segunda-feira, 20 de junho de 2011

Novo ministro da Saúde: nova ou velha política?


in Henricartoon

Mudança de governo, uma infelicidade para alguns dos nossos sindicalistas, e temos novo ministro, de certeza q1ue a política, em termos gerais, será a mesma, mas vamos lá ver se virá alguma diferença de pormenor. E pormenor aqui será se este ministro vai cortar a direito nos “desperdícios do SNS”, acabar, por exemplo, com a contratação de pessoal a empresas negreiras, propriedade muitas vezes de boys e de chefes, e pondo fim ao trabalho precário. Se é desta que acabam as horas extraordinárias de alguns técnicos e directores (exemplo médicos), que têm sido o complemento remuneratório para o trabalho que deviam fazer e não fazem no horário normal, e com os subsídios de chefias? Se acaba de vez com o absentismo real destes e outros técnicos de saúde, que fazem do parasitismo do SNS pelo sector privado onde pontificam o principal modo de enriquecimento pessoal? Se acaba com as trafulhices de concursos públicos na aquisição de bens e de serviços que são pagos a dobrar e a triplicar porque é o Estado que paga? Se acaba com as parcerias público privadas, que são uma forma de assalto ao Estado, revendo e denunciando para já as condições das actuais? Ou vai continuar o rega-bofe?

O governo é de direita, mas lembremo-nos que foi um ministro (a) de direita que tentou, pela única vez, moralizar estes aspectos e que foi queimado politicamente de imediato – tem sido a “esquerda” PS que mais nos tem tramado sempre. É bom não esquecer e não ir atrás de rótulos!

O perfil deste ministro deixa, por outro lado, adivinhar que a política seguida no sector da Saúde vai continuar no sentido da privatização da Saúde. É o perfil do ministro, é a composição do governo, mas é essencialmente as imposições da troika sobre o sector e aqui PSD, CDS e PS são unânimes: o “acordo” é para se cumprir. A entrega aos grupos económicos que actuam na Saúde e às Misericórdias (Igreja Católica) de serviços mais rentáveis irá continuar, mas será feita no limite que seja imposto pelo próprio mercado, que em Portugal é pequeno atendendo ao poder de compra do povo português, e pela resistência oferecida pelos trabalhadores, seja do próprio sector da Saúde, seja do Estado, seja dos trabalhadores em geral deste país. Ou seja, daqui para a frente a luta deve continuar e aumentar de intensidade porque o SNS e as nossas condições de trabalho serão destruídos na justa medida em que o permitirmos.

Os governos, mesmo os mais reaccionários, farão o que o povo deixar. E salientando este ponto queremos também dizer que, com a mudança do governo, há uma boa oportunidade para que os nossos sindicatos aproveitem o momento para renegociar aspectos negativos da nossa carreira e exigir condições de trabalho mais favoráveis. Apesar do discurso da “crise”, da “falta de dinheiro”, do “acordo da troika”, etc., deve-se avançar para a renegociação de tudo o que nos seja prejudicial, não esquecendo que nada se obtém sem luta e que é mais fácil combater um governo aberta e formalmente de direita do que um governo que, sendo estruturalmente de direita, se pinta de esquerda, enganando com a sua demagogia muitos trabalhadores.

Que se desengane muito boa gente, os dinheiros do empréstimo de 78 mil milhões de euros que estão a entrar no país não são para pagar os nossos salários, como o governo PS dizia, nem para desenvolver a economia do país, mas para salvar a banca (e a economia que lhe subjaz) e os banqueiros especuladores e vigaristas, e, também ao contrário da propaganda destilada pelos principais órgãos de informação corporativos, a partir de 2013 será não o alívio dos sacrifícios dos portugueses, ma a crise a sério. Razão acrescida para se iniciar desde já a luta contra este governo e as suas políticas. Devemos lembrar que os governos de coligação têm durado pouco em Portugal, este não fugirá à regra!

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