segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Não passará!



No próximo dia 31, perante a iminência da aprovação de um Orçamento de Estado que é não só injusto mas garantidamente destruidor da economia e da sociedade portuguesa, respondemos ao apelo: Que Se Lixe a Troika! Este Orçamento Não Passará! Às 15h frente ao Parlamento começará uma concentração que se prolongará durante toda a tarde, com convocatórias do Que Se Lixe a Troika, da CGTP e de muitos outros grupos. A sociedade junta-se à volta de uma ideia muito simples: não aceitar o voto favorável a um documento que põe em causa a sua própria coesão e existência. Não passará!

Na continuação das manifestações de 15 de Setembro, de 21 de Setembro, de 29 de Setembro, da Marcha contra o Desemprego, da Manifestação Cultural de 13 de Outubro, na próxima 4ª feira será um novo dia de rua. Cada vez temos menos medo da rua e cada vez mais nos sentimos bem nela, porque é na rua que está a nossa força. Porque é na rua que as pessoas podem recuperar o seu poder. A sua intervenção. A sua participação. Após longas análises do documento que estará a ser votado na generalidade no próximo dia 31, a conclusão é feita a uma só voz, da esquerda à direita: é um documento de destruição do Estado Social, de ataque aos mais fracos, aos desempregados, aos precários, aos funcionários públicos, aos trabalhadores do privado, aos reformados, à Saúde, à Educação, à Cultura, ao Ambiente. É um ataque ao país e à sociedade que nele habita. E contra esse ataque só a sociedade pode responder colectivamente. E o governo de coligação treme. E o CDS já tem necessidade de ameaçar os seus deputados se votarem contra. Este governo-zombie treme, balança e já só a troika o sustenta.

Tal como em Espanha se vêm há muito sucedendo as manifestações contra o orçamento de estado, também Portugal se junta a este processo. Cada vez mais estreitamos ligações e cada vez mais se entende a luta comum, que culminará na greve geral de 14 de Novembro. E se em Espanha já se canta Grândola Vila Morena nas manifestações, em Portugal no dia 31 a partir das 15h gritar-se-á: "Não Passará! Não Passará!"

Em Coimbra haverá um protesto às 19h na Praça da República e organizam-se autocarros vindos das Caldas da Rainha e do Porto com destino a Lisboa para participar no protesto.

Retirado daqui

sábado, 27 de outubro de 2012

Contra o Orçamento de Estado terrorista!

"Este mural foi realizado sem ajuda externa", nas Amoreiras - Lisboa, pelos artistas Nomen, Slap e Kurtz. A mensagem que acompanha o mural é a seguinte: "Quanto mais tempo querem ficar a assistir a este show. A 'nossa' dívida continua a aumentar!"


PETIÇÃO OE 2013

«Exmo. Senhor Presidente da República Exmos. Senhores Deputados da Assembleia da República

Os signatários apelam à vossa responsabilidade política e institucional perante o país e perante todos os cidadãos, para que seja rejeitada a proposta de Orçamento de Estado para 2013 apresentada pelo Governo. A sua aprovação constituiria certamente um mal maior para o país e os portugueses comparativamente com as consequências da sua rejeição.

Esta proposta de OE, já contestada pela opinião pública e pela grande maioria dos especialistas, significa o prosseguimento e agravamento do caminho para uma austeridade ainda mais recessiva, com mais desemprego, mais destruição da economia, mais empobrecimento, mais desigualdade social e menos justiça fiscal. Em nome dos credores, rouba o futuro e a esperança ao país e aos portugueses. Ofende princípios constitucionais relevantes, designadamente o princípio da confiança (dimensão importante do princípio democrático), os direitos do trabalho, os direitos sociais e a progressividade e equidade fiscais.

Aos Deputados, apelamos para que rejeitem esta proposta governamental de Orçamento de Estado, assumindo plenamente a vossa condição de representantes eleitos do povo e de todo o País, que é superior a quaisquer outras fidelidades ou compromissos; Ao Presidente da República, na qualidade de supremo representante da República, garante da independência nacional, da unidade do Estado e do regular funcionamento das instituições democráticas, obrigado a respeitar e a fazer cumprir a Constituição, apelamos a que exerça o seu direito de veto sobre este Orçamento de Estado, no caso de ele ter aprovação parlamentar ou, no mínimo, que o submeta, no exercício das suas competências, à fiscalização preventiva do Tribunal Constitucional.»

