sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Carta de um delegado sindical à direcção do SITAVA a denunciar a traição


Uma carta exemplar de um trabalhador, Carlos Costa, delegado sindical do SITAVA (CGTP/Inter), que interpela com grande veemência os traidores acolitados na direcção deste sindicato, que com o acordo de traição feito nas costas da maioria dos trabalhadores do SPDH (Groundforce), deitaram por terra os pergaminhos de história de luta deste sindicato – lembrando um pouco atitude semelhante perpetrada pela direcção do SEP. Ao mesmo tempo indica caminhos de luta para se impor a destituição desta direcção de traição. A Luta é dura, mas os trabalhadores não vergarão!

«Aos dirigentes sindicais do SITAVA:

É com enorme tristeza que vos vejo dirigir o SITAVA, um sindicato com história combativa, com tal ligeireza e subserviência. Exige-se coragem política, principalmente numa altura como a que atravessamos de descarado ataque ao direito ao pão. Abandonaram a luta? Resumem-se agora à concertação social?? O que vejo é uma enorme desconcertação sindical!!!

Já havia mostrado a minha preocupação com a vossa postura. Confirmo agora, após receber vossa comunicação sobre “resumo do acordo de princípio com a TAP e SPDH” que navegam atrelados à vontade do STHA!!! Fazer copia do email do STHA e encaminhar para os vossos associados é o cúmulo. “Qualquer esclarecimento adicional, por favor contacte o STHA.” É mesmo isso que querem?

A larga maioria dos delegados sindicais está do lado dos trabalhadores, na luta contra a privatização e exploração, na defesa da empresa pública e independente da TAP, portanto do Estado, logo assim cumprindo as directivas europeias para obtenção da licença de handling.

A tentativa de coacção dos dirigentes sobre os delegados, ameaçando com a destituição, não me assusta. No SITAVA os delegados sindicais são independentes e eleitos pelos associados devendo levar e fazer valer a voz destes junto da direcção. É o que pretendo continuar a fazer. Continuo ao lado dos que foram expulsos injustamente de outros sindicatos por desempenharem honestamente a sua função e cidadania. (o SINTAC expulsou o delegado que foi à sede do SITAVA com outros colegas pedir esclarecimentos.)

A falta de transparência e democracia demonstrada tem sido gritante. Recusaram a vontade inequívoca dos trabalhadores de reunir em plenário geral antes de qualquer negociação e vêm agora pedir aos associados para legitimarem o vosso acordo traidor. Feito em moldes no mínimo suspeitos levando as reuniões para hotéis afastados dos locais de trabalho, sem estacionamento e numa altura em que muitos estão de férias e usando o voto secreto. Chamo a isto manipulação!!!

Sei que não é ingenuidade, embora queiram fazer parecer, dizerem que acreditam que administração vai reduzir em 90% o trabalho temporário para contratar directamente. Vocês sabem, pelo menos desde 11 de Novembro, altura em que levei essa questão junto dos dirigentes Simão e Meireles à sala do H4, que a administração da SPDH abriu 3 concursos públicos que visam exteriorizar e precarizar a força de trabalho adjudicando a empresas prestadoras de serviços o trabalho que nos pertence, cedendo ainda a essas empresas o nosso equipamento de terra por contrato de comodato (empréstimo)!!

Perder o que foi conquistado com sacrifício de muitos só à força, nunca negociado!! Como tal e em relação à meia dúzia de clausulas que anunciam abdicar (das 35 que querem deixar cair) digo claramente NÃO!

Escravizar os trabalhadores obrigando-os a permanecer 11h30m no trabalho (10h de trabalho + 30m pequeno-almoço + 1h almoço) durante 3+3 meses no verão IATA para fazerem part-time 5 ou 6 horas sem refeição o resto do ano e ainda aumentar os dias de trabalho para turnos de 5 dias (4,98 para ser mais preciso) é uma completa desregulação social inaceitável. (o acordo dá para fazer horários destes!)

É igualmente inaceitável prejudicar os novos contratados, já por si mais desfavorecidos com escalões miseráveis e fazer disso uma bandeira à “criação de emprego no País ”-parecem os governos fascistas a falar!!!

Por último quero apelar aos demais delegados sindicais que não baixem os braços e não se demitam dos seus lugares. Pelo contrário sugiro que nos unamos para convocar Assembleia Geral Extraordinária (conforme estatutos) onde o ponto de ordem principal seja a destituição desta direcção.

Só com a luta manteremos o direito ao pão.

O delegado sindical, Carlos Manuel Costa 27225/2
Associado 8156

Sem comentários: