense, Meira Weiss denunciou o roubo maciço de vários corpos de israelenses mortos nas prisões para utilizarem seus órgãos para experimentos científicos. Em seu novo livro, Weiss afirma que visitou o Instituto Abu Kabir, um laboratório de investigação forense no bairro de mesmo nome na cidade israelense de Tel Aviv onde entre 1996 e 2002 os corpos de soldados israelenses e palestinos mortos nos territórios ocupados onde aconteceria a dos corpos de judeus e mulçumanos palestinos para a extração dos órgãos de palestinos para experimentos científicos e transplantes à pedido do exercito de Israel. Estes transplantes eram feitos para os mesmos combatentes da guerra ou para pessoas que estavam na fila para a cirurgia no lado israelense ou então eram utilizados para pesquisas universitárias do mesmo lado.

Original aqui

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Ébola: A “falência moral” da indústria farmacêutica



in "Rebelión"
O principal médico de saúde pública do Reino Unido defende que a culpa pelo fracasso em encontrar uma vacina contra o vírus do Ébola reside na "falência moral" da indústria farmacêutica em investir numa doença porque a mesma só afetou, até agora, pessoas em África — apesar das centenas de mortes.

O professor John Ashton, presidente do Instituto de Saúde Pública do Reino Unido, disse que o Ocidente precisa de tratar o vírus mortal como se este estivesse a dominar as partes mais ricas de Londres, e não "apenas" na Serra Leoa, Guiné e Libéria. Ashton compara a resposta internacional ao Ébola àquela que foi dada à Sida. Esta matou pessoas em África durante anos e os tratamentos só foram desenvolvidos quando a doença se espalhou pelos EUA e Inglaterra, nos anos 1980.

(...)

"Devemos responder a essa emergência como se estivesse a acontecer em Kensington, Chelsea e Westminster. Nós devemos também enfrentar o escândalo da falta de vontade da indústria farmacêutica em investir em pesquisa para tratamentos e vacinas, algo que se recusam a fazer porque o número de envolvidos é, nas suas palavras, muito pequeno e não justifica o investimento. Essa é a falência moral do capitalismo, manifestando-se na ausência de um quadro moral e social".

Os países do Ocidente estão em grande alerta após Patrick Sawyer, um funcionário do governo liberiano, morrer na última semana após chegar ao aeroporto de Lagos — o primeiro caso conhecido na Nigéria. Os aeroportos internacionais são foco de atenção por causa do alto volume de passageiros a voar a partir do oeste de África ou para lá, todos os dias. A empresa aérea Emirates, do Dubai, suspendeu, por tempo indeterminado, os seus voos de Guiné, por causa da crise.

O professor John Ashton saudou a decisão do Ministro de Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Philip Hammond, em convocar, na semana passada, uma reunião do comité de crises do governo — o Cobra – para discutir a prevenção, no Reino Unido, contra casos de Ébola.

O desenvolvimento de uma vacina está nos primeiros estágios nos EUA, mas em pequena escala, e há pouca esperança de que alguma fique pronta para tratar o atual surto no oeste africano. Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Saúde, uma agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, disse que existem planos no sentido de começar a testar uma vacina experimental conta o Ébola, possivelmente a meio de setembro. O ensaio tem vindo a obter resultados encorajadores nos testes pré-clínicos em macacos. No início do mês passado, a Agência norte americana de Alimentação e Medicamentos [FDA, Food and Drug Administration] suspendeu um teste realizado em voluntários saudáveis pela Corporação Farmacêutica Takmira, por forma a certificar que o seu tratamento potencial do Ébola não tem efeitos colaterais. Entretanto, a FDA recolhe mais informações para garantir a segurança dos voluntários.

O professor Ashton frisou: "O foco real precisa de ser posto na pobreza e na devastação ambiental em que as epidemias prosperam, e no fracasso da liderança política e sistemas de saúde pública em responder efetivamente. A comunidade internacional deve envergonhar-se e procurar um comprometimento real... se se deseja enfrentar as causas essenciais de doenças como o Ébola."

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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Então o Hospital de Loures fica no Banco Mau?



A cada hora que passa somam-se vozes contra o modelo de resolução do BES. Paul de Grauwe arrasou a propaganda do governo ao lembrar que os 4,4 mil milhões de euros injectados pelo Estado serão assumidos pelo Tesouro, ou seja, contam para o défice. Assim sendo, a defesa dos contribuintes passa pela necessidade de vender por esse valor um banco que na sexta-feira valia 674 milhões de euros em cotação bolsista. Pura ilusão. Segundo outras informações, no futuro cada euro a menos ficaria a cargo do sistema financeiro português, ou seja, dos 80 bancos que constituem o fundo de resolução. Ilusão pura. Para o desavisados fica o lembrete: o sistema financeiro português faliu. Dos seis maiores bancos (o verdadeiros donos do sistema financeiro, já agora) - CGD, BPI, Banif, BCP, Santander-Totta, BES - apenas um sobreviveu sem a ajuda de fundos públicos. Alguém acredita que o Banif, dependente que está da entrada de capital sujo da Guiné Equatorial, vai assumir perdas na ordem dos milhares de milhões de euros? Serão sempre os contribuintes a pagar.