Concorda?

ASSINAR

Carta de enfermeiro que emigra para Inglaterra: "Sinto-me expulso do meu país"



«Carta de despedida à Presidência da República

Excelência,

Não me conhece, mas eu conheço-o e, por isso, espero que não se importe que lhe dê alguns dados biográficos. Chamo-me Pedro Miguel, tenho 22 anos, sou um recém-licenciado da Escola Superior de Enfermagem do Porto. Nasci no dia 31 de Julho de 1990 na freguesia de Miragaia. Cresci em Alijó com os meus avós paternos, brinquei na rua e frequentava a creche da Vila. Outras vezes acompanhava a minha avó e o meu avô quando estes iam trabalhar para o Meiral, um terreno de árvores de fruto, vinha (como a maioria daquela zona), entre outros. Aprendi a dizer “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite” quando me cruzava na rua com terceiros. Aprendi que a vida se conquista com trabalho e dedicação. Aprendi, ou melhor dizendo, ficou em mim a génesis da ideia de que o valor de um homem reside no poder e força das suas convicções, no trato que dá aos seus iguais, no respeito pelo que o rodeia.

Voltei para a cidade onde continuei o meu percurso: andei numa creche em Aldoar, freguesia do Porto e no Patronato de Santa Teresinha; frequentei a escola João de Deus durante os primeiros 4 anos de escolaridade, o Grande Colégio Universal até ao 10º ano e a Escola Secundária João Gonçalves Zarco nos dois anos de ensino secundário que restam. Em 2008 candidatei-me e fui aceite na Escola Superior de Enfermagem do Porto, como referi, tendo terminado o meu curso em 2012 com a classificação de Bom. Nunca reprovei nenhum ano. No ensino superior conclui todas as unidades curriculares sem “deixar nenhuma cadeira para trás” como se costuma dizer.

Durante estes 20 anos em que vivi no Grande Porto, cresci em tamanho, em sabedoria e em graça. Fui educado por uma freira, a irmã Celeste, da qual ainda me recordo de a ver tirar o véu e ficar surpreendido por ela ter cabelo; tive professores que me ensinaram a ver o mundo (nem todos bons, mas alguns dignos de serem apelidados de Professores, assim mesmo com P maiúsculo); tive catequistas que, mais do que religião, me ensinaram muito sobre amizade, amor, convivência, sobre a vida no geral; tive a minha família que me acompanhou e me fez; tive amigos que partilharam muito, alguns segredos, algumas loucuras próprias dos anos em flor; tive Praxe, aquilo que tanta polémica dá, não tendo uma única queixa da mesma, discutindo Praxe várias vezes com diversos professores e outras pessoas, e posso afirmar ter sido ela que me fez crescer muito, perceber muita coisa diferente, conviver com outras realidades, ter tirado da minha boca para poder oferecer um lanche a um colega que não tinha que comer nesse dia. Tudo isto me engrandeceu o espírito. E cresci, tornei-me um cidadão que, não sendo perfeito, luto pelas coisas em que eu acredito, persigo objetivos e almejo, como todos os demais, a felicidade, a presença de um propósito em existirmos.

Sou exigente comigo mesmo, em ser cada vez melhor, em ter um lugar no mundo, poder dizer “eu existo, eu marquei o mundo com os meus atos”.

Pergunta agora o senhor por que razão estarei eu a contar-lhe isto. Eu respondo-lhe: quero despedir-me de si. Em menos de 48 horas estarei a embarcar para o Reino Unido numa viagem só de ida. É curioso, creio eu, porque a minha família (inclusive o meu pai) foi emigrante em França (onde ainda conservo parte da minha família) e agora também eu o sou. Os motivos são outros, claro, mas o objetivo é mesmo: trabalhar, ter dinheiro, ter um futuro. Lamento não poder dar ao meu país o que ele me deu. Junto comigo levo mais 24 pessoas de vários pontos do país, de várias escolas de Enfermagem. Somos dos melhores do mundo, sabia? E não somos reconhecidos, não somos contratados, não somos respeitados. O respeito foi uma das palavras que mais habituado cresci a ouvir. A par dessa também a responsabilidade pelos meus atos, o assumir da consequência, boa ou má (não me considero, volto a dizer, perfeito).

