sexta-feira, 30 de novembro de 2012

2013: mais aperto para os enfermeiros



Várias são as vozes que defendem que Portugal precisa de racionalizar os salários da função pública e que muitos cuidados de saúde, por exemplo, consultas externas e urgências, poderão ser prestados pelos centros de saúde com gastos menores, com poupança de 148 milhões de euros já em 2013 e de 372 milhões de euros a mais longo prazo.

As poupanças com os salários dos enfermeiros, e demais trabalhadores da função pública, resultam já do congelamento das carreiras e das progressões salariais e da continuação do roubo perpetrado nos 13º e 14º subsídios e pela desvalorização efectuada pela inflação, mas as referidas poupanças irão aumentar com a subida do IRS e pelo aumento do horário semanal.

Vão-nos aumentar o horário, mas o salário mantem-se na mesma, também cortam nas horas extraordinárias, apesar de nós enfermeiros não fazermos horas extraordinárias em muitos hospitais, este corte vai significar a mesma redução nas horas suplementares. Resultado: o nosso salário líquido final será bem menor, podemos afirmar sem grande margem de erro que, em dois anos, sofremos uma desvalorização de cerca de 25% nos nossos rendimentos líquidos.

E que fazem os sindicatos: carpem as mágoas, choram baba e ranho e fazem rogos piedosos ao senhor presidente da república de Portugal para reenviar o Orçamento de Estado 2013 para o Tribunal Constitucional (cujos juízes foram nomeados pelos dois partidos do alterne), como se o governo respeitasse alguma vez a Constituição ou o próprio presidente da república contrariasse em alguma coisa o seu mais querido e amado governo – os nossos sindicalistas esquecem-se que estamos a viver uma situação que foi iniciada precisamente pelo actual ocupante do Palácio de Belém quando era 1º ministro e, para mal dos nossos pecados, foi 1º ministro durante 10 anos!

Esquecem-se nos nossos piedosos sindicalistas – e não discriminamos – que temos uma carreira congelada ad eternum e se alguma vez nós, funcionários públicos em geral, ou enfermeiros, em particular, conseguimos alguma coisa foi através de muita luta, de manifestações em Lisboa (não boicotadas), de greves por tempo indeterminado (não aos bochechos ou desconvocadas quando mal se iniciam).

Os médicos fizeram greve e conseguiram aumento de salário, embora trabalhem, pelo menos no papel, mais tempo. Os enfermeiros ficam a trabalhar mais, por força do aumento do horário e da redução de pessoal nos hospitais, e a ganhar menos. Não há maneira de aprenderem porque já deveriam saber que não é com panos quentes, nem com piedosas rezas aos santos do regime, que se consegue alguma coisa na vida.

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