sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Os Verbos da Crise



Por Maria do Céu Mota

Foto in "DN"


A 10 de Setembro, José Eduardo Cardoso, o jovem de 28 anos que se cansou de enviar currículos, resolver fazer greve de fome em plena Rua Santa Catarina no Porto, até conseguir arranjar emprego. Desejava até falar directamente com Passos Coelho, PM. Cinco dias depois, dia da manifestação que ficará na nossa memória, um estudante com cerca de 20 anos imolou-se no edifício do Governo Civil de Aveiro.

Luísa Trindade, 57 anos e Ana Maria marcaram o 5 de Outubro: a primeira, «desesperada», irrompeu pelo Pátio da Galé enquanto Cavaco Silva discursava na celebração e a segunda, mais jovem e cantora lírica, invadiu também o evento e cantou pacificamente enquanto Luísa enfrentava um grupo de seguranças.

Ontem entrou em cena, empurrado para o palco, sem jeito para actor, Pedro Marques, o enfermeiro de 22 anos que decidiu emigrar para Inglaterra. Porém, a sua participação nesta «peça» ficou marcada pela redacção de uma carta dirigida a Cavaco Silva, PR: “Permita-me chorar, odiar este país por minutos que sejam, por não me permitir viver no meu país, trabalhar no meu país, envelhecer no meu país. Permita-me sentir falta do cheiro a mar, do sol, da comida, dos campos da minha aldeia”.

Estas são apenas cinco personagens desta crise. Não são heróis, na minha opinião. Somente se viram mediatizadas pelas suas inciativas arrojadas e desesperadas a solo. Aguardam-se novos e infelizes episódios.

Retirado daqui

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