Esse assumir de uma consequência, a pro-atividade para fazer mais, o pensar, ter uma perspetiva sobre as coisas, é algo que falta em Portugal. Considero ridículas estas últimas semanas. Não entendo as manifestações que se fazem que não sejam pacíficas. Não sou a favor das multidões em protesto com caras tapadas (se estão lá, deem a cara pelo que lutam), daqueles que batem em polícias e afins. Mais, a culpa do país estar como está não é sua, nem dos sucessivos governos rosas e laranjas com um azul à mistura: a culpa é de todos. Porquê? Porque vivemos com uma Assembleia que pretende ser representativa, existindo, por isso, eleições. A culpa é nossa que vos pusemos nesse pódio onde não merecem estar. Contudo o povo cansou-se da ausência de alternativas, da austeridade, do desemprego, das taxas, dos impostos. E pedem um novo Abril. Para quê? O Abril somos nós, a liberdade é nossa. E é essa liberdade que nos permite sair à rua, que me permite escrever estas linhas. O que nós precisamos é que se recorde que Abril existiu para ser o povo quem “mais ordena”. E a precisarmos de algo, precisamos que nos seja relembrado as nossas funções, os nossos direitos, mas, sobretudo, principalmente, com muita ênfase, os nossos deveres.

Porém, irei partir. Dia 18 de Outubro levarei um cachecol de Portugal ao pescoço e uma bandeira na bagagem de mão. Levarei a Pátria para outra Pátria, levarei a excelência do que todas as pessoas me deram para outro país. Mostrarei o que sou, conquistarei mais. Mas não me esquecerei nunca do que deixei cá. Nunca. Deixo amigos, deixo a minha família. Como posso explicar à minha sobrinha que tem um ano que eu a amo, mas que não posso estar junto dela? Como posso justificar a minha ausência? Como posso dizer adeus aos meus avós, aos meus tios, ao meu pai? Eles criaram, fizeram-me um Homem. Sou sem dúvida um privilegiado. Ainda consigo ter dinheiro para emigrar, o que não é para todos. Sou educado, tenho objetivos, tenho valores. Sou um privilegiado.

E é por isso que lhe faço um último pedido. Por favor, não crie um imposto sobre as lágrimas e muito menos sobre a saudade. Permita-me chorar, odiar este país por minutos que sejam, por não me permitir viver no meu país, trabalhar no meu país, envelhecer no meu país. Permita-me sentir falta do cheiro a mar, do sol, da comida, dos campos da minha aldeia. Permita-me, sim? E verá que nos meus olhos haverá saudade e a esperança de um dia aqui voltar, voltar à minha terra. Voltarei com mágoa, mas sem ressentimentos, ao país que, lá bem no fundo, me expulsou dele mesmo.

Não pretendo que me responda, sinceramente. Sei que ser político obriga a ser politicamente correto, que me desejará boa sorte, felicidades. Prefiro ouvir isso de quem o diz com uma lágrima no coração, com o desejo ardente de que de facto essa sorte exista no meu caminho.

Cumprimentos,

Pedro Marques»

Original no blog de Pedro Marques: anastomoses

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Os Verbos da Crise



Por Maria do Céu Mota

Foto in "DN"


A 10 de Setembro, José Eduardo Cardoso, o jovem de 28 anos que se cansou de enviar currículos, resolver fazer greve de fome em plena Rua Santa Catarina no Porto, até conseguir arranjar emprego. Desejava até falar directamente com Passos Coelho, PM. Cinco dias depois, dia da manifestação que ficará na nossa memória, um estudante com cerca de 20 anos imolou-se no edifício do Governo Civil de Aveiro.

