sábado, 17 de agosto de 2013

Cavaco Silva não enviou 40 horas para o Constitucional



Para pesar dos nossos bem comportados sindicalistas, que depois da greve e no "endurecimento" da luta resolveram recorrer para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, o PR Cavaco Silva não duvidou da constitucionalidade do aumento do horário de trabalho semanal para as 40 horas dos funcionários do Estado. Atitude que contrastou com a que tomou em relação ao diploma do Programa de Requalificação tendo-o enviado para o Palácio Ratton.

A luta contra o horário das 40 horas é uma luta de TODOS os funcionários do Estado e não apenas deste ou daquele sector menos “favorecido”. É natural que funcionários fundamentais para a segurança do governo, principalmente da segurança pessoal dos seus elementos, e do regime beneficiem de excepção, seja no que diz respeito ao horário (queriam imitar os médicos!), seja ajudas de custa isentas de impostos (acontece escandalosamente com os juízes), ou receber os subsídios de férias e 13º mês por inteiro (administradores hospitalares são os casos mais chocantes na saúde). Queriam aproveitar a boleia.

Agarrando nas palavras desabafadas por um enfermeiro no blog mais visto da corporação profissional, ficam as interrogações:

«Porque razão existem 8000 Enfermeiros a trabalhar 40 horas/semana já há vários anos, a soldo de um mísero prémio de assiduidade, e ninguém diz nada? Porque é que o SEP, ao invés de exigir os 1201 euros para os CIT não exigiu antes (também, dizemos nós) as 35 horas semanais para estes? E se as 40 horas destes CIT nunca constituíram uma ameaça à segurança dos cuidados, porque é que as 40 horas dos CTFP constituiriam? E aqueles que para além das 35 horas faziam mais 15 horas/semana de trabalho extraordinário não colocavam também em causa a dita segurança?»

E acrescentamos nós: … e aqueles dirigentes e delegados sindicais que têm, ou já tiveram, duplo e triplo emprego, também não colocam em causa a segurança dos cuidados de enfermagem? É que toda a argumentação corporativista cai por terra. E o que dizer dos trabalhadores da administração local? E dos assistentes técnicos e operacionais? Etc... É que a luta dos enfermeiros, neste como em outros casos, não pode estar desligada da luta mais geral dos trabalhadores do Estado e nem dos trabalhadores portugueses em geral.

Este é o resultado das políticas ambíguas, de falta de visão, em suma, de oportunismo, do “salve-se quem puder”. E salve-se primeiro os que estão por dentro (ainda ninguém explicou por que é que ex-dirigentes sindicais subiram na carreira mais depressa que a maioria ou se aposentaram mais cedo e mais novos com reforma quase completa, levando muito mais dinheiro que outros com muito mais tempo de serviço e mais idade?)

A greve de dois dias mostrou, desde o início, de que era uma greve para marcar o ponto (como quase todas as outras), até pela maneira como foi dirigida: em muitas instituições do SNS, os dirigentes e delegados sindicais não foram pelos serviços ver da percentagem das adesões ou se havia algum problema, como acontecia das outras vezes; no primeiro dia, telefonaram, no segundo, nem isso. Os enfermeiros ficaram um pouco à sua sorte… porque já se sabia qual o resultado, na medida em que a convicção (entre outras coisas) estava (e continua) ausente.

A classe de enfermagem gostaria de saber o que na realidade foi discutido e alinhavado (em preparação para ser cozinhado) nas reuniões no ministério da Saúde. É que o comunicado sindical omite mais do que informa… até se compreende, estamos de férias!

1 comentário:

Anónimo disse...

Boa tarde. Gostaria de saber uma informação relativamente a este tema. Actualmente sou trabalhador como TDT num hospital, no qual fui contratado com Contrato Individual de Trabalho em 2011 e cujo o mesmo refere que apenas estou contratado para trabalhar 30 horas semanais, estando o meu salário em função dessas horas através do salário base para as 35h. Agora com as 40h terei de trabalhar mais 2 horas por dia e pagarem-me o mesmo? não faz sentido até porque pelo que percebi o diploma é para os CTFP e não CIT correcto?
Agradeço a atenção.