Outra nebulosa que não se dissipa neste caso é a dos activos do BES. Nomeadamente os que estavam albergados sob a asa da Rio Forte: a Herdade da Comporta (139 milhões de euros), os Hotéis Tivoli (14 unidades, 1 milhão de dormidas), Espírito Santo Saúde (18 clínicas, 2 hospitais), e a Espírito Santo Property (empreendimentos imobiliários). Ao ficar no Bad Bank, estes ativos servem como moeda liquidatária a ser entregue aos credores e investidores, ou até aos próprios accionistas (o que é pouco provável tendo em conta o rombo financeiros das outras aplicações). Ora, se a perda dos accionistas foi assim tão espectacular como pinta Paulo Portas por que não se subtrai estes activos ao emaranhado mafioso das aplicações financeiras? Dito de outra forma, se o Estado português vai assumir um risco no empréstimo ao Novo Banco, por que não assumir uma expropriação de ativos que tem sede num offshore (Luxemburgo) ? Saber por que os credores da Rio Forte devem estar à frente dos contribuintes portugueses não é uma questão menor.

No caso da Espírito Santo Saúde tudo isto parece ainda mais grave. Com a queda do BES ficamos a saber que um dos maiores Hospitais do País, o de Loures, foi gerido nos último anos por um grupo que é propriedade de uma Rio Forte em descalabro. E para espanto, tudo indica que a ES Saúde ficara no Bad Bank, enquanto a sua administração vai recebendo gratuitamente ações do grupo. Paulo Macedo disse recentemente que em caso de venda a concessão do Hospital de Loures deve ser reavaliada, e em caso de falência do grupo responsável, não? Onde está a reavaliação? Ou antes, a auditoria? Fica tudo na mesma?

Retirado daqui

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Médicos e cientistas do Reino Unido e de Itália denunciam a agressão militar israelita em Gaza



Crianças assassinadas em Gaza devido aos bombardeamentos indiscriminados das forças sionistas


“Somos médicos e cientistas, que passamos a nossa vida a desenvolver meios para cuidar e proteger a saúde e as vidas. Também somos pessoas informadas; ensinamos a ética das nossas profissões, conjuntamente com o conhecimento e a prática. Todos trabalhámos em Gaza e conhecemos há anos a sua situação.

Baseando-nos na nossa ética e prática, denunciamos o que testemunhamos na agressão a Gaza por Israel. Pedimos aos nossos colegas, velhos e jovens profissionais, que denunciem esta agressão israelita. Desafiamos a perversidade de uma propaganda que justifica a criação de uma urgência para mascarar um massacre, uma suposta “agressão defensiva”. Na realidade, trata-se de um ataque implacável de duração, extensão e intensidade ilimitadas. Queremos referir os factos tais como os vemos e as suas implicações nas vidas das pessoas.

Estamos chocados pelo ataque militar a civis em Gaza sob o pretexto de castigar os terroristas. Este é o terceiro ataque militar em grande escala a Gaza desde 2008. De cada vez, o número de mortes confirmadas refere-se principalmente a pessoas inocentes de Gaza, em particular mulheres e crianças, sob o pretexto inaceitável de Israel erradicar os partidos políticos e a resistência à ocupação e ao cerco que impõe.

Esta ação também aterroriza aqueles que não são diretamente atingidos e fere a alma, a mente e a resiliência da geração jovem. A nossa condenação e aversão são agravadas ainda mais pela negação e proibição de Gaza receber ajuda externa e suprimentos para aliviar as terríveis circunstâncias.

O bloqueio a Gaza está mais apertado desde o ano passado e tem um custo mais gravoso para a sua população. Em Gaza, as pessoas sofrem de fome, sede, poluição, escassez de medicamentos, eletricidade e de todos os meios para obter um rendimento, não só por serem alvejadas e bombardeadas. Crise de energia, escassez de gasolina, escassez de água e comida, vazão de esgoto e sempre a diminuição dos recursos são catástrofes provocadas directa e indirectamente pelo cerco.

O povo da faixa de Gaza está a resistir a esta agressão, porque quer uma vida melhor e normal e, mesmo quando chora de tristeza, dor e terror, rejeita uma trégua temporária que não oferece uma oportunidade real de um futuro melhor. Uma voz no meio dos ataques em Gaza é de Um Al Ramlawi que fala por todos em Gaza: "Eles estão a matar-nos a todos, de toda a maneira — ou uma morte lenta pelo cerco, ou uma rápida pelos ataques militares. Nós não temos nada a perder — devemos lutar pelos nossos direitos, ou morrer ao tentar.”