Luísa Trindade, 57 anos e Ana Maria marcaram o 5 de Outubro: a primeira, «desesperada», irrompeu pelo Pátio da Galé enquanto Cavaco Silva discursava na celebração e a segunda, mais jovem e cantora lírica, invadiu também o evento e cantou pacificamente enquanto Luísa enfrentava um grupo de seguranças.

Ontem entrou em cena, empurrado para o palco, sem jeito para actor, Pedro Marques, o enfermeiro de 22 anos que decidiu emigrar para Inglaterra. Porém, a sua participação nesta «peça» ficou marcada pela redacção de uma carta dirigida a Cavaco Silva, PR: “Permita-me chorar, odiar este país por minutos que sejam, por não me permitir viver no meu país, trabalhar no meu país, envelhecer no meu país. Permita-me sentir falta do cheiro a mar, do sol, da comida, dos campos da minha aldeia”.

Estas são apenas cinco personagens desta crise. Não são heróis, na minha opinião. Somente se viram mediatizadas pelas suas inciativas arrojadas e desesperadas a solo. Aguardam-se novos e infelizes episódios.

Retirado daqui

domingo, 14 de outubro de 2012

13, 15 e 16 de Outubro, é tempo de dizer não ao OE-2013 terrorista!



Empresários, desempregados, trabalhadores, artistas e movimentos sociais saem à rua contra o Governo

"Chega sempre um momento na nossa vida em que é necessário dizer não. O não é a única coisa efectivamente transformadora, que nega o status quo. Aquilo que é tende sempre a instalar-se, a beneficiar injustamente de um estatuto de autoridade. É o momento em que é necessário dizer não." - José Saramago, 1991

Outubro chegou e é tempo de discutir o Orçamento de Estado. O mais importante instrumento político à disposição de um Governo promete tornar-se na maior ameaça à vida de todos e todas que vivem neste país. Sem qualquer critério de justiça ou equidade, sem solidariedade ou busca pela igualdade, PSD e CDS prepararam-se para aprovar leis que conduzirão a um genocídio social no país. Nenhum dos problemas será resolvido: desemprego, precariedade, dívida pública, défice, pobreza. Pelo contrário: vão agravar-se. É tempo de dizer não aos criminosos de Estado.

A classe média será eliminada e as classes mais baixas serão asfixiadas com a destruição dos serviços básicos de saúde e educação, com o desmantelamento dos transportes públicos e com racionamento das prestações e funções sociais do Estado. É tempo de dizer não ao desmantelamento dos direitos laborais, ao confisco dos rendimentos do trabalho e ao roubo do nosso futuro.

O Movimento 12 de Março apela a que todos e todas saiam à rua, para dizer não a este Orçamento e a este Governo. Outubro é tempo de dizer não, nos locais de trabalho, nas escolas, nas colectividades, nos cafés, nas nossas ruas. É tempo de apoiar todas as iniciativas e pessoas que resistem, pelo direito a uma vida digna. Por isso, apelamos à participação e divulgação dos seguintes eventos:

dia 13: • “Que se Lixe a Troika! - Manifestação Cultural”

http://queselixeatroika15setembro.blogspot.pt/p/lista-de-eventos.html

• “Marcha Contra o Desemprego”

https://www.facebook.com/events/120088581475341/

• “Global Noise – Portugal”

https://www.facebook.com/events/264751176960944/

dia 15: “Cerco a S.Bento! Este não é o nosso Orçamento”

https://www.facebook.com/events/369654943113491/

dia 16: “Manifestação Nacional dos Empresários da Restauração, funcionários e outros interessados”

https://www.facebook.com/events/343840625706119/

http://movimento12m.org/?q=13o15o16o

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Que se lixe a Troika! Manifestação Cultural



«No espírito das mais recentes mobilizações populares, um conjunto alargado de profissionais do mundo da cultura juntou-se a alguns dos subscritores do apelo às manifestações dos dias 15 e 21 de Setembro, sob o lema «Que se lixe a troika! Queremos as nossas Vidas» para lançar um grande evento cultural. Há nesta altura um aumento da perceção da grave situação em que se encontra o país, sendo cada vez mais evidente e urgente a necessidade de outras perspetivas. A cultura é imprescindível para a consciência de um povo, e é essa própria consciência que por sua vez cria e dá conteúdo à cultura. Os profissionais da cultura não são exceção à situação exasperante em que o país e o mundo se encontram atualmente: é imprescindível reagir, é impensável não o fazer. Do encontro de vontades nascido nas mais recentes mobilizações surgiu a ideia de uma expressão cultural, uma manifestação marcadamente baseada nas artes e no espetáculo para contestar a austeridade e os seus implementadores: governo e troika. O dia 13 de Outubro será um dia de protesto internacional, o Global Noise, em que esta iniciativa também se insere. Será um marco histórico e cultural, trazendo da rua para a arte e da arte para a rua toda a energia que as percorre. Será um dia cheio de eventos, de música, dança, teatro, poesia, pintura e todas as formas de arte que materializem o espírito de insubmissão que se sente em todo o país.

Cultura é Resistência!

Que se lixe a Troika! Queremos as nossas vidas!

Ana Nicolau, Belandina Vaz, Bruno Cabral, Bruno Neto, Carlos Mendes, Frederico Aleixo, Helena Romão, Joana Manuel, João Camargo, José Gema, Luís Pacheco Cunha, Magda Alves, Marco Marques, Myriam Zaluar, Paula Marques, Paula Nunes, Paulo Raposo, Ricardo Morte, Rita Veloso, Rui Franco, Sofia Nicholson»

Confirmações:

A Naifa Deolinda Chullage Carlos Mendes Diabo na Cruz Brigada Vítor Jara Couple Coffee Maria Viana Francisco Fanhais Bandex Homens da Luta LBC Hezbollah Jakilson Toca Rufar Peste e Sida Zeca Medeiros Rogério Charraz Francisco Naia Camané Dead Combo Rádio Macau Mário Mata Samuel Filipa Pais Ana Lains Chaby Manuel João Vieira Janita Salomé Coro "Acordai" Diabo a Sete Quarteto Lopes Graça Jazzafari Unit Orquestra Sinfónica Companhia Algazarra Farra Fanfarra

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Uma “reunião geral” para se ficar a saber o que já se sabia

Aspecto da manifestação de 29 de Setembro, Lisboa

Na segunda-feira, 1 de Outubro, o SEP fez uma “reunião geral” no CHUC (Hospital Novo) com o objectivo de, entre outras coisas, explicar as implicações das medidas de austeridade nos enfermeiros, realidade bem sentida por toda a classe sem necessidade de medidas explicativas adicionais. No fundo, a intenção era apalpar terreno sobre o estado de espírito dos enfermeiros que ficaram escaldados com o processo de “luta” seguido pelo SEP quanto a aprovação da carreira e da grelha salarial.

Quanto a adesão a possíveis greves, nomeadamente greve geral, entretanto marcada para 14 de Novembro, a opinião (de enfermeiro sindicalizado no outro sindicato) que se ouviu é que não há pachorra para mais greves, incluindo greve específica que o SEP para já não prevê. Por agora e quanto a lutas, o SEP andará a reboque das iniciativas da CGTP, não sabendo ou não querendo ultrapassar a divisão que provocou no seio dos enfermeiros pela sabotagem que fez da greve contra a tabela salarial imposta pelo governo PS/Sócrates, em 2010. A greve geral irá ter adesão por parte da massa dos enfermeiros segundo uma resposta individual contra a política de austeridade do governo e não por uma acção directa dos sindicatos.

Ficamos a saber que há intenção por parte do governo em acabar com as grelhas salariais devido à “falta de dinheiro” e à possível tentação de imitar o que acontece em alguns países da União Europeia em que não há grelhas salarias na Função Pública, mas apenas um limiar mínimo e um limiar máximo, entre os quais se negoceia individualmente o contrato de trabalho segundo as necessidades dos serviços e as características requeridas para o lugar. Por outras palavras, que o SEP não quis nem ousou dizer e que aqui já denunciamos, a intenção deste governo, bem como do anterior e do que vier a seguir se formado pelos mesmos partidos, é pura e simplesmente acabar com as carreiras na FP, à semelhança daquilo que pretende fazer no sector privado que é acabar com a contratação colectiva.