Gaza tem sido cercada por mar e terra desde 2006. Qualquer indivíduo de Gaza, incluindo pescadores, que se aventure além de 3 milhas marítimas da costa de Gaza, arrisca-se a ser baleado pela marinha israelita. Ninguém de Gaza pode sair pelos dois únicos check-points, Erez ou Rafah, sem permissão especial dos israelitas e dos egípcios, o que é difícil de obter para muitos, se não impossível. As pessoas de Gaza não podem ir para o estrangeiro para estudar, trabalhar, visitar famílias ou fazer negócios.

Feridos e doentes não podem sair facilmente para obter tratamento especializado fora de Gaza. Foram restringidas as entradas de alimentos e medicamentos em Gaza e muitos produtos essenciais para a sobrevivência foram proibidos.

Antes do presente ataque, os produtos médicos armazenados em Gaza já estavam no nível mais baixo de todos os tempos devido ao cerco. Esgotaram-se agora. Da mesma maneira, Gaza é incapaz de exportar os seus produtos. A agricultura tem sido severamente prejudicada pela imposição de uma zona-tampão, e não podem ser exportados produtos agrícolas devido ao bloqueio. 80% da população de Gaza é dependente das rações de comida da ONU.

Muitos dos edifícios e da infraestrutura de Gaza foram destruídos durante a operação Chumbo Derretido, em 2008-09, e os materiais de construção foram bloqueados, de modo que escolas, casas e instituições não podem ser correctamente reconstruídas.

As fábricas destruídas pelos bombardeamentos raramente foram reconstruídas, acrescentando o desemprego à miséria.

Apesar das condições difíceis, o povo de Gaza e os seus líderes políticos actuaram recentemente para resolver os seus conflitos "sem braços nem danos" através do processo de reconciliação entre as facções, os seus líderes renunciando a títulos e posições, para que um governo de unidade pudesse ser formado, abolindo a política factional que existe desde 2007. Esta reconciliação, embora aceite por muitos na comunidade internacional, foi rejeitada por Israel. O actual ataque israelita cortou esta oportunidade de unidade política entre Gaza e a Cisjordânia e separou uma parte da sociedade palestiniana, destruindo a vida do povo de Gaza. Sob o pretexto de eliminar o terrorismo, Israel está a tentar destruir a crescente unidade palestiniana. Entre outras mentiras, é afirmado que os civis em Gaza são reféns do Hamas, quando a verdade é que a faixa de Gaza está cercada pelos israelitas e egípcios.

Gaza tem sido bombardeada continuamente durante os últimos 14 dias, seguindo-se agora a invasão terrestre por tanques e milhares de tropas israelitas. Mais de 60.000 civis do norte de Gaza foram intimados a deixar as suas casas. Estas pessoas deslocadas internas não têm para onde ir uma vez que o centro e o sul de Gaza estão também sujeitos ao bombardeamento de artilharia pesada. Toda Gaza está a ser atacada. Os únicos abrigos em Gaza são as escolas da Agência da ONU para os refugiados (UNRWA), abrigos incertos já alvejados durante a operação Chumbo Derretido, onde muitas pessoas morreram.

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza e o escritório da ONU para a coordenação de assuntos humanitários (OCHA), até 21 de julho 149 dos 558 mortos em Gaza e 1.100 dos 3.504 feridos eram crianças. Os que estão enterrados sob os escombros ainda não estão contados. Enquanto escrevemos, a BBC noticia o bombardeamento de um outro hospital, que atingiu a unidade de cuidados intensivos e salas de cirurgia, com mortes de pacientes e funcionários. Há agora receios relativamente ao principal hospital Al Shifa. Além disso, a maioria das pessoas estão psicologicamente traumatizadas em Gaza. Qualquer pessoa com mais de 6 anos já viveu o seu terceiro ataque militar por parte de Israel.

O massacre em Gaza não poupa ninguém e atinge deficientes e doentes em hospitais, crianças brincando na praia ou em cima do telhado, com uma grande maioria de não-combatentes. Hospitais, clínicas, ambulâncias, mesquitas, escolas e edifícios de imprensa têm sido todos atacados, com milhares de casas particulares bombardeadas, o fogo claramente direcionando para alvejar famílias inteiras e matá-las dentro das suas casas, privando as famílias de suas casas ao mandá-las sair uns minutos antes da destruição. Uma área inteira foi destruída em 20 de julho, deixando milhares de pessoas deslocadas sem tecto, ao lado de centenas de feridos e matando pelo menos 70 — isto é muito além do propósito de encontrar túneis. Nenhum destes são objetivos militares. Estes ataques visam aterrorizar, ferir a alma e o corpo das pessoas e tornar-lhes a vida impossível no futuro, assim como também demolindo as suas casas e proibindo os meios para reconstruir.