Os dirigentes do SEP acreditam que a austeridade irá acabar num belo dia, não sabendo quando nem como, talvez num belo dia em que esta crise se resolva por si, já que, na sua opinião, “as crises do capitalismo são cíclicas” e quando “os povos se revoltarem”. Só que há uns óbices em relação a estas expectativas pela maneira como são encaradas: um, a presente crise já não é cíclica, mas estrutural e dura desde os meados da década de setenta do século passado, limitando a aumentar ou diminuir durante este tempo; o outro, se for à custa das lutas encetadas e dirigidas por uma CGTP, os povos jamais se revoltarão pela razão de que os dirigentes sindicais têm mais medo do povo, nomeadamente dos trabalhadores sindicalizados (menos 20%) e não sindicalizados, do que a próprias elites, seja a económica ou a política. Pela luta sindical (em particular, por esta) o capitalismo acabará de podre, ou seja, o trabalho será destruído pela própria dinâmica e natureza da acumulação capitalista.

Mais concretamente e voltando aos pontos da agenda da RG. Aos cerca de 20 enfermeiros presentes na “reunião geral”, dos quais meia dúzia afecta aos corpos dirigentes do SEP, foi dada informação sobre a abertura de 20% de postos de trabalho para a categoria de Enfermeiro Principal, mas como as carreiras, as progressões e as revalorizações salariais estão congeladas para o ano e para 2014, e depois será para continuar enquanto o país estiver em crise, não haverá concurso para ninguém. Coisa que também não era novidade. Em relação aos restante pontos agendados: actualização salarial dos enfermeiros em CIT, pagamento das horas complementares em débito e reestruturação global do CHUC.EPE nada digno de nota ou de novo.

Na assembleia a que nos temos estado a referir, houve alguém que, armando-se da oposição embora sendo da cor, questionou a forma como foi convocada a reunião atendendo à fraca participação dos dois mil e tal enfermeiros de todo o CHUC.EPE, tendo ouvido como resposta que “não está quem não quer”. Melhor explicando, sem fazer desenho: não foi de interesse, nem nunca foi, por parte do SEP que as assembleias fossem ampla e largamente participadas porque, caso isso acontecesse, mais facilmente a sua política oportunista seria desmascarada e eventualmente desalojados da zona de conforto sindical. A fraca participação, como a fraca mobilização para as greves e algumas manifestações de rua, é naturalmente intencional.

Pela força das políticas destes governos traidores e vende-pátrias o povo irá necessariamente revoltar-se, quando isso acontecer, e talvez aconteça mais cedo do que se possa pensar, as elites e as aristocracias locais serão inapelavelmente lançadas pela borda fora!

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Morram cedo e não dêem despesa!

Henricartoon

Ainda nos lembramos de Manuela Ferreira Leite e do sociólogo António Barreto, agora empregado do grande merceeiro do Pingo Doce, terem questionado se valeria a pena pagar os tratamentos mais caros a quem tivesse mais de 70 anos, o que gerou de imediato a maior das indignações no seio da opinião pública. Contudo, o governo não desiste da sua política de poupar à custa da vida humana e a saga continua: Miguel Oliveira da Silva, presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, vem fazer o frete ao governo afirmando que o racionamento de tratamentos é legítimo e deve ser feito, ou seja, “não é possível, em termos de cuidados de saúde, todos terem acesso a tudo", e mais disse: "Será que mais dois meses de vida, independentemente dessa qualidade de vida, justificam uma terapêutica de 50 mil, 100 mil ou 200 mil euros?”

Miguel Oliveira da Silva, que se intitula médico, perante o coro de protesto, sentiu a necessidade explicar melhor as suas palavras, esclarecendo sobre o significado palavra “racionamento”, no entanto, nem se demitiu, nem explicou como se faria a selecção dos doentes, se pela simpatia pessoal, se pelo cartão do partido, pelo credo religioso, ou pela etnia, etc.. Sabe-se que este tipo de medicina curativa, ou modelo biomédico, assenta na utilização intensiva dos medicamentos e dos exames complementares de diagnóstico e no acto médico, e que estes procedimentos são fonte de chorudos lucros e para que estes se mantenham e cresçam deve haver sempre doentes, só que há um limiar e esse limiar é quando as pessoas começam a dar prejuízo aos diversos comerciantes da saúde e ao estado. Quando isto acontece, então é melhor morrerem. Pois, é exactamente esta a política prosseguida por este governo, tendo como protagonista um ministro que só vê cifrões, aliás esta política já vem do tempo dos governos de Cavaco Silva, foi mantida pelos governos do PS e agora rematada por este governo cripto-fascista.