É usado armamento conhecido por causar danos a longo prazo na saúde de toda a população; em particular armamento de não fragmentação e bombas de ponta-dura. Vemos armamento de precisão a ser usado indiscriminadamente em crianças e vemos constantemente que as chamadas armas inteligentes falham a precisão, a menos que elas sejam deliberadamente usadas para destruir vidas inocentes.

Denunciamos o mito propagado por Israel de que a agressão é feita com a preocupação de poupar as vidas de civis e o bem-estar das crianças.

O comportamento de Israel insultou a nossa humanidade, a nossa inteligência e dignidade, bem como a nossa ética profissional e os nossos esforços. Até mesmo aqueles de nós que querem ir e ajudar são incapazes de chegar a Gaza devido ao bloqueio.

Esta "agressão defensiva" de duração, extensão e intensidade ilimitadas tem de ser travada.

Além disso, se o uso de gás for confirmado, isto é inequivocamente um crime de guerra, pelo qual, antes de mais nada, sanções graves terão de ser tomadas imediatamente sobre Israel, assim como a ruptura de qualquer comércio e acordos de colaboração com a Europa.

No momento em que escrevemos, são relatados outros massacres e ameaças sobre o pessoal médico nos serviços de urgência e o impedimento da entrada de comboios de ajuda humanitária internacional. Enquanto cientistas e médicos, não podemos ficar em silêncio enquanto este crime contra a humanidade continua. Instamos os leitores a também não ficarem em silêncio. Gaza presa no cerco está a ser morta por uma das maiores e mais sofisticadas máquinas militares modernas. A terra está envenenada por detritos de armas, com consequências para as gerações futuras. Se aqueles de nós capazes de se exprimir não o fazem e não tomam uma atitude contra este crime de guerra, também somos cúmplices da destruição das vidas e das casas de 1,8 milhão de pessoas em Gaza. Registamos com consternação que apenas 5% dos nossos colegas académicos israelitas assinaram um apelo ao seu governo para parar a operação militar contra Gaza.

Somos tentados a concluir que, à excepção desses 5%, o resto dos académicos israelitas é cúmplice do massacre e da destruição de Gaza. Vemos também a cumplicidade dos nossos países na Europa e América do Norte neste massacre e a impotência mais uma vez das instituições e organizações internacionais para parar este massacre.”

A carta aberta foi publicada na The Lancet e reproduzida em SOLIDARIEDADE COM A PALESTINA

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Adesão total na greve a horas extras de assistentes na Urgência de Aveiro



A greve às horas extraordinárias dos assistentes técnicos e operacionais da Urgência do Hospital de Aveiro, que começou esta quarta à meia-noite, conta com uma adesão de 100%, informou fonte sindical.

«Todos os trabalhadores dos turnos da madrugada e manhã aderiram à paralisação», disse à agência Lusa Joaquim Santos, do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (SINTAP), que convocou a greve.

Apesar desta adesão, os serviços «não estão fechados», assinalou o dirigente sindical, explicando que os trabalhadores estão a cumprir o horário de trabalho normal, mas «não dão continuidade aos turnos, quando falta um trabalhador».

Além da greve ao trabalho suplementar, os trabalhadores também estão a recusar-se a tratar das tarefas relacionadas com o transporte dos cadáveres para o Instituto de Medicina Legal, adiantou a mesma fonte.

Na origem desta greve está a «degradação das condições de trabalho» destes profissionais e o insuficiente número de pessoas ao serviço que, segundo o sindicato, «são obrigadas a fazer turnos consecutivos».

Joaquim Santos diz que as urgências do Hospital de Aveiro «estão a funcionar nos mínimos», porque o número de trabalhadores naquele serviço «é muito inferior ao que era necessário».

«A administração do Hospital disse-nos que precisa de meter 51 trabalhadores assistentes operacionais para esta área, sendo que o maior número será para as urgências onde há uma rutura maior», adiantou o dirigente sindical.

A greve irá manter-se até ao final do ano, mas os trabalhadores prometem acabar com a paralisação se o Governo autorizar a abertura de um concurso para a contratação de novos assistentes operacionais.

Os trabalhadores exigem ainda que o transporte de cadáveres para o Instituto de Medicina Legal passe a ser feito por funcionários do Ministério da Justiça.

A agência Lusa tentou obter uma reação por parte da administração do Centro Hospitalar do Baixo-Vouga, ao qual pertence o Hospital de Aveiro, mas até ao momento não foi possível.

Retirado daqui