Transcreve-se a missiva de indignação endereçada ao blog “a educação do meu umbigo” por um cidadão que soube o que foi estar doente; é demasiado eloquente:

Visitei hoje o seu “blog”, e ocorre transmitir-lhe algumas considerações. Fui doente de cancro (não sei o motivo de alguns se desviarem desta nomenclatura) e lá me safei. Da minha boca, nada se ouviu durante aquele largo (muito largo, o tempo muda relativisticamente nessas ocasiões) período. A muitas coisas assisti, que mesmo certos fulanos (até médicos) nunca perceberam (aqueles, recém-chegados que eram aos serviços). Estes pareceres (se assim se podem chamar…) são muito lindos, por parte desse “Conselho” de qualquer “coisa”… mas a razão última a ponderar, diria sarcasticamente e de forma filosófica, é que tal parecer enferma e tresanda a razões para a prática da eutanásia. No caso de, por exemplo, uma deflagação de um engenho nuclear, é dos livros, que se marque (na testa) e atente, aos passíveis de sobrevivência e aos não passíveis de sobrevivência. Tecer tais considerações, dentro de situações de vivência “normal”, sem nenhum cataclismo eminente, ressuma a práticas de eutanásia, dignos do Castelo de Hartheim. Nunca pedi para viver, e tudo aceitei. Aceitei e aceito morrer, mas não aceito que se condene à morte, os “colegas” que lutaram e lutam pela vida. Para este assunto, minha muito pobre verborreia em pouco pode contribuir, mas, mais não sendo, sempre tenho a esperança que esses “senhores”, venham igualmente a serem “colegas” de “infortúnio”. (sempre vamos dizendo, enganados, que já ouvimos tudo…afinal, não, ainda temos mais para ouvir). Que a sorte que eu tive, lhes sorria igualmente. Mas podem sempre, segundo a opinião expressa agora, optar por fazerem a “passagem” mais cedo, ou perderem, de forma simples, a esperança. Isto para não comentar que não mencionam a qualidade “da passagem”, isto é, a “passagem” com o menor sofrimento possível. Encontrar-nos-emos no outro lado. Ou não.

L. C.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Pelo direito a uma vida decente!



Esperamos ter muita gente na concentração que convocámos para o dia 2 de Outubro.

Mas vai ser mais do que uma concentração.

Vai ser uma vigília. Uma vigília a sério.

VAMOS FICAR EM FRENTE À ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA, DE DIA E DE NOITE, ATÉ SERMOS OUVIDOS PELO GOVERNO.

Quando está para ser discutido o Orçamento Geral do Estado de 2013, ainda há uma correcção a fazer ao de 2012.

Não admitimos o corte de 30% na verba para produtos de apoio. Para que se saiba, produtos de apoio são o que necessitamos para viver. São fraldas, são sondas, são cadeiras de rodas, é tudo aquilo que a lei diz que é de atribuição UNIVERSAL e GRATUITA e que nos recusam ano após ano.

Sairemos de lá quando for reposta a verba necessária para os pedidos que foram recusados.

Relativamente à discussão do orçamento de 2013 temos uma proposta para os partidos da governação:

SEJAM COERENTES

Quando José Sócrates nos retirou os Benefícios Fiscais em 2007, defenderam a nossa posição e apresentaram propostas de alteração à Lei do Orçamento no sentido da reintrodução dos Benefícios Fiscais. Só exigimos coerência e que voltem a apresentar a mesma proposta corrigindo os valores de acordo com a inflação verificada desde então.

VAI SER ASSIM.

SABEMOS QUE VAI SER DIFÍCIL, MAS JÁ ESTAMOS FARTOS DE SER CIDADÃOS DE 2ª

(d)Eficientes Indignados